
Campo Grande (MS) – Especialistas e integrantes de entidades representativas da saúde estiveram reunidos em audiência pública na Assembleia Legislativa para montar um mapa da realidade da saúde da mulher e mortalidade materna em Mato Grosso do Sul. A presidente da Comissão de Saúde do Legislativo, deputada Mara Caseiro (PSDB), pontuou que os encaminhamentos se transformarão em propostas para formulação de políticas públicas.
“Nossa intenção foi reunir especialistas, levantar números e expor as deficiências existentes em nosso Estado. Dessa forma, vamos encontrar caminhos e propor projetos, formulando políticas públicas que possam reduzir os índices de mortalidade materna, bem como proporcionar um atendimento mais eficiente às mulheres de nosso Estado”, destacou Mara.
A audiência pública contou com palestras sobre o Zika Vírus e a Microcefalia, combate à mortalidade materna e saúde emocional. Membros do Ministério Público, Defensoria e Governo do Estado também apresentaram dados e ações que estão sendo empreendidas.
Em favor das mulheres
O secretário de Estado de Saúde, Nelson Tavares, e a subsecretária de Políticas Públicas para as Mulheres, Luciana Azambuja, participaram da audiência. Os dois destacaram a importância da participação dos movimentos sociais, instituições e entes federados na discussão, que traz bons resultados no que diz respeito a ações de governo para o setor de saúde.
Entre as demandas debatidas na audiência pública estão as que se referem às mulheres indígenas. De acordo com a Subsecretária de Políticas Indígenas do Governo do Estado, Silvana Dias, a maior dificuldade das mulheres aldeadas é o acesso a consultas e exames, sobretudo preventivo e mamografia. Outra proposta deixada por ela é a confecção de uma cartilha preventiva, em língua guarani e terena, além da tradução da Lei Maria da Penha nos dois idiomas indígenas.
A presidente da Associação das Mulheres com Deficiência de Campo Grande, Mirella Ballatore Tosta, cobrou a implementação de políticas públicas efetivas e contínuas para as mulheres com limitações físicas. Ela relatou a dificuldade encontrada por elas para fazer exames simples na rede pública e até passar por consultas, por falta de preparo dos profissionais.

Mortalidade materna
Outro assunto colocado em pauta foi a necessidade de implementação de mecanismos para a humanização do parto, para auxiliar na diminuição da mortalidade materna. Dados apresentados pelo presidente do Comitê Municipal da Mortalidade Materna, Infantil e Fetal, médico Paulo Ito, Campo Grande tem apresentado crescimento no número de mortes devido ao parto. De 3 casos em 2014, o número subiu para 7 no ano seguinte, todos óbitos classificados como evitáveis.
A gerente de Saúde da Mulher do Estado, Hilda Guimarães de Freitas, falou sobre o número de abortos, muitos deles realizados sem condições estruturais, levando muitas mulheres a óbito. De acordo com Hilda, mais de 700 gestações são interrompidas por ano em Campo Grande. Durante a audiência pública, também foi levantada a necessidade de viabilização de recursos e convênios para que o Hospital de Barretos não feche suas portas na Capital.
A promotora de Justiça e Saúde Pública, Filomena Fluminhan, revelou que há uma grande quantidade de ações civis públicas e inquéritos em andamento para fiscalizar e averiguar como anda o setor na Capital. Hoje, o município oferece cobertura de apenas 40% em saúde, quando o ideal seria de pelo menos 70%.
Também participaram da audiência a psicóloga Joseanne Roque, que palestrou sobre saúde emocional, a procuradora de Justiça Jaceguara Dantas e a defensora Edmeiry Broch Festi, entre outras autoridades. (Com assessoria)