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“Nem Levy acredita”, análise do ITV

O ministro Joaquim Levy fala sobre as medidas de ajuste fiscal durante audiência pública conjunta de Comissões da Câmara dos Deputados (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

A lâmina do arrocho fiscal cortou fundo no Orçamento da União. Nem isso, porém, deverá ser capaz de dar jeito no desarranjo econômico que o primeiro governo de Dilma Rousseff legou ao atual. As maiores vítimas da tesoura foram os investimentos públicos e os ministérios que lidam com a área social. O ajuste revela-se, cada vez mais, de péssima qualidade.

Os R$ 70 bilhões anunciados na sexta-feira minarão os investimentos do PAC, as obras do Minha Casa Minha Vida, as verbas da saúde e da educação. É o maior corte já feito no Orçamento da União. Na hora em que a população mais se vê em aperto, mais lhe falta o auxílio do Estado.

O PAC, que já vinha se revelando uma miragem, engatou marcha a ré, perdendo quase 40% da verba deste ano. A educação ficou sem R$ 9,4 bilhões, confirmando que a “pátria educadora”, lema do atual governo, não passa de slogan publicitário totalmente vazio de conteúdo. O Minha Casa Minha Vida viu R$ 7 bilhões desmoronarem. No Turismo e na Pesca, as verbas caíram mais de 70%; melhor seria fechar.

Mas o balé do arrocho não ceifou apenas recursos que farão muita diferença na vida de quem mais precisa. O ministro da Fazenda também vai ficando pelo caminho, alvejado pela parca convicção do PT em torno da responsabilidade fiscal e da governabilidade. A presidente e seu partido tentam se dissociar do arrocho que promovem, deixando a Joaquim Levy a exclusiva paternidade das maldades.

As premissas dos cortes não param em pé e levaram Levy a se ausentar da entrevista em que o anúncio das medidas foi feito, alegando estar gripado. Para a verdadeira moléstia que o aflige, não há coristina que dê jeito. O ministro virou o saco de pancadas preferido dos petistas, liderados – e liberados para bater – por Lula. Um governo assim não se sustenta.

Para fechar as contas que Nelson Barbosa apresentou ao país na tarde de sexta-feira, o expediente parece ser um só: aumento de impostos. Até agora, as medidas tomadas pelo governo do PT já elevaram a carga tributária em R$ 25 bilhões neste ano. É possível que a facada no bolso sangre muito mais.

O governo do PT agora admite oficialmente que o PIB vai derreter 1,2% neste ano, na maior recessão em 25 anos. Os sinais da pindaíba se fazem notar, como na queda de 2,7% das receitas com tributos acumulada no ano até agora e a eliminação de quase 100 mil empregos num único mês. Mesmo num cenário desastroso como este, os prestidigitadores do Orçamento federal contam com alta de 5% na arrecadação até dezembro.

É tanta ficção que nem Joaquim Levy parece acreditar no plano anunciado. É melhor segurar a carteira, porque o governo vai avançar com força sobre ela. O arrocho está só começando.

“Reforma política: a hora da verdade (III)”, por Marcus Pestana

Artigo publicado no jornal O Tempo – 25-05-15

marcus pestana foto Agencia CamaraChegamos ao momento decisivo. Hoje votaremos o relatório na Comissão Especial da Reforma Política. Na terça, quarta e quinta-feira, o assunto irá para deliberação no plenário da Câmara dos Deputados. Por se tratar de emenda à Constituição, serão necessários 308 votos para aprovar qualquer mudança. O futuro da democracia no Brasil estará em jogo. Temos uma chance de ouro, talvez a última, de melhorar nosso desenho institucional e o processo decisório. Aproximando a sociedade de sua representação política, diminuindo o peso do poder econômico nas eleições, fortalecendo os partidos políticos e melhorando o ambiente para a governabilidade e a boa governança.

Nos dois últimos artigos, discuti as questões principais: o sistema político-eleitoral e o financiamento das campanhas. Mas há uma série de outros temas conexos ou independentes que serão apreciados e, embora não sejam centrais, podem aprimorar nosso sistema.

O primeiro é a permanência ou não do instituto da reeleição. Há uma percepção majoritária de que a experiência, em geral, não foi positiva e que, em todos os níveis, o uso da máquina e o foco na reeleição introduziram distorções graves nas eleições e na gestão pública. É um dos poucos itens no qual é possível cravar um palpite seguro: o fim da reeleição.

Outro tema em pauta é a coincidência ou não dos mandatos. Os que advogam em favor da coincidência enxergam vantagens políticas e administrativas, com racionalização do processo eleitoral e o alinhamento das políticas públicas nas três esferas de governo por um período de quatro ou cinco anos. Há a proposta de eleições gerais num mesmo dia e a de eleições em um mesmo ano, mas em datas diferentes, para que os assuntos locais não sejam misturados com a discussão macroeconômica ou de política internacional, por exemplo. Os que se colocam contra a coincidência argumentam que, para o avanço da democracia, quanto mais eleições melhor. Para viabilizar a coincidência, os eleitos nos municípios teriam mandatos ou de dois anos ou seis anos. O Senado decidiria o que fazer com a duração dos mandatos dos senadores.

Uma grande discussão deve se instalar em torno de formas concretas de aumentar o número de mulheres no Parlamento. Hoje, na Câmara dos Deputados, apenas 9% das cadeiras são ocupadas por mulheres, que representam 52% da população.

Será votado ainda o fim das coligações proporcionais, para evitar a atual situação na qual se vota em A e se elege Z, induzindo o eleitor ao erro. Acoplado a isso, uma cláusula de desempenho para inibir a excessiva pulverização partidária e a criação de partidos artificiais e sem apoio social. Só teriam acesso ao fundo partidário e ao tempo de TV os partidos que fizessem um percentual mínimo de votos no país inteiro e no mínimo em nove Estados.

Ninguém sabe o que sairá até a sexta-feira. Tudo pode acontecer, inclusive nada. Depois, a reforma irá ao Senado. Façam suas apostas.

“Pátria Educadora?”, por Aécio Neves

*Artigo publicado na Folha de S. Paulo – 25/05/2015

destaque_aecioO governo do slogan “Pátria Educadora” trata muito mal a educação. A nova prova está no corte orçamentário anunciado, que penaliza toda a sociedade: o Ministério da Educação foi o terceiro mais atingido, atrás apenas das pastas de Cidades e da Saúde.

Vários programas da pasta já estavam debilitados antes mesmo do anúncio dos cortes. Basta dizer que neste ano, quase 200 mil alunos ficaram fora do Fies. No Pronatec, usado como carro-chefe da última campanha eleitoral, a situação é dramática já que, em muitos lugares, o ano ainda não começou, em função dos atrasos de pagamentos para escolas e professores.

A promessa de realizar dois Enems por ano parece ter sido arquivada em definitivo.

*Para ler a íntegra do artigo, clique aqui.

“A dureza da crise”, análise do ITV

carteira_de_trabalho_0A crise econômica tem várias nuances, mas nenhuma é mais assustadora que o aumento do desemprego. A falta de trabalho torna-se o preço amargo que milhares de brasileiros são obrigados a pagar, mesmo não tendo nenhuma culpa pelos erros cometidos pelo governo e que ora estão sendo purgados.

Nos últimos meses, cada vez mais pessoas estão enfrentando este dissabor. Desde janeiro, as taxas de desemprego estão aumentando e agora já chegam a 6,4%. O percentual, contudo, dá apenas uma pálida noção da dureza que está se abatendo sobre a economia, e mais especificamente sobre o mercado de trabalho. Nos detalhes, a coisa é bem mais feia.

Apenas neste ano, o exército de desempregados no país aumentou em 500 mil pessoas. Trata-se de alta de 32,7% em relação a abril do ano passado. A escalada ocorrida nos primeiros quatro meses deste ano neste indicador é quase cinco vezes maior que a registrada no mesmo período do ano passado, de acordo com o IBGE.

Não é apenas o emprego que some; para piorar, a renda também cai. Desde novembro do ano passado, a renda domiciliar per capita já diminuiu quase 6% em termos reais. Ou seja, a inflação vem em ascensão e, além de corroer o salário do trabalhador, encurta ainda mais o dinheiro que sobra (ou melhor, falta) no bolso.

Quando a análise do desemprego é fragmentada, revela situações ainda mais dramáticas. Por exemplo: em Salvador, a taxa média já chega a 11,3%, padrão de economias em séria crise. Entre os jovens é pior ainda: na faixa de 18 a 24 anos de idade, vai a 16,2% na média nacional, atingindo quase 26% entre os da capital baiana.

A realidade é que o Brasil já está vivendo em recessão. Para que isso seja uma formalidade, falta apenas a constatação estatística do IBGE, prevista para ser divulgada na sexta-feira da próxima semana. Até porque, pela estimativa que é feita pelo Banco Central, o pior já aconteceu.

Segundo o IBC-Br, espécie de prévia do PIB, divulgado também ontem, a economia brasileira encolheu 0,8% no primeiro trimestre, depois de já ter caído 0,2% nos últimos três meses de 2014.

Trata-se, portanto, tecnicamente, de uma recessão, caracterizada por dois trimestres seguidos de queda na produção de riquezas de um país. O governo Dilma já trabalha oficialmente com retração de 1,2% da economia neste ano, a maior em 23 anos.

O fundo do poço, infelizmente, ainda está longe de chegar. Nesta tarde, o governo do PT dá mais uma volta no torniquete do arrocho que impõe ao país, com o anúncio dos cortes que bloquearão investimentos de R$ 70 bilhões em ações como construção de escolas e hospitais. Na hora em que o cidadão mais precisa, o emprego desaparece, o Estado lhe nega a mão e ainda apresenta-lhe a conta de uma crise da qual ele não tem culpa.

“PT: Teu presente te encarcera”, análise do ITV

Dilma Foto George Gianni PSDB 3Os petistas ficaram incomodados com o programa de televisão que o PSDB levou ao ar na noite da última terça-feira. Dita com tanta contundência e objetividade, a verdade doeu-lhes fundo na alma. A reação do PT não tardou, repetindo sua velha estratégia de sempre: tentar forçar os brasileiros a olharem para um passado fictício e se esquecerem de um realíssimo presente de agruras. Não cola.

Ressuscitar fantasmas do passado até poderia funcionar se as pessoas não estivessem mesmo é preocupadas com os monstros do presente. Que palavras o PT tem a dizer sobre o pior momento econômico desde Fernando Collor? Sobre a maior inflação em mais de 20 anos? Sobre o maior corte orçamentário na saúde e na educação da história? Sobre o desemprego em alta? Aparentemente, nada.

A tentativa diversionista é tão extemporânea quanto esdrúxula. Transposta no tempo, equivaleria, por exemplo, a vermos Fernando Henrique Cardoso, ao assumir a presidência do país em 1995, culpar as mazelas produzidas pelo governo do general João Baptista Figueiredo. Todos se lembram que, quando chegou ao poder, a preocupação do tucano foi outra: construir um novo futuro para o país.

Os petistas também omitem que o passado ao qual condenam é o mesmo que legou ao presidente Lula as condições para que conduzisse o país nas boas ondas da bonança econômica global e expandisse as conquistas sociais. Sem esta herança bendita, talvez a gestão petista não tivesse passado de um breve interregno na história do país.

O PT diz que irá recorrer à Justiça para conseguir direito de resposta. Será ótimo se a obtiver. O partido dos mensaleiros poderá aproveitar a oportunidade para tentar explicar a roubalheira na Petrobras, as mentiras da campanha eleitoral e o arrocho recessivo que está asfixiando os brasileiros. Até porque o horário de TV a que os petistas também têm direito foi todo usado para fantasias.

O partido também poderá usar sua prerrogativa para defender seus encarcerados. Chamar, em rede nacional, os condenados José Dirceu, José Genoino, João Paulo Cunha e Delúbio Soares de “guerreiros do povo brasileiro”. E, ainda, advogar a inocência de João Vaccari Neto, de Paulo Roberto Costa, de Renato Duque e de Nestor Cerveró, expiando-os da culpa pelos bilhões de reais que a Petrobras inscreveu em balanço como perdas com a corrupção e a má gestão.

O que os petistas podem ter certo é que a crítica ao que o governo deles faz de errado não irá cessar. Em ditaduras, o contraditório é calado; em contos de fadas, às vezes é o passado quem prevalece. Na realidade brasileira de hoje, o que importa é proteger o país dos males – atuais e reais – que o PT continua a promover, aparentemente de maneira ilimitada e sem nenhuma chance de autocrítica. Até de dentro de prisões.

“Fachin: Cheque em branco para o PT”, análise do ITV

luiz_edson_fachin-1-divulgacao_tjprO PT conseguiu ontem emplacar seu indicado à vaga aberta por Joaquim Barbosa no Supremo Tribunal Federal quase dez meses atrás. Luiz Edson Fachin chega à corte sem dirimir dúvidas que marcaram sua atuação durante os 34 anos em que exerceu a advocacia. Os brasileiros não sabem se o que vale é o que ele defendeu a vida inteira ou o que convenientemente tentou professar diante dos senadores.

A aprovação de Fachin foi a mais apertada entre todos os atuais integrantes do STF. Votaram contra sua indicação 27 senadores. Para ser bem sucedido, o indicado do PT contou com estrutura cara e inédita – ninguém sabe quem pagou por ela – e com uma mobilização política que incluiu até o atual presidente do Supremo, Ricardo Lewandowski. Por que tanto interesse em emplacar Fachin no tribunal?

Ao comentar o resultado, o novo ministro do STF afirmou que a vitória de ontem é “a concretização de uma trajetória que a partir de hoje se converte em compromisso com o presente e o futuro”. A questão é: afinal, prevalece o que Fachin ardorosamente defendeu no passado ou o que, por conveniência, professou na sabatina da última semana?

Na terça-feira passada, ele evitou, durante todo o tempo, manifestar claramente sua posição em relação à lista de temas polêmicos com os quais se envolveu ao longo de sua vida profissional. Limitou-se a frases bem comportadas, mas nenhum comprometimento real em relação aos muitos temas com os quais terá de se deparar no Supremo.
Nenhum esclarecimento sobre suas reais ideias, passadas ou presentes.

O traço principal de suas intervenções foi a generalidade. Seu maior objetivo durante aquelas 11 horas de sabatina foi conciliar posições antagônicas. Sua campanha foi de defesa, não de elucidação. Luiz Fachin deixou muitas perguntas sem respostas e só agora, já empossado como 11° ministro do Supremo, será possível saber o que de fato professa.

Fica a dúvida, por exemplo, sobre se o que prevalece são suas convicções históricas simpáticas ao MST e à imposição de limites ao direito de propriedade ou a “ética da responsabilidade” de agora, que diz ter “superlativizado” no passado a legitimidade das lutas sociais.

Também persiste a incógnita sobre ter sido mera “coincidência” Fachin ser escalado como porta-voz dos advogados que apoiavam Dilma Rousseff em 2010, quando, na verdade, ele foi um dos artífices do documento e o terceiro a assinar o manifesto.

O novo ministro diz-se um respeitador da Constituição. Mas como explicar sua interpretação tão elástica quanto enviesada e interessada da vedação expressa na Constituição paranaense ao duplo exercício da advocacia por quem ocupa cargo de procurador do Estado? Diante da prevalência de tantas suspeitas, os 52 senadores que ontem aprovaram o nome de Luiz Edson Fachin deram um cheque em branco ao PT.

“Tesoura no pescoço”, análise do Instituto Teotônio Vilela

Dilma-Foto-George-Gianni-1O governo Dilma já tem pronto o próximo ato do arrocho fiscal em marcha, tão logo sejam votadas as medidas provisórias e os projetos de lei pendentes: vai sapecar mais aumentos de impostos nos brasileiros. É cada vez mais evidente que a conta da má gestão das administrações petistas recai toda sobre a população.

Nesta semana, o Congresso vota duas propostas que já resultarão em novas elevações de tributos. A medida provisória n° 668 aumenta PIS e Cofins sobre importados. E o projeto de lei n° 863 sobe em até 150% a tributação incidente sobre a folha de pagamentos de 56 segmentos econômicos. O governo não abre mão de que o “impostaço” avance mais ainda neste ano.

Desde o fim do ano passado, Dilma e o PT já vêm tomando medidas para engordar o caixa da União. Incluíram, entre outros, a elevação dos impostos cobrados na concessão de crédito e dos tributos incidentes sobre combustíveis. Com elas, prevê arrecadar mais cerca de R$ 20 bilhões neste ano. Mas vem muito mais por aí.

A partir das alterações impostas às primeiras medidas do ajuste recessivo, o governo avisou que vai avançar ainda mais no bolso dos contribuintes. Segundo Joaquim Levy, é parte das maldades para compensar “certos excessos” cometidos pelo governo no ano passado. Em português claro: o PT se esbaldou em dinheiro público para azeitar a máquina para reeleger Dilma e a fatura sobrou para todos nós pagarmos.

A lista do impostaço que vem pela frente é extensa. Deve contemplar aumento de PIS-Cofins, elevação da CSLL e do IOF, segundo O Globo; e também nova alta da Cide sobre combustíveis e cobrança de imposto de renda sobre algumas aplicações financeiras, como as letras de crédito imobiliário e agrícola, de acordo com o Valor Econômico.

Pode sobrar até para quem tem celular. Dilma e sua equipe estudam elevar o valor que é recolhido das operadoras de telefonia para o fundo que deveria financiar a expansão dos serviços no país, mas só é usado mesmo para fazer superávit fiscal. No fim das contas, as ligações devem ficar mais caras, assim como as passagens de transporte público tendem a subir com os novos reajustes na Cide e o aumento da taxação da folha de pagamentos.

Segundo especialistas, o ajuste recessivo deve elevar os tributos pagos pelos brasileiros ao governo federal neste ano em cerca de R$ 40 bilhões, em mais uma alta patrocinada pelo PT. É quase o dobro do Bolsa Família.

No mesmo saco de maldades, o governo petista também já vem metendo a faca nos investimentos públicos – que caíram 40% no ano até agora – e, desta maneira, penalizando duplamente quem mais precisa do Estado. A tesoura do arrocho está furando o bolso dos contribuintes e espetando o pescoço dos brasileiros. Periga sangrar.

Governo corta R$ 10,4 bilhões em investimentos

Dinheiro Foto DivulgacaoBrasília (DF) – O governo federal suspendeu, nos quatro primeiros meses do ano, R$ 10,4 bilhões em repasses para órgãos públicos e ministérios, gerando uma retração de 34,6% em relação aos investimentos do mesmo período do ano passado. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo desta quinta-feira (14).

De acordo com o economista Mansueto Almeida, que elaborou o levantamento sobre o corte de despesas do governo neste começo de ano, “o padrão do ajuste fiscal que vai se delineando neste ano será baseado no controle da despesa com pessoal e com forte corte do investimento”.

Almeida informou ainda que cerca de R$ 20 bilhões ainda podem ser cortados até o fim ano, o que geraria uma retração de R$ 30 bilhões nos investimentos. O economista afirmou, no entanto, que a estratégia é de curto prazo. “Esse tipo de ajuste não será possível no próximo ano, o que sinaliza que o governo buscará um aumento mais forte de carga tributária em 2016”, disse.

Segundo a reportagem, os ministérios da Defesa e Transportes sofreram os cortes mais severos – R$ 3 bilhões e R$ 2 bilhões, respectivamente. O ajuste não poupou nem o social, nem as áreas básicas. O Ministério do Desenvolvimento Social e Combate a Fome recebeu apenas R$ 70 milhões – corte de 76% na verba. O Ministério da Educação perdeu R$ 1,4 bilhão e o da Saúde, pouco mais de R$ 1 bilhão.

Almeida acredita que, apesar do controle das despesas nessas duas áreas ser provisório, o governo fez cortes de itens importantes. “O governo segurou coisas como a distribuição de livros didáticos e até de remédios”, completou.

Sacrifícios

Para o economista e ex-secretário de política econômica do Ministério da Fazenda Marcos Lisboa, o cenário indica que o ajuste fiscal vai exigir sacrifícios ainda maiores porque o governo não tem flexibilidade para fazer cortes. “Mais de 94% do orçamento está fixado por lei: não tem como mexer. Mesmo fazendo um enorme esforço de gestão, para melhorar a qualidade do gasto, ele não cairia muito”, concluiu.

“Falta de educação”, análise do Instituto Teotônio Vilela

bolda_familia_educacaoNão tem futuro um país que não cuida bem do aprendizado de suas crianças e jovens. Não tem presente uma nação em que as primeiras vítimas do arrocho fiscal são as verbas públicas destinadas a escolas e ao ensino. O péssimo desempenho dos alunos brasileiros nas salas de aula é decorrência direta da falta de educação de seus governantes.

Ontem a OCDE divulgou o principal ranking global sobre educação, e o Brasil, novamente, apareceu muito mal na foto. O país é apenas o 60° numa lista composta por 76 nações. Os detalhes sobre a situação brasileira só serão conhecidos na semana que vem, mas nada indica que tenha havido melhora nos últimos anos.

O governo que se diz da “pátria educadora” trata muito mal a educação brasileira. Nos primeiros cortes orçamentários, anunciados em janeiro, a área foi a principal vítima da tesoura petista, perdendo R$ 7 bilhões. Sem dinheiro, os principais programas do Ministério da Educação foram sendo retalhados.

Até agora, a principal vítima foi o Fies. Apenas 252 mil alunos conseguiram se inscrever neste início de ano. Outros 178 mil ficaram fora, depois que o governo fechou o acesso aos empréstimos por falta de verbas. É quase certo que não haverá mais oferta de financiamento neste ano. Assim, o número de novos bolsistas, que chegou a 731 mil em 2014, cairá drasticamente.

A situação é ainda pior para quem procura o Pronatec: o ano ainda nem começou para o programa. Novas vagas só começarão a ser abertas em 27 de julho, com praticamente dois terços do ano já perdidos. Escolas estão deixando de oferecer cursos porque o governo federal está com meses de pagamentos atrasados. Professores não estão sendo pagos.

A atenção reservada pelos governos do PT à melhoria do ensino no país pode ser medida pela alta rotatividade na principal cadeira do MEC: até agora, foram cinco ministros em pouco mais de quatro anos. Nos quatro primeiros anos de Dilma, o MEC teve a pior execução orçamentária deste século: 23% da verba disponível não foi aplicada, o que dá R$ 61 bilhões desperdiçados.

Mal direcionado, o arrocho fiscal em marcha colide com a urgente necessidade de o país começar a avançar na melhoria da educação de suas crianças e de seus jovens. Seria preciso haver um esforço legítimo de incentivo ao ensino, mas o que se vê são escolas em abandono e universidades em condição de penúria.

Daqui a alguns dias a gestão da presidente Dilma anunciará novos cortes no Orçamento da União. Espera-se que a educação seja tratada com o respeito que merece. Do contrário, o governo do PT estará apenas perseverando num caminho que não tem futuro e que condena nossos jovens a um presente de mediocridade.

Deputados do PSDB cobram explicações de presos na Lava Jato ouvidos em Curitiba

Delegado-WaldirDeputados do PSDB que integram a CPI da Petrobras ouviram na última terça-feira (12) novos depoimentos de presos pela Operação Lava Jato. Os parlamentares estão em Curitiba desde ontem para questionar acusados de participação no esquema. Na reunião de segunda-feira (12), o doleiro Alberto Youssef revelou que o Palácio do Planalto sabia do esquema de financiamento de campanha.

A doleira Nelma Kodama, primeira interrogada do dia, afirmou que negocia acordo de delação premiada com a Justiça Federal. Ela é acusada de chefiar esquema de lavagem de dinheiro que envolvia a abertura de empresas de fachada e operações de câmbio no exterior. Kodama foi presa em flagrante no ano passado quando tentava embarcar para Milão, na Itália, com 200 mil euros escondidos na calcinha. A acusada arrancou risadas ao explicar que o dinheiro estava no bolso da calça, não na roupa íntima.

Ela alegou que nunca operou no esquema de desvio e lavagem de dinheiro da Petrobras e que não atuou no financiamento de partidos políticos. O deputado Bruno Covas (SP), sub-relator da CPI, perguntou o nome do “chefe” das operações. “Vou me reservar o direito de permanecer calada”, respondeu Kodama. O deputado federal Delegado Waldir (PSDB-GO) destacou que a delação da doleira pode expor mais envolvidos no esquema. “Se a senhora resolver colaborar mesmo, vai derrubar a casa de muita gente”, frisou.

O deputado federal Izalci (PSDB-DF) perguntou a ela que brechas existem no sistema financeiro que permitem operações irregulares de câmbio. “Que mudanças seriam necessárias para evitar evasão de divisas por meio de importações fictícias?”, indagou. “Eu também me pergunto. Como pode fazer uma importação e não vir nada?”, explicou ela. Kodama disse ainda que o Brasil “é movido pela corrupção”. “Quando parou a corrupção [na Petrobras], o Brasil parou”, disse. O 1º vice-presidente da CPI, Antonio Imbassahy (PSDB-BA), também participou da sessão externa

René Luiz Pereira, o segundo a depor na sessão externa da CPI, alegou inocência e invocou o direito de permanecer calado. Ele foi condenado junto com o doleiro Carlos Habib Chater em um processo por tráfico de drogas. Em seu depoimento, Habib chegou a discutir com o tucano Waldir. O doleiro é proprietário do Posto da Torre, em Brasília, estabelecimento que inspirou o nome da Operação Lava Jato.

O ex-deputado Luiz Argôlo, apontado por Youssef como beneficiário de pagamento de propina, preferiu não responder as principais perguntas dos deputados. Ele admitiu, no entanto, ter uma relação privada com o doleiro. O ex-deputado Pedro Corrêa disse que nunca recebeu qualquer repasse ilícito de Youssef. De acordo com ele, o esquema de desvio de recursos da Petrobras só começou em 2006, quando já não era mais deputado.

O ex-petista André Vargas, que teve o mandato cassado pela Câmara em 2014, afirmou que conheceu Youssef “vendendo coxinha no aeroporto de Londrina”. Por 359 votos a favor e seis abstenções, o paranaense perdeu o cargo após denúncias. Bruno Covas pediu que ele comentasse os casos do mensalão e do petróleo, mas Vargas optou pelo silêncio. “O senhor está arrependido de ter se filiado ao PT, que instalou uma organização criminosa para roubar a Petrobras?”, inquiriu Delegado Waldir, mas não obteve explicações.

O último preso ouvido pelos integrantes do colegiado foi o publicitário Ricardo Hoffmann, acusado de repassar R$ 3 milhões para empresas de fachada controladas por André Vargas.

*Do portal do PSDB na Câmara