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“Nordeste quer mais do que Bolsa Família e promessas não cumpridas”, por Bruno Araújo

bruno-araujo-p-facebook-foto-george-gianni-psdb--300x199Com quase um terço da população brasileira, o Nordeste luta por sua autonomia. A região já não se contenta mais em ser apenas o destino principal da maior parte dos benefícios do Bolsa Família, como confirmam levantamentos do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome: das 13.765.514 famílias beneficiadas pelo programa, 6.966.714 são do Nordeste.
Longe de querermos tirar o mérito do Bolsa Família, que tem sido fundamental para assegurar condições mínimas de dignidade a milhares de brasileiros. Vale ressaltar, inclusive, que o Bolsa Família teve suas raízes estabelecidas no governo Fernando Henrique Cardoso. Mas é preciso deixar claro que nós, nordestinos, queremos e merecemos mais do que isso.Precisamos de políticas estruturantes imediatas, que nos permitam andar com as próprias pernas, não apenas de programas sociais e muito menos de falsas promessas, como o conjunto de obras que nos foi vendido nas últimas eleições presidenciais pelo PT.

Podemos começar pela tão propalada Transposição do Rio São Francisco, iniciada com alarde pelo ex-presidente Lula em 2007 e visitada com pompa por sua então chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, pouco antes do início da campanha eleitoral de 2010.

Identificada na propaganda eleitoral petista como a solução para a seca do Nordeste, a obra não conseguiu levar até agora uma gota d”água aos nordestinos, que vivenciaram este ano a pior estiagem dos últimos 40 anos. Mesmo tendo seu custo inicial pulado de R$ 3,8 bilhões para R$ 8,2 bilhões. A inauguração prometida para 2010 acabou adiada para 2015.

A situação da Ferrovia Transnordestina, cuja conclusão foi prometida pela então candidata Dilma Rousseff até o fim de 2010, é ainda pior. A obra está parada. Dos 1.728km de trilhos previstos, apenas 362km estão prontos. E a previsão de gastos federais não para de subir e deve bater a marca de R$ 7,5 bilhões, quase o dobro da estimativa inicial.

O mesmo ocorre com a Ferrovia Norte-Sul, que também teve sua inauguração prevista para 2010. Mas, logo após a posse de Dilma Rousseff, a construção começou a sair do trilho, depois de ministros do Tribunal de Contas da União apontarem “gestão temerária” e “controle deficiente” na ferrovia antes de a obra ser efetivamente inaugurada. O pior é que alguns trechos prontos já se transformam em ruína, mato e erosão.

Para coroar esse quadro de ineficiência, registro a situação da Refinaria Abreu e Lima, obra tão aguardada pelos pernambucanos pela janela de oportunidades que garantirá ao estado. A refinaria ainda não está pronta. Começou a ser construída em 2007, mas desde então seu custo aumentou quase nove vezes, chegando aos atuais US$ 20,1 bilhões.

Na tentativa de encontrar uma luz no fim desse túnel, o PSDB decidiu discutir com os próprios nordestinos seus problemas e prioridades, por meio de um encontro regional previsto para acontecer neste 21 de setembro, em Maceió.

Os nordestinos precisam ser ouvidos. Ninguém resolverá os problemas da região conversando apenas com marqueteiros, como tem feito o PT.

*Deputado federal (PSDB-PE). Artigo publicado no Jornal Correio Braziliense (21.9)
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