Desde seu surgimento, em 1988, o PSDB foi protagonista dos momentos fundamentais da nossa história. Com líderes que estiveram na linha de frente da redemocratização, contribuiu para a entrada do Brasil no terceiro milênio com estabilidade econômica, programas de transferência de rendas, privatizações e modernização do Estado.
Na oposição a partir de 2003, o PSDB viu o então presidente Lula manter a política econômica e social tucana e, simultaneamente, o PT culpar o partido como responsável por uma suposta “herança maldita”. Acusação leviana da qual o PSDB não soube se defender adequadamente. Mas quando o PT se desviou dos parâmetros da governança tucana o Brasil entrou numa espiral de crises da qual até hoje não conseguiu se recuperar.
Por meio da chamada “nova matriz econômica”, os petistas tentaram reviver o Estado grande e ineficiente dos governos militares. As consequências foram recessão, desemprego, inflação e o maior escândalo de corrupção da história.
O PSDB também sofreu com acusações injustas que o machucaram. Os resultados da confluência entre a crise econômica gerada pelo PT e o movimento da antipolítica foi a eleição de Jair Bolsonaro, com sua nostalgia do regime militar, ameaças às instituições, confusões administrativas e bravatas diárias. A Executiva Nacional do PSDB sempre repudiou os excessos do governo atual. Fizemos do partido uma trincheira em defesa da democracia e das instituições. Ouso afirmar que nossos atos ajudaram a refrear ímpetos golpistas.
Sofremos crítica devido ao fato de a nossa bancada, em certos momentos, ter votado com o governo. Na grande maioria das vezes, foram matérias cuja essência está no nosso DNA e são benéficas ao país, como a modernização do Estado. Bolsonaro e o PT votavam juntos na pauta econômica, populista e corporativista, como na oposição à privatização da Vale e à reforma da Previdência. Quem mudou foi ele, não nós.
Claro que também cometemos erros durante esse processo de décadas. Mas a hora é de olhar para frente. O Brasil tem questões urgentes a resolver. De um lado, lidamos com um presidente que, sim, ameaça a sociedade, foi insensível com o drama de milhões na pandemia e prefere concentrar suas energias em pautas ideológicas estapafúrdias. De outro, um partido que nada aprendeu e que apresenta à sociedade propostas que retomam erros da presidente Dilma.
Não precisamos escolher entre duas crises, a institucional, com Bolsonaro, ou a econômica, com o PT. Não precisamos votar “não”; podemos votar “sim”. Por isso, escolhemos nos unirmos à pré-candidatura de Simone Tebet, do MDB. O ex-governador João Doria demonstrou elevado espírito público para construirmos a aliança.
O país superou seus momentos difíceis quando as forças fiéis à democracia estiveram juntas. Podemos citar a eleição de Tancredo Neves, em 1985, ou a aliança que apoiou Itamar Franco a partir de 1992, e o Plano Real, em 1994. Agora não tem como ser diferente.
Por mais que a natureza do PSDB, desde 1989, com Mario Covas, tenha sido ter candidaturas próprias, neste momento da história o dever era oferecer à nação um quadro viável, que fosse parte de uma aliança mais ampla. Portanto, abrir mão do nosso nome em favor do nome do MDB é gesto de absoluto respeito do PSDB ao eleitor. Porque o PSDB não serve a si mesmo, mas ao Brasil.
O PSDB segue confiante em seu futuro. Basta ver a lista de nomes, nossos candidatos, que apontam para essa renovação, como Rodrigo Garcia, em São Paulo; Eduardo Leite, no Rio Grande do Sul; Raquel Lyra, em Pernambuco; Pedro Cunha Lima, na Paraíba; Alessandro Vieira, em Sergipe; e Eduardo Riedel, no Mato Grosso do Sul. São líderes de quem os brasileiros ouvirão falar muito, e muito positivamente, agora e nas próximas décadas. O PSDB continua com muita gente vocacionada para carregar nossos ideais.
(*) Advogado, presidente nacional do PSDB
Artigo publicado no jornal O GLOBO, em 19/06/2022