Brasília – A obra prima do dramaturgo italiano Pirandello, “Assim é, se lhe parece”, em que os personagens trafegam nos limites entre verdade e ilusão, foi citada pelo senador Alvaro Dias (PSDB-PR), no Plenário, na sessão desta quinta-feira (11/07), como uma metáfora para ajudar na compreensão da confusa contabilidade oficial do governo. Para o senador, os descaminhos da contabilidade criativa introduzida no País pelo governo Dilma se perdem e refletem números que “não são o que parecem ser”.
Alvaro Dias afirmou que “os estratagemas da administração petista estão ruindo e a ilusão do marketing oficial cede lugar à verdade”, e como exemplo da confusão das contas públicas o senador citou a situação do BNDES. O senador citou no Plenário estudo comandando pelos economistas José Roberto Afonso e Gabriel Leal de Barros, mostrando que, entre março de 2011 e março de 2013, o BNDES teve um declínio de 38% de seu patrimônio. O estudo revela que o patrimônio da instituição caiu de R$ 75,6 bilhões para R$ 46,8 bilhões.
“Esse cenário é o resultado inevitável de uma instituição de fomento que se transformou numa verdadeira máquina de fabricar superávit primário. Nos últimos anos, como atestam os especialistas, o BNDES pagou ao Tesouro mais dividendos do que os lucros obtidos. O que não pode ser escamoteado é o fato de que o BNDES foi usado amplamente como instrumento e ferramenta de apoio à gastança federal”, destacou o senador paranaense.
Outra citação feita por Alvaro Dias no Plenário foi da comentarista econômica Miriam Leitão, que recentemente afirmou que “a vida é curta para entender tanta confusão que o governo tem feito nas contas públicas”. O senador completou dizendo que, na dinâmica contábil atual do governo, ficou difícil distinguir “entre o logro e a verdade”. E como afirmou Miriam Leitão, “a cada dado divulgado, gasta-se um tempo enorme para entender onde está o truque. Ele sempre está em algum lugar.”
Ainda na linha da crítica às manobras do governo para garantir o superávit, Alvaro Dias lembrou que o Tesouro Nacional recebeu R$ 3,6 bi de antecipação de dividendos do BNDES, Caixa e Banco do Brasil, em junho, para fechar as contas do semestre. Para o senador, a dinâmica é a de o Tesouro se endividar, colocar dinheiro nos bancos, que depois antecipam para o Tesouro os dividendos.
“O BNDES socorreu a Eletrobras: emprestou à estatal R$ 2,5 bilhões a título de capital de giro. A empresa registrou prejuízo de 6,8 bilhões na esteira das mudanças operadas pelo governo no setor elétrico. A Caixa Econômica Federal, por exemplo, pagou dividendos de R$ 7,7 bilhões e teve lucro de R$ 6,1 bilhões no ano passado. E agora recebe novo aporte de R$ 8 bilhões do Tesouro, a quem havia pagado os dividendos. Ou seja, longe de ser uma ilusão sedutora, o expansionismo do gasto público brasileiro e os mecanismos utilizados representam um risco não calculado e cujos efeitos são imprevisíveis”, salientou o senador Alvaro Dias.
O senador paranaense finalizou seu discurso enfatizando que a “robustez fiscal” que o governo insiste em patentear é “apenas uma miragem projetada pelo governo”, e voltou a citar o escritor e dramaturgo Luigi Pirandello: “como na obra de Pirandello, a população trafega entre os limites da verdade e da ilusão, porque os números do governo não são aquilo que se parecem”.
Da assessoria do senador