Brasília – O atual pessimismo na economia brasileira é o resultado de um elevado nível de frustração com o fraco crescimento, apesar dos esforços do governo.
É o que avaliou o ex-presidente do Banco Central, Gustavo Loyola, do governo Fernando Henrique (1995/1997), em entrevista veiculada nesta segunda-feira (19) no jornal O Estado de S. Paulo.
“A economia está se acomodando num patamar medíocre de crescimento. A questão é como ultrapassar esse marasmo”, disse.
Para ele, a queda na confiança de consumidores e investidores não pode ser revertida pelo governo apenas na base do discurso.
“Obviamente, ninguém quer ver o governo muito pessimista porque estaria dando sinais ruins. Por outro lado, não adianta o governo viver no lado da fantasia. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, dizia há uns meses que o Brasil cresceria 4%. Isso não aconteceu e apenas serviu para prejudicar a credibilidade dele como ministro”, lembrou.
O deputado federal Alfredo Kaefer (PSDB-PR), titular da comissão de Finanças e Tributação da Câmara, acredita que a questão cambial pode ser um agravante para a já combalida economia brasileira.
“De fato, a gente não tem como não concordar com ele [Loyola] nessa posição. O que a gente percebe com toda essa pirotecnia é que o governo está completamente perdido, sem direções, não sabe o que fazer. Estamos entrando em um cenário complicado e perigoso, sem nenhuma perspectiva de grandes mudanças”, afirmou.
“A alta do dólar é um fator complicador que ameaça colocar mais lenha na fogueira da inflação. Como a taxa Selic parece ser o único instrumento que o governo tem para controlar esses índices, o dólar alto, a inflação e o ridículo crescimento observado nos últimos meses são uma combinação perigosa”.
Na entrevista, o ex-presidente do Banco Central avalia que uma boa saída para a atual estagnação econômica seria o empenho do governo no programa de concessões, com o objetivo de destravar o nó da infraestrutura, além da necessidade de investir em um reequilíbrio da política fiscal, de forma que fique mais transparente.
“Não adianta fazer discurso bonito, inaugurar maquete de obra. Um erro muito cometido no Brasil é o presidente governar baseado em assessoramento de marqueteiro. Política econômica não se faz com marqueteiro”, completa Loyola.