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Entrevistas

Aécio Neves cobra responsabilidade de Dilma por prejuízo de US$ 1 bilhão da Petrobras

aecioplenario-300x199O presidente do PSDB, senador Aécio Neves, cobrou, nesta quarta-feira (19/03), em pronunciamento no Senado, a apuração de responsabilidade da presidente Dilma Rousseff nas negociações do contrato da Refinaria de Pasadena que causou prejuízo de 1 bilhão de dólares à Petrobras.

Em seu discurso, Aécio Neves disse que a presidente deve dar transparência aos documentos que levaram a Petrobras ao maior prejuízo financeiro da história da estatal. O senador também anunciou que o PSDB irá propor que a Comissão de Fiscalização e Controle do Senado crie um grupo de trabalho para investigar o caso e acompanhar as apurações que já vêm sendo realizadas pelo Tribunal de Contas da União e Polícia Federal.

A posição favorável da presidente Dilma Rousseff à compra da Refinaria de Pasadena foi revelada hoje pelo jornal O Estado de S.Paulo, que teve acesso à ata de votação do Conselho de Administração da Petrobras, responsável por autorizar a transação e que era presidido à época pela então ministra Dilma Rousseff.

Leia íntegra do discurso:

Perda de Credibilidade

O tema que me traz hoje a esta tribuna é de extrema gravidade. Subo mais uma vez tribuna do Senado Federal para como senador da República, exercer o papel constitucional de fiscalizar as ações do governo federal. Subo também neste momento nessa mesma tribuna como presidente do maior partido de oposição no Brasil para expressar a indignação que não é apenas minha, é da sociedade brasileira, uma indignação crescente com absoluta ausência de resposta que o governo federal insiste em não dar a inúmeras denúncias, a inúmeras questões que vêm sendo tratadas não apenas no Parlamento, mas pela sociedade brasileira, e que tem, infelizmente, levado o Brasil a uma perda crescente credibilidade, a um desajuste gravíssimo na nossa política econômica com repercussões extremamente graves na diminuição dos investimentos, uma ruinosa condução dos investimentos em nossa infraestrutura que por dez anos paralisou o Brasil ou numa ausência de ações concretas que permitam ao Brasil a superação de suas ainda vergonhosas diferenças sociais.

Refinaria de Pasadena

Mas hoje venho a esta tribuna alertado por uma manchete hoje de primeira página de um dos mais importantes jornais do Brasil, O Estado de S.Paulo, que fala da participação direta da senhora presidente da República na mais ruinosa transação, na mais lesiva operação já feita em qualquer tempo, em qualquer empresa brasileira, e quem sabe do mundo, que levou a mais importante empresa brasileira, patrimônio dos brasileiros, a Petrobras, a hoje ter um prejuízo de mais de US$ 1 bilhão apenas naquela transação.

É importante que eu de forma bastante rápida em algumas pinceladas, possa aqui relembrar aquilo que já foi objeto de ações e ações sucessivas do PSDB, seja na Câmara Federal, em especial através de requerimento de informação, aqui mesmo no Senado Federal, em 2012, coube ao senador Alvaro Dias, vice-presidente do partido, ingressar com uma representação junto à Procuradoria-Geral da República e também com pedido ao Tribunal de Contas da União para que fosse instaurada investigação a respeito desta desastrada compra da já famosa e, infelizmente, mal falada refinaria de Pasadena. A partir dessas ações, hoje, esta questão é objeto já de investigações da Polícia Federal, do Tribunal de Contas da União, do Ministério Público, e também do Congresso Nacional.

Aumento de preço de 1.500%

Mas o fato extremamente grave que acho que repõe esta questão na ordem do dia, e que dá a nós senadores da oposição, mas como cidadãos brasileiros, dá a nós hoje, a prerrogativa, a responsabilidade e a autoridade para cobrar do governo federal explicações que não deixem quaisquer dúvidas sobre quais foram as motivações daquele negócio. Lembro, senhor presidente, que ainda, no ano de 2005, foi adquirida pela empresa belga Astra Olium, uma refinaria chamada Pasadena Refinning System por irrisórios US$ 42,5 milhões. No ano seguinte, e vou ser bastante sintético nessa minha retrospectiva, como num passe de mágica, metade desta refinaria foi adquirida pela Petrobras com a votação unânime do Conselho de Administração, presidido pela atual e ilustre presidente da República, por US$ 360 milhões. Estamos nos referindo à metade daquele ativo adquirido por R$ 42 milhões. Portanto, um ativo adquirido em 2005, por R$ 22,5 milhões, metade daquele adquirido pela empresa belga, foram adquiridos pela Petrobras por US$ 360 milhões. Em um ano, senhor presidente e senhores senadores, uma valorização de ‘meros’ 1.500%.

Conselho da Petrobras

Isso por si só, já seria um acinte, objeto de todas as investigações e de punição dos responsáveis. Mas o que ocorreu foi ainda mais grave. No momento da compra de metade desse ativo, assinaram ali os membros do Conselho de Administração, por unanimidade, sem absolutamente, qualquer questionamento, autorização para um contrato, que previa, em havendo desentendimento entre as partes, a recompra da outra metade por valores a serem fixados por ela.

Infelizmente, senhores senadores, o desentendimento veio e, no ano de 2012, a Petrobras foi obrigada a comprar a outra metade já adquirida por US$ 365 milhões num primeiro momento, em 2006, por meros US$ 839 milhões. Vou repetir, a outra metade por US$ 839 milhões. Hoje, essa refinaria absolutamente obsoleta e que traz uma característica extremamente curiosa. Ela não estava preparada para refinar o petróleo brasileiro, considerado pesado para os padrões daquela refinaria, o que por si só desaconselharia qualquer negociação nessa direção.

Hoje há uma proposta para a aquisição desse ativo, se é que podemos falar de ativo. Uma única proposta de US$ 180 milhões. Se a Petrobras aceita vender esse ativo por US$ 180 milhões, estamos falando de um prejuízo para a Petrobras de mais de US$ 1 bilhão.

Alguns fatores trazem esse tema à ordem do dia e que merecem alguns esclarecimentos. O grande responsável pela condução, pela intermediação desse negócio, obviamente dos lados dos belgas, era um senhor chamado Alberto Feilhauber. Um brasileiro que já havia trabalhado por 20 anos na Petrobras, portanto conhecedor profundo dos meandros de como as negociações na Petrobras, naquele momento, se davam.  Este senhor foi o grande intermediário para que esse negócio, efetivamente, ocorresse.

Manifestação da Presidência

Mas a questão que faz com que esse assunto se torne ainda mais grave, é que leio hoje, surpreso, uma manifestação da presidência da República, uma lacônica manifestação da presidência da República, como se isso fosse algo corriqueiro, razoável, compreensível. Um prejuízo de mais de US$ 1 bilhão.

Diz a nota da presidência da República. A presidente tomou essa decisão com base “em um parecer técnico e juridicamente falho”. E conclui: “Com base em informações incompletas.” Vejam bem. Uma decisão dessa magnitude, tomada por uma ex-ministra de Minas e Energia. Cantada em verso e prosa como uma grande conhecedora e especialista nesse segmento, de Minas e Energia. Foi enganada por um parecer juridicamente falho e por informações incompletas.

Autoria do parecer

Quem apresentou esse parecer? O então diretor internacional da Petrobras chamado Nestor Cerveró. Muito bem. Temos que acreditar na boa fé da presidente da República.

O que se faz em um caso como este? Instaura-se uma investigação, afasta-se imediatamente o responsável por este parecer técnica e juridicamente falho e por apresentar a então chefe da Casa Civil, presidente do Conselho, um conjunto de informações incompletas que levaram a Petrobras a fazer o pior negócio da sua história, lesando brasileiros, lesando seus acionistas. Procurei saber, onde está o senhor Nestor Cerveró. Certamente, respondendo a algum inquérito. E se, culpa comprovada, cumprindo pena.

Não, o senhor Nestor Cerveró foi elevado à condição de diretor financeiro da BR Distribuidora. Pasmem, senhoras e senhores, é esta a função que ocupa o responsável, segundo a presidente da República, por induzi-la a assinar sem qualquer tipo de questionamento, não obstante seu profundo conhecimento em relação à matéria, um parecer técnico e juridicamente falho, com informações incompletas.

Responsabilidade

É hora de termos uma participação, uma postura diferente daquela que o governo do PT acha que pode ter em relação a ações dessa gravidade, dessa natureza, que é sempre a de terceirizar responsabilidades. Durante quanto tempo ouvimos falar que essa era uma responsabilidade do então presidente da empresa ou de diretores da empresa?

Um simples e básico – primário – conhecimento da lei das sociedades anônimas, que rege a administração da Petrobras, iria dizer à então presidente do Conselho e aos seus colegas, como o ex-ministro Antonio Palocci, o governador Jacques Wagner, ou o próprio presidente Sérgio Gabrielli, que os pareceres técnicos são meramente opinativos na lei que rege o funcionamento das SAs. E a responsabilidade civil e mesmo penal, se comprovado dolo, é do conselheiro que assina aquela determinação, ou que aprova aquele negócio.

Essa resposta dada pela presidente da República não é suficiente. Não permite que os brasileiros possam conhecer quais foram efetivamente as motivações, as profundas motivações que lavaram a uma negociata como essa, com dolo extremamente grave à sociedade brasileira e à sua mais importante empresa.

Petrobras e Eletrobras: US$ 100 bilhões em prejuízos

 Hoje mesmo um importante jornalista brasileiro nos lembrava que desde que assumiu a Presidência da República a atual presidente, Dilma Rousseff, o prejuízo, a perda de valor de mercado somadas Petrobras e Eletrobras chega a cerca de US$ 100 bilhões. Essa é a gestão eficiente, á a condução dada por alguém que conhece dos assuntos, que dialoga, que conversa. Infelizmente, esse prejuízo será pelos próximos anos insuperável. Venho hoje a essa tribuna, repito, na condição de presidente nacional do PSDB, cobrar do governo federal explicações, e que cada um que participou desse processo assuma suas responsabilidades.

 Investigação

 Estou propondo, ao lado do líder Aloysio Nunes, que a Comissão de Fiscalização e Controle dessa Casa possa criar uma comissão no seu âmbito para investigar essas denúncias e acompanhar as investigações que estão sendo já feitas pela Procuradoria-Geral, pelo Tribunal de Contas e pela própria Polícia Federal. Ao extremamente grave, e não há mais condições de permitirmos e aceitarmos passivamente a terceirização de responsabilidade.  Os membros do Conselho de Administração têm que explicar à sociedade brasileira, de forma cabal e definitiva, por que uma refinaria obsoleta, que não tinha condições de refinar o petróleo pesado brasileiro, adquirida em 2005 por US$ 42,5 milhões, foi adquirida em 50% de sua participação por US$ 360 milhões e, alguns anos depois, a outra parte por US$ 830 milhões. Não há explicação, não há justificativa que não seja a gestão temerária do patrimônio de todos os brasileiros.

Entrevista do senador Aécio Neves a Rádio Itatiaia

aecio-neves-foto-george-gianni-2-300x200O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, concedeu entrevista exclusiva a Rádio Itatiaia nesta quarta-feira (12) em que respondeu a perguntas sobre as manifestações de rua, entre outros temas.

A seguir, a resposta do senador sobre a questão do aumento da violência e os protestos.

 Sobre aumento da violência, em especial nas manifestações

 O governo federal optou por concorrer com os estados, por transferir a responsabilidade exclusivamente para os estados na segurança pública. Não é assim que se age em um país da complexidade do Brasil. Todos os recursos aprovados no orçamento da União para qualificação das nossas polícias, para ampliação dos efetivos, para equipamentos, ficam contingenciados até o final de cada ano. Não chegam aos estados. Os recursos para o Fundo Penitenciário, para melhorarmos a situação dos nossos presídios, ficam contingenciados para o governo fazer superávit primário. Porque o governo federal não tem a capacidade de estabelecer prioridades, então trata a questão da segurança, que se agrava a cada dia, como uma questão secundária. Nossa grande preocupação é essa, planejamento. Desde que fui governador de Minas propunha que os recursos para a segurança tivesse sem repasse garantido sem qualquer tipo de contingenciamento. Cada governador, no início de cada ano, saberia com quanto contaria. E obviamente, a partir daí, faria parcerias com os municípios.

Agora, estamos assistindo o agravamento das manifestações, e temos que saber diferenciar as coisas. A manifestação pacífica é legítima e importante para a democracia e deve ser respeitada, mas aqueles que se utilizam das manifestações, dos grandes aglomerados populares, para cometer crimes, seja depredação, ataque a policiais, ataque a pessoas, como assistimos nesse trágico episódio envolvendo o jornalista do Rio de Janeiro, têm que ser punidos com base naquilo que a legislação determina. Sem qualquer flexibilidade. Porque eles são os que mais atentam contra as manifestações, porque aqueles que querem manifestar de forma democrática e pacífica estão inibidos de ir às ruas. Acabam os chamados Black Blocs ocupando as ruas contra a própria democracia. É necessário e urgente que a lei seja cumprida de forma exemplar.

Sobre manifestação do MST marcada para esta quarta-feira na Esplanada dos Ministérios. É preciso cautela?

 É preciso cautela, mas um pouco mais de governo, de respostas. Do ponto de vista da reforma agrária, por exemplo, até o governo do general Geisel, na época da ditadura, fez mais assentamentos que o governo da presidente Dilma. Ela relegou isso a um segundo plano.

A ausência de respostas, seja na melhoria do transporte público, com a priorização, por exemplo, da mobilidade de massa, como os metrôs, os VLTs. O governo passou cinco anos dizendo que seu maior projeto na área de mobilidade seria um trem-bala entre São Paulo e o Rio de Janeiro, em detrimento de metrôs pelo Brasil inteiro. As pessoas percebem isso.

A saúde pública, há onze anos, quando o PT assumiu o governo federal, 56%, mais da metade dos investimentos em saúde pública no Brasil, vinham da União. Hoje apenas 45% vêm da União. Quem paga a diferença é quem menos tem, os municípios e os estados.

Na segurança pública é acintosa a omissão do governo federal. 87% de tudo que se gasta com segurança pública no Brasil vêm dos cofres estaduais e municipais e apenas 13% do governo federal. E olha que o governo federal tem que responder constitucionalmente pelo controle das fronteiras, pelo tráfico de drogas e pelo tráfico de armas. Na verdade, a ausência da autoridade, a ausência do poder público, ao meu ver, vem agravando essa crise de insegurança que hoje já não escolhe região ou cidade, afeta todos os brasileiros.

Aécio Neves concede entrevista coletiva após reunião da Executiva Nacional

reuniao-executiva-11-09-14-foto-george-gianni-2-3Brasília (DF) – O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, concedeu entrevista coletiva, após reunião da executiva da legenda, nesta terça-feira (11), em Brasília (DF).  O senador respondeu a perguntas sobre a reunião da Executiva nacional do partido; alianças regionais nas eleições 2014; declarações da presidente Dilma Rousseff e de Rui Falcão, presidente nacional do PT.

A seguir, a entrevista.

Sobre a reunião da Executiva.

Tivemos uma decisão hoje, por unanimidade da Executiva nacional do partido, de que todos os entendimentos estaduais, que estimulamos que ocorram, seja em relação ao lançamento de candidaturas ou à formalização de coligações, terão que ser validados pela aprovação da Executiva nacional do partido. Isso, de alguma forma, reforça o caráter nacional do PSDB, a prioridade que temos hoje de buscar dar ao Brasil um modelo de governo alternativo a esse que está aí, reforça nossa posição no campo nacional. Mas minha expectativa é de que todos os impasses que eventualmente ocorram sejam resolvidos no entendimento, no diálogo. A nossa preocupação certamente não é onde tem candidatos colocados, seja a governador, seja ao Senado. Mas é uma cautela que devemos tomar em relação às seções do partido onde não há um quadro definido e não há candidatura majoritária colocada por parte do PSDB. Acho que o caráter de unanimidade que essa decisão teve é uma demonstração que o partido está unido como nunca na busca da viabilização do seu projeto nacional.

Como isso vai acontecer?

Os entendimentos regionais têm que preservar, obviamente, o partido localmente. Estou me referindo especificamente aonde não temos candidatos a governador. Então vamos dividir em duas etapas: onde temos candidaturas a governo colocadas, a questão está resolvida porque uma candidatura ao governo atende claramente ao interesse da candidatura nacional. Onde não temos candidaturas majoritárias colocadas, temos que atender a dois preceitos ou a duas especificidades. Uma delas a preservação da bancada do partido, seja nas Assembleias, seja na Câmara Federal ou eventualmente no Senado. E ao mesmo tempo não ser contraditória ao interesse nacional do partido. O que não podemos é, em determinado estado atender, por exemplo, a viabilização de uma coligação que eleja um deputado para o partido, mas que cause prejuízos à campanha nacional porque eventualmente coligou-se a uma chapa que tem outros candidatos.

 

Sobre palanques duplos. Pensa em não aceitar?

Não vamos violentar as soluções naturais. Em alguns casos, teremos coligações em que, dentro dessa coligação, os membros de determinado partido farão campanha para o seu candidato à Presidência e os membros do PSDB, e de partidos que conosco estejam coligados nacionalmente, farão campanha para o candidato do PSDB. Sem que haja impedimento de que ali, localmente, eles possam, por exemplo, estar apoiando a mesma candidatura a governador, porque isso não é uma invenção, isso é respeitar a lógica. O que não vamos admitir é que localmente quadros do PSDB de alguma forma apoiem uma candidatura (nacional) de outro partido, até porque não existe essa posição.

Há algum exemplo?

Esse exemplo não existe.

Sobre a possibilidade de PSDB e PSB dividirem palanque em algum estado.

Isso vai acontecer em vários locais naturalmente. Vamos ter coligações. Minas pode ser um exemplo desses, para ficar apenas no meu estado, que segue a naturalidade de um entendimento que já existe há 10, 11 anos. Ali é natural que ambos os partidos apoiem o mesmo candidato a governador, localmente. E dentro daquela coligação os deputados, por exemplo, do PSB, ou se eventualmente tiver alguém do PSB na chapa majoritária, apoiarão o seu candidato. Isso vai acontecer de forma inversa em outros locais. A violência seria outra. A violência seria se nós, que viemos construindo, por exemplo, em Minas Gerais, um projeto até aqui para qual o PSB foi muito importante, chegasse e dissesse ‘agora não, agora vocês vão em outro caminho, contra a continuidade do projeto que vocês mesmo construíram’.  Porque eles estão dentro do governo, participam. Então, isso vai ser algo muito natural e o governador Eduardo Campos concorda comigo.

Por que essa decisão agora?

Porque é o momento dela. Porque, em vários locais, é preciso que haja uma orientação nacional. Na verdade, poderia se fazer amanhã uma intervenção se houvesse alguma decisão contrária ao interesse nacional do partido. É uma medida preventiva. É um sinal claro: o PSDB tem uma prioridade hoje, que supera todas as outras, eleger o próximo presidente da República.

Mas pelo histórico das últimas eleições presidenciais…

Acho que em alguns lugares nós deixamos de fazer coligações na direção que poderia ajudar mais fortemente a candidatura nacional. Não até por má vontade local, exatamente por falta dessa coordenação que nós estamos fazendo agora com razoável antecedência. Acho que esse é um fato novo. Nós estamos tendo a oportunidade de fazer essa construção com um mínimo de estratégia e racionalidade.

Sobre São Paulo.

Em São Paulo a condução será do governador Geraldo Alckmin. Ninguém questiona, ao contrário. Só de ter o nome do governador Geraldo Alckmin em São Paulo, a situação do partido tá bem resolvida.

No Rio de Janeiro, por exemplo, em que o partido pretende apoiar o Pezão, do PMDB, como é que vai ficar o palanque?

Não tem essa decisão, nem essa inclinação. É um estado ainda em aberto, mas não há essa inclinação. Nem decisão. Vamos construir algo que interesse a candidatura nacional do partido e preserve os nossos parlamentares. Essa é a regra. Não tem uma decisão tomada ainda em relação ao Rio de Janeiro.

Sobre crítica feita ontem pela presidente Dilma, que chamou adversários de “cara de pau”.

Foi no mesmo evento em que participou o presidente do partido também, não é? Olha, é lamentável que, em primeiro lugar, o presidente do partido que está no governo redija um discurso de sete laudas e não dê uma palavra em relação, por exemplo, à gravíssima crise de energia que assola o país e preocupa a todos os brasileiros; ou uma palavra em respeito aos direitos trabalhistas dos médicos cubanos, que nós defendemos; ou em relação, por exemplo, ao estado de calamidade que tomou conta da Petrobras, que perdeu mais de 50% de seu valor de mercado; ou sobre a crise de confiança que se abateu sobre o Brasil. Absolutamente nada.

Nós assistimos ali, de forma patética, uma sucessão de neologismos absolutamente desencontrados, que remontam aos mais gloriosos tempos dos aloprados. Na sequência devem vir aí mais alguns dossiês fajutos.

Infelizmente, acho que o PT protagonizou não uma festa, um evento partidário, mas, eu diria que inspirado talvez em Almodóvar, nós assistimos ali um partido à beira de uma crise de nervos. E está muito cedo, para um partido que nós sabemos que está preocupado com o cenário eleitoral, mostrar tanto desequilíbrio.

Em relação às ofensas ou ao palavreado da presidente da República, a minha boa formação mineira me impede de respondê-la no mesmo tom.

Entrevista do presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, em visita ao AfroReggae

aecio-neves-visita-afroreggae-2-300x199O presidente do PSDB, senador Aécio Neves, visitou, na manhã desta segunda-feira (10), a sede do Grupo Cultural AfroReggae, no Rio de Janeiro. Aécio Neves reuniu-se com integrantes do grupo, entre eles seu coordenador, José Júnior, e conheceu o projeto de apoio a ex-detentos na (re) inserção ao mercado de trabalho. Em entrevista coletiva, o senador respondeu perguntas sobre a parceria com o AfroReggae, a série de apagões e as questões econômicas.

O AfroReggae é uma organização não governamental (ONG) que atua principalmente na comunidade de origem de seus integrantes, por meio de atividades de apoio aos jovens, desenvolvendo projetos sociais,  como dança, percussão, futebol, reciclagem de resíduos e capoeira.
Seguem abaixo trechos da entrevista concedida por Aécio Neves à imprensa.

A visita à sede do AfroReggae 

Vamos fazer uma campanha propositiva, que fale de um Brasil novo, um Brasil que não continue nesse caminho estreito em que estamos hoje, em que as principais conquistas, e falo da estabilidade, da credibilidade do Brasil, estão se perdendo. Apenas quem não quiser é que não enxerga o caminho extremamente perigoso que o Brasil está trilhando. Não há propaganda oficial, por mais bilionária que seja, que mascare a nossa realidade. O Brasil cresceu ano passado apenas mais que a Venezuela, aqui na nossa região, na América do Sul. A inflação está em torno do teto da meta. Em nenhum dos anos do governo da presidente Dilma a inflação vai chegar sequer próxima do centro da meta. Isso porque temos preços controlados de energia, de combustíveis, de transporte público. Porque a inflação real, na tampa que essa panela de pressão sair, vai para 9%, 10%. Aliás, a de inflação já ultrapassou isso. Então, o que queremos é discutir com muita seriedade que caminho queremos para o Brasil.

E o PSDB, falo como presidente nacional do PSDB, vai apresentar uma proposta nova para o Brasil, de meritocracia, solidariedade com estados e municípios. A questão da segurança pública será absolutamente prioritária na nossa proposta, e por isso conversas como a que estou tendo aqui no Rio hoje com o AfroReggae serão importantes. Queremos incorporar algumas das experiências delas, não digo nem que sejam heterodoxas, mas elas fogem àquele receituário tradicional de segurança pública. Aumenta efetivo, aumenta equipamentos para pegar mais bandidos. Não, vamos tentar diminuir o número de bandidos com medidas como essa aqui. E aqui estou muito à vontade. A nossa experiência, o Júnior pode dizer aqui, com o AfroReggae é algo que existe muito antes de qualquer projeto presidencial, porque acredito nisso. E os resultados lá em Minas foram muito bons, como têm sido bons aqui também no Rio, e espero que possam ser bons no Brasil. Minha visita aqui hoje é para estreitar laços que já existiam na construção de um projeto para um Brasil que queremos melhor que o atual.

Sobre os apagões e a ameaça de desabastecimento

Muito preocupado, não apenas eu, mas os brasileiros como um todo e em especial os especialistas. Nenhuma área teve uma atuação tão pessoal da atual presidente da República nos últimos doze anos como a área de energia, seja como ministra de Minas e Energia, depois chefe da Casa Civil, onde fez questão de externar a todo instante quem mandava, deixar claro quem mandava na área, depois como presidente da República. Denunciamos no ano passado o equívoco de uma medida provisória que desestruturou o sistema, afugentou investimentos. E o Brasil vai na contramão  do mundo. Ao invés de investirmos em energias alternativas, estamos com parque eólicos prontos, sem que as linhas de transmissão fossem feitas. Algo absolutamente absurdo. Abandonamos, por exemplo, o grande programa do etanol, com energia alternativa também, para apostar apenas nas energias fósseis. E o que ocorreu é que ao invés de termos o efeito que gostaríamos, de diminuição da conta de luz, que poderia ter vindo pela isenção do PIS/Cofins, que foi a nossa proposta, teríamos uma queda maior ainda do que a que houve na conta de luz, seja das empresas, seja das indústrias, seja do cidadão, se houvesse a simples diminuição do PIS/Cofins incidente sobre as contas de luz, como, aliás, fizemos nos impostos estaduais. Em Minas Gerais, por exemplo, meta das famílias não paga ICMS, o mais importante imposto estadual sobre conta de luz. As famílias de mais baixa renda, é óbvio. O governo, não. Fez uma profunda intervenção no sistema, afugentou investidores e seria cômico se não fosse trágico. Mas o triste é que é trágico. Apenas não estamos tendo apagões ainda em maior extensão porque o Brasil parou de crescer, estamos tendo um crescimento pífio. Se o Brasil tivesse crescendo nos níveis que apregoavam o ministro da Fazenda no início do ano, a 4%, não teríamos energia para sustentar esse crescimento. Então, a falta de planejamento e a incompetência do atual governo chegaram em um setor absolutamente essencial para a vida e para o crescimento do país. E o que esperamos pela frente? Mais um crescimento pífio da economia, infelizmente.

Entrevista coletiva presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG), em Cascavel (PR), ao lado do governador do estado e autoridades

aecio3-300x200Cascavel (PR) – O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG), concedeu entrevista coletiva, em Cascavel (PR), respondendo às perguntas sobre: Coopavel; agronegócio; presidente Dilma em Portugal; falta de investimentos federais no Paraná; Mais Médicos; pauta legislativa, mudança de ministros e o PSDB.

A seguir, a entrevista.

Não fosse o agronegócio, a agropecuária, os indicadores da economia, que já são extremamente ruins nesses últimos anos, seriam ainda piores. Metade do crescimento da economia brasileira se deveu ao longo dos últimos três anos à força do agronegócio, e sem que tivesse havido ao longo desse período a parceria necessária do governo central na infraestrutura, na diminuição do custo Brasil, na melhoria da qualidade dos nossos portos, em um programa planejado de ferrovias, sempre prometido e jamais realizado. Investimentos, sobretudo, na região Centro-Oeste e Norte nas hidrovias. Enfim, há hoje um improviso conduzindo o destino do país. E, aqui, nessa primeira viagem que faço nesse ano de 2014, acompanhando o governador do Estado, venho aqui à Coopavel. Sou de um estado que valoriza muito os gestos, acho que a política deve ser feita em determinados momentos muito mais de gestos que apenas de palavras.

A nossa presença aqui é para dizer que não apenas respeitamos o agronegócio e o produtor rural, nós queremos muito mais do que isso. Queremos um governo que efetivamente seja parceiro do agronegócio, um Ministério da Agricultura que recupere sua capacidade de influenciar e de ajudar a conduzir a política econômica do Brasil e deixe de ser apenas um espaço para atendimento de demandas político-partidárias.  A profissionalização do Ministério da Agricultura, a sua elevação no conjunto dos ministérios do ponto de vista da tomada de decisões que dizem respeito à política econômica, é absolutamente necessária para que o Brasil não perca as condições já hoje pouco expressivas em determinados países do mundo de competitividade no setor. O Brasil tem sido pouco ousado no comércio exterior na busca da ampliação de novos mercados para o que se produz aqui.

Vamos ter uma safra recorde esse ano e, infelizmente, parte dela mais uma vez se perderá pela ausência de armazenamento, fruto da incapacidade do governo planejar e investir. E precisamos ter um seguro safra que garanta e estimule o produtor rural, mas precisamos ter também preços mínimos que sejam efetivamente honrados pelo governo. Venho aqui como brasileiro para agradecer a todos os produtores que aqui estão a extraordinária contribuição que vocês vêm dando ao Brasil. E o Brasil que nós queremos é um Brasil onde o agronegócio seja respeitado, onde investimentos para inovação sejam estimulados e onde novas fronteiras possam ser abertas para os produtos brasileiros. Mas, para isso, o governo tem que fazer a sua parte porque, como tenho dito e o governador Beto também já usou várias vezes essas expressão, da porteira para dentro ninguém é mais produtivo e competitivo do que o produtor brasileiro, em especial nessa região e em especial na região oeste do Paraná. Mas, da porteira para fora, falta tudo, isso porque falta um governo com sensibilidade a essa importantíssima atividade econômica e social brasileira.

 

Sobre viagem da presidente Dilma a Portugal.

O grave, na minha avaliação, nessa questão, não é o fato da presidente da República parar em um determinado país, pernoitar naquele país, mas é a mentira. Assistimos o chanceler brasileiro ter o constrangimento de fazer afirmações que são desmentidas no dia seguinte pelo governo português. É algo que não está à altura de um país das dimensões do país. O que faltou ali é algo que tem faltado a esse governo em várias áreas, na condução da sua política fiscal, na gestão de suas empresas e em especial dos seus bancos, como o BNDES, e agora retratada de forma até caricata nessa viagem escondida, entre aspas, da presidente da República: transparência.

Quem é que disse que a presidente não precisa prestar contas dos seus gastos, dos gastos da sua comitiva? Por que os brasileiros não podem saber onde está a chefe da nação, a maior mandatária do país? Acho que a ausência de transparência causa mais danos do que a simples verdade causaria. Isso não é um bom exemplo que o governo federal possa dar aos brasileiros.

O que é grave é que isso não se restrinja a esse episódio. O governo tem omitido informações sobre inúmeros gastos. O caso do BNDES é um acinte. Por que preocupa tanto ao PT a forma como foi concedido esse financiamento do BNDES para a construção do porto cubano. Disse até outro dia e repito para vocês aqui, pelo menos já no último ano de governo da atual presidente assistimos à inauguração da primeira grande obra concluída em seu governo. Pena que foi em Cuba, poderia ter sido no Brasil, poderia ter sido aqui no Porto do Paranaguá, que necessita de tantos investimentos. O que lamento é que a falta de transparência tem se transformado em uma marca desse governo.

 

Sobre a falta de investimentos do governo federal no Paraná e sobre declarações da ex-ministra Gleisi Hofffmann.

É inexplicável, injustificável que haja perseguição a qualquer estado da Federação, quanto mais um estado da importância do Paraná, da tradição do Paraná. Não é de hoje que o senador Álvaro Dias tem alertado para as dificuldades crescentes que o Paraná tem, diferente de outros estados, na obtenção de recursos, que não são da União, não são de um partido político. Temos que virar a página dessa história que o dinheiro é federal, então vou lá e faço quase como um favor ao estado, ao município. É obrigação do governo federal compartilhar investimentos com estados e municípios. É quase um crime você punir um determinado estado porque fez uma opção política diferente daquela que os poderosos eventuais de Brasília achariam a mais adequada. Mas a força do governador Beto Richa, o nosso apoio no Congresso Nacional vai ser permanente para que possamos por fim a essa discriminação desrespeitosa para com a população do Paraná. Porque ao punirem o governador não punem pessoalmente, punem toda a população do estado.

Sobre o Show Rural, investimentos federais no Paraná.

O Show Rural é um dos dois mais importantes eventos do agronegócio brasileiro, uma referência na organização e, sobretudo, uma sinalização clara para o potencial de crescimento desse segmento, que vem crescendo de forma vigorosa ao longo de todos os últimos anos, e, repito, sendo o mais vigoroso e importante instrumento de desenvolvimento econômico e também social do Brasil, pelo extraordinário número de empregos que gera. Estou aqui mais uma vez a convite do meu amigo Dilvo (presidente da Coopavel) para testemunhar aquilo que hoje já é uma constatação nacional, não apenas no Paraná. O Brasil inteiro reconhece a importância desse evento e cada vez mais, mesmo nessa minha passagem rápida, parece mais vigoroso.

Apenas antes de falar especificamente sobre o Mais Médicos, não consigo entender, talvez até pela minha formação mineira, essa lógica perversa que assistimos hoje na política nacional. Porque se há, e olha que não é sempre que ocorrem essas oportunidades, a oportunidade de um estado, no caso do Paraná, ter representantes, digo no plural, no primeiro escalão do governo, no primeiro escalão do governo, com capacidade para influenciar inúmeras decisões na mais variadas áreas, o lógico, o razoável, seria prever que essas pessoas que estão lá tendo oportunidade de servir ao seu estado deveriam ser as primeiras pessoas a se empenhar junto ao governador do Estado, até para superar eventuais dificuldades que possam haver. Aprendi isso muito cedo. Tem o tempo da eleição, e isso em uma democracia é fundamental, e depois é o tempo da administração. O PT tem essa lógica perversa: eleição é o tempo todo. Por quê? Porque abdicaram, abriram mão de um projeto de país, transformador, de união nacional, de fortalecimento dos estados e municípios, para se contentar única exclusivamente com um projeto de poder. E quem paga o preço é a população que trabalha.

O Paraná responde hoje por alguma coisa como 20% da produção de grãos nacional, alguma coisa em torno de 36 milhões de toneladas. Isso fruto do esforço, do risco que o produtor corre, das intempéries com as quais eles se depara todo o tempo, da fragilidade da nossa infraestrutura. E qual o retorno que recebe? Um “não” do governo federal, um atraso permanente nas obras de infraestrutura. O Beto falou aqui e acompanhei o processo da ferrovia que deixaria Paranaguá de fora do escoamento da produção de grãos do Centro-Oeste, iria para Santa Catarina e para o Rio Grande do Sul. Foi a autoridade política do governador, apoiado pelas lideranças do setor, que fez com que houvesse um recuo do governo federal. Mas nada efetivamente foi feito até aqui. É algo que não se explica. E o que posso dizer, Beto, em relação a essa discriminação que tem realmente havido e esperamos que possa ser ao menos minimizada ao longo desse ano, é que em um futuro governo do PSDB o Paraná será respeitado como não vem sendo pelo atual governo.

Sobre Programa Mais Médicos.

Em relação ao programa Mais Médicos, acho que tudo que vier em benefício da saúde pública é bem vindo. Mas esse programa é claramente muito mais uma peça de marketing, porque o mesmo governo que traz médicos para atuarem o Brasil – e sempre defendi que eles pudessem vir, mas passando pelo Revalida – é o governo que fechou, nos últimos dois anos, 13 mil leitos hospitalares, é o governo que, no Congresso Nacional, e está aqui o senador Álvaro Dias que foi para a tribuna várias vezes defender maior investimento na saúde pública, com o governo que impediu a aprovação de todas as propostas que permitiriam um aumento maior do financiamento da saúde.

Em 2002, no final de 2002, em 2003 quando do PT assume o governo, 56%, e fico apenas nesse número para evitar falar do essencial, 56% de tudo que era investido em saúde pública no Brasil vinha dos cofres federais. Passados 11 anos do governo do PT, apenas 45% do total de investimentos em saúde pública vem dos cofres federais. E quem paga a conta? Quem menos pode. Estados e municípios. Na segurança pública, um outro tema que  preocupa hoje não apenas moradores dos grandes centros e nem das médias cidades, é o Brasil inteiro, sobretudo com essa questão avassaladora da epidemia do crack, a questão da criminalidade, no centro de tudo que se arrecada no Brasil  hoje participa com 13% apenas de tudo que se investe em segurança pública. Portanto, 87% do conjunto de investimentos em segurança pública vem principalmente dos estados e uma parcela menor dos municípios. Isso também não é razoável, já que cabe ao governo federal cuidar das nossas fronteiras, do tráfico de drogas e o trafico de armas. Portanto a omissão do governo federal na questão da segurança pública é uma omissão quase que criminosa.

Apresentei um projeto, desde que assumi o mandato de senador, que impedia as desonerações tributárias nas parcelas de recursos dos estados e municípios. Que o governo fizesse desonerações para determinados setores, mas na parcela que lhe cabe na distribuição que a Constituição determina. O governo jamais permitiu que isso avançasse. Aliás, nenhum dos temas da agenda federativa, que daria um pouco mais de alívio aos municípios brasileiros e aos estados, avançou, porque o governo prefere ser ele todo o dono do recurso, ele próprio definir as prioridades e fazendo sempre esse toma lá da cá, essa transferência voluntária para aqueles que lhe apoiam. Infelizmente essa tem sido a marca, a lógica do governo do PT, pouco respeitosa com a federação e, em especial, com o estado do Paraná.

Sobre o ano legislativo.

Por tudo que assistimos ao longo do último ano, eu não esperaria, infelizmente, muito deste ano legislativo. Porque vocês sabem que o governo tem uma ampla maioria hoje no Congresso. A oposição responde, no Senado, por algo em torno de 17% das cadeiras e, portanto, dos votos. Não é muito mais do que isso na Câmara, algo em torno de 20%. Então o governo tem uma maioria que ele manobra a seu bel prazer e conduz para as votações de seu interesse. O que gostaria é que a pauta da Federação fosse votada. Renegociação da dívida dos estados, fim da tributação do Pasep, o aumento de um a dois pontos percentuais no Fundo de Participação para estados e municípios para no mínimo minimizar os efeitos das perdas que esses municípios e estados tiveram.

Nos últimos três anos desse atual governo foram R$ 28 bilhões que foram sugados, tirados dos cofres estaduais e dos cofres municipais sem qualquer satisfação. É a velha história da bondade com o chapéu alheio. Portanto há um conjunto de matérias que dizem respeito à Federação que eu gostaria de ver votadas. Infelizmente, e aí a base, a maioria que apoia o governo tem a sua responsabilidade também, faz as vontades do poder central e temos hoje um Legislativo envergonhado, um Legislativo que se curva à vontade e à força do Poder Executivo. Felizmente existem algumas vozes lá corajosas, que se levantam contra tudo isso, que não faz bem ao Brasil, não faz bem à democracia. E talvez, a mais destacada delas seja exatamente a de um senador do Paraná, o senador Álvaro Dias.

 

Sobre a reforma ministerial.

Reforma, e a expressão já diz, pressupõe-se uma mudança e, obviamente, para melhor. Ninguém reforma para piorar. Você não reforma uma casa, você não reforma a sua empresa ou a sua fazenda para que ela fique pior do que era. Infelizmente, a lógica que rege as ações do governo não é do interesse nacional, é do interesse eleitoral. Já dizia isso há algum tempo e reitero hoje: há mais de ano não temos uma presidente da República full time. Temos uma candidata à presidente da República full time, com uma agenda quase que toda focada na reeleição e talvez o ponto alto seja este: uma reforma onde os feudos do PT são garantidos, os maiores orçamentos na área da Saúde e da Educação, com figuras, nada de pessoal contra elas porque não as conheço, mas figuras que o Brasil não teve ainda a oportunidade de ver atuando com responsabilidade dessa dimensão. Atendeu-se ali a lógica do PT, interesse do PT, dos feudos do PT, muito mais do que a lógica do país.

Uma resposta que a presidente daria ao Brasil hoje era fazer aquilo que vamos fazer quando vencermos as eleições. Diminuir pela metade esse número acintoso e vergonhoso de ministérios que só servem ao interesse dos que querem se manter no poder. Quando, durante todo esse processo de discussão, nós ouvimos reuniões para saber o que precisa fazer para que, na educação, nós saiamos da situação vexatória que nós nos encontramos hoje em todas as avaliações internacionais, como o Pisa, por exemplo. Como fazer com que a gestão da saúde pública seja mais eficiente? Como fazer com que o dinheiro chegue melhor na ponta? Como aumentar as parcerias com os municípios e com os estados? Nada disso.

Em nenhum momento, nós assistimos a presidente se reunir com especialistas, até mesmo com críticos. Até porque, isso ela não gosta de fazer e nós sabemos disso. Mas, em nenhum momento, passou-se sequer tenuamente o sentimento de que se buscava aprimorar a gestão, melhorar o desempenho do governo. É uma reforma que anda para trás, uma reforma que atende ao interesse do partido e, provavelmente, nos próximos dias dos aliados. Porque não temos um governismo de coalizão, como se estabeleceu chamar essa ampla e heterogênea aliança que conduz o Brasil. Nós temos, na verdade, um governismo de cooptação.

O Brasil só tem hoje menos ministérios que o Sri Lanka no Mundo. E por enquanto o Sri Lanka, porque se tiverem alguns partidos aí, para dar mais 5 segundos, 10 segundos de televisão, nós vamos chegar lá. Infelizmente, é isso que está virando o Brasil. Caminhando para a parte final, para fazer minha última intervenção, infelizmente – isso é uma constatação que qualquer pessoa razoavelmente informada pode fazer – as principais conquistas que nos trouxeram até aqui, da estabilidade, da credibilidade do Brasil, dos pilares fundamentais macroeconômicos, que foram fundamentais para a garantia de investimentos até determinado momento no Brasil, todos eles se fragilizaram. O Brasil que foi anunciado, em razão do enfrentamento que fez das crises internacionais em 1998 e 1999, foi anunciado como um dos BRIC´s, como um dos quatro países em condição de buscar o espaço à sombra, próximo dos países desenvolvidos, agora, para a Merril Linch, nas últimas semanas, foi colocado ao lado dos países com maiores dificuldades no mundo, como África do Sul, como a Índia, enfim, os países que não avançaram, os países que retrocederam.

Governo federal falhou

É triste ver a imagem que se tem em relação ao Brasil, um país que não teve coragem para fazer as reformas, um país cuja maquiagem fiscal virou a face mais clara, mais visível da condução da sua política macroeconômica e que nos deixará, aí sim, uma herança maldita de crescimento pífio e inflação alta. O crescimento no período da atual presidente será de alguma coisa em torno de um terço do que crescerão os nossos vizinhos na América do Sul e não adianta mais terceirizar responsabilidades. O governo da presidente Dilma, e quero dizer isso aqui hoje, em Cascavel, no Paraná, na primeira entrevista coletiva que dou esse ano, no ano de 2014, ano decisivo para o futuro do país, o governo da presidente da República falhou na condução da economia, falhou na condução e na gestão do país, especialmente no que diz respeito à infraestrutura, já que demonizou durante mais de 10 anos as privatizações e as concessões e as faz agora de forma atabalhoada, e não permitiu que nossos indicadores sociais, em especial na saúde, na educação e também na segurança pública melhorassem, ao contrário, pioraram e pioraram muito.

Por isso digo a vocês que o PSDB não tem a opção de apresentar um projeto alternativo ao Brasil, tem a obrigação. A nossa responsabilidade, como partido responsável por boa parte da construção que, como disse, nos trouxe até aqui, com a Lei de Responsabilidade Fiscal, com as privatizações tão necessárias de setores importantes da economia, com a sua modernização, com a integração do Brasil à economia global, o partido da estabilidade da moeda, que comemora esse ano 20 anos do Plano Real, aprovado com a oposição vigorosa e raivosa daqueles que hoje estão no poder. Esse partido apresentará ao Brasil uma nova e  ousada agenda onde eficiência e ética possam caminhar juntas. Essa é a responsabilidade do PSDB. E com essa nova e ousada agenda vamos enfrentar os problema do Brasil, vamos vencer as eleições.

“Governo Dilma perdeu o controle da inflação”, afirma Aécio Neves

aecio-neves-coletiva-600x400-300x200Brasília – O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG), em entrevista à rádio da legenda ressaltou que o governo da presidente Dilma Rousseff perdeu o controle da inflação.O senador reiterou sua preocupação com a má condução da economia e a ausência de transparência pública. Para o fortalecimento do Estado, o tucano ressaltou a necessidade de um “pacto federativo”.

Aécio lamentou ainda que as expectativas para a Copa de 2014 não atenderão às demandas dos brasileiros. Ele analisou as questões relativas ao desemprego e à violência, além da presença, pela primeira vez, da presidente no Fórum Econômico Mundial em Davos, na Suíça.

 

A seguir, a íntegra da entrevista:

Inflação
A grande verdade é que o governo da presidente Dilma perdeu, sim, o controle sobre a inflação e, infelizmente, a herança para o próximo governo será um crescimento extremamente baixo. Na América do Sul, cresceremos apenas mais do que a Venezuela, e uma inflação que já perturba atormenta a vida dos brasileiros.

Nós fizemos, agora, uma pesquisa nacional e vimos que a cesta básica, em 18 capitais pesquisadas, cresceu entre 10% e 17%, como aconteceu, por exemplo, em Salvador. Isso é extremamente grave. O controle da inflação foi a maior conquista do governo do PSDB, e a má condução da economia, a pouca transparência dos dados fiscais, a perda de credibilidade do Brasil junto a investidores, tudo isso vem contribuindo para que a inflação esteja fora de controle. Hoje, a inflação de alimentos já ultrapassou os dois dígitos. Portanto, é preciso que o governo tome medidas rapidamente, pois eu não acredito que esse governo tenha mais condições de fazer com que a inflação volte ao controle.

Desemprego
A questão do emprego já vinha sendo vista pelos jornalistas com enorme preocupação. Em primeiro lugar, o Brasil vem se tornando o país do pleno emprego de apenas dois salários mínimos. Se nós analisarmos os empregos de maior remuneração, empregos mais qualificados, apenas no período da presidente Dilma, foram fechados mais de um milhão de postos de trabalho, em razão do sucateamento do nosso parque industrial.

O Brasil vem perdendo competitividade na sua indústria e na exportação de manufaturados. Portanto, é preciso que, cada vez mais, nós possamos investir em qualificação. A qualificação de mão-de-obra é essencial para gerarmos empregos de melhor qualidade e também, obviamente, para garantirmos um crescimento mais robusto da nossa economia.

Hoje, o Brasil, infelizmente, na nossa opinião, na opinião do PSDB, vem se contentando com muito pouco. Vamos sempre comemorar a geração de empregos, mas nós queremos para o Brasil empregos de melhor qualidade.

Violência
Há muito tempo, eu tenho denunciado a irresponsável omissão do governo federal na questão de segurança pública. Todos nós, do Brasil, sabemos que é o governo federal que detém a maior parcela da arrecadação. Cerca de 60% de tudo que se arrecada no Brasil fica nas mãos do governo federal e ele participa com apenas 13% do conjunto dos investimentos em segurança pública. 87% estão nas mãos dos estados e municípios, que são aqueles que menos têm.

O governo federal, constitucionalmente, é o responsável pelo controle das nossas fronteiras, pelo tráfico de drogas e pelo tráfico de armas.

Portanto, a falta de parceria do governo federal com os estados, e eu denunciava isso desde os tempos em que era governador do estado de Minas Gerais, é uma das razões do agravamento, da insegurança, e, portanto, da criminalidade do Brasil. Por outro lado, o Fundo Penitenciário, que é um fundo existente hoje, aprovado no orçamento da União para apoiar os estados na construção de presídios.

O governo federal, ao longo dos últimos anos, executou apenas 10,5% do orçamento desse Fundo, mostrando que há realmente um despreparo do governo no enfrentamento dessa questão.
Repito: De tudo o que foi aprovado no orçamento, apenas cerca de 10% foram efetivamente implementados, o que mostra que o governo não trata com a seriedade e com a prioridade necessária na questão da segurança pública.

Eu apresentei um projeto no Senado Federal, que eu espero que agora possa ser aprovado, que garante que todos os recursos aprovados no Fundo Penitenciário e no Fundo Nacional de Segurança seriam transferidos, mensalmente, para os estados federais para que eles possam fazer o planejamento no enfrentamento da segurança pública. E, por outro lado, nós estamos fazendo um trabalho no Congresso Nacional de mudança, de alterações profundas no Código Penal para que nós possamos ter penas mais duras, mais rígidas, sobretudo para os delinquentes que são reincidentes.

Copa do Mundo
A grande verdade é que, se nós formos avaliar os números prometidos pelo governo e aqueles entregues até agora, nós vamos perceber que 75% de todas as obras de mobilidade urbana relacionadas à Copa do Mundo estão atrasadas e uma em cada quatro obras, simplesmente, não vai ficar pronta. 25% das obras não estarão prontas até a Copa do Mundo. Mais uma vez, a incapacidade gerencial do governo prevalecendo.

Portanto, aquilo que se esperava que pudesse ser o grande legado para as gerações futuras pós-Copa do Mundo infelizmente não acontecerá na dimensão que nós esperamos. Temos a expectativa de que o Brasil possa ir muito bem dentro de campo, mas o que nós estamos assistindo é que, infelizmente, em todas as regiões do Brasil há um conjunto enorme de atrasos em razão da inoperância do governo federal, da incapacidade que o governo federal tem de tocar essas obras, tanto em relação à Copa do Mundo como em relação a outras áreas.

O Brasil virou hoje um grande cemitério de obras inacabadas. Inacabadas e com sobrepreço, com preços muito além daqueles inicialmente previstos. Está aí a transposição do São Francisco, a Transnordestina, que é uma ferrovia muito importante para a integração também da região Nordeste, obras de infraestrutura no Centro Oeste, que poderiam estar melhorando o custo Brasil, facilitando o escoamento da produção daquela região. Tudo isso continua no papel e no conjunto de boas intenções. A grande verdade é que durante dez anos, o PT demonizou as privatizações e as concessões. Ele considerava isso quase que como um crime de lesa pátria. Depois de dez anos o PT se curva às concessões e faz isso de forma, infelizmente, açodada, despreparada, e o que eu tenho dito e repito, é que o aprendizado do PT no governo tem custado, infelizmente, muito caro ao Brasil.

Pacto federativo
Sem dúvida alguma, um novo repactuamento da Federação é essencial para o Brasil avançar. Eu tenho, desde que cheguei ao Congresso Nacional, debatido esse tema com prioridade. Nós estamos assistindo os municípios, os estados, cada vez mais sucateados, cada vez mais dependentes da União. E no momento em que o governo fez esse conjunto de desonerações, de alguma coisa em torno de R$ 80 bilhões no último ano, R$ 23 bilhões deixaram de ir para os cofres dos estados e dos municípios, que já viviam enormes dificuldades.

Eu apresentei uma proposta que, infelizmente, o governo federal não permitiu que avançasse no Senado, que impedia que essas desonerações pudessem atingir os cofres estaduais e municipais. Na nossa proposta, o governo poderia fazer desonerações, mas apenas nos tributos de sua responsabilidade e não em uma parcela que viesse a ser distribuída. Isso seria muito mais racional e muito mais justo. Infelizmente, nenhum dos temas do pacto federativo, como a renegociação da dívida dos estados, uma participação maior da União no Fundo de Participação dos Estados e Municípios, com um ou dois pontos percentuais a mais, aconteceu.

O governo prefere tutelar os estados e municípios, mantê-los sob o seu garrote, sob a sua influência, e isso tem sido extremamente perverso para com o Brasil e para com os brasileiros. Porque aqui todos nós sabemos: o brasileiro não mora nem na União, nem no estado. Mora no município, e os municípios são os que mais sofrem por essa ação centralizadora do governo central.

Dilma em Davos
Eu acredito que a presidente terá uma dificuldade muito grande de enfrentar a realidade. O sentimento, infelizmente, que se tem em relação ao Brasil hoje é de um país que não cumpre seus compromissos, que não respeita contratos, como aconteceu a partir de uma gravíssima intervenção no setor elétrico, que gere de forma inadequada as suas empresas, e a Petrobras é o mais triste exemplo de uma empresa que perdeu quase 50% do seu valor de mercado nos últimos anos e se transformou na empresa não financeira mais endividada do mundo, exatamente no momento em que ela precisava ter recursos para fazer face aos gigantescos investimentos e desafios que tem pela frente.

A presidente encontrará em Davos analistas do mercado financeiro, analistas em economia do mundo inteiro, que percebem que no Brasil não há confiabilidade em relação aos números, por isso tem havido crescentemente uma diminuição dos investimentos, em uma hora em que eles seriam extremamente necessários para que o Brasil voltasse a crescer de forma mais digna do que vem crescendo até aqui nesses últimos anos. O resultado, no período da presidente Dilma, é que o Brasil crescerá menos da metade da média dos nossos vizinhos somados, nossos vizinhos da América do Sul.

Portanto, infelizmente a presidente Dilma terá uma dificílima tarefa. Seria, a meu ver, muito mais adequado, muito mais produtivo, alguns sinais claros de transparência dos dados fiscais, de combate efetivo à inflação, de fortalecimento das agências reguladoras, sinalizando para o fim desse intervencionismo absurdo que ocorre em várias áreas. Essas ações em território nacional seriam muito mais efetivas, com resultados muito mais positivos para o Brasil do que uma simples visita e um simples discurso em Davos.

PT busca “ganhar eleição por WO”, diz Aécio

Brasília – O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG), afirmou nesta quarta-feira (15) que o PT tenta “ganhar por WO” as eleições presidenciais de 2014. Aécio concedeu entrevista à TV Estadão, que pode ser acessada no site do jornal O Estado de S. Paulo. O senador contestou a gestão da economia por parte do governo Dilma. O tucano lembrou que a administração petista tem levado o Brasil a crescer, no continente, mais apenas do que a Venezuela. O senador ressaltou também que a cesta básica registrou alta de 10% em 16 capitais brasileiras no ano passado. “O PT deixará uma herança maldita para o país”, afirmou.

Clique AQUI e AQUI para conferir a entrevista.

Entrevista do presidente do PSDB, senador Aécio Neves

Brasília (DF) – 14/01/2014

aecio-neves-entrevista-coletiva-1401-1-300x200Sobre a apropriação de saldos das cadernetas de poupança pela CEF, contabilizadas pelo banco como lucro.
Esse episódio é extremamente grave. Uma apropriação indevida, um verdadeiro confisco da poupança de inúmeros brasileiros sem que eles fossem adequadamente comunicados. Estamos acionando o Ministério Publico Federal para que averigue se houve, efetivamente, crime de irresponsabilidade ou de gestão temerária das autoridades financeiras e de quem é essa responsabilidade. É preciso saber quais os passos que esses poupadores darão para recuperar seus recursos. Mas o mais importante, nesse momento, é, de forma muito clara, sabermos se houve uma intenção do governo federal e da Caixa Econômica Federal de engordar o lucro da Caixa utilizando-se de recursos que não eram seus. Houve uma clara ilegalidade, já que o Banco Central determinou que a Caixa expurgue, do seu resultado, esses recursos. A Caixa Econômica Federal vem seguindo a tradição de outras empresas públicas. Absoluta falta de transparência e falta de respeito aos brasileiros.

Houve intenção de o governo confiscar essas contas?
Vamos aguardar que essas respostas sejam dadas. Mas houve uma ação ilegal, já que o próprio Banco Central e a Controladoria Geral da União não encontraram os instrumentos legais que poderiam levar, em primeiro lugar, ao encerramento dessas contas, onde dizem que existem irregularidades graves. É preciso saber quais são essas irregularidades. É preciso saber quais instrumentos a CEF utilizou para comunicar a população brasileira. Onde está o edital convocando essas pessoas para se fazerem presentes na Caixa? Para, a partir daí, sabermos se foi mais um gesto de esperteza para fraudar o seu lucro, já que foram pagos dividendos e, inclusive, impostos à União. A União foi beneficiária dessa ação indevida já que foram pagos impostos ao Tesouro Federal com base em lucro fictício.

A presidente deveria demitir o presidente da Caixa?
Não cabe a mim definir quem ela demite ou não, mas infelizmente a Caixa Econômica Federal é reincidente. No episódio do Bolsa Família, onde o desgoverno, mais uma vez a incompetência, da Caixa levou pânico a milhões de famílias brasileira, não houve sanção nenhuma. Talvez eles achassem que poderiam continuar atuando de forma tão pouco transparente como fizeram lá atrás. A Caixa é reincidente, e esse aspecto dessa decisão, a cadeia que levou a essa decisão, precisa ser clareado, precisa ser colocada à opinião pública. A Caixa errou, está claro. Se houve dolo é preciso que as investigações do Ministério Público demonstrem. E se houver dolo, há crime. E crime tem que ser punido.

Em última instância o responsável é o ministro da Fazenda?
Sempre será o ministro da Fazenda, que é a grande autoridade financeira da área econômica. A Caixa Econômica Federal é subordinada a ele. Por isso, estamos encaminhando ao Ministro da Fazenda uma série de indagações para que essas questões não sigam o caminho das últimas denúncias em relação à CEF e fiquem sem resposta. Cabe ao ministro da Fazenda e ao Congresso Nacional, que será convocado por nós, assim como será também o presidente do Banco Central para saber quem autorizou o confisco da poupança de mais de 500 mil brasileiros.

O último que confiscou da poupança no Brasil foi o presidente Collor e saiu bastante mal da Presidência da República. Essa associação pode ser feita no âmbito de uma campanha?
Acho que o conjunto da obra levará muita insegurança dos brasileiros em relação à condução deste governo. A grande verdade é que o governo da presidente Dilma Rousseff falhou na condução da economia. Vai nos deixar como herança maldita o segundo pior crescimento na América do Sul, apenas atrás da Venezuela, com uma inflação saindo de controle e uma perda crescente de nossa credibilidade, com impacto, obviamente, nos investimentos que não estão vindo para o Brasil. Esta é a meu ver a radiografia, este será o retrato final de um governo que não avançou na infraestrutura, que não avançou nos indicadores sociais, e falhou de forma extremamente grave na condução da economia.

Com o Congresso em recesso, a explicação será apenas em fevereiro?
Esperamos que mais rápido possível provavelmente, na primeira semana de fevereiro.

Sobre os fatos recentes ocorridos no sistema prisional.
Em relação ao sistema prisional, são alarmantes os dados da Execução Orçamentária do governo federal. Cerca de 10,5% do Orçamento do Fundo Penitenciário foram executados ao longo dos últimos três anos. O governo federal que fala agora de medidas duras, medidas reativas, mas infelizmente, a ausência de planejamento do governo impediu que essas obras de ampliação do sistema prisional pudessem ter avançado ao longo desses últimos anos. E eu tenho uma experiência em Minas Gerais de uma PPP, a primeira do Brasil no sistema prisional que é algo a ser olhado com muito interesse já que, infelizmente, há absoluta omissão do governo federal nos investimentos em segurança pública.

Fica na responsabilidade quase que totalmente nos estados. E os estados, nós sabemos, cada vez mais sufocas nesse hiperpresidencialismo. Infelizmente, na área da segurança pública, o governo federal continua omisso e o orçamento do Fundo Penitenciário, nos últimos três anos, teve apenas 10,5% do seu valor efetivamente executado. Isso mostra que o governo federal, lamentavelmente, não tem autoridade para cobrar novos investimentos dos estados. Não falo especificamente de um estado porque a situação é grave no Brasil inteiro. Era preciso solidariedade, planejamento e estratégia para enfrentar o caos do sistema prisional brasileiro hoje.

O Sr. está preocupado com a economia? Qual é a herança do Brasil em relação à economia?
É grave. É grave porque há uma perda crescente de credibilidade no Brasil, que afeta os indicadores macroeconômicos. Ontem mesmo tive uma longa reunião, durante toda a tarde, com o ex-ministro Armínio Fraga, e nós falávamos da importância de gerar uma expectativa nova. Uma importância de olharmos para o futuro e dizermos “o Brasil vai ter juros compatíveis com os das nações desenvolvidas, o Brasil vai ter metas fiscais que serão efetivamente buscadas e alcançadas”. O Brasil não pode se contentar com tão pouco. Portanto, acho que a sinalização de que nós teremos uma gestão fiscal mais rígida, transparência absoluta nos números do Brasil, vai significar, a médio prazo, e talvez até a curto prazo, uma diminuição da inflação, diminuição da taxa de juros e o resgate da credibilidade do Brasil, o que é essencial. Temo, como brasileiro, temo muito por mais quatro anos de um governo que não é transparente, não é eficiente e acha que pode enganar todo o tempo.

Sobre possível aliança entre PSDB e PSB em São Paulo.
Do meu ponto de vista pessoal, é uma negociação que será feita diretamente pelo governador Geraldo Alckmin com o governador Eduardo Campos. É muito natural a continuidade dessa aliança. Mas qualquer que seja a decisão do PSB, nós temos que respeitar. Nós vamos, ao longo dessas próximas quatro ou cinco semanas, avançar em conversas sobre onde é possível PSDB e PSB estarem juntos. Tivemos algumas conversas no final do ano, e em Minas, mais uma vez, da mesma forma é absolutamente natural que o PSB esteja ao lado do PSDB. Ele vem estando ao lado do PSDB desde a minha primeira eleição, em 2003. É algo que não se justifica – o PSB participa do governo, tem Secretarias de Estado, toda a base do PSB foi estruturada em parceria com o PSDB. O PSB tem hoje o prefeito da capital do estado, numa eleição apoiada pelo PSDB contra o PT. Portanto, as pessoas não entenderão um distanciamento entre nós. E, portanto, mais uma vez, e o Eduardo concorda comigo, nós temos, nas nossas conversas, falado muito sobre isso. Há um nível de naturalidade nas questões locais que precisa ser respeitado.

Obviamente, se a decisão for contrária ao interesse nacional do partido, se intervém de alguma forma, se discute politicamente. Mas eu tendo sempre a respeitar as movimentações locais, a lógica da política local. Mas obviamente preservando o interesse nacional. Por isso vou fazer aqui uma reunião na primeira semana de fevereiro, aprovando uma proposta de que todas as coligações estaduais do PSDB, que serão discutidas regionalmente, para serem homologadas precisarão do aval da Executiva Nacional do partido. O PSDB é um partido que tem um projeto nacional para o Brasil, e obviamente precisa ter os estados participando desse projeto.

Que outros palanques em que podem estar juntos PSDB e PSB?
A grande maioria deles. Porque nas últimas avaliações que nós fizemos, em pelo menos 15 estados há uma, já havia naturalmente um entendimento, uma aliança. Se nós empurrarmos um pouquinho, isso chega a 20.

O veto da Marina Silva, que está vetando as alianças do PSB com o PSDB, pode mudar o cenário?
Se houver veto, certamente altera o quadro. Mas acredito que em prejuízo maior do próprio PSB. Porque seria uma coisa antinatural. Mas temos que respeitar. O governador Eduardo é um político experiente, saberá conduzir isso. A própria ex-ministra Marina também tem seus companheiros que ela quer prestigiar. Isso não me aflige. O que posso garantir a vocês é que o PSDB estará competitivo na grande maioria dos estados brasileiros. Seja com candidaturas próprias nos principais estados, seja em coligação com outros parceiros, em outros estados. O PSDB certamente estará em condições de disputar com o PT as eleições de governo, de Senado, as eleições majoritárias na maioria dos estados brasileiros, e em condições de vencer.

Existe interesse do PSDB em ter palanque duplo em São Paulo?
Para mim seria um prazer estar ao lado do governador Eduardo também em São Paulo. Eu acredito muito nas coisas naturais da política. O PSB vem apoiando o PSDB ao longo de todos os últimos anos. Vem construindo um projeto de governança em São Paulo amplamente aprovado pela população. No que depender da minha modesta opinião, essa aliança deve continuar. Agora, é uma decisão que o PSB e o governador Geraldo Alckmin terão que discutir.

Tenho estimulado, na maioria dos estados brasileiros, que nós possamos respeitar as decisões locais, onde nós estamos juntos. Porque toda decisão a fórceps na política, toda decisão artificial, imposta, não traz bons resultados. Portanto, no que depender de mim, o Eduardo continua na coligação com o governador Alckmin. E vai acontecer o que acontecerá em outros estados onde nós estaremos juntos: os membros do PSDB, os candidatos do PSDB farão campanha para o candidato nacional do PSDB; e os candidatos do PSB, farão campanha para o candidato do PSB. Não se trata de dividir o apoio de um governador, ou de um vice-governador. Os membros de um partido apoiarão seu candidato, até porque é o que a lei determina; e na coligação, se houver deputados, ou mesmo um membro da chapa majoritária que apoiar o outro nome para Presidente da República, ele terá o direito de fazê-lo com absoluta liberdade.

O PSDB oferecerá a vice ao PSB em São Paulo?
Essa é uma negociação que São Paulo, com sua autoridade, conduzirá, em especial o governador Geraldo Alckmin.

Uma possível aliança PSDB-PSB em São Paulo afetaria a candidatura do partido?
Sinceramente, não afeta. O PSDB vai estar com candidaturas muito sólidas nos principais estados brasileiros. Nos três estados, a minha expectativa é que nós tenhamos candidaturas extremamente competitivas, nos três maiores estados: São Paulo, Minas e Rio de Janeiro. E obviamente, vamos ter em outros também.

Em São Paulo vocês não dão como descartada a possibilidade?
Vou almoçar com o governador na quinta-feira, depois de amanhã. Com o Geraldo. Eu começo o ano com os correligionários. Quem sabe termino com os aliados.

E o PMDB?
Toda aliança muito ampla e que não é muito homogênea, no final sobra para alguém. Meu velho avô Tancredo dizia: “Não se faz política sem vítimas”. E o PMDB está sendo, em boa parte, vítima dessa obsessão do PT por espaços de governo. O tempo é que vai dizer. Agora dissidências ocorrerão em todos os estados, porque não é fácil acomodar um latifúndio tão grande como esse em uma só chapa. Os interesses regionais acabam sendo conflitantes, e o PT ainda nos ajuda ao querer tudo. O PT quer o poder federal, quer o poder nos estados, quer o Senado, quer maioria na Câmara, e talvez acabe ficando sem nenhuma dessas coisas.

O Sr. acha que é mais natural uma aliança PSDB-PSB do que PSB-Rede, tendo em vista que vocês só estavam afinados em alguns estados?
Acho que a Rede é um partido em construção. A aliança do PSB-Rede tem que ser respeitada. O que eu me refiro é que existe já uma parceria. Como a Rede ainda não era um partido político, isso não existia em relação à Rede até agora. Eles estão buscando construir isso. Tem que ser soldada uma aliança com base em programas, em objetivos claros. O PSDB tem uma aliança com o PSB natural em inúmeros estados brasileiros. Falamos aqui de São Paulo, que não é uma coisa construída hoje, é construída há dez, doze anos. É em Minas Gerais, no Paraná, para citar apenas alguns estados onde nós governamos. Então, essa aliança é muito natural. Desfazê-la agora pode vir em prejuízo de quem saia dessa aliança, de quem não está com a posição de maior força nessa aliança. Portanto, ao contrário do que alguns imaginam, eu saúdo a presença do Eduardo nesses palanques. Haverá espaço para ele. O eleitor vai decidir.

Quem quer disputar, como o PSDB quer, e vencer as eleições presidenciais não pode temer ninguém. Nós não tememos ninguém. Ao contrário, eu às vezes trabalho para que, no futuro, no segundo turno, as oposições estejam unidas. Por isso, todos os gestos que nós pudermos fazer no sentido de facilitar a campanha dos candidatos de outros partidos aliados, em especial o PSB, que é nosso aliado histórico, nós vamos fazer, sem qualquer preocupação. Nós temos que confiar na capacidade do nosso discurso, no papel de oposição clara que nós desempenhamos e, principalmente, na capacidade de propor algo novo para o Brasil. É a isso que nós estamos nos dedicando agora e eu estou extremamente otimista com as nossas reais possibilidades de ir para o segundo turno e de vencer as eleições.

“Aumentar imposto é o jeito PT de governar”, diz Duarte Nogueira

deputadoduartenogueira22-300x171O deputado federal Duarte Nogueira afirma que, ao contrário do que costumam fazer as administrações petistas, o PSDB investe em educação e cita como exemplo o fato de o governador Geraldo Alckmin já ter triplicado o número de escolas de tempo integral.

O anúncio do prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), de que a Educação será afetada pelo corte de cerca de R$ 4 bilhões nos investimentos da cidade em 2014 é um padrão que se repete nas diversas administrações petistas. É o que demonstra o deputado federal e presidente do PSDB de São Paulo Duarte Nogueira. Para ele, as gestões petistas foram marcadas pela redução de investimento na educação. Duarte lembrou que a ex-prefeita Marta Suplicy também reduziu o porcentual de investimento na pasta. “Ela mudou a lei orgânica do município, reduzindo de 30% para 25% o investimento em educação”, apontou.

Para o deputado, o PSDB já demonstrou, durante a gestão de Geraldo Alckmin, que uma boa gestão passa pelo enxugamento da máquina. Basta lembrar que, adotando essa receita, o governo conseguiu triplicar o número de escolas de tempo integral no estado. “E até o fim do ano irá multiplicar por oito o total”, adiantou.

Para Nogueira, o povo paulistano paga pela falta de transparência da Prefeitura, que ao mesmo tempo que irá cortar investimento em Educação, aumentou em R$ 400 milhões o subsídio pago às empresas de ônibus neste ano. “Se o prefeito fosse mais transparente, poderíamos discutir melhor com a sociedade onde seria feito o corte”, disse.

Como consequência do caos administrativo imposto por Haddad, Nogueira avalia que a população paulistana está atenta com relação aos “postes” indicados pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para concorrer eleições. “O luminoso que fez o poste ganhar a eleição está se apagando. A população está alerta com qualquer outro poste que possa aparecer por ocasião eleitoral”.

Confira a entrevista:

Conversa Franca: São Paulo corre o risco de ver esses quatro anos de administração petista não deixarem legados positivos para a população?

Duarte Nogueira: Já é uma característica esse viés do PT de fazer o ajuste fiscal pelo aumento e não pela redução das despesas e melhora na eficiência da Prefeitura. Com a Erundina foi assim, a Marta repetiu a fórmula e o Haddad segue essa mesma cartilha. É isso o que coloca o cidadão paulistano nesse padrão de carga tributária tão alta. Como o prefeito teve adversidade na Justiça para aumentar o IPTU, por força da Adin do PSDB, agora ele penaliza a cidade cortando investimentos importantes. A receita poderia ser obtida através de maior eficiência, enxugamento da máquina e melhoria na rotina de gestão.

CF: Uma das áreas que o prefeito indicou que terá redução no investimento será a educação. Não é um contrassenso um ex-ministro da Educação agir dessa maneira?
DN: É o jeito PT de governar. Quando a Marta foi prefeita, ela mudou a lei orgânica do município, reduzindo de 30% para 25% o investimento em educação. Haddad repete isso e penaliza a educação. Por isso que no ano passado, quando Haddad já tinha deixado o Ministério, mas a pasta ainda sofria as consequências da sua administração, o País teve o primeiro aumento do analfabetismo da história. Esse é o Haddad.

CF: Uma área que Haddad indicou que não fará mudanças no orçamento é nos transportes, que tiveram aumento de R$ 400 milhões devido ao aumento no subsídio para as empresas de ônibus. Se o prefeito abrisse a chamada “caixa preta” das empresas de ônibus, não seria possível manter os investimentos em educação e na construção de creches?
DN: A falta de transparência na composiçao final do preço da tarifa leva a esse tipo de contingenciamento. Se eles fossem mais transparentes, poderíamos discutir melhor com a sociedade onde seria feito o corte. Agora, ele está poupando as empresas de transporte desse corte e não faz a discussão. Desse jeito, ele está empurrando a conta dos cortes para a população.

CF: Que investimentos poderiam ser feitos em educação com R$ 4 bilhões?
DN: O prefeito poderia ampliar as escolas de tempo integral, seguindo a boa conduta do Governador do Estado, Geraldo Alckmin, que já triplicou e vai multiplicar por 8 até o fim do ano o número dessas escolas, aumentando a capacidade de ensino e melhorando a qualidade. Além disso, as promessas de creches poderiam ser cumpridas conforme anunciadas na campanha, o que aparentemente não será.

CF: A administração de Fernando Haddad está condizendo com suas promessas de campanha ou o poste está em curto circuito?
DN: O luminoso que fez o poste ganhar a eleição está se apagando. As promessas que foram feitas não estão sendo cumpridas ou foram exageradas. Ou pior: foi super estimada a capacidade de gestão do prefeito. E isso coloca a população sempre alerta com qualquer outro poste que possa aparecer por ocasião eleitoral.

Do Portal do PSDB-SP

Entrevista do presidente do PSDB, Aécio Neves, após visita a obras no entorno de Confins

aecio-neves-foto-wellington-pedro-imprensa-mg-300x204Assuntos: encontro com o governador Antonio Anastasia, eleições 2014, Eduardo Campos, PSB, Solidariedade, PMDB, alianças regionais, coordenação futura campanha do PSDB.

Principais trechos

Sobre a reunião com governador Anastasia?
Tive uma reunião com o governador e o vice-governador. Estamos definindo um cronograma para as nossas ações também políticas no Estado. O governador fez também uma exposição sobre os investimentos do Estado, a situação de Minas, e que as coisas caminham adequadamente. O que eu posso talvez de novo confirmar a vocês é que vamos ter uma definição em relação à candidatura da aliança que sustenta o governo, mais notadamente do PSDB, até o Carnaval. Vamos fazer isso no mês de fevereiro ainda. Antes do carnaval, pretendemos tomar as decisões que nos levem a esta definição, que não é uma conversa apenas com o PSDB, que envolve uma série de partidos políticos que, desde o início do nosso governo, nos acompanha neste projeto mineiro. Esta foi uma das razões deste entendimento, estamos iniciando uma discussão mais objetiva em relação à permanência ou não do governador Anastasia até o final do mandato. Neste aspecto ainda não há uma decisão, mas há uma possibilidade concreta de afastamento do governador a partir do final de março deste ano.

Sobre participação do vice-governador Alberto Pinto Coelho na chapa do PSDB.
Obviamente, confirmando-se esta possibilidade, eu diria que hoje caminha para se transformar na maior probabilidade da saída do governador Anastasia, neste caso, o vice-governador assume o mandato. Dentro desta aliança que hoje sustenta e apoia o governador Anastasia, há um consenso crescente de que, até estimulada pelo vice-governador Alberto Pinto Coelho, a candidatura ao governo do Estado deva ser de um nome do PSDB.

Sobre composição da chapa em Minas.
Temos uma aliança aqui que vai muito além de composição de chapa. É uma aliança em torno de um projeto vitorioso em Minas Gerais. Um projeto que vem servido de referência para os outros estados brasileiros. A nossa aliança é em torno de um governo sério e eficiente. Não vejo em nenhum dos partidos que compõem esta aliança, que nos dão sustentação, que nos têm ajudado a governar, movimento para se afastar. Até mesmo ao contrário do que acontece normalmente na política, em que as alianças vão se exaurindo, vão se fragilizando, a nossa vem somando forças. Desde 2003, a nossa aliança aqui em Minas vem crescendo. Não vejo nenhuma movimentação de nenhum partido para se afastar dessa aliança, porque ela tem permitido o fortalecimento daqueles partidos que estão no seu entorno. Então essa composição vai ser feita na hora certa. Não há definição nem em relação à questão de uma candidatura a senador, do governador Anastasia, e tampouco de composição, ainda, da chapa. O que estou antecipando para vocês é que há um consenso hoje crescente dentro dessa aliança de que o candidato a governador deva ser o candidato do PSDB.

Sobre uma eventual participação do PSB na coligação do PSDB em Minas.
Tenho uma relação com o governador Eduardo (Campos) de muito tempo, quase que histórica, mais de 30 anos. E a aliança que temos em Minas Gerais, começando por aqui, é absolutamente natural. O PSB está conosco desde a minha primeira eleição, governa conosco. Tivemos parcerias, aqui, extraordinárias, que levaram à eleição do prefeito da capital, Marcio Lacerda. No que depender da minha vontade, da minha ação, o PSB deverá continuar conosco. E acho que há espaço para isso. Mas é uma decisão que tenho que respeitar. É do PSB.

O PSB tem uma candidatura presidencial colocada, isso tem que ser respeitado, mas eu não acho que seja incompatível uma candidatura (nacional) do PSB com o apoio do PSB aqui à candidatura do PSDB a governador. Como não é também impossível que isso ocorra em Pernambuco. Independentemente disso ser uma moeda de troca. São as circunstâncias locais.

Há também em Pernambuco uma parcela do PSDB, comandada pelo ex-presidente nacional do partido, Sérgio Guerra, que defende uma aproximação também local. Mas essa é uma decisão que vamos tomar, em relação ao apoio em Pernambuco, ou ao lançamento de uma candidatura em Pernambuco, que é uma hipótese que não esta afastada. Temos um nome colocado do deputado Daniel Coelho, que foi candidato à prefeitura de Recife, teve um belíssimo desempenho, por muito pouco não foi para o segundo turno, e muito provavelmente ganharia a eleição. É uma possibilidade com a qual trabalhamos ainda. Mas essa é uma definição que, acertamos, ficará para maio. A não ser que haja algum fato que mude esse cronograma.

A nossa definição em relação ao apoio de uma candidatura do PSB em Pernambuco, ou ao lançamento de uma candidatura própria, que seria do deputado Daniel, é algo para ser resolvido até maio. Aqui (MG), a nossa expectativa é de que possamos dar continuidade a essa parceria com o apoio do PSB a uma candidatura do PSDB.

E para a presidência da República?
À presidência da República o PSB tem uma candidatura colocada. Isso é natural.

Sobre a candidatura a vice, postulação do Solidariedade e consenso no PSDB para chapa puro sangue.
Não há esse consenso. Existem sugestões. E são muitas as sugestões. Não apenas essa. É absolutamente natural, e acho até positivo, que o Solidariedade queira se integrar efetivamente nesse projeto. Esse é o fato novo desse período nosso mais recente. O Solidariedade tem participado inclusive da construção de uma agenda nossa que se inicia agora em fevereiro, e também na formulação do nosso programa de governo terá um papel extremamente importante. Eu sempre disse que um partido que se pressupõe Social Democrata, ele tem que ter uma presença sindical. Tem de ter uma presença sindical que seja expressiva. O Solidariedade traz isso. Traz uma parcela muito importante da Força Sindical que é do ponto de vista do setor produtivo a mais importante central sindical do país.

Sobre indicação do nome de Miguel Torres (presidente da Força Sindical).
É um nome expressivo. Mas só vamos tomar as decisões em relação à composição da chapa próximo do período de convenções. Não podemos ultrapassar etapas. Essas coisas têm de ser decantadas com alguma naturalidade. Mas é um nome extremamente qualificado, como outros que têm sido também sugeridos. Não tenho pressa para essa definição.

Sobre possibilidade de retirada da pré-candidatura do PSB.
Acho que nesse momento o quadro está consolidado e considero a candidatura do governador Eduardo Campos, em primeiro lugar, legítima, do ponto de vista da sua história política. Boa para o quadro político nacional. Quem quis inibir outras candidaturas, quase querendo ganhar por WO, foi o PT. Foi o governo. Nós sempre estimulamos outras candidaturas. Inclusive, a candidatura da ex-senadora Marina Silva. A candidatura do Eduardo é boa para o debate político, ela aprofundará alguns temas, nos permitirá fugir dessa polarização eterna de PSDB e PT. É boa para o eleitor, é boa para o Brasil. E por isso não acho que há qualquer cogitação de um afastamento do governador Eduardo.

Sobre aliança PSDB e PSB no 2º turno.
Acho que o fato de ambas as candidaturas se colocarem no campo oposicionista pode facilitar sim uma conversa no segundo turno. Mas ambos temos que lutar para chegar no segundo turno, tanto o PSDB, quanto o PSB. Então, essa não é uma conversa para termos agora.

Sobre a possibilidade da candidatura à vice ser ocupada por um político paulista, como o senador Aloysio Nunes.
O PSDB tem essa vantagem. O senador Aloysio Nunes certamente é um deles. Mas isso não está na nossa agenda, mas não está mesmo. Não é que eu tenho uma decisão e vou anunciar daqui a três ou quatro meses. Não chegamos nesse nível e eu, pessoalmente, estou evitando essa discussão agora. Ela não é produtiva. E a composição da chapa atenderá ao interesse de toda a coligação. Temos que ter na composição da chapa alguém que o perfil atenda ao interesse maior de todos os partidos coligados, que é o de vencer as eleições. Não está na hora ainda. Não está madura ainda essa decisão. E por isso estou evitando essas especulações.

E a sua candidatura do sr. à Presidência da República?
É uma possibilidade hoje concreta. As conversas estão avançando. Acho que o mês de março, como disse no final do ano passado, acho que é o momento correto de uma definição formal do partido, o momento de uma definição objetiva do partido. Esperamos que até o final de maio essa decisão seja tomada, ela não foi ainda formalizada. Esse é um consenso dentro do partido, que até o final de março possamos ter oficiosamente, que seja, a candidatura do PSDB colocada. Esse é um bom momento para que ela ocorra. E a composição da chapa até o final do mês de maio. É obrigação do PSDB ter essa candidatura. O PSDB tem que apresentar ao Brasil um projeto alternativo a esse que está aí. É a nossa responsabilidade, não uma opção para o PSDB ter uma candidatura. Mas a oficialização desse nome só ocorrerá em março. Antes disso, são especulações.

Sobre o posicionamento do PMDB nas próximas eleições.
Há hoje uma posição majoritária do PMDB pela aliança com o PT. Seja pelos espaços que ocupa, seja pelos compromissos que assumiu. Mas não tenham dúvidas que teremos em vários estados brasileiros setores do PMDB que encontrarão maior identidade conosco do que com o PT. E essas conversas acontecem permanentemente, nunca deixaram de acontecer. Mais explícitas em alguns lugares, como na Bahia, por exemplo, onde há quase um compromisso formado de o PMDB da Bahia, através do ex-deputado Geddel, estar na nossa aliança local, e provavelmente na nossa aliança nacional, como setores do PMDB de alguns outros estados brasileiros.

Em Minas também?
Em Minas nós temos que respeitar a decisão que o PMDB vier a tomar, mas sempre tivemos na base do PMDB aqui apoios muitos importantes de prefeitos, de lideranças municipais do PMDB. Essas conversas existem. Então vamos respeitar a decisão formal que o PMDB vier a tomar. O que eu tenho ouvido é que o PMDB cogita também o lançamento de candidatura ao governo do Estado, o que tem que ser visto com muito respeito. E se essa for a decisão do PMDB, da nossa parte essa decisão tem de ser absolutamente respeitada. O PMDB saberá fazer a sua hora e tomar a decisão que achar mais adequada.

Sobre partidos aliados ao PT no campo nacional e ao PSDB em Minas.
Com o fim da verticalização, quando foi negada a proposta da verticalização, pelo menos essa foi a compreensão do Tribunal Eleitoral, isso vai acontecer em todos os estados brasileiros. Preparem porque vocês vão ver partidos que vão estar na situação do plano nacional, na oposição em relação às realidades locais. Ninguém muda essa realidade local, principalmente com um quadro tão plural como este, com um número excessivo de partidos políticos. A lógica local, no ponto de vista das eleições locais, não será atropelada pela lógica nacional. Hoje nós temos uma conversa muito avançada com o Democratas, que tem sido um aliado natural do PSDB ao longo das ultimas eleições, e com o Solidariedade. Obviamente temos tido outras conversas. Tenho conversas pessoais com o presidente do PV, por exemplo. Alguns partidos que estão hoje na base do governo, acho que aguardam um momento para a decisão, aguardam o quadro clarear um pouco. Cabe a nós mostrarmos que temos um projeto tão ou mais viável do que aqueles que estão hoje no poder. Eu acho que alguns partidos vão aguardar essa decisão mais para o momento das convenções.

Sobre alianças regionais do PSDB.
Estamos nesse exato momento mergulhados nas questões dos palanques regionais. Agora pouco eu conversava com o ex-governador Cássio (Cunha Lima), falando de questões relativas ao Nordeste. Estamos já com o grupo de lideranças do partido responsável pela construção de nossas alianças estaduais. Porque elas se encaminham nesses próximos três meses. O PSDB encaminhará, agora na primeira semana de fevereiro, numa reunião de Executiva, uma proposta que apresentarei de que todas as alianças estaduais, para serem consagradas, terão que passar pelo crivo da Executiva Nacional do partido.

Todas as alianças estaduais terão que passar pela aprovação da Executiva Nacional do partido. O PSDB é um partido que tem um projeto de país. O PSDB tem a responsabilidade de um projeto nacional. É muito importante que as alianças regionais – obviamente que respeitadas as lógicas locais – atendam também às circunstâncias, aos interesses da aliança nacional. Obviamente, haverá a delegação para que a condução seja feita pelos diretórios estaduais, mas a homologação das alianças, das chapas estaduais, passará pelo crivo da direção nacional do partido. Isso já foi comunicado às diversas instâncias do partido, e nós estamos agora mergulhados exatamente na busca, auxiliando nossas instâncias estaduais a construir as melhores alianças possíveis.

A partir daí, eu retomo uma agenda intensa de viagens. Começo pelo Paraná, em um grande evento do agronegócio em Cascavel, já logo na primeira semana de fevereiro. Temos alguns eventos também organizados pelo Solidariedade e pelo seu presidente, deputado Paulinho da Força, com setores produtivos da economia brasileira, que estão extremamente preocupados com o futuro que lhes espera, e, com isso, nós vamos construindo a nossa agenda.

Sobre eventos da Força Sindical.
Talvez os primeiros em São Paulo. Mas queremos fazer alguns fora de São Paulo também. Obviamente ligados a sindicatos que estão dentro da Força, dentro da estrutura da Força Sindical. E para combinarmos em março com uma oficialização do nome do candidato do PSDB.

Sobre papel do ex-presidente Lula nas eleições desse ano.
Ele sem dúvida alguma é o cabo eleitoral mais importante que a presidente tem, mas a candidata é a presidente da República. Eu não sei mensurar exatamente o quanto ele será decisivo na eleição. Porque em Minas, pelo menos nas últimas eleições, não foi.

Sobre Andrea Neves coordenar a campanha nacional do PSDB.
Eu vi nos jornais hoje. É impressionante como a mentira na política caminha com uma rapidez enorme. Isso nunca sequer foi cogitado, nem será cogitado. Não tem qualquer sentido ser coordenadora de qualquer área de um governo, de qualquer área de uma campanha nacional. Andrea é uma profissional de comunicação que vocês conhecem aqui em Minas, uma jornalista, uma profissional da área de comunicação que faz campanhas há mais de 20 anos e vai continuar fazendo o que ela sempre fez. Ela vai assessorar, ajudar a trazer ideias, não muda em absolutamente nada. Não existe qualquer cogitação, não sei de onde pode ter surgido de que ela vai coordenar qualquer área da campanha, que será absolutamente profissionalizada, como tem que ser.