PSDB – MS

Artigos

A percepção dos direitos em sociedades democráticas, por Yeda Crusius

Avança o século XXI no tempo. Em breve, ingressaremos na terceira década dentre as dez que formam um século. A mudança radical acontecida nas democracias do nosso tempo é fruto da tecnologia da internet. Em cada celular está o acesso instantâneo e sem fronteiras ao mundo, e cada celular permite o compartilhamento instantâneo do que uma câmera alcança. Daí a necessária compreensão e adaptação inclusive legal ao mundo do hoje, da hora, do instante. As redes semeiam a liberdade de expressão, de opinião, mas lá do fundo emerge pelas redes o que é da própria natureza humana: do amor ao ódio, tudo é permitido. Só que não. Nem tudo pode ser permitido. Há limites necessários para que resulte para a convivência social em tempos de liberdade o seu padrão civilizatório, contrapondo-se à barbárie. No campo das leis, esses limites. Leis são feitas por maioria, e por vezes por consenso.

Nesse sentido, por acordo entre todos os partidos, pude relatar e ver aprovado o projeto de lei da Deputada Luizianne Lins que estende à Polícia Federal o poder de investigação do crime cometido via internet de propagação do ódio a mulheres, o crime de misoginia. Já que pelas redes esse crime ultrapassa qualquer fronteira, até a “nuvem” (cloud), cabe incorporar a investigação que é feita pelas polícias estaduais até a Política Federal, que já cuida, por acordo entre países, de crimes como o financeiro e o contrabando de armas e drogas – além-fronteiras. São muitos os projetos de lei que tratam de assuntos deste século e é preciso selecioná-los para que avance a regulação do que é novo. Este é um dos objetivos da Frente Parlamentar de Prevenção à Violência que constituímos no Congresso Nacional este ano, e que já realizou 2 de suas 10 audiências públicas previstas, até que se tenha o Plano Nacional de Prevenção à Violência que ofereceremos ao Executivo Federal com força de lei.

Muito mais precisamos dedicar para compreendermos a sociedade da era da internet, e que tem invertido, por uma natureza de exclusão de uns em detrimento de outros, os avanços que foram conquistados após a II Grande Guerra: a grande batalha de buscar a inclusão de todos a um mundo de direitos. No dia 10 de dezembro se celebra o Dia Mundial dos Direitos Humanos, que tem ONU o seu maior observatório. Quando falamos em direitos humanos se colocam como que em guerra dois grupos: o que se considera monopolista de sua defesa, e o outro grupo que é pelo primeiro excluído da defesa desse bem comum. Quando a defesa é ideológica, a exclusão decorre, e o conflito se abre. Péssimo caminho.

Para entender melhor o que está acontecendo, busquem ler o que Fernando Schüler escreveu no caderno Ilustríssima da Folha de São Paulo do último domingo, dia 11, “O mal-estar da democracia. Identidade, conservadorismo, e os limites da política”. No jornal – como é de seu costume, a manchete “Obsessão com identidade e histeria conservadora desafia democracia” muda o título dado pelo autor, praticando aquilo para o que o artigo chama a atenção. Fico com o título original. Schüler foi meu Secretário de Justiça, inovando em projetos que respeitavam direitos humanos, e através das políticas públicas que criamos e aplicamos, os tornaram eficazes na prática, e não no discurso. Com seu Socioeducativo, para os jovens egressos da Fase, Schüler produziu o programa de melhores resultados no mundo. Quem o diz não somos nós, nosso governo, incompreendido à época, e sim especialistas de todos os matizes partidários. Que bom, já que se mostra que é possível ter déficit zero como instrumento que produza melhorias sociais. Bom manter esse padrão. O artigo mostra como.

Presidente do PSDB-Mulher, Yeda Crusius é economista e deputada federal pelo PSDB-RS em seu quarto mandato. Já ocupou os cargos de Ministra do Planejamento e Governadora do Rio Grande do Sul

“Por uma nova escola”, análise do ITV

volta_aulas_rs-_1-1024x682-300x200Campo Grande (MS) – É um lugar-comum, mas é incontornável: não há futuro possível sem boa educação. Há anos, ou melhor, há décadas, o Brasil repete este truísmo, mas continua praticamente sem sair do lugar – em alguns casos, tem andado para trás. Algumas iniciativas positivas precisam ser aceleradas para enfrentar, e vencer, este desafio.

Todas as avaliações recentes sobre o ensino do país confirmam o que a prática cotidiana não esconde: o aprendizado nas nossas escolas vai mal. No cotejo com a educação no resto do mundo, a situação brasileira é simplesmente vergonhosa, como comprovaram, por mais um triênio, os resultados do Pisa divulgados pela OCDE no início do mês.

Entre 70 países, o Brasil caiu do 55º para o 59º lugar no ranking de leitura; do 59º para o 63º no de ciências e do 58º para o 65º na lista de matemática. O desempenho – de alunos de 15 anos de idade, ou seja, que estão iniciando o ensino médio – descreve uma estagnação da educação brasileira que já vem desde, pelo menos, a década passada.

Mas nem era preciso rankings internacionais para perceber o que cadernos e livros escancaram. As avaliações continuadas feitas pelo Ministério da Educação anualmente – um amplo sistema de aferição e monitoramento que só passou a existir no país na época do governo Fernando Henrique – já demonstram a má qualidade do ensino nacional.

No Ideb, por exemplo, as notas das séries finais do ensino médio em matemática e português estão hoje piores do que estavam em 1995. As dos anos finais do fundamental avançam lentamente, mas mantêm-se abaixo das metas desde 2013.

Numa rara convergência para mudar esta triste realidade, em junho de 2014 entrou em vigor o Plano Nacional de Educação, depois de anos de discussões. São 20 metas, que cobrem da educação infantil até a pós-graduação, passando pela formação de professores e o financiamento. Infelizmente, muito pouco do planejado foi atingido até agora, mostrou a Folha de S.Paulo em junho.

Educadores reclamam da falta de recursos. Mas o Brasil já gasta bastante com educação: 5,3% do PIB, acima de países com resultados bem melhores. Também gasta mal: quase quatro vezes mais com o ensino superior do que com a necessária educação fundamental. Ao mesmo tempo, paga muito pouco aos professores das séries básicas – cerca de 40% da média mundial. Não há como dar certo.

O que falta, na realidade, não é dinheiro, mas planejamento decente e uma boa governança para garantir que as metas e as melhores intenções não fiquem apenas no papel, conforme sentenciou Ricardo Paes de Barros, um dos principais especialistas na área, em entrevista publicada nesta semana pelo Valor Econômico.

Uma das iniciativas mais ousadas para começar a alterar a educação brasileira está em marcha, por meio da reforma do ensino médio. Finalmente, depois de décadas de atrasos e delongas, o Brasil está prestes a alinhar a forma e o conteúdo ensinados a nossos jovens àquilo que já é praticado há séculos no resto do mundo, com sucesso inconteste.

A reforma proposta pelo MEC passou pela chancela da Câmara na semana passada e aguardará a apreciação do Senado logo no início do próximo ano legislativo. A escola ficará mais flexível e, possivelmente, mais atraente – característica aprovada por 58% dos jovens, segundo pesquisa recém-publicada pelo Datafolha.

O aperfeiçoamento da educação brasileira, que também inclui a redefinição das bases curriculares nacionais, é uma agenda prioritária no âmbito dos esforços de reconstrução do Brasil. Precisa ocupar o topo das urgências nacionais no próximo ano e assim se manter por muito tempo, para que o futuro tantas vezes adiado finalmente chegue.

Artigo: “Mudou o algoritmo que rege a política”, por Fernando Henrique Cardoso

fhcO presidente Michel Temer, em entrevista no domingo (27.nov), invocou a “voz das ruas”para dizer que vetaria a proposta de conceder anistia ao caixa 2 se o Congresso a aprovasse. Sua posição é duplamente alvissareira: primeiro pelo conteúdo, em si, impedindo passar uma régua rasa na forma de obtenção de recursos para as campanhas eleitorais e, segundo, por demonstrar sensibilidade ao captar o desejo dos brasileiros expresso, senão propriamente nas ruas, nas movimentadas avenidas do ativismo social que inunda a internet.

No mundo todo, a forma de financiamento da democracia representativa vem sendo questionada pelas redes sociais. A própria representação, como forma de expressão da vontade popular, está em causa. Nunca mais a política será a mesma depois da internet. E esse movimento de revisão, protagonizado por novos atores, jovens especialmente, está exigindo uma completa renovação da prática dos partidos políticos e dos governos.

Exigem-se novas formas de diálogo, em substituição às reuniões fechadas e aos tradicionais discursos onde um líder fala e a plateia escuta. Agora, munidos de ferramentas de comunicação extraordinárias todos querem falar, e mais ainda, querem ser ouvidos pelo mundo do poder. Goste-se ou não, é assim que está funcionando.

Clique aqui para ler a íntegra do artigo no Blog Poder 360.

“Trivial simples”, análise do ITV

Palácio do Planalto iluminado/ Foto: Valter Campanato/Agência Brasil
Palácio do Planalto iluminado/ Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

Campo Grande (MS) –  O governo Michel Temer viveu na última semana seu momento mais difícil até agora, passados seis meses desde a posse, tornada definitiva há 90 dias. Para reaprumar, é preciso fazer o básico: tocar adiante iniciativas que a população espera ver realizadas desde a saída do PT e não reincidir em execráveis erros que marcaram a gestão passada.

As dificuldades têm se mostrado maiores do que se previa. A principal razão para isso não tem sido deixada suficientemente clara: o país foi entregue a Temer em condições muito piores do que se sabia até então. A herança é muito mais maldita do que se imaginava. O governo deveria deixar isso bem mais claro para os brasileiros.

Em segundo lugar, interpuseram-se no caminho acontecimentos imprevistos. Destes, a eleição de Donald Trump para a presidência dos Estados Unidos foi o mais desestabilizador. A vitória do republicano, porém, deve servir para que o Brasil faça o que precisa ser feito, sem maiores delongas: reformar sua economia para não continuar a ver navios.

Além disso, certa frustração vem travando planos de investimento de empresários e sonhos de compra de consumidores. Nada mais natural, numa economia que ainda não superou a pior recessão da sua história. Faz-se necessário perceber que o Brasil caminha para sair do fosso de um PIB que decresceu quase 8% em dois anos para um crescimento, ainda que tímido ou mesmo nulo, em 2017. Não é pouca coisa.

A ascensão de Temer se deu envolta em muita expectativa positiva e esperança de novos ares. Não é trivial, contudo, transformar a terra arrasada por anos de irresponsabilidades, descaminhos e corrupção em campo fértil em tão curto espaço de tempo. De qualquer maneira, urge agir já para que este futuro chegue logo.

Há duas frentes em que o governo tem muito a ganhar se fizer apenas o que os brasileiros esperam, nada muito além disso: recolocar a economia nos trilhos e reinstaurar a ética e a moralidade no trato da coisa pública. O quanto antes fizer o básico, mais irá angariar o apoio e a aprovação popular que hoje lhe faltam.

Neste sentido, é salutar que termine de aprovar a PEC da responsabilidade para disciplinar os gastos públicos, acelere propostas de reformas, como a da Previdência, e destrave a agenda de concessões e privatizações, alavanca que certamente terá o condão de permitir que o desemprego – ainda em alta – comece a recuar no país.

No campo da moralidade pública, é bastante positivo que o presidente da República tenha cerrado fileira contra a infeliz ideia de permitir a anistia a crimes de caixa dois, como se aventava no Congresso até a semana passada em flagrante descompasso com o clamor das ruas. Decência e eficiência são tudo o que a população brasileira almeja, a fim de deixar para trás esta quadra de tantas dificuldades – e não é nada demais.

“O emprego desaba”, análise do ITV

itv-23-11Campo Grande (MS) – Está ainda mais difícil encontrar emprego. O número de pessoas sem trabalho no país chegou a 22,9 milhões no terceiro trimestre, com nova alta em relação ao trimestre anterior, segundo divulgou o IBGE nesta manhã. Nunca antes na história do país, tantos brasileiros estiveram sem conseguir trabalhar.

A chamada “taxa composta de subutilização da força de trabalho” chegou a 21,2% no terceiro trimestre. É a segunda vez que o órgão divulga as estatísticas neste formato, que agrega ao total de desocupados os que trabalham menos de 40 horas por semana e os que desistiram de procurar emprego, o conhecido desalento.

Desde o início da recessão, em 2014, o grupo dos brasileiros para quem falta trabalho cresceu quase 50%: passou de 15,4 milhões de pessoas para os atuais 22,9 milhões. Decompondo este exército, são atualmente 12 milhões de desempregados, 4,8 milhões de subocupados e 6,2 milhões de desalentados.

Se o quadro nacional já é bem ruim, há diferenças significativas entre as regiões brasileiras. Em geral, estados do Nordeste estão em condição bem pior que a média, já suficientemente desesperadora, do resto do Brasil.

Na Bahia, no Piauí, no Maranhão e em Sergipe, a taxa composta de desemprego já supera os 30%. Ou seja, de cada três pessoas que vivem lá, uma está sem trabalho. No resto do país, a proporção é de uma para cinco. No extremo oposto, as menores taxas foram medidas em Santa Catarina (8%) e Mato Grosso (10,6%).

Um brasileiro que vive no Nordeste tem hoje chance praticamente em dobro de estar desempregado (taxa de desocupação de 14%) do que um que more nos estados do Sul do país (8%). Entre os jovens com idade entre 18 e 24 anos, quase um em cada três nordestinos está desocupado, taxa que no resto do país fica em 25,7%.

A mais recente rodada da pesquisa do IBGE sobre mercado de trabalho revela que são particularmente mais difíceis as chances de jovens, mulheres e de pessoas com ensino médio incompleto conseguirem emprego.

São os trabalhadores e assalariados os principais prejudicados pela recessão, que caminha para completar três anos no início de 2017. Ou seja, são justamente aqueles que o governo petista mais dizia que protegia os que pagam mais caro pelos erros cometidos por Lula, Dilma e sua turma.

Entre os analistas, é quase unânime a avaliação de que a situação, infelizmente, ainda irá piorar antes de começar a melhorar. O problema do desemprego só começará a ser varrido do mapa quando o país conseguir retomar a trilha do crescimento. Ainda tem muito chão até lá, o que torna a agenda de reformas econômicas muito mais imperativa. (Reprodução PSDB Nacional)

“No mundo novo de Trump, temos que redobrar o sentido de urgência”, por Aécio Neves

Presidente Nacional do PSDB, senador Aécio Neves
Presidente Nacional do PSDB, senador Aécio Neves

Publicado no jornal Folha de S. Paulo – 14/11/2016

Quase tudo já foi dito sobre o surpreendente desfecho da eleição americana. Mas a vitória de Donald Trump continua a suscitar discussões, dúvidas e angústias e impõe-se como assunto obrigatório pelo mundo afora.

De início, embora não caibam reparos à soberana decisão dos eleitores americanos, é de se esperar que a realidade imponha limites a algumas posições defendidas pelo presidente eleito ao longo da dura disputa com sua adversária. Em especial, que ele não leve adiante ideias xenófobas e misóginas. Milhares de brasileiros e milhões de imigrantes de outras nacionalidades que vivem nos EUA não podem ser responsabilizados por efeitos econômicos decorrentes de processos históricos.

Da mesma forma, o avanço dos direitos das mulheres e das minorias não deve sofrer quaisquer ameaças, assim como raças e crenças não podem ser alvo de preconceito.

Clique aqui para ler a íntegra do artigo.

Artigo: “Mundo com mais fronteiras”, análise do ITV

Rio de Janeiro - Fotos do porto do Rio de Janeiro
Análise aborda eleição americana/ Foto: Divulgação/Porto do Rio de Janeiro

Campo Grande (MS) – A eleição de Donald Trump poderá representar um marco nas relações comerciais globais. Infelizmente, até onde é possível enxergar por ora, negativo. Se o republicano de fato levar adiante promessas de sua plataforma de campanha, o mundo poderá sofrer retrocesso considerável no processo de abertura de fronteiras, liberalização de mercados e integração multilateral.

A vitória de Trump acontece no mesmo momento em que o comércio global declina. Há um mês, a Organização Mundial do Comércio (OMC), dirigida pelo brasileiro Roberto Azevêdo, reviu para bem abaixo sua previsão de crescimento para o comércio internacional neste ano. Os prognósticos caíram de 2,8% para 1,7%, no pior resultado desde a crise de 2008.

Historicamente, o comércio internacional tende a oscilar numa proporção sempre maior que a do PIB global. Em 2016, contudo, e pela primeira em 15 anos, esta relação não vai se verificar, de acordo com a OMC. Para o ano que vem, as perspectivas não se alteram muito. A estimativa de alta do comércio global oscila entre 1,8% e 3,1% – após os resultados desta quarta-feira, provavelmente mais perto do piso que do teto.

Diante disso, as primeiras palavras de Trump já como presidente eleito ontem causaram certo alívio para quem trabalhava com a hipótese do caos. Ele poderá se mostrar mais pragmático e moderado do que jamais se pôde sonhar em vista de seu belicoso desempenho durante a campanha presidencial – para o que certamente colaborarão as reconhecidas solidez e estabilidade das instituições americanas.

No entanto, aparentemente, suas convicções protecionistas não deverão mudar, conforme a maioria das análises feitas após a confirmação do resultado.

A disposição dele de retirar os Estados Unidos da Parceria Transpacífica (TPP), de reabrir (no sentido de rever, renegociar e desidratar) o Nafta e “identificar, e então remediar, todos os \’abusos\’ de comércio exterior \’que afetam injustamente os trabalhadores americanos\’”, de acordo com reportagem do Wall Street Journal reproduzida pelo Valor Econômico, está mantida. Nada disso interessa a quaisquer parceiros comerciais dos americanos.

A vitória de Donald Trump coincide com outras medidas restritivas de comércio e antiliberalização registradas ao redor do mundo. Desde 2008, o comércio internacional expande-se a uma média equivalente a cerca de metade da registrada nos últimos 45 anos, segundo mostrou o FMI no mês passado. Há também indicações de uma recente ascensão nas barreiras não tarifárias, conforme avaliou Martin Wolf no Financial Times.

É fora de questão que um mundo com mais, e não menos, fronteiras não interessa ao Brasil. O país precisa, desesperadamente, integrar-se mais à economia global, da qual foi isolado pela política externa e comercial acanhada patrocinada pelos governos petistas ao longo dos últimos 14 anos e da qual o governo Michel Temer agora procura se desvencilhar.

Hoje, embora seja a oitava maior economia do mundo, o Brasil ainda é apenas o 25º maior exportador, com participação de mero 1,5% das exportações globais. Numa lista compilada em 2013 pelo Banco Mundial, o Brasil figurava na última colocação entre 179 países em termos de proporção entre importações e PIB – desde então, com a desidratação da nossa economia, esta relação não deve ter melhorado.

No caso específico da relação Brasil-EUA, um alento pode estar no fato de que boa parte das nossas exportações de bens industrializados – que correspondem a 78% das vendas brasileiras para lá neste ano – se darem entre subsidiárias de mesmas firmas. Tendem, portanto, a serem menos afetadas por eventuais restrições impostas pelo novo governo, que poderiam prejudicar a própria economia americana.

Guardadas as devidas proporções, a agenda protecionista de Trump, se realmente levada adiante, reproduz a fracassada experiência vivida pelo Brasil nos últimos anos. O isolamento comercial – aliado, claro, à irresponsabilidade e ao corrupto vale-tudo internos – nos custou a perda do melhor momento da economia mundial em décadas. Hoje, somos obrigados a conviver com o ônus do boom, sem ter se apropriado dos bônus.

De todo modo, a nova situação surgida da eleição de Trump impele o Brasil a lançar-se com determinação e vitalidade redobrados numa vigorosa agenda de integração comercial com o resto do mundo. Neste sentido, mais que nunca, a conclusão de um acordo com a União Europeia e a revisão de regras do Mercosul soam urgentes.

Mais que nunca, o Brasil precisa de mais e não menos comércio e integração com o resto do globo. Perseverar no isolamento ou estacar no protecionismo não são opções para uma nação que necessita urgentemente superar sua maior crise econômica. O governo de Donald Trump representa sério risco a estas pretensões, mas pode, também, transformar-se numa bela oportunidade para que trilhemos o caminho mais venturoso. (Reprodução/PSDB Nacional)

Artigo: “Um novo olhar para a juventude”, por Ian Leal

ian-leal* Por Ian Leal, membro da Juventude do PSDB-MS

 

Segundo o Censo de IBGE de 2010, mais de um quarto da população brasileira é composto de jovens entre 15 e 29 anos. Muitos deles foram para as ruas e utilizaram as redes sociais para pedir o fim da corrupção e demonstrar sua insatisfação com os políticos corruptos. Muito se temia que esse movimento fosse só “fogo de palha” e não saísse das redes sociais, mas o pleito municipal de 2016 mostrou-nos que essa juventude foi de fato pra rua e cobrou melhorias.

Este movimento foi tão retumbante que desaguou na cassação do mandato da ex-presidente Dilma Roussef e do presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha, além de repercussões nos níveis estadual e municipal.

Nesta eleição municipal tivemos um aumento considerável de candidatos, tanto à vereança quanto às prefeituras, nesta faixa etária. Porém, tivemos um número muito elevado de abstenções, pois a população de um modo geral está descrente na política e nos políticos. Então temos dois cenários: o primeiro é composto por aqueles que se interessaram pela participação política e o segundo é de quem não tem interesse algum, pois não acreditam ser representados.

Então é preciso ter uma reflexão sobre o que a população brasileira quer e, principalmente, a Juventude Brasileira quer, pois esse 25% da população brasileira entende que os políticos não falam a mesma linguagem que eles – por exemplo, muito se fala de incentivar os micro e pequenos empresários, mas o jovem que saber na forma prática o que isso vai impactar na vida dele. É preciso que os gestores municipais que foram eleitos ou reeleitos considerem essa necessidade de atender de forma direta a população jovem e sua família. Através de programas de incentivo as startups, as incubadoras de ideias, aos programas de prevenção do uso de entorpecente.

Por exemplo, durante o governo FHC tivemos um programa que impactou de forma direta e pratica a vida do jovem o PROJOVEM. São programas como esse que demonstram a preocupação do Estado em relação aos jovens.

Artigo: “Crise de representação”, por Marcello Richa

marcello-richa-foto-itv-pr-300x200
Presidente do ITV-PR, Marcello Richa/ Foto: divulgação

*Marcello Richa é presidente do Instituto Teotônio Vilela do Paraná (ITV-PR)

 

Dados do Tribunal Eleitoral (TSE) disponibilizados no último domingo (30) mostram que aproximadamente 10,7 milhões de pessoas optaram por votar branco, nulo ou se abstiveram durante o segundo turno das eleições municipais, que aconteceu em 57 municípios do país. Isso representa um crescimento de 6% em relação ao segundo turno de 2012 (que registrou 26,5% de votos brancos, nulos e abstenções).

Apesar dos dados serem afetados pela burocracia e demora da atualização cadastral, o que amplia as abstenções, é inegável que os números comprovam que o Brasil vive uma crise de representação que precisa ser analisada e trabalhada para reaproximar a população do debate e processo de construção das políticas públicas.

Não é de hoje que o brasileiro expressa sua insatisfação com a política tradicional e com os desmandos e desvios de conduta de seus representantes. Isso tem sido agravado pelo próprio formato de debate político que existe no país, que muitas vezes é focado na desconstrução e na divisão, o que amplia o descrédito da política e deixa de lado o diálogo construtivo e propositivo, essenciais para a democracia.

Em junho deste ano escrevi um artigo que ressaltava exatamente a necessidade dos partidos em reverem suas atuações e ampliarem seus esforços para reconquistar seu papel como representantes de uma identidade coletiva, promovendo espaço para debates e organização das demandas da população. O grande número de abstenções e votos nulos e brancos reforça isso.

Obviamente que a responsabilidade por essa crise de representação não é restrita apenas a atuação partidária. Nos últimos treze anos o país foi dominado por um projeto de manutenção de poder que nos levou a maior crise econômica da história, gerou escândalos de corrupção sem precedentes e tornou o fisiologismo a principal ferramenta de governabilidade. Somado a isso, a criação de diversos partidos de aluguéis sem viés ideológico ou programático e o aumento da intolerância e autoritarismo no debate político contribuíram muito para o distanciamento e aumento da descrença da população.

O crescimento da rejeição a política e o resultado das eleições municipais mostraram que o brasileiro busca novos caminhos para o país. Caberá ao PSDB, partido que apresentou o maior crescimento nessas eleições e que irá governar 803 municípios em que vivem 48,8 milhões de pessoas, a responsabilidade de promover essa mudança.

Para entender e reconquistar a confiança da população, tanto os políticos quanto os partidos precisam atuar em sintonia com a sociedade, fortalecendo a democracia por meio da pluralidade de ideias, do diálogo construtivo, gestão responsável e, acima de tudo, da prática da boa política, que por muito tempo tem sido negligenciada em nosso país.

“Olimpíada”, por Aécio Neves

*olimpiada aecio nevesPublicado no jornal Folha de S. Paulo – 08/08/16

Como não se sensibilizar com a bela festa de abertura dos Jogos Olímpicos no Rio? Esbanjando criatividade, competência e alegria, os brasileiros fizeram uma festa que encantou o mundo. Naquela noite, dois momentos se destacaram por sua força simbólica.

No encerramento do evento no Maracanã, a pira olímpica foi acesa pelo maratonista Vanderlei Cordeiro de Lima, ex-boia fria, filho de retirantes nordestinos e um dos heróis populares do esporte brasileiro; meia hora depois, na Candelária, um jovem atleta de 14 anos, Jorge Gomes, nascido no Morro da Mangueira, acendeu a “pira do povo” e nos iluminou com o seu sorriso aberto.

A biografia de ambos revela a enorme capacidade que tem o esporte de mudar os rumos de vidas aparentemente destinadas ao desamparo. Entre centenas de atletas brasileiros inscritos nos jogos, há inúmeras histórias de superação.

São exemplos para uma enorme parcela da juventude, sofrida e descrente, duramente atingida pela crise econômica que aflige o país nos últimos anos. É preciso acreditar que reunimos condições de superar as adversidades que minam a nossa confiança. Por isso é preciso olhar para a Olimpíada pensando também em um outro tipo de legado.

Clique aqui para ler o artigo na íntegra.