PSDB – MS

Artigos

“Central de Alopragens”, análise do ITV

1stu6130-300x200Pode ser mera coincidência. Mas é só o período eleitoral chegar para que o PT multiplique as barbaridades que é capaz de cometer para agarrar-se ao poder. De novo, gente graúda da equipe de governo está envolvida. De novo, o Palácio do Planalto está sendo usado como central de alopragens.

Até hoje sabia-se que quadros da Petrobras, alguns assessores de lideranças petistas no Congresso e um auxiliar do ministro das Relações Institucionais estiveram envolvidos na farsa montada para forjar depoimentos de mentirinha na CPI instalada no Senado para apurar as suspeitas de maus negócios feitos pela estatal quando Dilma Rousseff presidia seu conselho de administração.

Mas a coisa é mais feia do que parecia à primeira vista. Publica a Folha de S.Paulo em sua edição de hoje que partiram de dentro do Planalto iniciativas para controlar o andamento da comissão no Congresso.

Mais precisamente “o secretário-executivo do ministério [de Relações Institucionais], Luiz Azevedo, ajudou a elaborar o plano de trabalho apresentado pela comissão em maio, que incluía um roteiro para a investigação e sugestões de perguntas”.

Poderia ser surpreendente. Deveria ser de corar de vergonha. Mas, em se tratando do PT, não é. Trata-se apenas de mais uma história em que a estrutura oficial, mais especificamente órgãos abrigados no coração do poder em Brasília, é usada para perpetrar farsas, sempre na tentativa de prejudicar adversários e de corromper instituições da República.

Nas eleições de 2010, foi no mesmo Palácio do Planalto que Erenice Guerra, a substituta de Dilma na Casa Civil, colocou a turma dela para forjar dossiês que visavam atingir o presidente Fernando Henrique Cardoso. Flagrada, perdeu o cargo, mas não parou de circular pelos corredores de Brasília desfilando influência e facilidades.

Em 2006, aloprados comandados por Ricardo Berzoini, o mesmo que hoje chefia as Relações Institucionais de Dilma, tentaram atingir José Serra e Geraldo Alckmin, que então disputavam o governo de São Paulo e a presidência da República, respectivamente. Como se pode ver, a expertise do ministro petista continua à disposição da companheirada para o que der e vier…

Tem gente no PT que acha que as revelações sobre o vale-tudo do partido e seus estratagemas para evitar a elucidação de tenebrosas transações são tudo “bobajada”. Não são.

Novamente, está-se diante de uma escolha: de um lado, quem luta para preservar as instituições, o interesse do país; de outro, quem tudo teme, provavelmente porque muito deve. Este tempo de aloprações tem que acabar.

“Inglório campeonato”, análise do ITV

dinheiro_0-300x225Sem surpresa, o Comitê de Política Monetária do Banco Central decidiu ontem manter a taxa básica de juros em 11% ao ano. É o suficiente para conservar o Brasil na inglória condição de país que pratica a mais alta taxa real entre todas as economias do planeta. Este campeonato ninguém gostaria de conquistar.

Foi a segunda vez consecutiva que a Selic foi mantida nos patamares atuais. O BC sinalizou, porém, que pode alterar seu comportamento na reunião prevista para o comecinho de setembro. A decisão de ontem, segundo comunicado oficial emitido após a reunião, limita-se apenas a “este momento”.

A próxima decisão acontecerá poucos dias depois de o IBGE divulgar os resultados do PIB no segundo trimestre, que muitos não descartam que poderá ser negativo – de acordo com a prévia do BC divulgada nesta manhã, o crescimento acumulado em abril e maio foi nulo. Segundo analistas, há duas hipóteses para quando setembro vier: aumento dos juros em função de novas altas da inflação ou redução da taxa em razão do esfriamento da economia.

De todo modo, a manutenção dos juros nos patamares atuais consolida o Brasil como a pátria dos juros altos, título que reconquistamos no fim do ano passado e parece que ainda vamos conservar por muito tempo. Segundo levantamento feito pela consultoria Moneyou, a taxa brasileira está em 4,2%, já descontada a inflação projetada para os próximos 12 meses.

Curiosamente, as três posições seguintes são ocupadas por parceiros brasileiros nos Brics: China (3,4%), Índia (2,3%) e Rússia (1,5%). Para este clube, não há banco de fomento ou fundo de socorro que dê jeito… Das 40 economias acompanhadas pela Moneyou, o Brasil está entre as 16 que praticam taxas positivas. Nas demais, o juro nominal é mais baixo que a inflação projetada.

Esta ingrata condição joga por terra mais uma das promessas da presidente Dilma Rousseff. Em 30 de abril de 2012, ela ocupou cadeia nacional de rádio e televisão para prometer a redução dos juros. Jogou os bancos públicos na cruzada, apostando que forçaria o resto do sistema bancário a acompanhá-los.

Como Dilma é uma economista apenas bissexta, seus fundamentos não batem com a realidade. Juro não cai à base de voluntarismo, ainda mais num país em que o governo não só não controla como aumenta seus gastos, como ocorre na gestão petista.

O resultado é que, depois de nove altas consecutivas entre abril de 2013 e abril de 2014, tanto a Selic quanto as taxas das demais linhas de crédito estão hoje mais altas do que no início do mandato da presidente, como ilustrou a Folha de S.Paulo no sábado.

O juro alto é o remédio amargo que sobrou para os formuladores da nossa política monetária em função da inflação persistentemente alta no país – turbinada também pelo tarifaço previsto para a energia. Os prognósticos quanto aos índices de preços e ao aumento da carestia continuam sombrios, solapando a confiança de consumidores e empresários, de indústria e comércio.

O temor é disseminado. Pesquisa encomendada pela Fiesp e divulgada hoje por O Globo mostra que 69% da população brasileira considera que houve grandes aumentos de preços nos últimos seis meses. 73% das pessoas ouvidas avaliam que a política econômica do governo é a responsável pela elevação dos preços.

A realidade é que o Brasil vê-se hoje aprisionado na armadilha do baixo crescimento e da inflação elevada, temperada também pelos juros altos. Este coquetel indigesto só tem como ser superado por uma política econômica responsável que trate as contas públicas com zelo e transparência, empreenda firme esforço para reduzir a dívida pública e não transija no combate à carestia. Menos que isso é só pantomima ensaiada para pôr na propaganda de TV.

“Bric-à-brac”, análise do ITV

foto2-editar-300x169Não deixa de ser positiva a iniciativa de Brasil e mais quatro países de criar instituições que atendam a interesses dos chamados Brics, o acrônimo com que o mundo financeiro batizou o grupo emergente formado também por Rússia, Índia, China e África do Sul. Pelo menos sugere que nossa política externa ensaia deixar o estado de estupor em que mergulhou nestes últimos anos.

O risco, contudo, é de que a investida que resultou na criação do Novo Banco de Desenvolvimento e de uma reserva de contingência de US$ 100 bilhões para socorrer economias em apuros não passe de mais um lance de megalomania. Nossa diplomacia tem se mostrado mais afeita a lances mirabolantes do que a produzir resultados efetivos.

Algo sugere que o gosto por holofotes e por uma grandiosidade artificial se fez presente nestes dois últimos dias em Fortaleza. Guido Mantega, por exemplo, acha que o acordo entre os cinco países supera Bretton Woods, o concerto entre 45 nações que sucedeu o fim da Segunda Guerra e resultou na criação de instituições como o FMI e o Banco Mundial.
Sabemos o valor que as opiniões de nosso ministro da Fazenda têm…

O governo brasileiro se viu vencido em suas pretensões de presidir o novo banco, preterido em favor da Índia. Ficou com o prêmio de consolação: ocupará a presidência do conselho de administração – que, esperamos, seja exercida com mais zelo do que o empenhado por Dilma Rousseff quando ocupou a mesma função na Petrobras…

O tal banco surge com dimensão modesta, quando comparada à de instituições de fomento similares já existentes. Terá capital de US$ 50 bilhões para financiar projetos de infraestrutura nos países-membros, enquanto só o BNDES dispõe de US$ 334 bilhões e o Banco Mundial, de US$ 324 bilhões.

Espera-se que o banco de fomento internacional não nasça e prospere com os vícios que hoje marcam a atuação do nosso BNDES, atualmente mais afeito a distribuir privilégios definidos por Brasília do que a executar políticas voltadas ao desenvolvimento horizontal do nosso setor produtivo.

É preciso estar atento, ainda, aos riscos de, sob alegação de querer suplantar “tudo o que está aí”, o novo banco de desenvolvimento dos Brics não seja tão criterioso na cobrança de condicionalidades ambientais para a concessão de empréstimos – como é, por exemplo, o Banco Mundial.

Quanto aos efeitos sobre a nossa política externa propriamente dita, a investida junto aos Brics contrasta com os quase quatro anos de inação de nossa diplomacia, depois de oito anos de hiperatividade exibicionista. Tal política nos valeu, inclusive, perda de espaço para os mesmos parceiros que ora se juntam para criar as novas instituições anunciadas em Fortaleza.

Nos últimos cinco anos, o Brasil mais comprou do que vendeu da China, da Índia, da Rússia e da África do Sul. Para os chineses, as exportações cresceram 111% e as importações, 171% entre 2009 e 2014; para os indianos, 102% e 281%, respectivamente; para os russos, enquanto as vendas subiram 18%, as importações aumentaram 238%. Para a África do Sul, as exportações caíram 7% no período e as importações subiram 83%, mostrou a Folha de S.Paulo na semana passada.

Se a investida junto aos Brics não for apenas um lance de oportunismo, terá valido a pena, por romper o isolacionismo que tem levado o Brasil a perder de goleada no plano internacional. Como tudo em política externa, os prazos a serem cumpridos são longos. A ver se a cúpula de Fortaleza não terá sido só um bric-à-brac que junta intenções díspares, excessivas e, não raro, de mau gosto.

“Ofensiva palanqueira”, análise do ITV

palacio-do-planalto-foto-george-gianni--300x199A desfaçatez com que os petistas misturam interesse público com campanha eleitoral não tem limites. Seus expedientes não são novos e repetem os mesmos excessos já vistos em 2006, quando Lula buscou a reeleição, e levados a extremos em 2010, quando até a saúde econômica do país foi hipotecada para eleger Dilma Rousseff. Tudo vira palanque.

Desde a fatídica terça-feira em que a seleção brasileira naufragou na Copa do Mundo, a presidente da República se lançou numa ofensiva de comunicação para evitar que a onda de mau humor diante de tão retumbante fiasco se transformasse em má vontade com sua candidatura. Até aí, é jogo jogado.

Dilma estaria apenas no exercício legítimo da luta política se, para tanto, não empenhasse estruturas e recursos públicos, confundisse o figurino de presidente da República com o de candidata à reeleição e transformasse solenidades públicas em tribuna de agressão a adversários políticos. Pois é assim que a petista tem agido.

Ontem ela reuniu 16 de seus 39 ministros a fim de, formalmente, apresentar um balanço da Copa do Mundo. Foram três horas e meia de solenidade, recheadas de números ufanistas, mas na qual a cereja do bolo foi dedicada a disparar críticas a todos os que alertaram sobre riscos, malfeitos, excessos e desperdícios envolvidos na preparação do Brasil para a Copa. Tudo transmitido ao vivo pela emissora de TV oficial.

Novamente misturando futebol e política, e ao contrário do que prega, Dilma deu a linha e seus ministros mais beligerantes atiraram em seguida. Os alertas, as críticas, a fiscalização zelosa da imprensa, da oposição e dos órgãos de controle, tudo foi classificado pelos exultantes petistas como “pessimismo”. Faltou pouco para a presidente tornar a chamá-los de “urubus”, como fez na semana passada.

Voltemos a constatar: no que correu dentro de campo, a Copa foi um espetáculo; naquilo que envolveu a hospitalidade dos brasileiros, a coordenação de vários níveis de governo e o empenho de agentes privados, o torneio transcorreu sem maiores incidentes. Daí a todo o alarido oficial de que o sucesso foi absoluto vai olímpica distância.

Muito já se disse sobre a falta de legado consistente da Copa. Mas vale ainda agregar mais um registro, feito hoje pela Folha de S.Paulo: apenas entre as ações de mobilidade urbana previstas para o Mundial, 23 obras importantes no país ficaram por fazer, embora tenham encarecido 25%. Dos 294 km de corredores para ônibus e trilhos previstos, somente 130 foram finalizados.

Mas voltemos à ofensiva palanqueira de Dilma. Nos últimos dias, entrevistas exclusivas da presidente foram oferecidas à imprensa internacional. Mas os repórteres montam seus equipamentos para ouvir uma chefe de Estado e acabam por escutar uma candidata à reeleição. Já havia sido assim com a CNN Internacional na semana passada e voltou a sê-lo com a Al Jazeera ontem.

À TV do Quatar, a petista chegou a cometer o despautério de pedir votos para sua reeleição: “Creio que o povo brasileiro deveria dar-me oportunidade de um novo mandato, visto que somos parte de um projeto que transformou o Brasil”. É constrangedora a falta de limites, analisada com maestria por Dora Kramer na edição de hoje de O Estado de S. Paulo.

Muitos hão de se lembrar que, ao longo de 2009 e 2010, com Lula à frente os petistas protagonizaram verdadeiras caravanas da mentira ao levar Dilma e um séquito de ministros para visitar obras que deveriam render frutos eleitorais Brasil afora. Todas elas – transposição do rio São Francisco, Transnordestina, Abreu e Lima, entre outras – até hoje remanescem inacabadas.

Com a Copa não será diferente. O sucesso do que ocorreu entre quatro linhas ao longo de 32 dias de evento é fato. Toda a onda em torno de um êxito absoluto capaz de expiar o que não deu certo são versões que lutarão para se sobrepor à realidade, mas se esfacelarão com o passar do tempo.

Os escrúpulos, Dilma Rousseff e seu governo já mandaram às favas: converteram prestação de contas em atos de campanha pela reeleição; abandonaram gabinetes e subiram em palanques; transformaram compromissos oficiais em comícios. A caravana da mentira petista está de volta.

Líder quer que governo explique crédito de R$ 4 bilhões

aloysio-executiva-1-300x200Brasília – O líder do PSDB no Senado, Aloysio Nunes Ferreira (SP), quer que o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, e o Secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin, apresentem explicações sobre um crédito de R$ 4 bilhões, em recursos da União, encontrados em um banco privado. De acordo com reportagem do jornal O Estado de S.Paulo, a verba foi usada para amortizar o déficit do setor público, que ficou em R$ 11,1 bilhões, o pior resultado da história do país para o mês de Maio.

Se contabilizado o valor, a situação ficaria ainda mais complicada, com um valor acima dos R$ 15 bilhões. “Lançamentos contábeis são feitos onde não deveriam ser e o governo não dá explicações. Em contabilidade, dinheiro não nasce em árvore. Ele teve de ser debitado de alguma conta antes? Que conta era essa? Em que banco foi depositado?”, questionou o senador.

O senador anunciou a apresentação de dois requerimentos junto à Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) para convocar os responsáveis pelo Banco Central e Tesouro Nacional para uma Audiência Pública no Senado. “O Estado tem sido levado pela criatividade na contabilidade do governo. A sociedade exige atitudes claras, que o governo – por meio do Banco Central e da Secretaria do Tesouro – se recusam a explicar.”

Aloysio lembrou ainda que fenômeno semelhante ocorre com as previdências agrária e social. De acordo com o líder tucano, aumentam os valores dos benefícios e o número de beneficiados, mas a despesa do governo com o setor diminui de um ano para o outro. Ele tem uma suspeita. “O banco adianta recursos, e recebe no mês seguinte, financiando um governo negativado. Tudo indica que estamos frente a grandes irregularidades”, finalizou.

Do Portal do PSDB no Senado

“A ‘Copa das Copas’ não aconteceu”, análise do ITV

wdo_5456-300x199Dilma Rousseff praticamente se livrou da taça ontem na cerimônia de premiação da campeã Alemanha, na tentativa de evitar vaias e apupos. Mesmo levando três segundos para passá-la às mãos do capitão Philipp Lahm, não conseguiu. Com a mesma velocidade, o governo petista quer agora dar um jeito de virar a página da Copa do Mundo, decretando seu sucesso absoluto. Devagar com o andor: política, como futebol, não se ganha no grito. A “Copa das Copas” não aconteceu.

O Mundial realizado novamente no Brasil depois de 64 anos teve muito de positivo. Mas, principalmente, pelo que ocorreu dentro das quatro linhas dos gramados. O sucesso decorreu especialmente do futebol organizado, planejado e globalizado jogado pela maior parte das 24 seleções que vieram disputar a taça.

É deste futebol vencedor que o governo petista agora quer afastar nossos bons jogadores, com sua proposta de criar barreiras para impedir a exportação de talentos para o exterior. Seria uma maneira, segundo disse a presidente na semana passada, de encher estádios – os mesmos que estão fadados a se tornar uma manada de elefantes brancos em virtude da megalomania exibida pelos petistas na organização da Copa.

Trata-se de mesma visão isolacionista e intervencionista que marca muitos aspectos da atual gestão. Tal vezo colide com a constatação de que um dos motivos de a Copa ter tido futebol tão exuberante e equilibrado foi o fato de todas as seleções serem predominantemente formadas por jogadores que disputam alguns dos mais competitivos campeonatos nacionais e regionais na Europa. Já pensou se nossa seleção só pudesse contar com as estrelas do Brasileirão?

Bons resultados também foram notados em relação à organização do torneio, à realização das partidas e dos eventos paralelos. Neste caso, deve-se muito ao esforço de milhares de brasileiros, à simpatia e hospitalidade de outros tantos e à participação de diversas esferas de governo espalhadas em 12 cidades-sede. Querer atribuir-se senhor absoluto deste êxito, como tenta fazer o governo federal, é gol de mão.

Pior ainda é tentar, usando todos os seus poderosos instrumentos de propaganda, decretar no grito que tivemos a “Copa das Copas”. Entre uma bela Copa e uma Copa perfeita, vai distância tão grande quanto a que separa o futebol vencedor jogado pelos alemães da bolinha batida pela seleção do agora ex-técnico Luís Felipe Scolari.

O Brasil foi escolhido em outubro de 2007 para sediar o torneio. Nestes quase sete anos, teve todas as condições de transformar a oportunidade de abrigar uma Copa num motor de realizações, numa usina de produção de benefícios duradouros para a população brasileira. Os resultados não passam nem perto disso.

Os balanços da Copa devem se basear no cotejo entre aquilo que o governo se comprometeu a fazer e o que efetivamente fez até o torneio. O levantamento mais completo é o que foi feito pela Folha de S.Paulo no primeiro dia em que a bola rolou nos gramados brasileiros.
Dos 167 compromissos assumidos em 2010, apenas 53% foram finalizados a tempo do Mundial. Outros 41% estavam incompletos e seriam concluídos durante ou, na maior parte dos casos, depois da Copa. Um mês antes, também a Folha havia apontado que somente 10% das obras de mobilidade prometidas haviam sido concluídas.

A promoção do torneio custou mais caro que o previsto, chegando a R$ 26 bilhões, dos quais 84% saíram de cofres públicos via orçamentos ou linhas de crédito liberadas por instituições federais, segundo o Valor Econômico. Os gastos especificamente com estádios triplicaram em relação ao informado à Fifa.

Para garantir melhor desempenho durante o torneio, a organização brasileira também teve que se valer de esquemas especiais, como a escalação de homens do Exército para policiar vias públicas ou a decretação de feriados para esvaziar as metrópoles em dias de jogos. Teve, portanto, que recorrer ao improviso.

Passada a Copa do Mundo, cabe ao governo de turno responder por que não entregou o que prometeu. Cabe, ainda, explicar à população os motivos de ter feito tanto esforço para bem atender o público internacional durante 32 dias de festa e não exibir a mesma dedicação cotidiana para tornar o dia a dia de 200 milhões de brasileiros melhor. O fim dos jogos é só o início desta prestação de contas.

“Ação pelo mar territorial”, por Luiz Carlos Hauly

7c410d35107dbaff105c9f5fdf1a71b54341897950e6317ccd3056ace28ed07713d288A nossa luta em defesa da justa divisa do mar territorial do Paraná começa a ganhar novos fóruns. Esta campanha paranista foi levada para o cenário nacional. E agora está em Brasília. O Projeto de Lei 7.247/2014, de minha autoria, foi recentemente debatido na Comissão de Finanças e Tributação da Câmara Federal. O início da tramitação desta matéria no Congresso projeta, de modo oficial, a discussão no âmbito nacional com parlamentares de outras unidades da federação, os quais também têm interesse na partilha dos royalties do pré-sal e de outras riquezas do mar.

Um ponto importante a destacar, durante a audiência na Câmara, foi a riqueza do estudo apresentado pelos representantes do Movimento Pró-Paraná, Ordem dos Advogados do Brasil/Paraná e Associação Comercial do Paraná, o qual teve também a importante contribuição da Universidade Federal do Paraná e da Mineropar. A consistência e a clareza dos pareceres técnicos e jurídicos apresentados em favor dos direitos do Paraná nos dá a certeza de que esta é uma justa reivindicação pela qual vale a pena lutar.

Porém, temos consciência de que essa disputa envolve interesses de outros estados. E, mesmo tendo estudos técnicos que apontam em favor dos direitos do Paraná, na Câmara o meu projeto seguirá o seu trâmite normal, mas sem previsão de quando esta matéria de grande importância para o nosso estado será levada para votação em plenário.

Assim como já havia discutido com as lideranças do Movimento Pró-Paraná, em recente audiência com o governador Beto Richa, voltei a defender a necessidade de impetrar uma ação no Supremo Tribunal Federal para que essa disputa seja travada também na esfera da Justiça. De pronto, o governador concordou, e será formulada uma ação, embasada nos estudos técnicos já elaborados a pedido do Movimento Pró-Paraná.

Numa outra frente, precisamos gestionar no IBGE para que faça a correção do estudo técnico que este órgão fez em 1986, o qual tem provocado todo esse prejuízo ao Paraná. Contrariando tratados internacionais – que usam linhas paralelas e meridianos para definir os limites do mar territorial –, o IBGE usou linhas ortogonais para traçar as divisas estaduais no nosso oceano. Esse deve ser o único caso no mundo em que as linhas paralelas se encontram, reduzindo a participação do Paraná na divisão do bolo do petróleo marítimo.

O Paraná não pode continuar sendo prejudicado. Só no ICMS sofremos perdas históricas com algumas imunidades, como da Lei Kandir e do Fundo IPI Exportação, da ordem de 34,6% da nossa arrecadação: 12,8% porque o governo federal não faz o repasse integral das desonerações de ICMS previstas pela Lei Kandir, quando da exportação de produtos primários e semielaborados; 6,5% porque o ICMS da energia não é cobrado na origem, e o Paraná produz quase 25% desse insumo no país; 1,5% porque há imunidade constitucional de ICMS no papel de imprensa, do qual nosso estado é o maior produtor; e 13,8% de perda líquida no Fundo de Compensação de Produtos Industrializados (FPEX). Não estão calculadas as perdas da guerra fiscal, da injusta partilha do Fundo de Participação dos Estados e das transferências federais dos últimos três anos que nem sequer cobrem a inflação.

Mas volto a repetir: essa é uma batalha gigantesca, e para obtermos êxito precisamos unir o governo, senadores, deputados, prefeitos, vereadores, sindicatos, entidades e instituições, enfim, todos os paranaenses, para que o nosso estado receba o que é justo e de direito na divisão dos royalties do petróleo. O sucesso dessa campanha será decisivo para que o Paraná possa – hoje e no futuro – recuperar a capacidade de investimento e garantir avanços em todos os setores.

*Luiz Carlos Hauly é deputado federal e ex-secretário de Estado da Fazenda.

**Artigo publicado na Gazeta do Povo – 10-07-14

“Vem aí a Futebolbrás”, análise do ITV

abr260613wdo_5211-300x198O governo jura que jamais vinculou futebol à política. Mas desmente-se todos os dias. A investida da hora é tentar descolar-se do fracasso da seleção brasileira defendendo a “renovação” do nosso futebol. Até instrumento para isso eles já têm: botar o Estado para intervir no esporte, a mesma receita que fracassa na economia.

Até a fatídica terça-feira em que a Alemanha atropelou o Brasil no Mineirão, a ordem era surfar na onda de otimismo, na esperança de que ela desaguasse na entrega da taça de campeão ao zagueiro Thiago Silva no domingo. Mas a maré baixou antes da hora e, com o naufrágio, busca-se agora, desesperadamente, o que afaste a presidente do espectro do fracasso em campo.

Anteontem, Dilma Rousseff deu, em entrevista à CNN Internacional, sua receita para superar o infortúnio: usar o poder de governo para impedir que jogadores deixem o país, como forma de criar atrativos para encher estádios brasileiros. Em paralelo, seu ministro de Esportes acrescentou que o Estado tem que participar das decisões futebolísticas. Não será surpresa se vier por aí uma Futebolbrás.

O governo pega carona no legítimo movimento protagonizado por alguns jogadores, o Bom Senso F.C. Na sua agenda renovadora do futebol nacional, a presidente promete recebê-los no Palácio do Planalto na próxima semana. E depois diz que não mistura política com a paixão nacional…

Na falta de uma lista robusta de benefícios duradouros para a população decorrentes da realização da Copa no Brasil, constatação que o discurso oficial luta para encobrir, o governo agora quer transformar uma possível reestruturação do nosso futebol – algo desejável – num feito seu. Pelo jeito, enfim encontraram um legado para exibir.

No entanto, o vezo estatizante que move corações e mentes do petismo – e que cobra seu alto preço no desempenho medíocre da nossa economia – se faz novamente presente. O cardápio vai desde a submissão de clubes e cartolagem ao Estado até a proibição da venda de jogadores para o exterior, ferindo, inclusive, a liberdade dos profissionais.

Do que se divulgou ontem, parece correto apenas querer cobrar contrapartidas de clubes e entidades de futebol a benesses concedidas pelo governo, como a renegociação de dívidas tributárias. Mas há aberrações como, por exemplo, ameaçar rebaixar time que atrasa salários.

Futebol se joga e se ganha, ou se perde, dentro de campo. A relação profissional entre jogadores e contratantes deve obedecer às mesmas regras e leis que regem qualquer categoria no mercado de trabalho.

Dilma e seu ministro de Esportes não querem que o Brasil “exporte matéria-prima e consuma produto acabado”. Acham que, intervindo no mercado da bola e podando a liberdade de ascensão dos nossos jogadores, conseguirão encher estádios Brasil afora.

A presidente poderia ter a mesma preocupação em relação ao resto da nossa pauta de comércio exterior, cada vez mais concentrada em produtos de baixo valor agregado. E poderia achar outra e mais eficiente maneira de salvar da ociosidade os elefantes brancos travestidos de “arenas” construídos para a Copa.

Futebol exige treino, diz Dilma. Corretamente. Mas também exige perseverança, competência, dedicação, trabalho árduo. O que a presidente diz sobre a seleção de Felipão cabe muito bem para sua equipe de governo. Afinal, são todos atributos bastante em falta na gestão do país…

Um ano atrás, depois que a seleção conquistou a Copa das Confederações, a presidente tentou tornar-se sócia do triunfo e disse que seu governo era “padrão Felipão”. Será que ela continua achando isso ou, dentro da sua estratégia de surfar na onda da hora, vai tentar forjar um novo bordão?

Aproveitar um momento de infortúnio para começar a construir um caminho que, no longo prazo, conduza ao reencontro com a trajetória de sucesso é algo bem-vindo, necessário, salutar. É o que fez a Alemanha depois de 2006, quando fracassou na Copa promovida em casa.

Iniciar esta trajetória mirando as eleições, apropriando-se oportunisticamente de movimentos e sentimentos legítimos de profissionais e torcedores e, sobretudo, enfiando o Estado onde não deve parece ser a pior maneira de tentar renovar o futebol brasileiro.

“Projetos ‘em dia’ que emperram o Brasil”, por Vanderlei Macris

macris8-300x200Em completo desespero e desatino, o governo da presidente Dilma Rousseff mais uma vez tenta enganar os brasileiros. No último dia 27, o Ministério do Planejamento anunciou conclusão de 95,5% das obras previstas para o PAC 2. Alguém acredita neste número? Tanto não é verdade que o Balanço apresentado considera o Trem de Alta Velocidade (TAV) Brasileiro como em execução “adequada” e “em dia”.

Idealizado por Dilma Rousseff quando ministra da Casa Civil, o trem-bala brasileiro não saiu do papel, mas há informações de que, até o fim do mandato da presidente, custará aos cofres públicos pelo menos R$ 1 bilhão. Por causa desta notícia, já pedi informações ao Ministro dos Transportes sobre o real valor gasto no trem que pretende ligar Campinas (SP), São Paulo e o Rio de Janeiro.

Vale ressaltar que o projeto do TAV nem foi licitado. Por três vezes o leilão foi adiado e, em duas delas, por ter apenas um grupo interessado. O último adiamento aconteceu em agosto de 2013 e o governo não anunciou nova data para a realização. Mas o Balanço do PAC 2 diz que o projeto está “em dia”. Este “em dia” causa enorme preocupação e transtornos aos brasileiros. O TAV está “em dia” como a Transposição do Rio São Francisco, que tem metade construída e deveria ter sido entregue em 2012; “Em dia” como Setor Elétrico, que de fato têm inúmeros apagões causando milhões de reais de prejuízo aos micro e pequenos empresários e aos cidadãos; “Em dia” como a Inflação, que é a maior preocupação da população segundo o Índice de Confiança do Consumidor; e “em dia” como a Saúde…, como a Educação… e como a Segurança Pública, que conhecemos bem como se encontra.

O maior valor dos recursos do PAC 2 foi aplicado no Minha Casa Minha Vida, R$ 361,6 bilhões. A maioria, porém é de financiamento habitacional. Das moradias prometidas somente metade foi entregue aos que tanto esperam.

O próprio ex-ministro dos Transportes, César Borges, um dia antes de deixar a pasta e assumir a Secretaria de Portos, afirmou durante o Balanço da segunda etapa do PAC que as privatizações foram responsáveis pelos avanços do Programa de Investimentos em Logística (PIL), criado para promover concessões de infraestrutura em rodovias, ferrovias, aeroportos e portos contidas no Programa de Aceleração do Crescimento. Ou seja, as privatizações têm minimizado o vexame deste governo, que tanto desdenhou, mas não soube colocar o país em progresso sem as ações compartilhadas com o setor privado.

O Brasil comandado pela presidente Dilma caminha assim, com passos descoordenados e tropeçando em suas próprias pernas. Como o governo mesmo se avalia, diz que caminha de modo “adequado”. A única ação que está correta e “em dia” neste governo são as mentiras. Estas, não falham nunca!

*Vanderlei Macris é deputado federal pelo PSDB-SP e 1º vice-líder do partido na Câmara dos Deputados.

“A goleada da inflação”, análise do ITV

supermercado-marcelo-camargo-abr-300x225A Copa do Mundo está chegando ao fim e, à medida que seus eflúvios vão se dissipando, os brasileiros vão se virando cada vez mais para os muitos problemas que se acumulam no país à espera de solução. Um dos mais preocupantes é a inflação. O governo petista brincou com fogo e não parece nem um pouco capaz de controlar o incêndio.

No mês de junho, mais uma vez, a inflação acumulada superou o limite superior da meta. Nos últimos 12 meses, o IPCA variou 6,52%, de acordo com o IBGE. O regime em vigor no país determina como alvo o percentual de 4,5%, com tolerância de até dois pontos percentuais para cima ou para baixo.

Em 42 meses da administração Dilma Rousseff, esta é décima primeira vez que a meta é estourada. Ou seja, em mais de um quarto do mandato da presidente transcorrido até agora a política econômica em vigor não foi capaz de entregar a inflação prometida. Qualquer semelhança com o desempenho geral do PT no governo não é mera coincidência…

A tendência é não haver refresco nos próximos meses. Até por uma questão estatística. Nesta altura do ano passado, em função de recuo no preço de alimentos, o IPCA registrado foi muito baixo, chegando, por exemplo, a 0,03% em julho de 2013.

Estima-se agora que os dados de um ano atrás serão substituídos nos próximos meses por altas mais fortes, engordando a inflação acumulada em 12 meses. Deve ser assim pelo menos até a véspera das eleições gerais de outubro.

Há risco de 2014 terminar com o IPCA acima do limite superior da meta. Hoje, a média das previsões de mercado, colhidas semanalmente pelo Banco Central e divulgadas no Boletim Focus, está em 6,47%. A um triz, portanto, o teto.

Em seus três anos de mandato transcorridos até aqui, Dilma não passou nem perto de cumprir o que determina o Conselho Monetário Nacional. A meta – que é de 4,5% e não de 6,5% como o governo tenta apregoar – nunca foi cumprida pela presidente, e nem será.

Trata-se de uma sina das gestões petistas. Nos últimos 12 anos, apenas em três ocasiões a inflação oficial não superou a meta: 2006, 2007 e 2009. Mas o governo prefere sustentar que foi bem sucedido apenas por não ter deixado o índice estourar o limite superior.

O Brasil tem registrado uma das mais elevadas inflações do mundo. Entre os países do G-20, por exemplo, apenas seis exibem índices de preços mais altos que o nosso: Argentina (11% acumulados nos últimos 12 meses), Turquia (9,2%), Índia (8,3%), Rússia (7,8%), Indonésia (6,7%) e África do Sul (6,6%), segundo o Trading Economics.

Para complicar, há sério risco de os índices de inflação escalarem mais adiante, porque há muitos preços sendo fortemente controlados pelo governo. Sua alta é de 3,9% nos últimos 12 meses. Se a intenção não for quebrar a Petrobras, inviabilizar a geração de energia ou sucatear ainda mais o transporte público no país, logo logo eles terão que ser reajustados.

Enquanto isso, os demais preços – os chamados “livres” – estão subindo muito mais que a média do IPCA. No acumulado em 12 meses, a alta chega a 7,3%. Desde 2010, os alimentos estão subindo em média 9% ao ano no Brasil. Mas há itens com aumento bem mais expressivo, como carnes, com preços mais de 16% maiores em um ano, como analisa o economista Felipe Salto.

Os brasileiros já se deram conta da corrosão mensal de seus salários e apontam a inflação como principal problema do país hoje. Precisamos de políticas consistentes contra a carestia, a ser tratada com tolerância zero. A gestão Dilma, porém, parece ainda acreditar que preços um pouquinho mais altos não fazem mal se o objetivo é conquistar mais crescimento econômico. Não conseguiu nem uma coisa nem outra. E agora assiste o circo pegar fogo, perdendo de goleada para o dragão.