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“Mães e suas preocupações”, por Solange Jurema

solange-jurema-foto-george-gianni-2-300x199No próximo final de semana, as famílias brasileiras vão se reunir para comemorar mais um Dia das Mães, ritual que repetimos anualmente para reverenciá-las.

É um tradição secular, que tem origem religiosa, mas que ainda consegue congregar as famílias, apesar do apelo comercial que se reveste nos dias de hoje, o que não tira o brilho de um bom almoço caseiro.

Mas desde a sua oficialização no Brasil, no governo Getúlio Vargas, em 1932,  a mulher mudou quase que totalmente seu papel na vida política, econômica e social do país. Acumulou novas tarefas, sem abandonar a maternidade.

As mulheres já são 54,9% do mercado de trabalho brasileiro e mudaram o seu perfil de mães: deixam a maternidade para mais tarde e constituem uma família bem menor do que a de suas mães e mais ainda das avós.

Isso deve, basicamente, pela maior escolarização da mulher, ao aumento de sua renda e a maior participação dela no mercado de trabalho.

Em que pese todas essa mudanças de comportamento e de responsabilidades – cerca de 35% dos lares brasileiros é mantido exclusivamente por mulheres – a maternidade retardada não evita que elas desempenhem todas as suas atividades, especialmente a de ser mãe.

Elas querem o melhor para os seus filhos. Querem creches públicas para que possam também trabalhar, como os homens fazem, sem preocupações com bem estar de seus bebes.

Querem um transporte público de qualidade, que garanta que seus filhos possam ir estudar e trabalhar sem passar horas nos ônibus e metrôs.

Querem uma escola pública de qualidade, que realmente os eduque, que os forme e que os torne cidadãos qualificados, em condições de igualdade para competir no mercado de trabalho.

Querem cidades mais seguras, em que seus filhos possam se divertir sem preocupa-las, com a certeza de que retornaram à casa são e salvos.

Enfim, querem para elas e seus filhos serviços públicos de melhor qualidade que as deixe mais tranquilas para serem mães.

*Solange Jurema é presidente nacional do PSDB-Mulher

“O Brasil não suporta mais o PT”, por Ademar Traiano

ademar-traiano-foto-alpr-300x185Em junho de 2013 o PT foi varrido das ruas quando tentou se incorporar as passeatas com suas bandeiras estreladas e liderar os protestos que tomavam conta do país. Em 1º de Maio de 2014 o PT foi varrido dos comícios que celebravam o dia do trabalhador.

No 1º de Maio, petistas de alto coturno, como o ex-ministro Alexandre Padilha e o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, foram escorraçados do palanque, debaixo de vaia e de latas de cerveja arremessadas no palanque. Detalhe muito significativo: o comício em que os petistas foram corridos era da CUT, o braço sindical do PT.

Os motivos para o brasileiro estar saturado com o PT e seus métodos de fazer política são abundantes. O país vem sendo governado, há 12 anos, por um partido que rasgou suas bandeiras. Que produziu corrupção numa escala nunca vista na história do país. Um partido que cultua corruptos condenados como se fossem heróis e mártires.

A compulsão por burlar as leis, por se colocar acima da lei, adotando comportamento marginal foi confirmada, mais uma vez, pela denúncia feita pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, de que os mensaleiros estão tendo tratamento diferenciado, padrão FIFA, na penitenciária da Papuda.

O Distrito Federal é governado por um petista, Agnelo Queiroz, que vem desrespeitando pessoalmente as normas de isonomia que deveriam reger o cumprimento das penas dos mensaleiros recolhidos ao presídio da Papuda.

Os exemplos de desfaçatez, desonestidade, incompetência e corrupção do PT pululam. O PT se preparava para desmoralizar o IBGE, sonegando pesquisas que não interessavam ao ufanismo político do governo Dilma. Foi impedido por uma vigorosa reação dos funcionários do Instituto. O governo petista, que destroçou os fundamentos da economia, estava iniciando uma operação para ocultar os efeitos desse desastre mexendo nas estatísticas.

O PT, depois de 12 anos de poder, destruiu a herança de estabilidade econômica que herdou, abalou os bons fundamentos da economia, trouxe de volta a inflação. A inflação só é mantida no teto da meta porque os preços são represados. Depois das eleições virá um tarifaço.

Obras que fazem falta no Brasil são construídas em Cuba (um porto hipermoderno, enquanto os portos brasileiros estão sucateados), no Uruguai (que vai ajudar esvaziar os portos brasileiros de Rio Grande, Itajaí e Paranaguá) e na Bolívia (onde o PT financia uma rodovia que é usada para traficar cocaína para o Brasil).

O Brasil se envolveu em negócios desastrosos com a Venezuela (a Abreu e Lima: prejuízo de R$ 20 bilhões). A bússola da nossa política externa é ideológica e não tem mais qualquer foco no interesse nacional.

Depois do desastre da Petrobras de Pasadena, da Abreu e Lima, dos negócios mal explicados com fornecedores e doadores de campanha, surgem agora novas denúncias sobre negócios estranhos e que geraram grandes prejuízos em outros continentes.

A estatal foi infestada por quadros de enorme incompetência. Mas a cortina de incompetência é usada para encobrir rapinagens na empresa. Criticar o governo do PT, seus erros e trambiques, também é apontado como uma forma de não gostar do Brasil.

A reação do governo a bandalheira da Petrobras foi fazer mais anúncios promovendo a empresa. Nos palanques ensaia sacar do coldre a velha balela que os adversários querem privatizar a Petrobras.

O patriotismo, como asseverava Samuel Johnson, é o último refúgio de um canalha. Denunciar inexistentes intenções privatistas é o último refúgio de administrações petistas apanhadas com a boca na botija roubando a Petrobras em Pasadena, nos Estados Unidos; na Abreu e Lima, no Brasil; na Nigéria, em Angola, na Namíbia, na África; e em Okinawa, no Japão.

Ninguém mais aguenta essa lengalenga das elites perversas que querem impedir esse governo de trabalhadores de prosperar. Não é à toa que o Brasil se cansou do PT e está pronto para varrê-lo do mapa.

Ademar Traiano é deputado estadual pelo PSDB do Paraná e líder do governo na Assembleia Legislativa.

“Retrato de uma indústria enferrujada”, análise do ITV

industria-300x181A indústria brasileira enfrenta crise aguda. Nos últimos anos, vem perdendo importância relativa na composição de nossa economia. Nem mesmo a aguardada revisão da metodologia de pesquisa sobre o desempenho do setor foi capaz de revelar um retrato mais benigno da situação. Enferrujamos.

Ontem, o IBGE divulgou os resultados da produção industrial brasileira no primeiro trimestre. No cômputo geral, houve aumento de apenas 0,4% entre janeiro e fevereiro, na comparação com igual período de 2013. O desempenho permite projetar um PIB fraco no ano – o que já se tornou consenso entre analistas.

O IBGE mudou a forma de avaliar o comportamento da indústria porque sua base metodológica estava defasada e não considerava produtos que, hoje, são ícones de consumo, como tablets e smartphones. Com o novo recorte, a indústria brasileira passou de um crescimento de 1,2% para 2,3% em 2013.

Mas o retrato das nossas fábricas continua marcado pela ferrugem. Hoje, a participação da indústria de transformação no PIB é a mais baixa em mais de 60 anos de história. Evidencia-se, assim, um indesejável processo de desindustrialização, cuja marcha os governos recentes nada fizeram para estancar. Pelo contrário.

Em meados da década de 80, a indústria respondia por 27% do PIB brasileiro. Desde então, vem caindo, até chegar aos 13% registrados no ano passado. Nunca antes mergulhamos tão fundo.

Nosso setor industrial produz hoje nos mesmos níveis de 2008, ou seja, lá se vão seis anos perdidos. Entre 2011 e 2013, cerca de 230 mil empregos industriais – justamente os que tendem a ser mais qualificados e bem remunerados – foram eliminados.

Trata-se de retração muito prematura, que se dá muito antes de a renda média do país atingir os patamares que as economias avançadas tinham alcançado quando suas indústrias começaram a perder espaço no conjunto da economia.

Hoje, a indústria nacional não encontra condições de competir, ganhar mercados, nem manter os existentes. Em síntese o que acontece é que o produto nacional tornou-se caro, perde espaço interno, não consegue manter clientes no exterior, nem conquistar novos. Definha.

Não conseguimos vender ao exterior e compramos cada vez mais: no ano passado, a balança comercial da indústria brasileira registrou déficit de US$ 105 bilhões, um rombo histórico. Pudera: o custo de se produzir, por exemplo, uma máquina no Brasil é 37% maior do que fabricar a mesma máquina na Alemanha, de acordo com a Abimaq.

Nossos problemas são amplamente conhecidos: alto custo de produção, agravado por burocracia e impostos que o governo petista ainda cogita aumentar mais; ineficiência logística e infraestrutura defasada; baixa qualificação da mão-de-obra; parcos investimentos em inovação; e isolamento cada vez maior do país das cadeias globais de produção.

Não há soluções simples para esta situação. A debacle da indústria brasileira exige uma resposta sistêmica, que parta da recuperação das condições macroeconômicas – as mesmas que Dilma Rousseff, e só ela, crê estarem “bombando” – e ataque gargalos, transformando-os em oportunidades.

Incentivo à pesquisa e à inovação, maior integração global e melhores condições para investir e produzir são fundamentais para recuperar a competitividade e a produtividade perdidas. E o apoio indutor do Estado deve servir como alavanca – democraticamente, e não apenas para uns poucos escolhidos, como tem acontecido com a política de crédito que tem no BNDES seu principal artífice.

Contradições da política econômica tiram competitividade da indústria, diz Aécio

aecio-neves-em-sp-foto-igo-estrela-8-300x199São Paulo (SP) – O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG), afirmou nesta segunda-feira (5), após reunião com empresários do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (IEDI), que as contradições da política econômica do governo da presidente Dilma Rousseff estão tirando a competitividade da indústria brasileira.

“O IEDI, que reúne as principais indústrias nacionais, está percebendo na pele a gravidade do processo de desindustrialização no Brasil. Nós  hoje temos uma presença da indústria que tínhamos na década de 50, de 13% do conjunto do PIB. O déficit da balança comercial industrial foi de R$ 105 bilhões apenas no ano passado. É um conjunto de contradições da política econômica que tem tirado a competitividade da indústria brasileira”, criticou o presidente nacional do PSDB após a reunião.

Segundo Aécio, os empresários são unânimes ao afirmar que os problemas da indústria decorrem, entre outros fatores, da falta de investimentos em infraestrutura e da complexidade do sistema tributário.

O presidente do PSDB recebeu das mãos dos empresários um documento em que eles apontam 10 problemas enfrentados pela indústria e sugestões para a economia voltar a crescer. Além de logística e impostos, eles citam a falta de investimentos em educação, o elevado gasto governamental, o excesso de burocracia, entre outros.

“Há uma convergência grande de diagnóstico. Fico feliz de receber essas contribuições. Não são reivindicações pontuais deste ou daquele setor. São preocupações que eles externam em relação ao baixo crescimento do Brasil, diminuição dos investimentos na economia brasileira e, obviamente, de forma especial, à fragilização da nossa indústria”, disse Aécio Neves.

“A que ponto chegamos!”, por Fernando Henrique Cardoso

discurso-de-fernando-henrique-cardoso-durante-comemoracao-dos-20-anos-plano-real-300x168Eu, como boa parte dos leitores de jornal, nem aguento mais ler as notícias que entremeiam política com corrupção. É um sem fim de escândalos. Algumas vezes, mesmo sem que haja indícios firmes, os nomes dos políticos aparecem enlameados. Pior, de tantos casos com provas veementes de envolvimento em “malfeitos” basta citar alguém para que o leitor se convença de imediato de sua culpabilidade. A sociedade já não tem mais dúvidas: se há fumaça, há fogo.

Não escrevo isso para negar responsabilidade de alguém especificamente, nem muito menos para amenizar eventuais culpas dos que se envolveram em escândalos, nem tampouco para desacreditar de antemão as denúncias. Os escândalos jorram em abundância, não dá para tapar o sol com peneira. O da Petrobras é o mais simbólico, dado o apreço que todos temos pelo que a companhia fez para o Brasil. Escrevo porque os escândalos que vêm aparecendo numa onda crescente são sintomas de algo mais grave: é o próprio sistema político atual que está em causa, notadamente suas práticas eleitorais e partidárias. Nenhum governo pode funcionar na normalidade quando atado a um sistema político que permitiu a criação de mais de trinta partidos, dos quais vinte e poucos com assento no Congresso. A criação pelo governo atual de trinta e nove ministérios para atender as demandas dos partidos é prova disso e, ao mesmo tempo, é garantia de insucesso administrativo e da conivência com práticas de corrupção, apesar da resistência a estas práticas por alguns membros do governo.

Não quero atirar a primeira pedra, mesmo porque muitas já foram lançadas. Não é de hoje que as coisas funcionam dessa maneira. Mas a contaminação da vida político-administrativa foi-se agravando até chegarmos ao ponto a que chegamos. Se no passado, nosso sistema de governo foi chamado de “presidencialismo de coalisão”, agora ele é apenas um “presidencialismo de cooptação”. Eu nunca entendi a razão pela qual o governo Lula fez questão de formar uma maioria tão grande e pagou o preço do mensalão. Ou melhor, posso entendê-la: é porque o PT tem vocação de hegemonia. Não vê a política como um jogo de diversidade no qual as maiorias se compõem para fins específicos, mas sem a pretensão de absorver a vida política nacional sob um comando centralizado.

Meu próprio governo precisou formar maiorias. Mas havia um objetivo político claro: precisávamos de três quintos da Câmara e do Senado para aprovar reformas constitucionais necessárias à modernização do país. Ora, os governos que me sucederam não reformaram nada nem precisaram de tal maioria para aprovar emendas constitucionais. Deixaram-se levar pela dinâmica dos interesses partidários. Não só do partido hegemônico no governo, o PT, nem dos maiores, como o PMDB, mas de qualquer agregação de vinte, trinta ou quarenta parlamentares, às vezes menos, que, para participar da “base de apoio”, se organizam numa sigla e pleiteiam participação no governo: um ministério, se possível; senão uma diretoria de empresa estatal ou uma repartição pública importante. Daí serem precisos trinta e nove ministérios para dar cabida a tantos aderentes. No México do PRI dizia-se que fora do orçamento não havia salvação…

A raiz desse sistema se encontra nas regras eleitorais que levam os partidos a apresentarem uma lista enorme de candidatos em cada estado para, nelas, o eleitor escolher seu preferido, sem saber bem quem são ou que significado político-partidário tem. Logo depois nem se lembra em quem votou. A isso se acrescenta a liberalidade de nossa Constituição, que assegura ampla liberdade para a formação de partidos. Por isso, não se podem obter melhorias nessas regras por intermédio da legislação ordinária. Algumas dessas melhorias foram aprovadas pelos parlamentares. Por exemplo, a exigência de uma proporção mínima de votos em certo número de estados para a autorização do funcionamento dos partidos no Congresso. Ou a proibição de coligações nas eleições proporcionais, por meio das quais se elegem deputados de um partido coligado aproveitando a sobra de votos de outro partido. Ambas foram recusadas por inconstitucionais pelo Supremo Tribunal Federal.

Com o número absurdo de partidos (a maior parte deles meras siglas sem programa, organização ou militância), forma-se, a cada eleição, uma colcha de retalhos no Congresso, em que mesmo os maiores partidos não têm mais do que um pedaço pequeno da representação total. Até a segunda eleição de Lula, os presidentes se elegiam apoiados em uma coalizão de partidos e logo tinham de ampliá-la para ter a maioria no Congresso. De lá para cá, a coalizão eleitoral passou a assegurar maioria parlamentar. Mas, por vocação do PT à hegemonia, o sistema degenerou no que chamo de “presidencialismo de cooptação”. E deu no que deu: um festival de incoerências políticas e portas abertas à cumplicidade diante da corrupção.

Mudar o sistema atual é uma responsabilidade coletiva. Repito o que disse, em outra oportunidade, a todos os que exerceram ou exercem a Presidência: por que não assumimos nossas responsabilidades, por mais diversa que tenha sido nossa parcela individual no processo que nos levou a tal situação, e nos propomos a fazer conjuntamente o que nossos partidos, por suas impossibilidades e por seus interesses, não querem fazer: mudar o sistema? Sei que se trata de um grito um tanto ingênuo, pedir grandeza. A visão de curto prazo encolhe o horizonte para o hoje e deixa o amanhã distante. Ainda assim, sem um pouco de quixotismo, nada muda.

Se, de fato, queremos sair do lodaçal que afoga a política e conservar a democracia que tanto custou ao povo conquistar, vamos esperar que uma crise maior destrua a crença em tudo e a mudança seja feita não pelo consenso democrático, mas pela vontade férrea de algum salvador da pátria?

*Fernando Henrique Cardoso foi presidente da República
**Artigo publicado no Observador Político – 05-05-2014

“Mais uma lorota no saneamento”, análise do ITV

downloadDesde que, em 2009, foi ungida candidata à sucessão de Lula, Dilma Rousseff habituou-se a viver em clima de palanque. Mesmo nos três anos e pouco de seu governo, tem sido assim.

Sua administração notabiliza-se por um moto-contínuo de anúncios que se realimentam e se reinventam sem chegar a nenhum lugar. O PAC é o melhor exemplo disso.

Hoje, a presidente abrirá as portas do Palácio do Planalto para mais uma cerimônia dedicada a um subitem do programa que deveria acelerar o crescimento do país, mas que apenas levou o Brasil a ser a nação em que o PIB menos avançou em toda a América do Sul desde que o PT ascendeu ao poder, como mostrou estudo recente do Instituto Teotônio Vilela.

O PAC da vez será dedicado a obras de saneamento em municípios com população de até 50 mil habitantes. É espantoso como – prestes a completar três ciclos de governo, quase 12 anos depois de assumir o poder – só agora o petismo se importe com um dos maiores desastres existentes entre os serviços públicos prestados no país.

A situação do saneamento no Brasil é de indigência. Recentemente, aparecemos na 112ª posição num ranking que mede a situação deste serviço em 200 países do mundo. Pudera: 52% da população brasileira sequer possui serviço de coleta de esgotos – são 35,5 milhões de moradias nestas condições – e apenas 37% do que é recolhido recebe tratamento adequado. Um descalabro de saúde e de meio ambiente.

Os petistas adoram falar que receberam uma herança maldita e que, devido a um suposto histórico de falta de planejamento até outro dia vigente no país, só na era PT o Brasil reencontrou o caminho da ventura. Lorota. É só ver o que aconteceu no saneamento mesmo.

Na última década, o que já era ruim ficou ainda pior: o ritmo de expansão dos serviços de água e esgoto no país diminuiu. A média anual caiu para 4,1%, ante patamar histórico de 4,6%.

Tal situação até poderia servir para justificar o PAC do Saneamento que Dilma lança hoje para cidades de menor porte. Mas o fato é que, desde 2010, existe outro PAC para o setor e este, como sói acontecer com o programa-síntese dos governos do PT, não sai do lugar.

O acompanhamento da execução orçamentária da União, feito por meio do Siafi, registra dotação de R$ 14,9 bilhões para obras e ações de saneamento nos orçamentos federais de 2011 a 2014. Deste valor, apenas R$ 4,8 bilhões foram pagos até abril, o que dá 32% do total.

Seria muito melhor se Dilma cumprisse o que promete, ao invés de tediosamente repetir anúncios e compromissos vãos.

Analisando-se a execução do PAC Saneamento pelo número de empreendimentos, a situação fica bem mais dramática. Segundo o Contas Abertas, das 7.234 obras e ações de saneamento previstos no PAC 2, apenas 886 foram concluídas, pouco mais de 12% do total. Isto significa que nove em cada dez obras de saneamento anunciadas por Dilma e pelo PT não foram finalizadas.

Expandir os serviços de saneamento é fundamental para melhorar as condições de vida da população, em especial as de saúde. Águas tratada e esgotamento sanitário decente reduzem significativamente a incidência de doenças de veiculação hídrica. A ONU já chegou a estimar que cada real investido em saneamento resulta em quatro reais economizados em gastos com saúde.

Segundo o Instituto Trata Brasil, serão necessários R$ 313 bilhões para universalizar o serviço de saneamento no país. O governo acena com a possibilidade de a meta ser cumprida até por volta de 2030. Mas, no ritmo de investimentos atual sustentado pelo PAC de Dilma e do PT, esta miragem só estará ao alcance das mãos daqui a cerca de 40 anos.

Dilma poderia ter dado impulso efetivo à expansão do saneamento no país se tivesse cumprido uma de suas promessas de campanha, feita em outubro de 2010: desonerar a prestação do serviço do pagamento de PIS e Cofins. Mais uma jura não honrada. Estima-se que esta medida liberaria R$ 2 bilhões das concessionárias do setor para investimento. No palanque, pode tudo; no governo, não se faz nada.

“Homens que fazem falta”, por Ruben Figueiró

*Ruben Figueiró

Plenário do SenadoUm dos personagens civis que mais influenciaram os rumos da história brasileira entre 1945 e 1968 completaria 100 anos, se vivo estivesse. Carlos Lacerda nasceu em 30 de abril de 1914 no Rio de Janeiro. Faleceu em 1977. Hoje, passados tantos anos e com visão mais ampliada dos fatos históricos, percebo com clareza, concordando com o cientista político Melchiades Cunha Júnior que Lacerda “se inscreveria, ainda que não sem controvérsia (como tudo nele) no panteão dos brasileiros, que sendo os mais capacitados de sua época, não chegaram a presidente: Rui Barbosa, Oswaldo Aranha, San Tiago Dantas, Tancredo Neves e Ulysses Guimarães”. Resta-nos cultuar suas memórias. Ficaram seus exemplos. Para mim, determinados homens estão fazendo falta nesse país.

Era impossível ser indiferente a Carlos Lacerda. Era de uma inteligência que se exprimia como um raio. Empolgava a todos e fez uma legião de fãs que admiravam suas atitudes tempestuosas marcadas pelo verbo impiedoso com que fustigava os adversários. Ele despertou o ódio e a admiração de milhões de brasileiros entre as décadas de 40 e 70 do século passado. Os adversários chamavam-no de direitista, fascista. Ele foi inicialmente comunista, depois anticomunista e virou líder da direita. Mas não se pode classificá-lo de fascista ou reacionário.

Na Câmara, Carlos Lacerda se destacava por ser um parlamentar brilhante, culto, cáustico nas críticas aos adversários. Carbonário quando se tratava de mal feitos do governo. Considerado um dos maiores tribunos do Parlamento. Eu ia sempre assistir as sessões e, jovem ainda, me empolgava com as orações de Lacerda.

Fui seu admirador. Algumas vezes, ainda na mocidade, dele divergi, já encanecido nas lutas, cheguei a condenar suas atitudes. Lacerda demonstrou no curso do tempo ser um “demolidor de presidentes”. Abjurando o comunismo, com teses que poderiam ser entendidas como golpista de direita, tanto contra Getúlio, em 1945 e 50; contra JK, em 55; Jânio, em 61; Jango, em 64. Mas Carlos Lacerda também provou armas diferentes. O que ele desejava realmente era o estabelecimento de uma ordem democrática estável. Foi quando, surpreendentemente, procurou JK na Europa, e Jango no Uruguai, para organizarem a Frente Ampla, movimento para restabelecer a democracia no Brasil e que teve vida efêmera, por ação discricionária do regime militar.

Conheci Carlos Lacerda em 1953. Eu, estudante no Rio de Janeiro, ele, jornalista fogoso e diretor da Tribuna da Imprensa – excitando a oposição a Getúlio Vargas, então presidente da República. Eu tive com outros universitários a oportunidade de manter rápidos encontros com Carlos Lacerda, que estimulava-nos a participar da vida pública.

Carlos Lacerda procurou o poder, não serviu-se dele, lutou sim, a seu modo destemido pela sua coragem pessoal e verbo vulcânico, injusto com alguns, mas jamais sabujo de muitos que tinham o poder. Como afirmara: “O poder não é um cargo de sacrifício. Ao contrário, é uma fonte maravilhosa de alegria”.

Saudar a memória de Carlos Frederico Werneck de Lacerda é saudar a memória de todos aqueles que tombaram no campo democrático para que hoje se pudesse dizer ufano: o Brasil é um país voltado para o futuro, com expectativas de ser exemplo para o mundo.

 

*Ruben Figueiró é senador pelo PSDB-MS

“Lula, o santo do pau oco. A lição do fim de uma era”, por Alberto Goldman

Alberto-Goldman-Foto-George-Gianni-PSDB-2-300x199O ex-presidente Lula, ao discursar no Encontro Nacional do PT, apesar de se mostrar incapaz de fazer uma auto-crítica e avaliar a sua responsabilidade  na história do país nos últimos 12 anos  em que ele e Dilma presidiram, reconhece ter o seu partido se afastado dos ideais que levaram à sua criação, não ter conseguido “provar que é possível fazer política de forma mais digna” e de ter se transformado em um “partido convencional”, em que “tudo é uma máquina de fazer dinheiro”, nas suas próprias palavras. Mas, busca na mídia, na oposição e em “uma parte da elite brasileira” os culpados pelo quadro de crise por que passa o governo e pelo estado de decomposição por que passa  o partido.

Lula se lamuria dizendo “uma parte da elite brasileira não nos suporta.  Gente mal agradecida que cospe no prato que comeu…”.  Mas não tem o que reclamar.  Ele deu, de fato, a essa elite os privilégios que ela demandou, através de generosos contratos e financiamentos, além do apoio incondicional.  Mas não foi apenas uma parte da elite brasileira que se apropriou dos resultados desses 12 anos de comando petista.  Foram os próprios líderes do partido, seja por dinheiro ou simplesmente por poder político, que apodreceram moralmente.  É dessa forma que ele pretendia cumprir aqueles ideais que foram a razão da criação do PT?

Lula é um santo do pau oco.  Dissimulado como ele só, permitiu e contribuiu para que muitos enriquecessem às custas do povo brasileiro.  Ele próprio é um exemplo da gratidão dessa elite que agora acusa, que lhe enseja andar pelo país e pelo exterior dando palestras muito bem remuneradas.

O desespero bate às portas do PT.  Não faz a auto crítica necessária e, mesmo que a fizesse, já é tarde para reconstruir a imagem arrasada.

É o fim de uma era, infelizmente com a destruição de um partido do qual se esperava uma enorme contribuição para uma nova forma de fazer política.  Que os próximos dirigentes do país aprendam a lição e se preparem para governar não para um ou mais partidos, mas para o conjunto da sociedade.

*Alberto Goldman é um dos vice-presidentes do PSDB Nacional.

**Publicado no Blog do Goldman – 04-05-2014

“Um governo para ricos”, análise do ITV

planaltoanoite-300x169Bastou as pesquisas de opinião confirmarem o esfacelamento da candidatura à reeleição da presidente Dilma Rousseff para o PT assacar suas armas de sempre. A estratégia é dividir o país entre nós e eles, entre ricos e pobres, entre patriotas e entreguistas. O difícil, porém, é saber onde exatamente os governos petistas se encaixam.

Se há quem tenha menos motivos para sentir-se insatisfeito com o Brasil atual são os mais ricos. Desde Lula, o governo tem sido uma mãe para eles: nunca ganharam tanto dinheiro, nunca receberam tratamento tão privilegiado nos balcões oficiais, nunca foram tão paparicados pela área econômica. Dilma manteve a escrita.

O Brasil é hoje a pátria dos rentistas. Paga as mais altas taxas de juros do mundo. Por esta razão, muito dinheiro de todos os cantos do globo tem vindo se locupletar aqui – e não é de pobres… Vale registrar: o governo brasileiro caminha para gastar 6% do PIB com juros da dívida neste ano, enquanto despende menos de 0,5% do PIB com o Bolsa Família.

O BNDES foi convertido num spa de grandes grupos empresariais, tratados a pão de ló com financiamentos à base de taxas de juros subsidiadas e inalcançáveis para a maioria dos mortais. Trata-se de estratégia que elevou a dívida pública bruta em nove pontos percentuais do PIB desde 2007 – ou alguma coisa como R$ 450 bilhões – sem que resultasse em qualquer benefício para os mais pobres.

A política de desonerações tributárias posta em marcha por Dilma também teve caráter discricionário e regressivo, ou seja, beneficiou os amigos do rei e da rainha, gente com poder de pressão suficiente para seduzir Brasília para seus pleitos. Será esta a “elite” que desgosta do PT, conforme disse Lula no encontro petista deste fim de semana? Não parece.

A massa da população continua pagando uma das mais altas cargas tributárias do mundo – e a que menos retorno rende aos cidadãos na forma de serviços públicos prestados. Insatisfeito, o governo acena com a possibilidade de aumentar ainda mais os tributos sobre bens de consumo, a fim de conseguir cumprir suas metas fiscais, como anunciou Guido Mantega ao O Globo no domingo. Será este o governo que cuida bem dos pobres?

Será o governo que supostamente cuida dos pobres o mesmo que não entrega atendimento público de qualidade na educação, que não zela pela saúde, que descumpre todas as suas promessas em termos de melhoria da qualidade do transporte público que subtrai horas preciosas da vida dos brasileiros todos os dias?

Será patriota o governo que reduz o patrimônio público a pó em estatais como a Petrobras, que ora produz escândalos demais e petróleo de menos, e a Eletrobrás, que gerou R$ 13 bilhões de prejuízo em dois anos? Ou que torra bilhões do dinheiro pago pelo contribuinte para cobrir rombos criados por iniciativas tomadas ao sabor de conveniências eleitorais?

Estratégias eleitorais tendem a ser simplistas, mas devem guardar proximidade com a realidade. O PT tem conseguido vencer eleições insuflando mitos, incutindo medo nos cidadãos e distorcendo a realidade. Cada vez mais, os eleitores dão mostra de que não engolem mais este engodo.

A realidade é que Dilma e os petistas fazem um governo que agrada os ricos e esfola a classe média. Um governo que se importa bastante em assegurar privilégios e em abrir espaços na máquina do Estado para seus apaniguados. E reserva aos pobres o papel de figurantes em suas
luxuosas e bem produzidas propagandas na TV. Pobreza para o PT é só um meio de vencer eleição.

“Mentiras em cadeia”, análise do ITV

dilma-abr-300x206Mais uma vez, já se perdeu a conta de quantas foram exatamente, a presidente da República ocupou rede nacional de rádio e TV para fazer proselitismo político. Dilma Rousseff falou na noite de quarta-feira aos brasileiros como candidata à reeleição e não como a primeira mandatária do país.

Seu rosário de promessas não cumpridas é tão extenso, que a reação mais comum a mais um pronunciamento oficial é a de total descrédito: redução das taxas de juros, hoje já mais altas que quando ela assumiu a presidência; tarifas de energia baratas, hoje já sendo reajustadas em dois dígitos; “pactos” que não dão em nada. Etc etc etc.

São sempre bem-vindas iniciativas que representem benefício e mais bem-estar aos brasileiros. Mas elas devem ser verdadeiras e responsáveis. O que a presidente anunciou na noite de anteontem não é nem uma coisa nem outra. Sua tônica continua sendo a da mentira.

O descompromisso dela e do PT com o futuro do país continua latente. Tanto no caso da correção da tabela de imposto de renda, quanto no reajuste dos benefícios do Bolsa Família, a proposta eleitoreira de Dilma passa longe de repor o que a inflação em alta corroeu ao longo do governo dela. Em ambos os casos, apenas para zerar a defasagem dos últimos três anos, seria preciso dar aumentos duas vezes maiores.

A presidente e seus marqueteiros parecem apostar que mentiras repetidas mil vezes acabarão se tornando verdade. Ludibriam os brasileiros, faltam com a verdade. Dilma continua devendo aos trabalhadores e também aos assistidos pelo Bolsa Família. Deveria, com honestidade, admitir isso.

O valor pago pelo Bolsa Família mantém-se abaixo do definido pela ONU como linha divisória da pobreza extrema. O critério monetário em si já é reducionista, mas o admitamos. Mesmo assim, seria necessário pagar pelo menos R$ 83 e não os R$ 70 adotados desde 2011. O valor reajustado em 10% manter-se-á insuficiente.

Na mesma categoria da fabulação, encaixam-se a queda de preços de energia e o balanço que a presidente fez dos “pactos” com os quais tentou se contrapor à justa indignação dos brasileiros por serviços públicos mais dignos, manifestada nos protestos de junho do ano passado.

Será que qualquer cidadão que dependa dos serviços de saúde, educação, segurança ou transporte prestados pelo governo concordará com o que disse Dilma anteontem? Será que os consumidores que estão recebendo contas de luz mais altas a partir deste mês e vislumbram um racionamento de energia no horizonte comungarão da opinião da presidente?

O pronunciamento oficial por ocasião do 1° de Maio foi um ato de desespero de quem teme ver-se apeada do poder – e vê isso cada dia mais perto. Dilma e os seus terão todo o tempo do mundo para exercitar suas táticas de guerrilha: o tempo da propaganda eleitoral gratuita, a partir de agosto. Lá é o espaço para suas mentiras, não um espaço institucional como o que ela ocupou anteontem.

O que não se pode admitir é que, em sua desabalada tentativa de se manter no poder, Dilma e o PT rifem o futuro do país, que não lhes pertence. Mais do que derrotar o projeto que eles representam, cabe empenhar-se em impedir que o Brasil não continue a ser parasitado pelo petismo daqui até o fim do ano. Dilma e o PT passarão, mas o país que teremos que reconstruir fica.