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“Mitologia”, por Aécio Neves

Artigo do presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG), publicado na edição de segunda-feira (5) do jornal Folha de S. Paulo

Aecio-Neves-George-Gianni-PSDB-21-300x199Os dados da evolução do Índice de Desenvolvimento Humano Municipal no Brasil entre 1991 e 2010 demoliram, de uma vez por todas, uma das teses mais repetidas pela máquina de propaganda do PT –a de que o partido detém a exclusividade e a primazia do combate à pobreza no país.

A mais recente exposição dessa mitologia está no discurso da presidente da República na saudação ao papa Francisco, em sua chegada ao Rio, quando apontou “extraordinários resultados nos últimos dez anos na redução da pobreza, na superação da miséria e na garantia da segurança alimentar à nossa população”.

Não é o que mostra a comparação do IDHM nas duas décadas cobertas pelo estudo, na qual preponderaram os governos dos ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva.

O IDHM geral para o Brasil saiu da faixa de “muito baixo” (0,493), em 1991, e passou para “alto” (0,727), em 2010, uma variação de 47,5%.

Obviamente, ao contrário do que imaginam os petistas, essa melhoria não se deu toda a partir de 2003.

Nos anos 90, saltou de 0,493 para 0,612, o equivalente a 24%, maior do que a verificada na década seguinte, quando subiu para 0,727, ou 19%. Em resumo, na década do Plano Real e da estabilização da economia, de FHC, a performance do IDHM foi superior ao período seguinte, de Lula.

Não se trata de uma pesquisa encomendada pelos tucanos. De reconhecimento mundial, o IDH é uma iniciativa do Pnud (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento). Para afastar qualquer suspeita de favorecimento, é bom registrar que o trabalho foi executado pelo Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea), ligado ao próprio governo federal, e pela Fundação João Pinheiro. E o lançamento se deu num anexo do Palácio do Planalto.

Rumo a completar seu décimo primeiro ano no poder, e vendo sua popularidade se esvair, mais do que nunca o PT precisa agora se escorar nesse mito que ele próprio se incumbiu de construir. Nem mesmos os dirigentes da legenda acreditam na sua veracidade, mas continuam a reproduzir a cantilena, sobretudo depois que o mito fundador, o do monopólio da ética, foi soterrado pelas condenações do mensalão.

Em artigo recente, o jornalista e ex-deputado Fernando Gabeira chama a atenção para o tipo de prática política em que a versão é mais importante que a verdade e em que militantes se dispõem a repetir mecanicamente as teses que vêm da cúpula partidária: “Ao constatar que são frágeis, tentam salvá-las com seu entusiasmo e, naturalmente, com a raiva contra quem discorda”.

Infelizmente, o que Gabeira aponta, com correção e pertinência, é o que constatamos todos os dias, especialmente na internet.

“Pactos furados”, análise do Instituto Teotônio Vilela

Fabio-Pozzebom-ABr-080713-B-300x199No auge dos protestos de junho, Dilma Rousseff convocou prefeitos e governadores para fazer figuração num evento em que anunciou cinco “pactos” voltados a responder aos clamores das ruas. Passados menos de dois meses, nenhuma de suas propostas parou de pé. Pelo jeito, o que a presidente promete não se escreve: a cada decisão de seu governo corresponde um recuo.

Ontem foi a vez de cair por terra a proposta de ampliar de seis para oito anos o período de graduação em Medicina e de forçar os estudantes da área a atuar por dois anos no Sistema Único de Saúde (SUS). Apresentada como forma de ampliar o acesso da população brasileira à saúde, o que é altamente desejável, a medida enfrentou feroz resistência dos profissionais do setor, o que é fartamente compreensível.

Mesmo forçado a retroceder, o governo federal teima em inventar soluções que nada resolvem. Quer, agora, obrigar os médicos a prestar dois anos de residência no SUS. Só não diz como vai fazer para acolher os estudantes em processo de formação: para os 15 mil médicos que se graduam por ano no país, há apenas 11,2 mil vagas disponíveis para residência, segundo a Folha de S.Paulo.

“Residência em posto de saúde para atenção básica, sem supervisão, não é residência. É serviço civil (obrigatório) apresentado de outra forma”, resume Carlos Vital, vice-presidente do Conselho Federal de Medicina. “É uma forma de baratear, já que o médico receberá uma bolsa de R$ 2.900 para trabalhar 60 horas semanais”, completa Beatriz Costa, presidente da Associação Nacional dos Médicos Residentes.

Hoje a residência não é obrigatória: quem cumpre os seis anos de estudo do curso está apto a exercer a Medicina, com direito garantido por lei. Com a nova proposta, que ainda dependerá do crivo do Congresso, isso pode mudar, atingindo até quem já está cursando a faculdade. Trata-se, portanto, de mais um ato arbitrário, uma das marcas do governo petista.

O repúdio da classe médica aos excessos e desmandos cometidos pela gestão do PT pode ser medido pela baixa adesão de profissionais do setor ao programa Mais Médicos. O governo esperava atender uma demanda de 15.460 profissionais registrada pelos municípios, mas apenas 4.657 médicos se inscreveram, o que dá em torno de 30%.

A maior parte da categoria não se animou a encarar um regime de trabalho que não garante direitos trabalhistas, não assegura boas condições de atuação e ainda abre brecha para o exercício duvidoso da Medicina por médicos “importados” sabe-se lá com quais qualidades. Entidades médicas declararam guerra ao governo, enquanto profissionais e estudantes da área de saúde passaram a nutrir especial antipatia pela gestão Dilma, suspendendo atendimento em vários estados nos últimos dias.

Além da arbitrariedade, outra marca da atual administração é o improviso. Assim como o recuo no programa Mais Médico, todos os demais “pactos” propostos por Dilma em junho tiveram que ser posteriormente engavetados. O da Constituinte exclusiva para mudar pontos do sistema político não durou 24 horas, sorte não muito diferente do plebiscito com o mesmo objetivo, que só sobreviveu por duas semanas.

Dilma também não conseguiu fazer prosperar sua proposta que previa destinação de 100% dos royalties do petróleo para a educação. O texto foi alterado no Congresso e ainda suscita muita controvérsia pela falta de clareza sobre que emprego será dado aos bilhões que virão das novas reservas do país. O quarto pacto furado refere-se ao compromisso do governo federal com a responsabilidade fiscal. É tão risível que nem vale comentário…

Da mesma forma, até hoje não se sabe como se concretizará o anúncio, feito na mesma data, de destinação de R$ 50 bilhões para obras de mobilidade urbana. O governo não consegue dizer de onde virá o dinheiro. Uma das hipóteses talvez seja a possibilidade de permitir a estados e municípios que aumentem seu endividamento, divulgada hoje por O Estado de S.Paulo. Daí viria 70% do que o governo disse que investiria, mas que, pelo jeito, governadores e prefeitos terão que se virar para conseguir – e depois pagar.

Com suas idas e vindas, fazendo e depois desfazendo, o governo de Dilma Rousseff perde tempo precioso. Suas propostas acabam se mostrando infrutíferas e suas soluções, inviáveis. Quando o improviso evidencia-se, lança-se mão de arbitrariedades. Nem de um jeito nem do outro, porém, se encontram caminhos capazes de melhorar as condições de vida dos brasileiros e responder, efetivamente, aos problemas que se apresentam.

“A arte de desdizer”, por José Aníbal

Artigo do secretário de Energia de São Paulo, José Aníbal, publicado no Blog do Noblat

aed7c10cd049edba495e7339f8e4de8f5809898a3f14a42f0be20eacf715dca16a5c4A entrevista de Dilma Rousseff à jornalista Mônica Bergamo, publicada domingo na Folha de S.Paulo, segue gerando repercussão, principalmente no que diz respeito à sua ambígua declaração sobre o ex-presidente Lula. Segundo Dilma, Lula não vai voltar ao Planalto porque dali, na prática, nunca saiu.

Ao meu ver, a declaração não tem relevância. Dilma queria atestar sua simbiose com Lula, mas acabou por dar margem à ideia de tutela. O que mais chamou a atenção foi a presidente comparar seu desempenho no combate à inflação ao do ex-presidente Fernando Henrique. Confesso que reli o trecho diversas vezes.

Nos bastidores, comenta-se que esta será a aposta dos marqueteiros para 2014: embaralhar os números e os fatos. Será mesmo que o PT vai fazer da inflação seu cavalo de guerra contra o PSDB, na atual conjuntura, e justo quando o Plano Real faz 20 anos? Se assim for, a presidente, de fato, não tem bons conselheiros.

Não é de hoje que o discurso oficial sobre o passado prima pelo rancor e pela falta de perspectiva histórica. Entre nós, da escolha dos aliados às privatizações, passando, obviamente, pela conduta, não é de hoje que o PT cultiva a arte de desdizer. Sobre a inflação, especificamente, vale a pena refrescar a memória.

Em 2011, na ocasião dos 80 anos do ex-presidente tucano, Dilma divulgou mensagem em que o homenageava, entre outras qualidades, por ser o “ministro-arquiteto de um plano duradouro de saída da hiperinflação e o presidente que contribuiu decisivamente para a consolidação da estabilidade econômica”.

Dilma foi além: “acadêmico inovador”, “democrata” e “espírito jovem”, cujos ideais perduram até os dias atuais. “Esse espírito, no homem público, traduziu-se na crença do diálogo como força motriz da política e foi essencial para a consolidação da democracia brasileira em seus oito anos de mandato”.

Dilma — a da mensagem, e não a da entrevista à Folha — acerta quando faz conexão entre a conquista da estabilidade econômica e a consolidação da democracia. O primeiro governo eleito democraticamente após 21 anos de ditadura naufragou em crise institucional, hiperinflação, moratória e caos social.

Era o Brasil das chacinas da Candelária e de Vigário Geral, do massacre do Carandiru, dos cara-pintadas e, como nos lembrou a ONU, do Índice de Desenvolvimento Humano “muito baixo”. A dívida pública era impagável e o Estado, anacrônico e falido, tinha abandonado os serviços públicos e os programas sociais.

Se a melhor defesa é o ataque, que se dane a história. A verdade é que, aos poucos, a presidente Dilma Rousseff, muitas vezes criticada por não se dobrar ao partido, parece ter capitulado de vez ao velho discurso petista, agressivo e rançoso, segundo o qual o Brasil é uma terra de ineptos sem o PT no comando.

“Protagonistas da mudança”, por Danilo de Castro

Danilo de Castro é secretário de Estado de Governo de Minas Gerais

Danilo-de-Castro-2-300x200O senador Aécio Neves, em sua coluna semanal para o jornal Folha de S.Paulo, chamou atenção para as declarações do Papa Francisco, durante a sua visita ao Brasil, particularmente as direcionadas à juventude. O papa falou aos jovens, mas disse muito mais aos políticos. Os seus discursos são inspiradores para todos os homens públicos de nosso país e resume-se nesta frase: “o futuro exige de nós a tarefa de reabilitar a política, que é uma das formas mais altas da caridade”.

É preciso entender a política como de fato ela é: a forma mais legítima para transformar a vida das pessoas. Só assim a política tem sentido. E transformar, neste caso, significa melhorar, oferecer dignidade para viver, com acesso a todas as políticas públicas a que tenham direito. E para os jovens, como escreveu Aécio, é garantir-lhes mais segurança e educação.

Vida digna para todos é utopia? Ora, a utopia caminha ao lado da política. Antes de fazer é preciso sonhar e acreditar. Com a política podemos arregaçar as mangas e por em prática os nossos ideais. As realizações só acontecem depois de idealizadas. E somos nós, homens públicos ou não, jovens ou não, os protagonistas das mudanças, para o futuro que queremos para o mundo e para o Brasil.

“O futuro exige de nós uma visão humanista da economia e uma política que realize cada vez mais e melhor a participação das pessoas, evitando elitismos e erradicando a pobreza” – Papa Francisco

“Faça-se luz”, análise do Instituto Teotônio Vilela

Análise do Instituto Teotônio Vilela

Politica-intervencionista-do-governo-federal-afasta-investidores-para-energia-Foto-Divulgacao--300x200Energia barata é bom e todo mundo gosta. Mas a alegria de ter precinhos módicos nas contas de luz, que o governo petista transformou em uma de suas principais bandeiras políticas, durou pouco. É o que acontece quando decisões são tomadas visando exclusivamente resultados eleitoreiros. O pato, e a fatura, quem acaba pagando somos nós, os contribuintes.

Em setembro do ano passado, a presidente Dilma Rousseff ocupou cadeia de rádio e televisão para anunciar, com pompa, que as tarifas de energia baixariam, em média, 20% no país. Para uma nação acostumada a pagar caro pelo que consome e a ser muito mal servida pelo governo, parecia uma boa-nova e tanto. Pena que não durou quase nada.

A diminuição das tarifas de energia foi obtida na marra pela gestão petista, que impôs às concessionárias uma renovação quase forçada de seus contratos. À época, o governo garantiu que tinha dinheiro em caixa suficiente para garantir a baixa duradoura e assegurou aos consumidores que a redução era para valer. Tudo mentirinha.

Vê-se agora que a redução das tarifas de energia foi mero golpe publicitário e está com os dias contados. Segundo O Estado de S.Paulo, passados pouco mais de oito meses após a renovação dos contratos, “o governo federal não tem mais recursos em fundos setoriais para as indenizações que terá de pagar às empresas do setor elétrico”.

Sobraram despesas, inclusive para bancar a energia gerada pelas térmicas a fim de evitar apagões e para custear subsídios a programas como o Luz para Todos, e faltou dinheiro. Mais ainda, faltou planejamento e boa gestão. E quem vai pagar a conta da barbeiragem? O meu, o seu, o nosso dinheirinho…

“Com saldo insuficiente para essa despesa, caberá ao Tesouro Nacional e, em última instância, ao contribuinte, desembolsar pelo menos R$ 6,7 bilhões nos próximos quatro anos para reembolsar as companhias”, completa o Estadão. O governo do PT tentou manter tudo sob sigilo, na moita, longe dos olhos do público, mas não conseguiu.

É possível que o avanço sobre o bolso de contribuintes e consumidores aconteça mais rápido do que se imagina. Ontem, O Globo informou que, para honrar os pagamentos que o governo assumiu na renovação atabalhoada dos contratos de energia, as contas de luz podem subir 20% já em 2014. Ou seja, produziu-se uma cizânia dos diabos para as tarifas voltarem a ser como eram, não sem antes promover uma nefasta desorganização no setor elétrico.

Esta tamanha irresponsabilidade, obviamente, não será sem custo. Ao longo do conturbado processo, o governo da presidente Dilma – que se apresenta como especialista em energia – levou as empresas de energia à lona, implodiu pelo menos uma estatal, a Eletrobrás, e pôs sob risco o suprimento de um insumo básico para o desenvolvimento do país.

Desde o início de setembro do ano passado até ontem, as empresas de energia que têm ações listadas na Bovespa perderam, em média, 21,2% de seu valor de mercado, calculado a partir da variação do índice que acompanha o desempenho dos 16 principais papéis do setor, o IEE. Cabe a pergunta: em troca de quê?

Até o fim deste ano, a gestão da presidente Dilma também terá conseguido reduzir a zero um fundo que, até o início deste ano, tinha R$ 15,3 bilhões – a chamada Reserva Global de Reversão. Não se sabe como o rombo será coberto, mas sabe-se que o governo já cogitou todo tipo de artimanha, como a antecipação de recursos que Itaipu tem a receber pelos próximos dez anos, agora abandonada pelo Ministério da Fazenda.

Repetem-se no setor elétrico as mesmas características da gestão temerária que os petistas têm adotado no trato da coisa pública. É improviso para todos os lados, que ignora um preceito básico da economia: a restrição orçamentária, equivalente ao popular “o cobertor é curto”, pondo em risco a governança e a solvência do país. No caso da imprudente redução das tarifas de energia, a conclusão é cristalina: a gestão Dilma Rousseff produziu pouca luz e muita escuridão.

“IDHM: um país que avança”, análise do Instituto Teotônio Vilela

FHC-foto-Magdalena-Gutierrez-IFHC-300x200O Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) divulgado ontem mostra, felizmente, um país em evolução, que caminha para superar seu secular atraso. O indicador deixa claro que as duas últimas décadas foram prodigiosas. Mas é muito importante também porque implode uma falsa visão que os petistas tanto gostam de propagandear: a de que o Brasil foi descoberto em 1° de janeiro de 2003, com a posse de Lula.

Há muito que comemorar no levantamento publicado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud). Na média, o IDH dos municípios brasileiros subiu 47,5% desde 1991 até 2010, passando de 0,493 para 0,727. Com isso, deixou de ser considerado “muito baixo” para ser classificado como “alto”. Progredimos.

Duas décadas atrás, o Brasil tinha 86% de seus municípios com IDH “muito baixo”. Hoje apenas 0,6% ainda continuam nestas sofríveis condições, levando em consideração as dimensões renda, longevidade e educação. Melhor ainda, cerca de um terço das cidades do país já alcançaram status de “altamente desenvolvidas”.

Entre as três dimensões, os municípios brasileiros saem-se melhor em longevidade, com média de 0,816 e expansão de 23% em duas décadas. Educação mantém-se como a mais baixa (0,637), embora tenha sido a de maior progressão ao longo destes últimos 20 anos: evoluiu 128%. O avanço dos rendimentos foi o menor (14%) do período, levando o indicador específico desta dimensão para 0,739.

O levantamento do Pnud permite analisar a evolução dos municípios brasileiros dividindo-a em duas fases: de 1991 a 2000, período que praticamente coincide com o governo de Fernando Henrique Cardoso, e 2001 a 2010, dominada predominantemente pela gestão de Luiz Inácio Lula da Silva. Em quase tudo, o desempenho no primeiro decênio supera o do segundo.

Na média, o IDHM geral saltou 24% de 1991 a 2000 e, no período seguinte, melhorou mais 19%. Na educação, a diferença é cavalar: na primeira metade das duas últimas décadas, ou seja, na fase predominantemente tucana, o avanço obtido pelo país foi de 63%, percentual que caiu para 40% no decênio seguinte.

Os avanços na renda praticamente se equivalem nos dois períodos: 6,9% entre 1991 e 2000 e 6,8% de 2000 a 2010. Apenas a progressão no indicador específico para longevidade foi mais elevada, ainda que levemente, nos anos que coincidem majoritariamente com os da gestão petista: aumento de 12% no período mais recente, ante 10% no decênio inicial.

Ficar fazendo comparações pretéritas é como ficar olhando para o retrovisor sem ver se o carro ruma para espatifar-se contra o muro. Mas este é o esporte preferido dos petistas, como fez, novamente, a presidente Dilma Rousseff na entrevista que deu à Folha de S.Paulo publicada no domingo. É algo tão descabido que equivaleria a ver Fernando Henrique cotejando-se a João Baptista Figueiredo lá na metade inicial de seu governo…

Em lugar de ficar contemplando o passado, o importante é mirar no que o Brasil realmente precisa investir para construir seu futuro. E o que o Pnud, mais uma vez, deixa evidente com o IDHM é que nosso grande gargalo é a educação: entre nossos jovens de 15 a 17 anos, apenas 57% completaram o ensino fundamental e, entre 18 e 20, só 41% concluíram o médio.

Conseguimos pôr praticamente todas as crianças brasileiras na escola – hoje 91% delas estão nas salas de aula – mas não lhes oferecemos educação de qualidade. Basta ver quais são os municípios mais desenvolvidos do país – a paulista São Caetano do Sul continua liderando o ranking nacional – para se constatar que a chave do sucesso é a aprendizagem bem feita.

“Os dados revelam uma defasagem no caminho seguido por quem está na escola. É como se o estudante desistisse ano a ano. Especialistas em educação sabem que escola boa segura o aluno, mas escola ruim o expulsa”, analisa a Folha. Para complicar, as diferenças regionais são ainda mais evidentes nesta dimensão: localidades do Norte e do Nordeste saem-se bem pior que o resto do país.

Um último aspecto a considerar é a limitada influência do quesito renda na melhoria da qualidade de vida dos brasileiros. A queda na mortalidade infantil – que influencia a dimensão longevidade – pesou muito mais na expansão verificada nos últimos 20 anos do que, por exemplo, a universalização de programas como o Bolsa Família.

A pesquisa do Pnud é riquíssima para apontar quais caminhos o país precisa seguir para alcançar condições de desenvolvimento realmente mais dignas. E serve, também, para mostrar quem mais fez pela melhoria da qualidade de vida dos brasileiros nos últimos 20 anos. Se é para comparar, a vitória é dos tucanos.

“As verdades, as mentiras e as meia-verdades de Dilma Rousseff”, por Alberto Goldman

Alberto-Goldman-Foto-George-Gianni-PSDB--300x199“Propus cinco pactos. Eu tenho um sexto: é o pacto com a verdade”, disse Dilma na entrevista à jornalista Mônica Bergamo na Folha.

Vou aceitar esse jogo da verdade. Vamos lá às verdades:

“Lula e eu somos indissociáveis…o Lula não vai voltar porque ele não foi”. De fato, Dilma é criatura de Lula, o autor e personagem principal. A maioria da população brasileira pensou que estava elegendo uma mulher de personalidade própria. Enganou-se. É o Lula que exerce seu terceiro mandato e agora quer o quarto.

“Quando a gente, nesses dez anos (de governo do PT) cria condições para milhões de brasileiros ascenderem, eles (o povo) vão exigir mais. Essa aceleração (da inclusão) não se deu na qualidade dos serviços públicos”. Milhões também não ascenderam antes de Lula? E quanto à má qualidade dos serviços, todos dizíamos isso, só ela não sabia?

“Nós não somos uma ilha…você não está com aquele vento a favor que estava, não”. Se isso é verdade, e é, porque creditou tudo de bom que houve nesses últimos anos à competência de seus governos? Quando tudo eram flores, foi o governo que fez, agora que são espinhos a culpa é da situação internacional.

“O gigante despertou”. É verdade, despertou. Não adianta mais enrolar.

Vamos agora às mentiras:

“Não estou cogitando isso (enxugamento de ministérios)…vão querer cortar os de direitos humanos, igualdade racial, política para as mulheres…não acho que reduza custos”. Não só se reduziriam custos mas, o mais importante, poderia dar mais eficiência e eficácia à gestão governamental. Por exemplo, o Ministério da Justiça teria uma visão mais abrangente para fazer justiça sem discriminações, o Ministério dos Transportes integraria melhor toda a logística de transportes aglutinando transportes terrestres, hidroviários, os aeroportos e os portos.

“Tudo o que sobe desce, e tudo o que desce sobe”. Não é não! Nas pesquisas, as quais ela se refere, descer é fácil, subir é difícil. Desfeita a credibilidade pelo fato do povo se dar conta da realidade, reconstruí-la é, via de regra, impossível.

“Uma coisa é certa: eu, com médico, me viro. Sem médico, eu não me viro”, se referindo ao programa Mais Médicos. Não se vira, não! Só médico para tratar, sem os instrumentos necessários para trabalhar, não se cuida da saúde da população. O médico, só, não se vira.

“A dívida bruta (do país) está caindo…nunca foi tão baixa”. A dívida bruta está, hoje, em seu ponto mais alto: 60% do PIB. Caiu até 2010 e, a partir daí, vem subindo sistematicamente.

“A inflação é cadente…o tomate está custando 4,50 o kilo”. Não é, já faz tempo, a inflação vem subindo e atingiu mais de 6,5% ao ano, e o tomate, antes da subida, custava muito menos.

Vamos agora às meia-verdades:

“Sabe em quantos anos o Fernando Henrique não cumpriu a meta”? É verdade, em alguns anos do período de FHC a meta não foi cumprida. Mas ele foi o responsável pelo plano real que derrubou a inflação galopante em que o país vivia e permitiu que nos anos seguintes, inclusive no governo Lula, ela pudesse ser controlada. Por que negar esse fato?

“Temos que aumentar a taxa de investimento no Brasil…tanto que tomamos as medidas fundamentais para que isso ocorra. Reduzimos os juros”. Tomaram, sim, lá atrás, depois de manterem por anos juros estratosféricos. Agora estão aumentando, a cada reunião do BC.

“Quero falar do futuro…de agosto até o início do ano que vem, faremos concessões, rodovias, ferrovias….para a ampliação dos investimentos e melhorar a competitividade da economia”. Só agora? Depois de mais de dez anos de estripulias? Isso já ouvimos muitas vezes.

Assim é a Dilma. E assim é o Lula.

“Em boa hora”, artigo de Aécio Neves na Folha de S. Paulo

Aecio-Neves-Foto-George-Gianni-PSDB-10-300x200Em sua breve e já inesquecível visita, o papa Francisco legou aos brasileiros exemplos revigorantes e uma oportuna mensagem de otimismo, tão necessária neste ano de tantas dificuldades. “Sejamos luzeiros de esperança! Tenhamos uma visão positiva sobre a realidade”, foi sua exortação no Santuário de Nossa Senhora Aparecida.

Quem o viu pela televisão ou ao vivo nos lugares onde esteve pôde obter a personificação de um novo sentido de liderança, marcado por posições reformadoras emblemáticas e grandes simbolismos, nesta hora em que tantos questionamentos recaem sobre aqueles que têm a responsabilidade de dirigir instituições: dispensou protocolos de chefe de Estado, desfilou pelas avenidas em carro simples e com as janelas abertas e impediu as ostentações e os exageros de praxe, buscando mais sinergia com os fiéis, postura que adotou desde o primeiro momento em que foi escolhido como sucessor de Bento 16.

Se a juventude esteve no centro de suas mensagens, foi enfático ao advertir que a sociedade deve assegurar a ela as condições “materiais e imateriais” para o seu desenvolvimento, oferecendo fundamentos sólidos sobre os quais se deve construir a vida. Garantir-lhe segurança e educação. Transmitir-lhe valores duradouros, como espiritualidade, solidariedade, perseverança, fraternidade e alegria.

Para quem tem filho ou filha na juventude, como é o meu caso, as palavras alentadoras de Francisco fizeram todo o sentido. “Bote esperança e os seus dias serão iluminados”, ele sugeriu aos jovens, em um de seus discursos. Vale, aliás, para jovens de qualquer idade.

Houve oportunidade também para que ele demarcasse como enxerga a questão social nos dias de hoje. Quando eleito, meses atrás, o argentino Jorge Mario Bergoglio escolheu seu nome como papa em homenagem a são Francisco de Assis, indicando a ênfase que colocaria na defesa dos mais carentes.

Na comunidade pobre da Varginha, no Rio de Janeiro, o papa fez o apelo para que ninguém permaneça insensível às desigualdades e possa contribuir para acabar com as injustiças: “A medida da grandeza de uma sociedade é dada pelo modo como esta trata os mais necessitados”.

O papa Francisco mostrou-se bem sintonizado com as manifestações de junho no Brasil. Entre a “indiferença egoísta” e o “protesto violento”, termos usados por ele, pregou a alternativa do diálogo e defendeu o respeito aos princípios éticos. “O futuro exige de nós uma visão humanista da economia e uma política que realize cada vez mais e melhor a participação das pessoas, evitando elitismos e erradicando a pobreza”, disse. Esse permanece sendo o objetivo em torno do qual todos devemos nos unir.

Deputado João Leite critica nota de Dilma sobre título do Atlético-MG

Deputado João Leite critica nota de Dilma sobre título do Atlético-MG

joao-leite-foto-Guilherme-Dardanhan-ALMG-300x207Minas foi surpreendida com nota distribuída pela presidente DILMA CALADA EM RELAÇÃO AOS INTERESSES DE MINAS na qual, de forma oportunista, tenta se beneficiar politicamente da vitória do Atlético na Libertadores.

Onde estava a presidente quando os atleticanos e mineiros precisaram dela? Enquanto, ela liberou quase R$ 1 bilhão para o estádio do Corinthians, além de mais R$ 40 milhões de patrocínio para a camisa daquele clube, ela simplesmente virou as costas para o Atlético e para Minas e não honrou o compromisso que havia sido assumido pelo governo federal com o Independência.

O estádio acabou sendo construído exclusivamente pelo esforço do Governo de Minas, do governador Aécio Neves e do governador Antonio Anastasia.

No momento em que o Atlético conquista o maior título da sua história, fruto do apoio de sua apaixonada torcida, de sua diretoria, de um time de futebol composto de atletas vitoriosos guerreiros, a distante presidente Dilma calada permanece sobre os interesses de Minas e tenta faturar com o título do Atlético.

Mas Minas sabe quem tem compromisso com os montanheses. E não nos esquecemos que fomos abandonados pelo governo federal no momento em que o Galo mais precisava dele.

“Necessário, porém confuso e polêmico”, por Ruben Figueiró

Ruben-figueiro-foto-Divulgacao1-300x208É consenso. Em briga de marido e mulher não se mete a colher. Também não se deve ser radical em questões polêmicas como essa do “Programa Mais Médicos”, em que se engalfinham de maneira apaixonada o governo federal, de um lado, e as organizações médicas, de outro. Creio, que ambos somam prós e contras.

Do lado do governo, a responsabilidade de equacionar a extensão da saúde nas periferias das cidades aos grotões mais distantes. Do lado das entidades médicas, o dever de alertar que a assistência à saúde não depende exclusivamente dos profissionais, mas também da infraestrutura adequada ao exercício da profissão.

Sou simpático ao programa governamental Mais Médicos, mas faço uma crítica à Medida Provisória encaminhada ao Congresso. Extensa, confusa e polêmica, ela misturou os assuntos específicos à educação com a coordenação das atividades dos médicos integrantes do programa. Uma prova concreta de que a MP 621/13 é confusa é a quantidade de emendas apresentadas a ela: 547!
Sinceramente preferiria que o texto se fixasse apenas na regulação do trabalho dos médicos nas regiões carentes de profissionais. Aquelas que se referem ao ensino universitário, extensão do curso, residência e outras medidas de aperfeiçoamento e especialização deveriam encastelar-se em outra MP.

Transcrevo aqui parte da opinião do Dr. Paulo Gehm Hoff, médico oncologista de renome internacional, professor da USP, diretor Instituto do Câncer de São Paulo e chefe do Departamento de Oncologia do Hospital Sírio Libanês, na qual ele diz: “Surpreendentemente, agora a culpa pelos problemas da saúde recai toda sobre os médicos, como se a sua simples presença solucionasse todas as carências do setor. A decisão de aumentar o curso de Medicina em dois anos, não para melhorar a formação do médico, mas para obrigá-lo a atender ao SUS compulsoriamente é uma medida de apelo popular, mas com resultados questionáveis. Vivemos em um país democrático, onde as pessoas podem e devem escolher seus caminhos. O governo poderia atingir o mesmo resultado com medidas muito mais democráticas. Por exemplo, poderiam ser criados programas de residência voltados para o atendimento básico, associado a um plano de carreira competitivo”.

Com base nesta sugestão, decidi apresentar emenda à MP criando o curso facultativo de residência médica na área de atendimento básico. Dessa forma, o estudante de medicina poderia se capacitar para realizar o atendimento ambulatorial no SUS e ter um diferencial salarial, com o objetivo de incentivá-lo a optar por esta especialização. Assim, imagino, os que realmente têm vocação para tal poderiam prestar um excelente serviço à população que tanto necessita, por opção própria, livres do cunho autoritário da medida.

Sinceramente desejo que o Programa Mais Médicos realmente represente um marco regulatório de uma política de saúde que consagre o direito constitucional de acesso à saúde e estarei atento durante a discussão da medida no Senado.

Ruben Figueiró é senador da República pelo PSDB-MS