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“Dilma desce do futuro e embarca no passado”, análise do ITV

ABr27022013DSC_5868Nunca antes na história uma presidente da República foi tão rejeitada pelos brasileiros. A aversão ao governo de Dilma Rousseff tornou-se ampla, geral e irrestrita. Alcança todos os extratos sociais, todas as idades, todas as regiões do país e todas as áreas de atuação. É mais que rejeição ou aversão: é repulsa ao engodo que ela representa.

Segundo pesquisa CNI/Ibope divulgada ontem, 68% dos brasileiros consideram o governo Dilma péssimo ou ruim. É a pior avaliação negativa da série histórica do instituto, inaugurada em março de 1986, no governo de José Sarney. Ou seja, em mais de 29 anos.

Além disso, 83% desaprovam a maneira de a petista governar e 78% não confiam nela. Todos os indicadores pioraram em relação à pesquisa anterior, feita em março. Na ponta oposta, a avaliação positiva da presidente caiu abaixo de um dígito: agora apenas 9% a aprovam. Como Dilma pode continuar presidindo o país numa situação assim?

A repulsa a Dilma só encontra comparação com a ojeriza que a população brasileira nutria por Sarney, que chegou a 7% de aprovação e 64% de desaprovação, em julho de 1989. Mas há duas diferenças abissais: o ex-presidente só atingiu a ribanceira onde Dilma está quando terminava seus cinco anos de governo, após seguidos fracassos econômicos e sociais. E, diferentemente da petista, ele não fora eleito.

Por segmento, as piores avaliações de Dilma ocorrem entre os mais jovens (16 e 24 anos) e nas periferias dos grandes centros, entre os quais ela só obtém 6% de aprovação. Reflexo, provavelmente, do aumento do desemprego, que nesta faixa etária saltou de 10% para 16% desde dezembro. E, também, em razão da porta que a gestão petista bateu na cara dos interessados em estudar com os agora desfigurados Fies, Prouni e Pronatec.

Em todas as áreas de atuação, o governo de Dilma é fartamente rejeitado, sempre num patamar superior a 60%. Em temas como taxa de juros, impostos, combate à inflação e ao desemprego, a ojeriza é quase absoluta, próximo ou acima de 90%. Parece tão ruim que é difícil acreditar que pode piorar. Mas pode.

O fundo do poço ainda não chegou, como anteveem analistas mais gabaritados. O desemprego ainda vai subir mais, beirando os 10%. A atividade econômica ainda vai desacelerar mais, fechando o ano na pior recessão desde o governo Collor. O nível de confiança de consumidores e empresários não dá sinais de que irá reagir.

Ontem nos EUA, Dilma, alheia, passeou num veículo sem motorista. Depois de sair do automóvel, disse: “Acabei de descer do futuro”. O veículo do Google tem tecnologia de ponta que o livra de colisões. Não é o caso do Brasil da presidente: desgovernado, o país ruma contra o muro ou a caminho do precipício. Tem gente precisando, urgentemente, tomar um carro e ir embora de vez, apeada do presente. Ao passado, mostrou a pesquisa da CNI/Ibope, Dilma Rousseff já chegou.

“Trocando as bolas”, análise do ITV

unnamed (17)A primeira, e natural, reação é achar que Dilma Rousseff não está bem da bola. Suas proverbiais falas desconexas estão se tornando mais frequentes, reflexo de um desgoverno que se afunda em crise política, recessão econômica e seriíssimas acusações de corrupção. Mas a atitude da petista é pior: Dilma ataca para não se ver atacada, acusa quando é acusada, tenta transformar-se de suspeita em vítima.

Na semana passada, foi a mandioca e a “mulher sapiens”. Agora é a investida contra o principal delator da Operação Lava Jato, o empreiteiro Ricardo Pessoa. Dilma usa a velha tática petista de buscar igualar todos na lama, tenta comparar o incomparável. Na sua lógica torta, um colaborador da Justiça vira traidor. É típico de organizações criminosas.

Dilma vai mais fundo na maionese ao também nivelar instituições da República envolvidas na investigação da Lava Jato – Justiça, Ministério Público, Polícia Federal – com aparelhos da repressão que agiam à sombra do regime militar. É grave: revela o desapreço de uma presidente da República por valores e princípios republicanos.

Não é ela, na condição de suspeita de ter sido reeleita financiada por dinheiro sujo da corrupção, que tem que “respeitar delator”. Dilma é, neste momento, alvo de investigação, não bedel da Justiça. Ao voltar a tentar envergar o figurino da “Coração Valente” que lutou contra a ditadura, a petista posiciona-se agora como cúmplice de bandidos.

Na entrevista de ontem em Nova York, Dilma também faltou com a verdade. Ela sustenta nunca ter recebido Ricardo Pessoa. Pode até ser que ele não tenha subido ao gabinete dela no Planalto, mas a presidente e o delator já estiveram bem juntinhos.

Foi em 13 de julho de 2012, quando a petista dividiu com o presidente da UTC o palanque da cerimônia de batismo da plataforma P-59, realizada em Maragojipe (BA). Na foto oficial, os dois aparecem bem pertinho um do outro, pouco antes de Dilma citar Pessoa no discurso.

Em outro descontraído momento registrado pelo fotógrafo da Presidência da República, Dilma e Pessoa quebram a tampa de um barril de saquê e brindam “para trazer bons resultados ao novo empreendimento”, como registra o site da UTC. Blogs financiados pelo governo comemoraram a “associação ao capital privado nacional e estrangeiro”. Deu no que deu.

Em sua primeira manifestação pública sobre a delação de Ricardo Pessoa, Dilma aproximou-se do limite da delinquência. O que ela tem de esclarecer agora é a suspeita – plena de provas, como atesta o fato de a colaboração ter sido homologada por um ministro do Supremo – de que sua campanha foi bancada com dinheiro desviado de estatais.

Fazer discursos estapafúrdios é típico da atual presidente da República. Mas a sua manifesta incapacidade de comunicação não pode servir de salvo-conduto para que Dilma Rousseff tente constranger a Justiça, travar investigações, inverter o ônus da prova e nivelar a todos num padrão de baixeza que os brasileiros não suportam mais.

“Organização criminosa”, análise do ITV

lula-e-dilma-foto-ebcDinheiro sujo irrigou as campanhas de Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff. Dinheiro da corrupção financia o partido da atual e do ex-presidente da República. Para os petistas, era tudo “pixuleco”. Para os brasileiros, é a prova (mais uma) de um crime que precisa ser exemplarmente punido.

As gravíssimas revelações vieram a público em reportagens da revista Veja e do jornal O Estado de S. Paulo neste fim de semana. São parte da delação premiada feita por Ricardo Pessoa, engenheiro da construtora UTC e tido como “chefão” do grupo de empreiteiras que movimentou bilhões em propina surrupiados de estatais, em especial a Petrobras.

As campanhas petistas teriam sido financiadas com dinheiro de caixa dois desviado de contratos mantidos por grandes empreiteiras com nossas estatais. Para a de Lula, foram R$ 2,4 milhões; para Dilma, R$ 7,5 milhões. No total, veio muito mais, irrigando cofres petistas pelo país afora, não apenas em épocas eleitorais, mas de forma contínua.

As revelações de Pessoa eram aguardadas há tempo. No início do ano, ele fez chegar à imprensa que o ministro da Comunicação e tesoureiro da campanha de Dilma, Edinho Silva, estava “preocupadíssimo” com o que o empreiteiro tinha a revelar. Silva é um dos ministros palacianos diretamente envolvidos no escândalo da hora – o outro é Aloizio Mercadante (Casa Civil), de alopradas transações no passado.

A única reação do partido da boquinha até agora foi dizer, mais uma vez, que fez o que todo mundo faz, na tentativa de pôr no mesmo saco quem tem o controle do caixa bilionário das estatais e quem não passa nem na calçada delas. O PT também fez saber que tentará enquadrar o ministro da Justiça, talvez pensando, quem sabe, em mandar prender a Polícia Federal.

O que Pessoa relatou não conflita em nada com tudo o que vem sendo descoberto pela Operação Lava Jato desde março do ano passado. As peças formam um quebra-cabeça coerente, articulado e planejado. Colam-se com perfeição com outras revelações já feitas por outros investigados. Também por isso, o STF homologou a delação de Pessoa.

Desde que ascendeu ao poder, o PT adotou a corrupção como política de governo e como método de gestão. Começou com a compra de apoio parlamentar por meio do mensalão e foi ganhando tentáculos que transformaram o aparato estatal num imenso balcão de negócios. O petrolão é a forma mais sofisticada de assalto ao Estado já vista.

A Justiça Eleitoral já investiga o caso e ouvirá Pessoa. Se ficar comprovado que dinheiro desviado da Petrobras e de outras estatais financiou Dilma, assim como fez com Lula, estará caracterizada fraude e aberto o caminho para a impugnação da chapa vencedora.

Uma coisa é claríssima: o país tem sido governado, ao longo destes últimos anos, não por um partido, não por mandatários legitimamente eleitos, mas por uma verdadeira organização criminosa.

“Coisa? Que coisa?”, por Antonio Anastasia

Anastasia Foto Divulgacao Assembleia MG“A câmera do circuito interno de um prédio fez um flagrante de maus-tratos contra um cachorro. O homem entra no elevador e o joga em um canto. O agressor bate no animal com um calçado”. Essa é parte de uma matéria veiculada na internet durante esta semana. Junto com ela, seguia vídeo em que mostrava a crueldade do rapaz com o animal. Trata-se apenas de uma entre tantas reportagens que, infelizmente, ainda assistimos no dia a dia.

Alguns consideram a cena um crime, que deveria ser punido tal qual fosse feito com um ser humano. Para outros, é uma cena natural, que sequer deveria ganhar espaço no noticiário.

Maus tratos do tipo ocorrem não somente em relação a cachorros, mas a animais no geral. Acompanhado da violência física, muitas vezes vem a falta de alimentação e abrigo adequados, trabalho excessivo, exposição a situações de pânico ou estresse, abandono.

Não são poucas as pessoas que tratam animais como coisas, elementos descartáveis, brinquedo. Ignoram que os animais sentem dor, frio, que tem necessidades. E a lei hoje também assim os trata.

Países com uma legislação mais evoluída, já colocaram a questão na pauta de discussão de seus Parlamentos e aprovaram leis que definem com mais clareza a forma jurídica como os animais devem ser tratados.

Observando esses exemplos, vindos principalmente da Suíça, da Alemanha, da Áustria, e da França, apresentei recentemente ao Senado Federal, uma lei que acrescenta um parágrafo ao Código Civil: “os animais não serão considerados coisas”. Em um primeiro momento, quem analisa a proposta, pode avaliar o fato como singelo, indigno de atenção para se tornar uma lei. Não é.

No Código Civil Brasileiro, “coisa” está diretamente relacionada à ideia, exclusivamente, de utilidade patrimonial. Ao assegurar que os animais assim não serão tratados, começamos a abrir uma série de possibilidades novas para garantir a eles mais direitos, vedando o descuido, o abuso, o abandono…

Em poucos dias desde a apresentação do projeto, que ainda está no início da sua tramitação, tive a alegria de receber diversas manifestações de apoio à iniciativa, que me animou ainda mais. É certo, tenho consciência disso, que diversas manifestações contrárias também virão no decurso da discussão do projeto, que também deverá ser analisado pela Câmara dos Deputados.

Muitos questionam, por exemplo, em um pensamento que considero excessivamente egoísta, que o ser humano possui diversos problemas no Brasil e que, por isso, a questão animal não teria relevância. Acredito, no entanto, que debater e legislar sobre determinada causa, não exclui preocupar-se também com a outra, como também temos feito.

Proteger os animais é estimular uma sociedade de paz e tolerância. Significa, portanto, cuidar também dos humanos.

Senador (PSDB/MG) e ex-governador de Minas Gerais.

Artigo publicado no Jornal Hoje em Dia (28/06/2015).

 

“Propaganda enganosa”, por Aécio Neves

Aecio Neves Foto George Gianni 1O desapreço do governo petista pelos limites fixados pela lei, ou recomendados pelo bom senso, já é conhecido dos brasileiros. Começa pelas pedaladas fiscais, passa por mentiras eleitorais e chega à corrupção generalizada.

Agora, temos mais uma demonstração de como, sem constrangimento, o governo financia com recursos públicos a divulgação de mentiras.

Presidente nacional do PSDB. Artigo publicado no jornal Folha de S.Paulo, em 29/06/2015.

Leia aqui o artigo na íntegra

“O ano do desemprego”, análise do Instituto Teotônio Vilela

05072012carteiradetrabalho018 (1)Infelizmente tornou-se tão rotineiro que os jornais já nem dão mais destaque à notícia: o desemprego voltou a subir no país e a renda do trabalhador brasileiro simplesmente despencou mais uma vez em maio. É a chaga mais dolorosa da crise econômica que piora a cada mês.

O IBGE revelou ontem que a renda média caiu 5% no mês passado em relação a maio de 2014. É a maior queda desde janeiro de 2004, depois de o indicador já ter diminuído 3% em cada um dos dois meses anteriores. Na média, a remuneração do trabalhador brasileiro é hoje a mais baixa dos últimos três anos.

Todos os setores de atividade, todas as modalidades de ocupação sofreram perdas, tanto em termos de baixa nas remunerações quanto de aumento do desemprego. Passou a valer a máxima: feliz de quem ainda continua trabalhando. Mesmo para estes, porém, sobram dias e falta salário no bolso no fim do mês.

A taxa de desemprego foi a 6,7% em maio, na quinta alta mensal consecutiva. Um ano antes estava em 4,9%. A estimativa de analistas é de que atinja 9% até dezembro, colocando definitivamente o Brasil no grupo de países com índice de desemprego alto.

Entre os jovens, a situação já está bastante pior. A taxa de desocupação para aqueles com idade entre 18 e 24 anos alcança agora 16,4%, com alta de mais de quatro pontos em relação a um ano antes. Em metrópoles como Salvador, chega a 26%.

Na semana passada, o Caged já havia mostrado um retrato sombrio do mercado de trabalho, com destruição de vagas de emprego em todos os setores da economia – a única exceção foi a agropecuária. As piores situações são a da indústria e a da construção, com 652 mil vagas eliminadas nos últimos 12 meses.

Outra pesquisa do IBGE, a Pnad Contínua, revela, a partir de um universo mais abrangente, que o exército de desempregados aumentou em quase 1 milhão de pessoas nos últimos 12 meses. Segundo este indicador, a taxa de desemprego já está em 8% no trimestre entre fevereiro e abril.

Até as últimas eleições, Dilma Rousseff e o PT não se cansavam de alardear que o Brasil tinha “uma das mais baixas taxas de desemprego do mundo”. Apenas um ano atrás, quando lançou uma campanha pelo trabalho decente na Copa, a presidente afirmava: “O desemprego era uma ameaça sempre presente. Felizmente, o Brasil virou esta página da história”.

Infelizmente, não era verdade. Este e o próximo ano deverão ser marcados por uma verdadeira sangria no mercado de trabalho, um dos traços mais visíveis, e certamente o mais aflitivo, do arrocho recessivo que o mesmo PT que metia aos brasileiros hoje promove sem pudor.

“O Brasil que revolta”, por Alberto Goldman

Artigo do vice-presidente do PSDB, Alberto Goldman

Alberto Goldman Foto George Gianni PSDB“O Ministério Público Federal em São Paulo denunciou ontem à Justiça sete ex-agentes e ex-funcionários do Destacamento de Operações de Informações (DOI) do II Exército, na capital paulista, pela morte do metalúrgico Manoel Fiel Filho em 1976. Ligado na época ao Partido Comunista Brasileiro (PCB) ele foi detido e torturado nas dependências da polícia política do regime militar poucos meses após o jornalista Vladimir Herzog ter sido morto no mesmo local.”

Esta matéria foi publicada no Estadão no dia de ontem. 39 anos depois do assassinato. Cerca de 30 anos após a saída do último presidente/general da ditadura e de 27 anos após a promulgação da atual Constituição Federal.

O “crime” cometido por Manoel Fiel Filho foi distribuir o “Voz Operário”, jornal oficial do PCB, partido que vivia na clandestinidade e se opunha à ditadura, mas rejeitava qualquer forma de luta armada ou de ações terroristas.

Eu era, na época, deputado estadual pelo MDB, e líder do partido na Assembleia Legislativa. Chegamos a fazer a denúncia do crime, pessoalmente, poucos dias depois, ao então presidente Geisel, em um evento no Palácio dos Bandeirantes quando o governador era Paulo Egídio Martins.

Parece piada, mas é triste. Décadas depois dos acontecimentos, décadas depois da redemocratização, décadas depois da “Constituição cidadã”, só agora o MP faz a denúncia e pede à Justiça o início do processo contra os agentes públicos.

Como alguém pode compreender que as nossas instituições possam funcionar dessa forma? Não é a toa que existe absoluta descrença do nosso povo a respeito das leis, dos políticos em geral e de nossa Justiça.

Dá vontade de explodir tudo e começar tudo de novo. Me deem o direito a esse sentimento de revolta.

“O vício da mediocridade”, por José Serra

serraOs tropeços do  modelo de ajuste econômico implantado pelo governo Dilma não surpreendem. Trata-se  de uma frustração anunciada.  Como  eu   disse no Senado no início de março, vaticinando o que viria a acontecer,    estamos diante de um oximoro perfeito: um ajuste desajustado. Os principais objetivos –   promover o equilibrio fiscal, deter a inflação e melhorar as expectativas dos agentes econômicos – não só não foram atingidos como ficaram mais distantes.

O comportamento da inflação derrubou as projeções  e  ela  chegará  perto dos 10% ao longo do ano. Isso era previsível, dado o tamanho dos reajustes dos preços administrados – energia, combustíveis e   transporte – além da resiliente  indexação da economia.

As metas fiscais eram irrealistas e o déficit primário aumentou de 0,6%      a 0,8% do PIB (12 meses) entre dezembro e abril. O déficit nominal  cresceu de 6,2% a 7,5%% do PIB  no mesmo período.   Isso também era previsível, graças, de um lado,    à queda das receitas do governo (perto de 5% real), derivada da recessão, e, do outro, à  aloprada política de juros.

Desde que Dilma se reelegeu, o reajuste acumulado   da  taxa  de juros (SELIC) chegou a 2,75 pontos percentuais. Os aumentos prosseguiram  apesar de  a economia continuar desabando, de não haver pressão de demanda e de a diferença das taxas brasileiras com as do exterior serem imensas (cerca de 0% nos EUA e na Europa). São aumentos fúteis, mas  que,  além de derrubarem os investimentos e a atividade econômica, levando junto empregos e arrecadação,   entram na veia do deficit público:  o custo anualizado  para o Tesouro da elevação dos juros é da ordem de R$ 38 bilhões!

O ônus social e político do ajuste desajustado para o governo Dilma ainda está por se manifestar  plenamente. O desemprego, que saltou de 4,9 para 6,4% entre abril do ano passado e abril deste ano, caminha para 9% até dezembro, segundo projeção do professor J.R.Mendonça de Barros, que estima a queda do PIB de 1,5 a 2% em 2015 e crescimento zero em 2016. Alguém duvida que, como consequência,  a crise política se agravará ainda mais no segundo semestre?

Aliás, se há um terreno onde  o desempenho do governo deixa   a desejar é precisamente o das expectativas, que, no mundo econômico de hoje, funcionam cada vez mais como profecias que se auto-realizam.  A sinalização de caminhos   –  frentes de expansão capazes de puxar a economia –  é essencial para que políticas de ajustes  funcionem melhor. Mas isso é tudo o que o governo não faz. Sem esforço, podemos identificar três frentes possíveis e necessárias: exportações,  infraestrutura e petróleo.

No comércio exterior continuamos  galhardamente aprisionados na Papuda   da União Alfandegária do MercoSul, segundo a qual renunciamos à nossa soberania comercial:  qualquer acordo de livre comércio   com outro país precisa ser aprovado pelos sócios: Argentina, Uruguai, Paraguai e,agora,  Venezuela.

Quanto à Infraestrutura – portos, aeroportos, ferrovias, estradas, hidrovias, energia, que turbinam o custo-Brasil –    tardiamente anunciou-se um plano, dificultado pelos juros elevados,  que afastam parceiros privados,  e  pelos cortes de 36% dos   investimentos federais.. E, para culminar, o toque cucaracha:  o novo anúncio substituiu a alucinação do Trem-bala Rio-SP pela Ferrovia Transperuana, que, supostamente, abriria o caminho do Pacífico para a economia brasileira. Só que sai mais barato exportar a soja  do Brasil Central para a China  via porto  Santos ou Paranaguá do que pela nova ferrovia do Pacífico: 46 dólares a menos por tonelada, segundo Blairo Maggi, meu colega do Senado, ex-governador de Mato Grosso e  grande produtor de soja. Mas projeto-miragem não é inofensivo:  ao contrário, a brincadeira contribui  para tirar a seriedade do anúncio e a credibilidade do governo.

No setor do petróleo, tudo ia bem até o acesso de megalomania que acometeu os  governos petistas em relação à empresa, com  os imensos e desastrosos  investimentos em refinarias (prejuízos de R$80 bilhões),   o loteamento político de cargos estratégicos,   e o arrocho dos preços dos combustíveis (prejuízos de R$60 bilhões) – estratégia oportunista para segurar a inflação. Assim  a dívida líquida da Petrobrás chegou a  R$330 bilhões, equivalentes a 5 vezes   a geração de caixa operacional da empresa. Tanto é assim a atual diretoria da estatal programou  a venda de ativos da ordem de 14 bilhões de dólares!

Em 2010, e como estratégia da eleição presidencial, o regime de concessão para a exploração   do pré-sal foi substituído pelo de partilha, Estabeleceu-se  que a Petrobrás deveria ser o operador único de cada área licitada e financiar pelo menos 30% do investimento necessário. Entre as discussões e definições sobre a mudança de método,   e as dificuldades da Petrobrás para cumprir a nova obrigação  , o Brasil ficou cinco anos sem  leilões (2008-2013), levando a uma semi-estagnação da indústria petrolífera.

Por isso mesmo,   apresentei no Senado projeto que   retira a obrigatoriedade de a Petrobrás ser   a operadora única do pré-sal e de bancar 30% dos custos dos investimentos. Hoje, ela não tem dinheiro nem  capacidade para cumprir esse papel. Garanto que os dirigentes mais responsáveis da empresa apoiam  a  medida, que, por outro lado, permitiria dinamizar a exploração do pré-sal.

Soberania ameaçada? Invasão das transnacionais? Tudo delírio. A Petrobrás detém  reservas equivalentes a  40 vezes   sua produção anual! Mais ainda,    a lei de 2010 permite que o Conselho Nacional de Política Energética entregue à empresa, sem licitação, áreas que considere estratégicas.Meu projeto não mexe nisso nem no regime de partilha.(Ou seja, se aparecer um Kuwait dentro ou fora do pré-sal o CNPE pode imediatamente entregá-lo à Petrobrás).

O propósito é ajudar   a recuperação da Petrobrás e a dinamização da produção nacional de petróleo. Uma contribuição   à melhora das expectativas sobre a economia brasileira, mas o Palácio do Planalto se opõe a ela.

A característica definidora de um governo ruim é não querer melhorar. O governo ruim se intoxica com a própria mediocridade. Vicia-se nela.

 Senador (PSDB-SP). Artigo publicado no jornal O Estado de S.Paulo, em 25/06/2015

“Páginas amareladas”, análise do ITV

dilma_diplomatasDurou pouco a tentativa do governo de virar, na marra, a página das más notícias. A maré negativa continua, numa sucessão de resultados ruins, políticas desencontradas e prognósticos desalentadores. O país embicou numa espiral descendente difícil de ser revertida e não será com saliva que escapará do pior.

Nos últimos dias, o governo petista vem enfileirando anúncios e solenidades públicas na expectativa de que sejam suficientes para mudar o cenário. Mas a marca do improviso e da inconsistência levam as iniciativas a efeitos ridículos e alcance limitado. Passados alguns dias, revelam-se como são: inócuas.

O novo plano de concessões, apesar de ser uma ação na direção correta, tem tantos senões que é difícil crer que atinja as metas ambiciosas que foram traçadas – tão ambiciosas quanto programa quase idêntico lançado três anos atrás sem, no entanto, alcançar praticamente nenhum êxito.

Depois vieram o plano agrícola, o programa de agricultura familiar e, ontem, mais uma investida destinada a reanimar as exportações, recheada de medidas requentadas e promessas muitas vezes repetidas e jamais cumpridas. Na prática, o país está cada vez mais fechado ao comércio internacional.
Em contraposição a estas investidas de caráter mais propagandístico do que efetivo, as más notícias econômicas se sucedem.

A perspectiva da recessão se agrava, a inflação ronda seu maior nível em quase duas décadas, o desemprego exibe a pior marca em 23 anos e a renda do trabalhador derrete. É bem mais que a mera “ressaca” apregoada por Joaquim Levy. Em tudo Dilma Rousseff vai fazendo lembrar Fernando Collor de Mello…

Agora até o Banco Central prevê queda de mais de 1% do PIB (o que é pouco diante de outras estimativas mais realistas e bem menos generosas), inflação de 9% e, para impedir que os preços subam ainda mais, novas altas das taxas de juros – os aumentos da Selic determinados desde a eleição já foram suficientes para aumentar o custo da dívida pública em R$ 38 bilhões por ano.

Além de ver frustrados os planos para derrubar a inflação e retomar o crescimento – que sabe-se lá quando virão – o governo também toma um baile no ajuste fiscal. Bem mais cedo do que se pensava, já cogita jogar a toalha e cortar pela metade a meta de superávit traçada para este ano, além de diminuir bastante os objetivos fiscais para 2016 e 2017.

Será realmente difícil o governo do PT virar o jogo. O país não vive uma mera crise conjuntural. O Brasil está estruturalmente danificado pelos remendos que foram sendo feitos nos últimos anos e pelos descaminhos trilhados irresponsavelmente. Não basta passar a página; será preciso fechar o livro e começar uma nova história.

“Volume morto”, por Merval Pereira

dilma_e_lulaLula vê que vaca está indo para o brejo e por isso ataca. Enquanto os políticos petistas acionam seus fantoches no mundo virtual para tentar desqualificar os senadores oposicionistas que foram à Venezuela marcar uma posição democrática que repercute até hoje, num inegável sucesso político, o ex- presidente Lula mostra que ainda é o mais esperto de todos.

Convidou para um debate no seu instituto ninguém menos que o ex- primeiro- ministro espanhol Felipe González, que estivera em Caracas dias antes com o mesmo objetivo, e teve os mesmos problemas que os brasileiros. Ou os mesmos problemas que qualquer liderança democrática terá se quiser enfrentar a ditadura venezuelana.

Políticos ligados ao governo de Maduro, ou apoiadores de Diosdado Cabello, que tanto Lula quanto Dilma receberam prazeirosamente em dias recentes, não terão dificuldades. Nem mesmo as acusações cada vez mais sérias a Cabello, sobre envolvimento com um cartel de drogas, inibiram os petistas. Mas, na hora de parecer democrata, Lula chama mesmo González.

Lula ultimamente tem sido o mais rigoroso crítico do PT, porque, na qualidade de pragmático- mor da República, está vendo que a vaca está indo para o brejo. Ele, que já havia constatado que tanto ele quanto Dilma estão no “volume morto”, e o PT, “abaixo do volume morto”, ontem fez a constatação mais objetiva de todas: “já estou com 69 ( anos), já estou cansado, já estou falando as mesmas coisas que eu falava em 1980”.

Não por acaso, mas por retratar a verdade, no mesmo dia o presidente da Mercedes- Benz no Brasil, Philipp Schiemer, em entrevista à “Folha”, constatou, por outras palavras, o mesmo que Lula: “O país perdeu a previsibilidade com as mudanças nas premissas da política econômica. Voltamos uns 20 anos no tempo”.

Essa volta na máquina do tempo tem muito a ver com o modo como o governo se comportou a partir do 2 º mandato de Lula e no 1 º de Dilma. Após passarem vários anos se comportando dentro das regras da boa governança, respeitando o equilíbrio fiscal e se aproveitando de momento raro na economia mundial, com os preços das commodities lá no alto, Lula e seus seguidores ouviram o canto da sereia e acharam que já podiam voltar ao ponto em que, para vencer a eleição de 2002, tiveram que abdicar de suas ideias.

Guido Mantega, que se notabilizara nos anos em que o PT esteve na oposição por ser o porta- voz econômico do partido, nunca havia assumido o comando real da área até a saída de Antonio Palocci, em 2006. A partir daí, a política de equilíbrio fiscal foi sendo paulatinamente substituída pelo que viria a ser chamado de “nova matriz econômica”, que se aproveitou da crise financeira de 2008 para, a pretexto de uma política anticíclica, permitir um pouco mais de inflação para estimular o consumo interno como motor do desenvolvimento, política essa exacerbada no governo Dilma.

Hoje, sabemos que diversos parâmetros econômicos foram quebrados nesse processo, com práticas ilegais de criação de despesas sem autorização do Congresso, que acabaram produzindo um descalabro nas contas públicas.

Quando o ex- governador Anthony Garotinho apelidou o PT de “partido da boquinha”, a muitos pareceu que era apenas uma disputa política a mais. Mas não é que o próprio Lula admite que o PT hoje “só pensa em cargo, em emprego, em se eleger”?

Não é à toa que Lula vem insistindo na tese de que é preciso fazer uma reorganização partidária no país, tema a que voltou ontem. A mesma pesquisa Datafolha que mostrou que a presidente Dilma tem 65% de oposição também revelou que o ex- presidente Lula perderia a eleição presidencial se o candidato do PSDB fosse o senador Aécio Neves.

Se o candidato fosse o governador paulista Geraldo Alckmin, Lula o bateria, mas a ex- senadora Marina Silva ganharia densidade eleitoral para empatar com ele. Feitas as contas, há hoje uma maioria oposicionista no país que procura o melhor candidato para derrotar o PT, mesmo que ele seja Lula.

Outro aspecto da pesquisa é o que mostra que o PSDB, como sigla mais organizada da oposição, pela primeira vez nos últimos 13 anos empata na preferência do eleitorado com o PT, que vem em franca decadência, pois já foi o preferido por cerca de 30% do eleitorado. É o tal “volume morto” a que Lula se referiu.

*Publicado no jornal O Globo – 23/06/15