
Campo Grande (MS) – O Secretário de Fazenda do Governo de Mato Grosso do Sul, Marcio Monteiro, afirmou em entrevista ao jornal Estado de São Paulo que a União tem muito mais condições de absorver o impacto da dívida que os Estados. A afirmação é referente ao julgamento pelo Supremo Tribunal Federal (STF) sobre o recálculo do saldo da dívida que poderia zerar a dívida de MS.
O Estadão publicou matéria informando que às vésperas do julgamento que pode reduzir em R$ 313 bilhões as dívidas dos Estados com a União, o Supremo pode adiar a decisão. De acordo com o informativo, a intenção seria julgar o mérito da questão após a votação do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff e, eventualmente, sob o comando de um novo ministro da Fazenda.
Com 11 liminares a favor dos Estados – incluindo Mato Grosso do Sul – e concedidas por diferentes ministros, a Corte chancelaria a decisão concedida preliminarmente e que permite a utilização de juros simples no cálculo das dívidas estaduais com a União. O governo federal rebate o entendimento do STF ao afirmar que a mudança de metodologia pode gerar, além de um forte impacto nos cofres, uma grande insegurança jurídica.
“O Supremo terá que decidir entre o que está na lei e o argumento econômico do Ministério da Fazenda. Mas, mesmo pela economia, fica provado que a União tem muito mais condições de absorver o impacto do que os Estados que estão em condições precárias”, disse o secretário de Fazenda do Mato Grosso do Sul, Márcio Monteiro.
De acordo com o Estadão, entre os participantes da discussão, há uma certeza de que se trata um embate entre a legalidade e a interpretação econômica, o que desconstrói os argumentos apresentados pela Fazenda.
“O atual ministro (Nelson Barbosa) não tem legitimidade nem para fazer um acordo”, disse a fonte a par das negociações ao Estadão. A provável alteração da data ocorre após o vice-presidente da República, Michel Temer, começar a se preocupar com o tema e pedir que emissários conversassem com ministros da corte. Há uma visão geral de que o resultado da votação marcada para esta quarta seria desfavorável ao governo federal.
Acordo
Para evitar um julgamento neste momento político, os ministros do STF Luiz Fux e Dias Toffoli receberão amanhã dois governos estaduais para tentar mediar um acordo entre os entes da Federação e a União. Uma das propostas que está na mesa é a repactuação dos contratos por meio da correção das dívidas, a partir de 1998, com IPCA mais 4%. De acordo com as fontes, o impacto seria muito parecido com a correção através de juros simples, mas não geraria a insegurança jurídica para demais contratos privados tanto questionada pela Fazenda. Nesse caso, o STF não precisaria julgar o mérito e grande parte dos Estados sairia satisfeita, inclusive Santa Catarina, que deu início às discussões na justiça.
Mesmo com uma proposta que reduz parte das preocupações do governo, já há um entendimento de que a atual equipe econômica não assinará nenhum acordo. As falas de Barbosa nos últimos dias foram enfáticas ao afirmar que a única proposta da União é o alongamento das dívidas estaduais, cuja discussão está parada no Congresso.
A outra possibilidade para o não julgamento do tema é a retirada do assunto de pauta. Essa, vista como menos provável, também não coloca uma nova data para análise do mérito pela Corte. (Com informações do Estado de São Paulo)