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“Inflaçãozona”, análise do ITV

dinheirofotomarcossantos003O governo que acusava os adversários de “plantar inflação para colher juros” está assistindo um tufão de preços altos varrer o país, a despeito da taxa recorde praticada pelo Banco Central de Dilma Rousseff. O casamento da carestia com a usura está doendo muito no bolso dos brasileiros.

A inflação de março deu novo salto. O índice foi o maior para o mês desde 1995, ou seja, desde que o Plano Real derrotou o dragão, 20 anos atrás. Também é a maior inflação mensal registrada no país desde fevereiro de 2003. Não há salário que resista.

O índice acumulado em apenas três meses chegou a 3,83%, já pertinho da meta estabelecida para o ano todo. Em 12 meses, a alta acumulada é de 8,13%, a maior nesta base de comparação desde dezembro de 2003, segundo o IBGE.

O vilão do momento são as tarifas de energia, que responderam por metade da inflação de março. Os percentuais impressionam: altas de 22% no mês, 36% no ano e 60% em 12 meses. Lembram-se das contas baratinhas que Dilma prometeu na TV em 2012? Derreteram junto com o banho quente e o ar-condicionado agora tornados proibitivos…

Além da energia, a inflação é mais intensa em outros itens essenciais, como alimentos, e disseminada: 74% dos preços acompanhados subiram no mês passado. A continuar a alta do dólar, ainda pode piorar.

O governo, como sempre, tentará buscar a culpa pela carestia em fatores alienígenas. Não cola: no resto do mundo, o mais comum é inflação baixinha e até deflação.

Durante muito tempo, petistas que acham que entendem de economia repetiram que uma inflaçãozinha a mais não dói. Na campanha do ano passado, seguidas vezes Dilma afirmou, quando diretamente confrontada, que a carestia não era problema e os preços estavam “sob controle”. Agora está se vendo o monstrengo – mais um – que criaram: a inflaçãozona.

Efeito direto da carestia é o que vem acontecendo com as cadernetas de poupança. Com o salário encolhendo (em fevereiro, a renda média teve a maior queda em dez anos) e o dinheiro mais curto a cada mês, tem restado aos brasileiros avançar nas suas economias.

Em todos os meses deste ano, os saques na poupança foram maiores que os depósitos. Até março foram retirados R$ 23,2 bilhões das cadernetas, além de outros R$ 2,7 bilhões dos fundos de investimento, até porque os rendimentos também estão apanhando sem dó da inflação. Nunca os brasileiros tiveram que tirar tanto dinheiro de seus cofrinhos para fazer frente aos gastos do dia a dia.

O ministro da Fazenda diz que a situação é de “total conforto” e Dilma Rousseff pede “paciência” para superar uma crise “passageira”. Para quem não vê o salário chegar ao fim do mês, os artigos na prateleira se tornarem cada dia mais inacessíveis e o sagrado dinheirinho poupado com tanto esforço desaparecer, é pedir um pouco demais.

“Eles passarão e a nossa democracia passarinho”, por José Serra

serraCompletam-se por estes dias 30 anos de regime democrático no Brasil. Não há dúvida de que o País avançou bastante no período. Temos muito mais liberdade e justiça.
O progresso social foi acentuado, como demonstram os indicadores de educação, saúde e rendimentos dos mais pobres. A superinflação, deflagrada pelo choque externo do começo dos anos 1980, com seus três ou quatro dígitos anuais, foi vencida a partir dos governos Itamar e FHC.
Isso se deu com ampliação das conquistas democráticas, ao contrário do que se viu em 1964-1968. E destaque-se o papel fundamental da agricultura brasileira, que se tornou poderosa e altamente competitiva, em escala mundial. Temos, pois, razões para estar satisfeitos pelo caminho até aqui seguido. E nosso papel é cercar as margens de erro rumo ao futuro e evitar armadilhas.

Há, desde logo, um pesado déficit que coincide com a era democrática: o crescimento medíocre do conjunto da economia. Entre 1930 e 1980 crescemos a mais de 7% ao ano; de meados da década de 80 até 2014 essa taxa recuou, na média, a 3%. Mesmo deflacionando os números pelo crescimento da população, declinante no cotejo desses dois períodos, a degradação da performance econômica brasileira é evidente.

Tal degradação se deveu à desindustrialização prematura que atingiu o País, a ponto de a participação da indústria manufatureira no PIB voltar ao nível do imediato pós-guerra: em torno de 12%. Digo “prematura” porque não se trata de fenômeno parecido com o que se viu nos países desenvolvidos, com renda por habitante equivalente a quatro, cinco vezes a nossa. A dinâmica das economias emergentes bem-sucedidas, note-se, é outra: as que mais cresceram nas últimas décadas devem seu desempenho precisamente ao dinamismo do setor industrial.

Sem reindustrializar o Brasil não vamos obter vaga no segundo turno do campeonato das nações. Vivemos num país continental, com 200 milhões de habitantes e renda per capita ainda na casa dos US$ 12 mil/ano (paridade do poder de compra). Por melhor que seja a nossa condição de exportadores de produtos agrominerais, esse vetor nunca será capaz de puxar a produtividade do conjunto da economia, gerar os milhões de empregos de que necessitamos e turbinar as receitas tributárias para cobrir carências sociais e regionais.

Não é uma questão de gosto, mas de fato. Aliás, a propósito da utopia da economia primário-exportadora como o principal fator do desenvolvimento brasileiro, vale ler o interessante artigo de Ilan Goldfajn publicado nesta página terça-feira: a tendência de longo prazo dos preços internacionais de alimentos é de lento e persistente declínio em termos reais.

Em parte, a desindustrialização prematura se deveu a uma combinação de quatro fatores, com pesos diferentes ao longo do tempo: 1) O mau entendimento das mudanças no mundo rumo a maior abertura comercial e ampla e irresistível liberdade para movimentos de capitais; 2) a superinflação e suas consequências; 3) as ideologias, à esquerda e à direita, que menosprezam políticas coerentes de desenvolvimento; e 4) o despreparo e pura inépcia do governo.

Um dos problemas mais graves que decorrem de políticas públicas deficientes se revela no custo Brasil, que expõe nossa baixa competitividade em relação à média dos parceiros comerciais. Os produtos manufaturados brasileiros são 25% mais caros do que poderiam ser não por ineficiência empresarial – nas condições dadas, há eficiência -, mas por causa das carências de infraestrutura, das despesas financeiras e de uma tributação aloprada. Para arremate dos males, subsistiu durante boa parte dessas três décadas a sobrevalorização cambial.

Há um custo que tem sido subestimado pelos analistas que é a conversão reacionária do PT. O que quer dizer? Explico: associado ao declínio econômico e aos fatores que o provocaram, assistimos, com a ascensão do partido ao poder, ao fortalecimento e ao infeliz aggiornamento do patrimonialismo, que tanto infelicitou a História brasileira. Ele se expressa de dois modos principais: 1) Com a formação de uma espécie de burguesia do capital estatal; e 2) com a submissão da máquina do Estado a instrumentos que servem à manipulação eleitoral e aos desvios de recursos públicos para partidos e indivíduos. Vejam o calvário da Petrobrás.

A crise de representatividade da democracia brasileira, cujo primeiro sinal foram as manifestações populares de meados de 2013, chegou ao seu ponto máximo neste semestre. Tudo de ruim veio junto, começando pela percepção generalizada do estelionato eleitoral.

Reeleita, Dilma não conta com um fator que costuma beneficiar um novo governante: o crédito de confiança. Como dispor dele, depois de quatro anos de tropeços que só agravaram a herança recebida do governo Lula-Dilma? Herança que, diga-se, já não era leve no início de 2011: real supervalorizado, déficit externo crescente, rigidez fiscal, investimentos industriais em declínio e subinvestimento na infraestrutura. E isso tudo se dava apesar da notável bonança externa, derivada do boom de preços de nossas commodities. Paradoxalmente, esses preços elevados serviram para desequilibrar ainda mais a economia brasileira.

O panorama hoje é especialmente perverso: queda da produção; inflação renitente, com viés para cima; déficit público em ascensão, caminhando para 8% do PIB; déficit externo idem, rumo aos 4,5% do PIB; juros siderais e desemprego como drama anunciado. A cereja amarga desse bolo maligno fica por conta do monitoramento feito pelas agências internacionais de risco. Os petistas já devem andar com saudades do FMI…

A má notícia é que atravessaremos, sim, dias difíceis. A boa notícia é que os críticos relevantes dessa governança capenga entendem que não há saída fora das regras da democracia, essa respeitável senhora de 30 anos.

Eventuais tentações autoritárias revelam-se, isso sim, é no discurso dos poderosos de turno. Mas, como diria o poeta Mário Quintana, também eles “passarão” e o regime democrático “passarinho”. E ele canta bons amanhãs.

José Serra é senador (PSDB-SP). Artigo publicado no jornal O Estado de S.Paulo, em 09/04/2015

A presidente Dilma não governa mais o Brasil, diz Aécio após a presidente da República transferir para seu vice a condução política do governo

GHG_1624Brasília – O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, afirmou nesta quarta-feira (8/04) que a presidente Dilma Rousseff não governa mais o Brasil. Ao falar com jornalistas sobre a troca de comando na articulação política do governo com o Congresso, o senador afirmou que a presidente introduziu algo novo na vida política do Brasil: a renúncia branca.

Para Aécio, a decisão de transferir a responsabilidade da articulação política do governo para o vice-presidente Michel Temer (PMDB) é mais uma prova da falta de autoridade da presidente da República, que já transferiu a condução da economia para o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, e, também perdeu a capacidade de diálogo com os presidentes da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, e do Senado, Renan Calheiros.

“Há hoje um interventor na economia, que pratica tudo aquilo que a presidente combateu ao longo de todo o seu primeiro mandato. Agora, ela delega a coordenação política ao vice-presidente da República a quem ela desprezou durante todo o seu primeiro mandato. Já é hoje refém das presidências da Câmara e do Senado na condução da agenda legislativa. E a grande pergunta que resta é: que papel desempenha hoje a presidente da República? Acredito que praticamente nenhum mais. O que assistimos a partir desta decisão da presidente é uma renúncia branca. Hoje quem governa o Brasil não é mais a presidente Dilma”, disse o senador Aécio Neves.

Fraude política

Ele avaliou que a fragilização da presidente da República é resultado, entre outros fatores, das promessas feitas à população e que não foram cumpridas, dos desvios e da corrupção ocorridos na esfera federal e dos repetidos erros cometidos na condução da política econômica.

“O PT se transformou na maior fraude da história política recente do Brasil. Nada do que se disse durante a campanha eleitoral se sustenta agora. Aquilo que traz a meu ver maior indignação à sociedade brasileira, além da corrupção deslavada, casada com esta gravíssima crise econômica, é a sensação de engodo. Os brasileiros têm a sensação de que foram enganados pela presidente da República e esta é a razão maior da sua fragilização permanente”, afirmou Aécio.

O presidente do PSDB classificou o resultado do IPCA divulgado como o pior em 20 anos e disse que os mais pobres são hoje os principais atingidos pela alta dos preços e pelo crescimento do desemprego. No acumulado de 12 meses, o índice de inflação chegou a 8,13%, bem acima do teto da meta do governo.

“É o pior março de toda essa série, o que demonstra que aquilo que nós dizíamos durante a campanha eleitoral se confirma a cada dia. A inflação está sem controle. A inflação de alimentos já está acima de dois dígitos há muito tempo. Na verdade, os governos que têm esse viés populista, que se utilizam das massas ou da divisão de classes para se manterem no poder, acabam por prejudicar em primeiro lugar aqueles mesmos que eles dizem defender, porque os que sofrem de forma mais imediata os efeitos dessa crise que se agrava a cada dia são exatamente os que menos têm, que veem sua renda corroída pela inflação, que veem o desemprego aumentando no Brasil com perspectiva de crescimento negativo neste ano”, disse.

Protestos do dia 12

O senador também falou sobre os protestos contra o governo que estão sendo organizados por movimentos sociais para o próximo domingo. Aécio afirmou que o PSDB apoia as manifestações e incentiva a presença nas ruas de suas lideranças e militantes, mas que o partido não tem intenção de se apropriar dos protestos.

“Não importa o tamanho do movimento porque a indignação da população brasileira é cada vez maior. O PSDB, que não é dono desse movimento e nem deve ser, é absolutamente solidário a todas essas manifestações. E o que eu vejo é uma presença cada vez maior da nossa militância, dos nossos companheiros, dos nossos líderes, dos nossos dirigentes nesse movimento. Eu vou avaliar domingo se estarei presente”, afirmou.

PSDB lançará campanha de filiação com foco na juventude e nas mulheres, anuncia Aécio Neves

GHG_1397O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, anunciou nesta quarta-feira (8) que o partido lançará no dia 5 de maio uma campanha nacional de filiação focada na juventude e no público feminino. A proposta, segundo Aécio, é ampliar a participação desses segmentos na vida política nacional e na construção de uma agenda positiva para o País.

“Esse é um momento importante do partido de reafirmação de suas propostas, de contraponto ao governo que aí está, cada vez mais fragilizado. Vamos fazer uma campanha com uma linguagem visual única, focada principalmente em dois segmentos da sociedade, os jovens e nas mulheres”, afirmou o senador, em entrevista à imprensa após reunião da Executiva Nacional do partido, em Brasília.

A decisão de atrair jovens e o segmento feminino faz parte da campanha de renovação iniciada há quase dois anos com a eleição de Aécio Neves para a presidência nacional do partido. Segundo o senador, pesquisas recentes mostram que o PSDB é a sigla preferida por jovens de 16 a 24 anos. Além disso, há uma demanda cada vez maior das mulheres por participação na vida partidária.

O PSDB também quer se aproximar de lideranças estudantis que tenham afinidade com o programa do partido. “Já há uma presença crescente de lideranças com afinidades com o PSDB disputando diretórios acadêmicos de inúmeras faculdades públicas e privadas do país. Queremos canalizar esse sentimento e esse despertar de uma parcela grande da sociedade brasileira para a militância partidária”, ressaltou.

De acordo o senador, o partido quer aproveitar o sentimento de indignação da sociedade brasileira com o governo Dilma Rousseff para propor uma agenda positiva para o país. “Temos que mostrar que essa insatisfação e essa indignação precisa ser canalizada para uma agenda positiva para o país. Isso se faz, em parte, pela atuação dos partidos políticos. Vamos fazer uma campanha que permita que esses novos filiados tenham uma relação ativa com o partido. Estamos muito otimistas que com isso vamos dar uma grande renovada no partido”, destacou Aécio Neves.

Eleições em diretórios

O senador Aécio Neves também anunciou que a Executiva Nacional do PSDB, em decisão unânime, decidiu alterar as regras para a realização de eleições em diretórios municipais e estaduais.

“Todos os diretórios ou comissões provisórias, que nas últimas eleições parlamentares não obtiveram, ou para deputado federal ou para deputado estadual, a marca de 6% dos votos, que é metade da média do desempenho do partido em todo o Brasil, não estarão autorizados a fazer as convenções municipais. E os estados em que não se alcançou o número mínimo de municípios com diretórios que, estatutariamente, definem aqueles que estarão aptos a fazer essas convenções, também não farão as convenções estaduais”, anunciou.

Com a mudança, cerca de 30% dos diretórios e comissões provisórias não realizarão eleições marcadas para maio. Segundo Aécio, a decisão tem como objetivo estimular a participação das bases partidárias com as lideranças do partido.

“O que nós percebemos é que em determinados diretórios não houve qualquer empenho ou vínculo maior com as candidaturas do partido. Não fiz esse casamento com as eleições majoritárias, porque elas têm uma dinâmica própria, mas é fundamental que os diretórios municipais do partido, se queremos ser um partido cada vez mais nacional e fortalecido, é preciso que haja um compromisso das bases do partido, das nossas lideranças municipais, com as candidaturas do partido”, justificou.

“Entrega tudo, Dilma”, análise do ITV

Caminho adotado pelo governo Dilma na gestao da economia precisa mudar urgentemente-Foto-George-Gianni-PSDB-Dilma Rousseff conseguiu de novo: produziu mais uma trapalhada em seu claudicante governo. Depois de cogitar escalar Eliseu Padilha para a articulação política, foi obrigada a entregar a função ao vice-presidente Michel Temer. A presidente da República segue terceirizando atribuições. Deveria era entregar tudo de uma vez.

A mudança na Secretaria de Relações Institucionais é descrita na crônica política de hoje como mais uma manobra “desastrada” da presidente da República – para dizer o mínimo. Inclui convite respondido com um “não” pelo ministro convidado, demissão de ministro pelos jornais e prêmio de consolação para o demitido da vez. São as Organizações Dilma em plena ação.

A saída de Pepe Vargas – na verdade, um ministro demitido de antemão – é a quarta mudança num ministério que nem completou 100 dias de existência. Mas ainda vem mais pela frente.

O próprio Vargas vai assumir a Secretaria de Direitos Humanos como prêmio de consolação no lugar de Ideli Salvatti – que já foi ministra de pastas tão distintas quanto Pesca e Relações Institucionais e agora ganhará nova oportunidade, desta vez provavelmente na presidência dos Correios. Em breve também deve mudar o titular do Ministério do Turismo.

Diante deste incessante troca-troca, a questão que fica é: Afinal, quem é ministro de que e, sobretudo, para quê? Parecem todos ministros-tampão, peças descartáveis de um xadrez em que a rainha já caiu do tabuleiro. A última coisa que parece interessar na gestão da presidente Dilma é bem servir o público.

A trapalhada de ontem trouxe, porém, uma boa notícia: a extinção da Secretaria de Relações Institucionais. Agora o governo da petista terá apenas 38 ministérios… Que tal aproveitar a oportunidade e passar o facão em mais um monte de cargos que não servem para nada além de alimentar o balcão de negociatas do PT?

Neste segundo mandato, Dilma mostra-se sintonizadíssima com a pauta do dia: a ordem é terceirizar. A coordenação política é apenas a bola da vez, depois que a área econômica foi entregue a um alienígena nas hostes petistas e as linhas-mestras da gestão são ditadas, desde sempre, pelo tutor. Temer, Levy, Lula… quem será o próximo a responder por um naco do governo do qual Dilma se desvencilha?

Dizer que o segundo mandato é um bate-cabeça de proporções nunca antes vistas é chover no molhado. Para piorar, as cabeças que colidem revelam-se acéfalas. A gestão da petista mais parece a brincadeira da dança das cadeiras, e pode ser que daqui a pouco não sobre nenhuma para a presidente sentar. Entrega tudo, Dilma!

A presidente Dilma não governa mais o Brasil, diz Aécio após a presidente da República transferir para seu vice a condução política do governo

GHG_1624O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, afirmou nesta quarta-feira (8/04) que a presidente Dilma Rousseff não governa mais o Brasil. Ao falar com jornalistas sobre a troca de comando na articulação política do governo com o Congresso, o senador afirmou que a presidente introduziu algo novo na vida política do Brasil: a renúncia branca.

Para Aécio, a decisão de transferir a responsabilidade da articulação política do governo para o vice-presidente Michel Temer (PMDB) é mais uma prova da falta de autoridade da presidente da República, que já transferiu a condução da economia para o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, e, também perdeu a capacidade de diálogo com os presidentes da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, e do Senado, Renan Calheiros.

“Há hoje um interventor na economia, que pratica tudo aquilo que a presidente combateu ao longo de todo o seu primeiro mandato. Agora, ela delega a coordenação política ao vice-presidente da República a quem ela desprezou durante todo o seu primeiro mandato. Já é hoje refém das presidências da Câmara e do Senado na condução da agenda legislativa. E a grande pergunta que resta é: que papel desempenha hoje a presidente da República? Acredito que praticamente nenhum mais. O que assistimos a partir desta decisão da presidente é uma renúncia branca. Hoje quem governa o Brasil não é mais a presidente Dilma”, disse o senador Aécio Neves.

Fraude política

Ele avaliou que a fragilização da presidente da República é resultado, entre outros fatores, das promessas feitas à população e que não foram cumpridas, dos desvios e da corrupção ocorridos na esfera federal e dos repetidos erros cometidos na condução da política econômica.

“O PT se transformou na maior fraude da história política recente do Brasil. Nada do que se disse durante a campanha eleitoral se sustenta agora. Aquilo que traz a meu ver maior indignação à sociedade brasileira, além da corrupção deslavada, casada com esta gravíssima crise econômica, é a sensação de engodo. Os brasileiros têm a sensação de que foram enganados pela presidente da República e esta é a razão maior da sua fragilização permanente”, afirmou Aécio.
O presidente do PSDB classificou o resultado do IPCA divulgado como o pior em 20 anos e disse que os mais pobres são hoje os principais atingidos pela alta dos preços e pelo crescimento do desemprego. No acumulado de 12 meses, o índice de inflação chegou a 8,13%, bem acima do teto da meta do governo.

“É o pior março de toda essa série, o que demonstra que aquilo que nós dizíamos durante a campanha eleitoral se confirma a cada dia. A inflação está sem controle. A inflação de alimentos já está acima de dois dígitos há muito tempo. Na verdade, os governos que têm esse viés populista, que se utilizam das massas ou da divisão de classes para se manterem no poder, acabam por prejudicar em primeiro lugar aqueles mesmos que eles dizem defender, porque os que sofrem de forma mais imediata os efeitos dessa crise que se agrava a cada dia são exatamente os que menos têm, que veem sua renda corroída pela inflação, que veem o desemprego aumentando no Brasil com perspectiva de crescimento negativo neste ano”, disse.

Protestos do dia 12

O senador também falou sobre os protestos contra o governo que estão sendo organizados por movimentos sociais para o próximo domingo. Aécio afirmou que o PSDB apoia as manifestações e incentiva a presença nas ruas de suas lideranças e militantes, mas que o partido não tem intenção de se apropriar dos protestos.

“Não importa o tamanho do movimento porque a indignação da população brasileira é cada vez maior. O PSDB, que não é dono desse movimento e nem deve ser, é absolutamente solidário a todas essas manifestações. E o que eu vejo é uma presença cada vez maior da nossa militância, dos nossos companheiros, dos nossos líderes, dos nossos dirigentes nesse movimento. Eu vou avaliar domingo se estarei presente”, afirmou.

Entrevista do presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves

GHG_1590Brasília – 08-04-15

Assuntos: reunião da Executiva, campanha de filiação do partido, IPCA, manifestações do dia 12, abertura do capital da CEF, concessões na Petrobras.

Sobre reunião da Executiva do PSDB

Fizemos uma reunião da Executiva com uma pauta pré-definida e tomamos aqui algumas decisões. No dia 5 de maio o PSDB estará lançando nas redes, também de forma presencial, em cada um dos estados uma ampla campanha de filiação, para que em um sentimento crescente que percebemos hoje e a aproximação de setores importantes da sociedade com o PSDB possa ter como consequência a militância dessas pessoas no PSDB. Compreendemos que esse é um momento importante para o partido de reafirmação das suas propostas, de contraponto ao governo que aí está, cada vez mais fragilizado.

Então, vamos fazer uma campanha com uma linguagem visual única focada principalmente em dois segmentos da sociedade: os jovens, e as últimas pesquisas nacionais já mostram que o PSDB é o partido preferido pelos jovens entre 16 e 24 anos, algo que não acontecia anteriormente, e nas mulheres. Há também uma movimentação grande do segmento feminino do PSDB e uma presença, quase que uma demanda muito grande de mulheres de todas as regiões do Brasil para participarem da vida partidária. O que temos é que mostrar que essa insatisfação, essa indignação precisa ser canalizada para uma agenda positiva para o país. E isso se faz, em parte, através da atuação dos partidos políticos.

Portanto, vamos fazer uma ampla campanha que permita que novos filiados tenham uma relação ativa com o partido, trazendo informações, demandas, sugestões e obviamente recebendo do partido também sobre os nossos vários posicionamentos. Estou muito otimista de que com isso vamos fazer uma grande renovada no partido, vamos ter um foco especial já nas universidades, já há uma presença crescente de lideranças com afinidade com o PSDB, disputando diretórios acadêmicos, diretórios estudantis de inúmeras faculdades públicas e privadas do país e queremos canalizar esse sentimento, esse despertar de uma parcela grande da sociedade brasileira para a militância partidária.

Tomamos uma decisão por unanimidade da Executiva Nacional do partido que vai possibilitar uma renovação também das nossas bases. Todos os diretórios ou comissões provisórias que nas últimas eleições parlamentares não obtiveram ou para deputado federal ou para deputado estadual a marca de 6% dos votos, que é a metade da média do desempenho do partido em todo o Brasil, não estarão autorizados a fazer as convenções municipais. E os estados em que não se alcançou o número mínimo de municípios com diretórios que estatutariamente define aqueles que estarão aptos a fazer essas convenções também não farão as convenções estaduais.

O sr. tem um mapa disso?

Vamos divulgar esse mapa hoje ainda. Queremos com isso estimular que haja um vínculo cada vez maior das bases partidárias com as lideranças do partido. O que percebemos é que em determinados diretórios não houve qualquer empenho, qualquer vínculo maior com as candidaturas colocadas pelo partido.

Não fiz esse casamento com as eleições majoritárias porque elas têm uma dinâmica própria, mas eu acho que é fundamental que os diretórios municipais do partido, se nós queremos ter um partido cada vez mais nacional, cada vez mais fortalecido, é preciso que haja um compromisso das bases do partido, das lideranças municipais, com as candidaturas do partido.

É algo absolutamente novo, mas eu ressalto que foi aprovado por unanimidade. Isso significa que cerca de 30% dos diretórios e comissões provisórias do PSDB não realizarão as convenções marcadas para maio. Poderemos ter uma segunda chamada, vamos chamar assim, em setembro, prazo final para a filiação daqueles que vão disputar as eleições municipais, onde esses municípios eventualmente estarão realizando as suas convenções, ou com o mesmo grupo, ou com outras filiações que poderão vir.

Por isso nosso empenho em antecipar esse processo de filiação porque muitos desses municípios e em outros onde o PSDB sequer estava organizado nós achamos que poderemos reorganizá-lo com novas lideranças. O partido vai se oxigenar, vai rejuvenescer, tanto na sua militância, quanto nos seus dirigentes municipais.

Nesses locais, como vai funcionar?

Simplesmente a comissão provisória. O diretório vai ser extinto a partir do cumprimento do prazo de validade daquela direção, que é agora o mês de maio porque foram prorrogados até maio. Em junho, assumirão novas direções estaduais, e caberá a essas novas direções estaduais reativar que essa comissão provisória onde ela se justifique, haja expectativa de que ela possa crescer, ou no lugar daquela que foi extinta atrair outros grupos políticos. O que nós queremos é acabar com os cartórios que existem hoje no PSDB. Diretórios que não demonstraram ao longo do tempo qualquer compromisso com o partido. Então, nesses municípios, haverá uma estratégia nova de atração de novas lideranças. E, a partir das eleições municipais, ou das eleições desses diretórios, serão estabelecidos também critérios de desempenho para as eleições municipais, que vão ser ainda estabelecidos e para as próximas eleições parlamentares. O que nós queremos é conectar as nossas bases com os nossos representantes, seja na Câmara de Vereadores, no caso das municipais, seja no Congresso Nacional e nas assembleias legislativas.

O que o sr. diz sobre a auditoria do governo Pimentel em Minas?

Acho que é um atestado de fracasso de um governo que não começou. Eu costumo dizer que quem dirige olhando pelo retrovisor, corre o risco de bater, bater forte. E no caso do PT de ter perda total. Então acho que é uma grande encenação.

O sr. contesta os números?

Isso será contestado em Minas Gerais por quem está avaliando. Uma encenação de um governo que ainda não começou. Desejo que o governador eleito de Minas Gerais esteja à altura do cargo de governador e possa atender a todas as promessas e compromissos que assumiu com a população.

Quero fazer apenas um comentário em relação a essas últimas movimentações do governo, e acho que a presidente Dilma Rousseff introduziu algo novo na vida política do Brasil: a renúncia branca. Há, hoje um interventor na economia, que pratica tudo aquilo que ela combateu ao longo de todo o seu primeiro mandato, e agora ela delega a coordenação política ao vice-presidente da República a quem ela desprezou durante todo o seu primeiro mandato. Já é hoje refém das presidências da Câmara e do Senado na condução da agenda legislativa. E a grande pergunta que resta é: que papel desempenha hoje a presidente da República? Acredito que praticamente nenhum mais.

O sr. vai às ruas dia 12?

Estou avaliando. Hoje houve aqui uma discussão muito amistosa em relação a isso e vou avaliar até o último momento, mas eu quero aqui dizer que esse movimento é absolutamente legítimo. Os nossos companheiros devem estar nas ruas e estarão nas ruas demonstrando mais uma vez a sua indignação.

Há hoje apostas de reação ao governo de que o movimento será menor. Não importa o tamanho do movimento, porque a indignação da população brasileira é cada vez maior. O PSDB, que não é dono desse movimento e nem deve ser, é absolutamente solidário a todas essas manifestações. E o que eu vejo é uma presença cada vez maior da nossa militância, dos nossos companheiros, dos nossos líderes, dos nossos dirigentes nesse movimento. Eu vou avaliar domingo se estarei presente.

E o que o sr. achou do IPCA divulgado hoje? Em 12 meses está acima de 8%, bem acima do teto da meta.

É o pior março de toda essa série, o que demonstra que aquilo que nós dizíamos durante a campanha eleitoral se confirma a cada dia. Inflação está sem controle, a inflação de alimentos já está acima de dois dígitos há muito tempo. Então, na verdade, os governos que têm esse viés populista, que se utilizam das massas ou da divisão de classes para se manter no poder acabam por prejudicar em primeiro lugar aqueles mesmos que eles dizem defender, porque os que sofrem de forma mais imediata os efeitos dessa crise que se agrava a cada dia são exatamente os que menos têm, que veem sua renda corroída pela inflação, que veem o desemprego aumentando no Brasil com perspectiva de crescimento negativo neste ano.

Aquilo que traz a meu ver maior indignação à sociedade brasileira, além da corrupção deslavada, casada com esta gravíssima crise econômica, é a sensação de engodo. Os brasileiros têm a sensação de que foram enganados pela presidente da República e esta é a razão maior da sua fragilização permanente. Repito, o que assistimos a partir desta decisão da presidente de ontem é uma renúncia branca. Hoje, quem governa o Brasil não é mais a presidente Dilma.

Dois dogmas do PT estão caindo num dia só: o sistema de partilha e a abertura do capital da caixa.

O PT se transforma na maior fraude da história política recente do Brasil. Nada que se disse durante a campanha eleitoral se sustenta agora. Em relação à questão das concessões ou o de partilha eu alertei durante a campanha por inúmeras vezes. As perdas que o Brasil vinha tendo. Ficamos cinco anos sem leiloar nenhuma área no Brasil no momento em que mais de US$ 300 bilhões da indústria petroleira foram investidos no mundo. Exatamente porque prevaleceu a visão ideológica. Hoje, a Petrobras, sucateada e assaltada, não tem condições de manter a sua participação de 30% em cada um dos blocos que deveria estar sendo explorado. Isso significa os prejuízos que a inoperância deste governo, a irresponsabilidade deste governo causou ao país, ela não se limita apenas aos prejuízos da Petrobras, de Pasadena, de outros maus negócios ou da corrupção, se estende por toda a cadeia econômica. Nós, infelizmente, tivemos uma extraordinária descoberta que foi o Pré-sal, mas o atual governo inviabilizou a Petrobras para ser a principal exploradora desse tesouro encontrado.

Acho que a discussão do retorno do modelo de concessões é uma discussão que já propúnhamos lá atrás. Mais uma vez o que se percebe que o governo do PT é um na campanha eleitoral e outro contra o governo. No meu governo, por exemplo, não haveria a privatização da Caixa Econômica Federal. Não haveria partidarização do Banco do Brasil e não haveria a ocupação criminosa da Petrobras. Esta é a grande diferença entre nós e o governo que está aí. Repito, temos hoje no Brasil um governo refém de setores da sua base, com uma agenda econômica que não é a sua. Realmente não sei até onde isso vai.

O pessoal do Movimento Brasil Livre está chamando a oposição de molenga que não está participando das manifestações.

Acho que a oposição está fazendo o seu papel com absoluta responsabilidade. É obviamente a opinião de alguém que não acompanha o embate diário no Parlamento.

Eles querem que o sr. vá à marcha.

É um convite? Estou avaliando a minha presença com muita serenidade. Tenho dito sempre que este movimento não é o movimento do PSDB. É um movimento dos brasileiros. E quanto mais da sociedade ele for, mas legítimo ele será. Isso não impede que eu resolva ir. Não vou fazer nenhum anúncio prévio, nem tomar nenhuma decisão agora, porque aí sim, daria margem a todo tipo de especulação, de um certo aproveitamento do movimento que, repito, quanto mais da sociedade for, quanto mais espontâneo for, como está sendo, mais legítimo e maiores consequências ele terá. Quem sabe como cidadão eu resolva aparecer?

Aécio venceria Lula e Dilma com folga se as eleições fossem hoje, mostra pesquisa

Aécio comite de campanha RJ - Marcos Fernandes3Brasília – Se as eleições para presidente da República ocorrem hoje, o presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, seria eleito com praticamente o dobro de votos do ex-presidente Lula. De acordo com levantamento do instituto Paraná Pesquisas feito com exclusividade para a Revista Época, Aécio teria 51,5% dos votos no 2º turno, contra apenas 27,2% de Lula.

Aécio Neves também venceria a presidente Dilma Rousseff se a eleição fosse hoje, com uma folga ainda maior em comparação a Lula. O presidente do PSDB registra 57,2% das intenções de votos, contra apenas 19,4% da petista.

O instituto também ouviu a intenção de votos dos eleitores na ex-senadora Marina Silva no primeiro turno. A ambientalista, que disputou a última eleição presidencial pelo PSB, teria 24,3% no cenário com Lula candidato e 27,6% com Dilma na disputa.

Rejeição

Dilma acumula hoje uma enorme rejeição pelas mentiras ditas aos brasileiros durante a disputa eleitoral de 2014. Segundo a pesquisa, 79% dos brasileiros afirmam que a petista faltou com a verdade sobre a situação econômica do país. Dilma é reprovada hoje por 74% dos brasileiros, mostra o Paraná Pesquisas.

Corrupção

A pesquisa também joga por terra a estratégia de Lula, Dilma e do PT de posarem como xerifes contra a corrupção. Para 71,1% dos entrevistados, a sucessão de escândalos nos governos petistas deve-se mais aos aumentos dos casos de corrupção do que a uma atuação mais efetiva da Polícia Federal. Para 78,3%, Dilma e Lula tinha conhecimento da roubalheira na Petrobras.

A pesquisa ouviu 2022 eleitores, em 26 estados e no Distrito Federal, entre os dias 26 e 31 de março. A margem de erro é de 2 pontos, para mais ou para menos, com 95% de confiança. O levantamento foi registrado no Conselho Regional de Estatística da 3º Região sob nº 6288/10.

“Complexo de equívocos”, análise do ITV

Petrobras SedeAinda deve demorar a chegar o tempo em que a Petrobras será vista dissociada de escândalos, de gestão temerária e de negócios mal feitos. Até lá vão surgindo aos borbotões exemplos e episódios que caracterizam o momento atual como o maior equívoco já produzido no setor de petróleo no país.

A petroleira está à deriva porque foi transformada de companhia promissora em vaca de gordas tetas da corrupção. Também serviu de esteio para a fracassada tentativa do governo do PT de segurar artificialmente a inflação. E foi, ainda, envergada pelo peso de investir nas reservas do pré-sal, inconciliável com suas capacidades financeiras.

Um retrato da ruína é dado pelas conclusões de estudo produzido por técnicos da própria Petrobras divulgado hoje por O Globo. Segundo o documento, o Comperj (Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro) vai gerar prejuízo, na melhor das hipóteses, de R$ 44,8 bilhões para a companhia. Mas o rombo pode ser ainda maior e chegar a R$ 53 bilhões.

Trata-se de um dos negócios empurrados goela abaixo da empresa e que serviu de fonte frondosa da propina que irrigou a conta do PT e de partidos aliados desde a chegada de Lula ao poder, conforme já revelado pelas investigações da Operação Lava Jato.

Assim como a refinaria Abreu e Lima, o Comperj deveria ser uma história para ser aprendida e nunca mais repetida, para usar expressão da ex-presidente Graça Foster. Seus custos foram multiplicados por oito, saltando para US$ 48 bilhões. O complexo deveria ter duas refinarias, uma petroquímica e uma unidade de gás, mas apenas esta última continua em obras. Vale lembrar que, no Nordeste, outras duas refinarias foram abandonadas pela estatal depois de consumirem R$ 2,7 bilhões.

Comperj, Abreu e Lima e as duas refinarias Premium são parte do delírio enfeixado no novo marco regulatório do petróleo adotado no país desde 2010. Ele substituiu o modelo de concessão, que vigorara desde 1997, pelo de partilha, reforçado pela política de conteúdo local. Até agora, o principal resultado da mudança é o petrolão, o desmanche da Petrobras e a virtual implosão da indústria de petróleo, neste momento, no país.

Ontem, a presidente Dilma Rousseff usou a cerimônia de posse do novo ministro da Educação para defender esta ruína embrulhada em forma de opção política. “O que está em disputa é a forma de exploração desse patrimônio e quem fica com a maior parte”, disse ela. Hoje ninguém tem dúvida: a maior parte fica com a roubalheira petista.

São por equívocos como o do Comperj que vêm em boa hora propostas como a do senador José Serra que revoga a participação obrigatória da Petrobras (hoje de 30%) nos campos do pré-sal. Pelo menos tendem a evitar que a gestão da estatal continue a enveredar por descalabros produzidos em nome de um pretenso e falso interesse nacional.

“Civilização e barbárie”, por Marcus Pestana

Marcus Pestana 1 Foto George Gianni PSDBFreud disse, certa vez, que “o primeiro humano que insultou seu inimigo, em vez de atirar-lhe uma pedra, inaugurou a civilização”. Em seu “O Mal Estar na Civilização”, ele comenta: “A questão fática para a espécie humana parece-me ser saber se, e até que ponto, seu desenvolvimento cultural conseguirá dominar a perturbação de sua vida comunal causada pelo instinto humano da agressão e autodestruição. Talvez, precisamente com relação a isso, a época atual mereça um interesse especial. Os homens adquiriram sobre as forças da natureza tal controle que, com sua ajuda, não teriam dificuldades em se exterminarem uns aos outros, até o último homem”. Como quis Ortega y Gasset, “civilização é, antes de mais nada, vontade de convivência”. O nosso Euclides da Cunha foi enfático: “estamos condenados à civilização. Ou progredimos ou desaparecemos”.

As instituições, as normas e as leis surgiram para mediar a convivência humana. As raízes do poder sempre foram a riqueza, a religião, a sabedoria ou a força. Na transição para as sociedades modernas, operou-se a separação entre Estado e religião. A democracia funda-se na tolerância e respeito às diferenças e à diversidade cultural, política, racial e religiosa. E transfere a fonte de poder para a sociedade.

Mas o mundo contemporâneo assiste a uma escalada de violência no Oriente Médio que desafia os fundamentos da democracia e da tolerância. O diálogo entre Ocidente e Oriente nunca foi fácil. Mas a ação radicalizada do chamado Estado Islâmico tem horrorizado a opinião pública internacional.

Max Weber, em seu “A Psicologia Social das Religiões Mundiais”, observa: “não pode haver dúvida de que os profetas e sacerdotes, através da propaganda, intencional ou não, colocaram o ressentimento das massas a seu serviço. Mas isso nem sempre ocorreu”. O fundamentalismo leva essa possibilidade a seu extremo. Como falou Diderot: “do fanatismo à barbárie não há mais que um passo”.

Não é à toa que as cenas recentes nos assustam e nos deixam perplexos. Como assimilar a imagem de uma criança de 12 anos executando com um tiro um refém a sangue frio? Como ficar indiferente às bárbaras cenas de decapitação coletiva veiculadas por TVs de todo o mundo? Como ficar insensível aos ataques que matam dezenas de civis, adultos e crianças, na Síria, na Líbia, na Tunísia ou no Iêmen? Como conter o espanto ao ver o EI destruir o sítio arqueológico de Hatra, na região de Nimrod, patrimônio histórico da humanidade, antiga capital do império assírio, um dos berços da civilização? Como assimilar friamente a destruição de estátuas milenares no museu em Mosul?

A liberdade e a civilização correm risco. A resposta à barbárie tem que ser firme. À intolerância do fanatismo temos que responder com a reafirmação dos valores da tolerância cultural e religiosa.

A vida é sempre uma obra em construção. “Uma civilização é um movimento, não uma condição; uma viagem, não um porto” (Arnold Toynbee).

Deputado federal pelo PSDB-MG. Artigo publicado no jornal “O Tempo” em 6 de abril de 2015.

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