PSDB – MS

Imprensa

MA: Selvageria domina penitenciária com presos mutilados e violência alastrada

pedrinhas-ebcBrasília – Um vídeo filmado no complexo penitenciário de Pedrinhas, em São Luís (MA), reproduzido no site da Folha de S. Paulo desta terça-feira (7), mostra cenas explícitas de violência, com práticas de sadismo e até detentos decapitados. No local, 62 presos foram mortos desde o ano passado. O vídeo tem  2 minutos e 32 segundos em que os próprios amotinados filmam em detalhes três rivais decapitados.

Integrante da Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado na Câmara, o deputado federal Pinto Itamaraty (MA) alerta que apenas o estado do Maranhão com suas forças não tem condições de controlar a violência na região. Segundo ele, é fundamental haver uma parceria com o governo federal, do contrário, adverte: a violência do Maranhão contaminará o restante do país.

“A situação no Maranhão é muito grave. É uma questão nacional. O governo [estadual] sozinho está perdendo a guerra para o banditismo. É preciso que o Ministério da Justiça e a Força Nacional entrem em ação”, afirmou Pinto Itamaraty. “A situação hoje é de descontrole. Se o governo federal não entrar em ação, a violência vai se alastrar por todo país e contaminar os estados.”

O vídeo, reproduzido pela Folha, foi gravado no dia 17 de dezembro, começa com os presos caminhando por dez segundos dentro da penitenciária. No foco principal, um homem de chinelos pretos e bermuda branca dá passos apertados, até que no oitavo segundo da caminhada o chão verde molhado de água se transforma num piso ensopado de sangue.

As imagens, encaminhadas à Folha pelo Sindicato dos Servidores do Sistema Penitenciário do estado do Maranhão, são chocantes. Nas costas de um desses corpos, de bruços, estão duas cabeças, lado a lado. Elas são exibidas como troféus. Ao lado, o terceiro decapitado ainda tem a cabeça encostada ao pescoço.

Pinto Itamaraty disse que há uma complexa rivalidade entre as diversas facções criminosas que atuam no Maranhão. O comando se divide entre três forças: das regiões da Baixada, de Cocais e Moninho. Segundo ele, os detentos que pertencem às facções não aceitam ocupar os mesmos espaços destinados aos rivais.

A rivalidade é citada em relatório do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), que conclui que o governo tem sido incapaz de coibir a violência.  Do complexo, segundo autoridades maranhenses, que saíram as ordens para os atentados ocorridos no último final de semana. Um dos ataques resultou na morte de uma criança.

O relatório cita a superlotação de Pedrinhas (com 1.700 vagas, abriga 2.500) e relata casos de estupros de mulheres que entram no presídio para visitas íntimas.

Pedrinhas no MA: PSDB pede investigação sobre conduta de ministras

padrao_foto_logo-300x200O líder do PSDB na Câmara, Carlos Sampaio (SP), protocolou na tarde desta segunda-feira (06), duas representações para investigação e apuração de conduta das ministras Maria do Rosário (Direitos Humanos) e Eleonora Menicucci (Políticas para as Mulheres) por suposta omissão em relação às violações de direitos humanos cometidas no Complexo Penitenciário de Pedrinhas, em São Luís (MA).

Sampaio encaminhou uma representação à Procuradoria-Geral da República (PGR) por entender que ambas retardaram ou deixaram de praticar, indevidamente, ato de ofício; e outra à Comissão de Ética Pública da Presidência da República por violação ao Código de Conduta da Alta Administração Federal.

PGR

Na representação protocolada na PGR, Sampaio argumenta que as ministras, em tese, cometeram improbidade administrativa por deixarem de executar as atribuições dos cargos que ocupam e dos órgãos pelos quais são responsáveis – ao aparentemente não tomarem qualquer providência para solucionar ou, ao menos, evitar as graves ocorrências denunciadas recentemente no complexo penitenciário maranhense.

“Crimes de tortura, de abusos sexuais contra mulheres e de indevida alocação de pessoas com deficiência mental em celas comuns, junto aos demais acautelados no Complexo Penitenciário de Pedrinhas, são ocorrências do cotidiano daquele presídio há anos. E as ministras nada fizeram para minimizar estas graves violações aos Direitos Humanos e aos Direitos das Mulheres”, diz o líder na representação.

Ética Pública

Na segunda representação, Sampaio pede que a Comissão de Ética Pública da Presidência da República apure a eventual violação e abra prazo de cinco dias para manifestações das ministras, como determina o Código de Conduta da Alta Administração Federal. Também pede que seja aplicada uma “advertência”, sanção prevista no mesmo Código.

O líder, no documento, solicita que, encerrada a apuração, o encaminhamento à Presidência da República de sugestão de demissão de Maria do Rosário e Eleonora Menicucci, também prevista no Código para casos semelhantes.

“Caso fiquem comprovadas as supostas omissões, a conduta das Ministras consubstanciaria virtual infração ao Código de Conduta da Alta Administração Federal, justificando-se, por conseguinte, a instauração de procedimento visando a pena máxima de demissão”, conclui Sampaio.

Da Assessoria da Liderança do PSDB na Câmara

“É preciso ouvir as pessoas”, diz Azambuja sobre o projeto “Pensando Mato Grosso do Sul”

reinaldo-azambuja-foto-george-gianni-psdb--300x199Reinaldo Azambuja começou a carreira política aos 33 anos e, de lá para cá, foi prefeito de Maracaju e deputado estadual antes de conquistar uma vaga para representar Mato Grosso do Sul  na Câmara dos Deputados. Hoje, o tucano também coordena o Pensando Mato Grosso do Sul, principal projeto do PSDB no estado. Nesta entrevista, o parlamentar destaca o principal mérito da proposta – o de ouvir as principais demandas da população local. No Congresso Nacional, é titular de 13 comissões e está à frente de discussões vitais para a região, como a redução da carga tributária, o investimento em logística e o conflito entre comunidades indígenas e produtores rurais. Leia abaixo a íntegra:

O PSDB lançou em 2013 o Pensando Mato Grosso do Sul. Qual o objetivo do projeto?
É dar oportunidade às pessoas dos 79 municípios do Estado de dizer o que é prioridade na sua cidade. Eles vão dizer se é Saúde, se é Educação, Segurança Pública, se precisa de Emprego e Renda. Aprendi que quem ouve mais, erra menos. Por isso, estamos indo aos municípios para ouvir as pessoas. Estamos também fazendo os encontros regionais, para discutir desenvolvimento local, o que é prioritário na região e quais são as potencialidades regionais.

Como começou o Pensando MS?
O início disso tudo foi em 1996. Eu morava em Maracaju e estava indignado com a falta de planejamento na administração municipal, o mau uso do dinheiro público, não me sentia representado. Então, me candidatei a prefeito. Em uma conversa com o professor e cientista político Eron Brum, eu disse: “Eron eu nunca fiz política, como eu vou ser candidato, o que eu vou falar para as pessoas?”. E ele respondeu: “você não vai falar para as pessoas, você vai primeiro ouvir as pessoas”.  E fizemos isso: fomos de porta em porta, conversamos com os cidadãos e formatamos ali o nosso trabalho.

Desde então, ouvir as pessoas norteou nossas ações e em 2012, fizemos o Pensando Campo Grande. O Pensando Mato Grosso do Sul é a mesma coisa, numa extensão muito maior. Nós vamos montar um plano de ações com base nas pesquisas feitas em todos os municípios do Estado.  Com certeza um teremos um diagnóstico muito completo do que pensa a população.

Já foram realizados quatro encontros regionais no ano passado e neste ano, o PSDB planeja fazer mais seis. Nessa fase inicial, percorrendo o estado, o que a população tem elencado como prioridade?

Em todos os lugares, as pessoas têm pedido Saúde em primeiro lugar. Na região de Aquidauana, a população pediu a geração de Emprego e Renda, sugeriu o mapeamento e divulgação da fauna, flora, frutas nativas, mananciais de águas, morrarias, pontos turísticos, trilhas ecológicas.

Na região do Vale do Ivinhema, após Saúde, as prioridades apontadas foram Educação, Segurança e Emprego e Renda. As pessoas pediram a redução da carga tributária, porque MS está entre os que têm os mais altos impostos do País e os comerciantes locais não conseguem concorrer com os Estados vizinhos. Lá também existe um problema gravíssimo de saneamento básico inadequado, um absurdo, em pleno século 21. Tem um alto índice de desemprego, analfabetismo, faltam creches e vagas nas escolas. Precisa de indústrias para processar a produção de leite e frutas.

A região Norte está abandonada. A população pede Saúde em primeiro lugar, em seguida, a prioridade é a geração de emprego e renda. A região tem um enorme potencial turístico e cultural pouco explorado, assim como a vocação da fruticultura.

No Cone Sul, os entrevistados apontaram Educação e Segurança, além de Saúde, como prioridades. Eles querem eficiência no sistema de regionalização dos atendimentos em Saúde, do Sistema de Marcação de Consultas e Exames, entre outras demandas.

Também pediram investimentos na qualificação e valorização de professores e, em relação à Segurança, aumento do efetivo policial e estruturação do setor.

 A carga tributária em Mato Grosso do Sul não é exagerada, em comparação com nossos vizinhos?
O ICMS dos combustíveis no MS é um freio para o desenvolvimento do Estado. Estamos perdendo oportunidades. Se diminuirmos o percentual da alíquota de ICMS sobre esses produtos e eu não tenho dúvida que o aumento do consumo supriria, em médio prazo, essa diferença dos recursos que entrariam nos cofres do estado.

Outra questão é o ICMS garantido, em que você paga antecipadamente quando dá entrada na mercadoria no estado. Isso tira competitividade do comércio local.

É preciso coragem. O governante tem que pensar que não basta só fazer o caixa do seu estado. Muitas vezes é necessário desonerar setores pra alavancar e potencializar a economia e ter competitividade.

Mato Grosso do Sul tem muitas potencialidades turísticas e culturais, mas apenas algumas cidades, como Bonito e Corumbá, estão no roteiro turístico nacional. Como inserir as demais regiões?

O turismo é uma atividade econômica fantástica para a geração de oportunidades de emprego e renda e principalmente se trata de uma “indústria sem chaminé”. A Região Norte, por exemplo, tem grandes belezas naturais, como cachoeiras, parte do Pantanal, região de serras, os sítios arqueológicos… É preciso divulgar isso dentro e fora do Estado. Integrar os roteiros, fazer um planejamento estratégico para inserir essa rota no turismo nacional.  Não é só a Região Norte, nós temos outras regiões com enorme potencial turístico pouco ou nada explorado. Faltam incentivos do Estado, principalmente para divulgação. O Estado gasta milhões em propaganda para divulgar obras. Temos que inverter isso: gastar com publicidade divulgando nosso turismo, nosso artesanato, investir em cultura, trazer festivais paras as regiões que ainda não têm.

Por muito pouco você não chegou ao segundo turno nas lições em Campo Grande, em 2012. Tirou alguma lição daquela disputa?

A primeira lição é que não é a máquina do governo e nem o número de partidos aliados que ganha eleição. Ficou comprovado que o que ganha eleição é a vontade do povo. Outra lição que eu tiro é olhar as pesquisas eleitorais com desconfiança, principalmente aquelas pesquisa que não são sérias. Infelizmente ainda existem institutos que se sujeitam a manipular números em detrimento da verdade. As pesquisas nos prejudicaram muito nas eleições de 2012: o Ibope errou 100%, o Ibrape errou 100% o Ipems errou 100%.

Reinaldo, você tem um intenso trabalho na Câmara, é titular de 13 comissões, lidera debates sobre os temas mais importantes para o Estado, coordena o Pensando Mato Grosso do Sul, é agropecuarista… Como lida para conciliar a vida profissional, a carreira política e a família?
Eu não tenho a política como uma profissão. Vejo a política como uma causa, é trabalhar para melhorar a vida das pessoas. É poder fazer leis importantes para o desenvolvimento do meu Estado e do meu País. É poder planejar o desenvolvimento de uma cidade, como nós fizemos em Maracaju que saiu da 12ª para a 5ª economia do estado em oito anos. Uma política séria, não de enganação, mas de resultados. Conciliar a carreira política, a profissão e a família não é fácil, mas dá pra conciliar quando você realmente tem vontade de melhorar as vidas das pessoas do seu estado.

Fazendo um balanço do ano legislativo, quais os principais avanços de 2013?
Na Câmara, a aprovação do voto aberto e o orçamento impositivo foram os principais avanços.  Sou favorável ao voto aberto em todas as situações, mas ficou restrito à cassação de mandato. Acho que precisa ser revisto isso.  Também foi importante a rejeição da Proposta de Emenda à Constituição número 37, que limitava os poderes de investigação do Ministério Público, e votação da Medida Provisória dos Portos, além dos os royalties do petróleo.

Qual sua expectativa para este ano?
Precisamos avançar na reforma política, na reforma tributária e nas questões indígenas. Em relação ao Executivo, é preciso enxugar os gastos públicos de custeio de pessoal e atender às demandas da população. Espero que tenhamos um ano de investimentos significativos na saúde, na educação, na infraestrutura, para melhorar a qualidade de vida das pessoas.

 

(Da assessoria do deputado/Portal do PSDB na Câmara)

“Mudar o rumo”, por Fernando Henrique Cardoso

* Artigo publicado neste domingo (5) no jornal O Globo

fhc-foto-alessandro-carvalho-agencia-de-noticias-psdb-mg-300x200Ano Novo, esperanças de renovação. Mas como? Só se mudarmos o rumo. A começar pela visão sobre o mundo que ressurgirá da crise de 2007/08. O governo petista, sem o dizer, colocou suas fichas no “declínio do Ocidente”. Da crise surgiria uma nova situação de poder na qual os Brics, o mundo árabe e o que pudesse se assemelhar ao ex-terceiro mundo teriam papel de destaque. A Europa, abatida, faria contraponto aos Estados Unidos minguantes. Não é o que está acontecendo: os americanos saíram à frente, depois de umas quantas estripulias para salvar seu sistema financeiro e afogar o mundo em dólares, e deram uma arrancada forte na produção de energia barata. O mundo árabe, depois da Primavera, continua se estraçalhando entre xiitas, sunitas, militares, seculares, talibãs e o que mais seja; a Rússia passou a ser produtora de matérias-primas. Só a China foi capaz de dar ímpeto à sua economia. Provavelmente as próximas décadas serão de “coexistência competitiva” entre os dois gigantes, Estados Unidos e China, com partes da Europa integradas ao sistema produtivo americano e com as potências emergentes, inclusive nós, o México, a África do Sul e tantas outras, buscando espaços de integração comercial e produtiva para não perderem relevância.

Nessa ótica, é óbvio que a política externa brasileira precisará mudar de foco, abrir-se ao Pacífico, estreitar relações com os Estados Unidos e a Europa, fazer múltiplos acordos comerciais, não temer a concorrência e ajudar o país a se preparar para ela. O Brasil terá de voltar a assumir seu papel na América Latina, hoje diminuído pelo bolivarianismo prevalecente em alguns países e pelo Arco do Pacífico, com o qual devemos nos engajar, pois não deve nem pode ser visto como excludente do Mercosul. Não devemos ficar isolados em nossa região, hesitantes quanto ao bolivarianismo, abraçados às irracionalidades da política argentina, que tomara se reduzam, e pouco preparados face à investida americana no Pacífico.

Para que exportemos mais e para dinamizar nossa produção para o mercado interno, a ênfase dada ao consumo precisará ser equilibrada por maior atenção ao aumento da produtividade, sem redução dos programas sociais e demais iniciativas de integração social. A promoção do aumento da produtividade, no caso, não se restringe ao interior das fábricas, abrange toda a economia e a sociedade. Na fábrica, depende das inovações e do entrosamento com as cadeias produtivas globais, fonte de renovação. Na economia, depende de um ousado programa de ampliação e renovação da infraestrutura e, na sociedade, de maior atenção à qualificação das pessoas (Educação) e às suas condições de saúde, segurança e transporte. Sem dizer que já é hora de abaixar os impostos sem selecionar setores beneficiários e de abrir mais a economia, sem temer a competição.

Isso tudo em um contexto de fortalecimento das instituições e práticas democráticas e de redefinição das relações entre o governo e a sociedade, entre o Estado e o mercado. Será necessário despolitizar as agências reguladoras, robustecê-las, estabilizar os marcos regulatórios, revigorar e estimular as parcerias público-privadas para investimentos fundamentais. Noutros termos, fazer com competência o que o governo petista paralisou nos últimos dez anos e que o atual governo, de Dilma Rousseff, vê-se obrigado a fazer, mas o faz atabalhoadamente, abusando do direito de aprender por ensaios e erros deixando no ar a impressão de amadorismo e a dúvida sobre a estabilidade das regras do jogo. Com isso, não se mobilizam, no setor privado, os investimentos na escala e na velocidade necessárias para o país dar um salto em matéria de infraestrutura e produtividade.

Mordido ainda pelo DNA antiprivatista e estatizante, persiste o governo atual nos erros cometidos na definição do modelo de exploração do pré-sal. A imposição de que a Petrobras seja operadora única e responda por pelo menos 30% da participação acionária em cada consórcio, somada ao poder de veto dado às PPSA nas decisões dos comitês operacionais, afugenta número maior de interessados nos leilões do pré-sal, reduz o potencial de investimento em sua exploração e diminui os recursos que o Estado poderia obter com decantado regime de partilha. É ruim para a Petrobras e péssimo para o país.

Além de insistir em erros palmares, o atual governo faz contorcionismo verbal para negar que concessões sejam modalidades de privatização. É patético. Também para negar a realidade, se desdobra em explicações sobre a inflação, que só não está fora da meta porque os preços públicos estão artificialmente represados, e sobre a solidez das contas públicas, objeto de declarações e contabilidades oficiais às vezes criativas, não raro desencontradas, em geral divorciadas dos fatos.

Tão necessário quanto recuperar o tempo perdido e acertar o passo nas obras de infraestrutura, será desentranhar da máquina pública e, sobretudo, nas empresas estatais (felizmente nem todas cederam à sanha partidária), os nódulos de interesses privados e/ou partidários que dificultam a eficiência e facilitam a corrupção. Não menos necessário será restabelecer o sentido de serviço público nas áreas sociais, de Educação, Saúde e reforma agrária, resguardando-as do uso para fins eleitorais, partidários ou corporativos. Só revalorizando a meritocracia e com obsessão pelo cumprimento de metas o Brasil dará o salto que precisa dar na qualidade dos serviços públicos. Com uma carga tributária de 36% do PIB, recursos não faltam. Falta uma cultura de planejamento, cobrança por desempenho e avaliação de resultados, sem “marketismo”. Ou alguém acredita que mantido o sistema de cooptação, barganhas generalizadas, corrupção, despreparo administrativo e voluntarismo, enfrentaremos com sucesso o desafio?

É preciso redesenhar a rota do país. Dois terços dos entrevistados em recentes pesquisas eleitorais dizem desejar mudanças no governo. Há um grito parado no ar, um sentimento difuso, mas que está presente. Cabe às oposições expressá-lo e dar-lhe consequências políticas. É a esperança que tenho para 2014 e são meus votos para que o ano seja bom.

Fifa: O Brasil é o mais lento na organização da Copa do Mundo

dilma-copa-abr-300x200Brasília – O presidente da Federação Internacional da Associação de Futebol (Fifa), Joseph Blatter, afirmou que em quase 40 anos na entidade nunca viu tanta lentidão para se preparar uma Copa do Mundo. A Folha de S. Paulo reproduziu, nesta segunda-feira (6), entrevista de Blatter ao jornal “24 Heures”.

Segundo o dirigente, o país é o mais atrasado desde que está na Fifa. “Mesmo sendo o único que teve tanto tempo – sete anos- para se preparar”.  Ele está na Fifa desde 1975 e preside a federação há quase 16 anos.

Integrante da Comissão que acompanha as obras para a Copa do Mundo na Câmara, o deputado federal Otavio Leite (PSDB-RJ) disse que “lamentavelmente” Blatter tem razão na sua avaliação, o que “não surpreende” os brasileiros.

“Essa declaração não é novidade. Nós, brasileiros, assistimos de camarote essa crônica de um problema anunciado. Muitos milhões poderiam ter sido poupados se tivesse ocorrido uma parceria com a iniciativa privada”,  afirmou Leite. “Mas agora sobrou tudo para a ‘Viúva’ [a União].”

das autoridades sobre a organização para a Copa do Mundo chegou atrasada. “O Brasil acaba de tomar consciência do que se trata [o desafio de organizar uma Copa], mas começou muito tarde”, comentou, referindo-se aos estádios. Das 12 sedes da Copa, apenas seis já têm arenas inauguradas.

“Nervosinhos”, por Aécio Neves

* Artigo publicado nesta segunda-feira (6) no jornal Folha de S. Paulo

aecio-neves-george-gianni-psdb-1-300x199Ao antecipar o anúncio do cumprimento do superavit primário, na sexta-feira, o ministro Guido Mantega agiu como aquele chefe que gosta de contar uma piada para desanuviar um ambiente carregado. Todo mundo dá uma gargalhada forçada, por obrigação, a reunião termina, as pessoas vão embora, mas os problemas continuam sobre a mesa sem qualquer solução à vista.

Com base apenas em fatos recentes, preparei aqui uma lista resumida de cinco motivos para que o ministro possa entender por que os brasileiros estão “nervosinhos” com a situação da economia.

1) Fragilidade no superavit primário: o resultado foi atingido com ajuda de receitas extras, como o bônus da privatização do campo de petróleo de Libra, que não vão se repetir em 2014, tornando o equilíbrio fiscal ainda mais duro de ser alcançado ao longo do ano.

2) Queda na balança comercial: divulgados na última semana, os números da balança comercial brasileira tiveram o pior desempenho em 13 anos.

3) Desvalorização da Petrobras: para tristeza da memória de tantos nacionalistas que se recordam da campanha “O petróleo é nosso”, em 2013 a estatal foi a empresa de capital aberto que mais perdeu valor de mercado em termos nominais, segundo a consultoria financeira Economatica. Em apenas três anos, o governo Dilma conseguiu a façanha de reduzi-la a menos da metade do seu valor. Entre os motivos, está a gestão orientada para render dividendos políticos ao Partido dos Trabalhadores.

4) Recorde na carga tributária: enganou-se quem acreditava que a situação dos impostos no Brasil não podia mais piorar. A Receita Federal divulgou a carga tributária de 2012, que bateu mais um recorde e chegou a 35,85% da renda nacional.

5) PIB em baixa, inflação em alta: a bravata do “pibão” na casa dos 4%, prometidos para 2013, deve acabar reduzida a um humilde “pibinho” abaixo de 2,5%. Além disso, o ano de 2013 ficará conhecido como aquele em que a inflação, de péssima lembrança, voltou a assombrar as feiras e os supermercados.

Essa é a realidade que as autoridades se recusam a admitir publicamente.

Em junho, a presidente Dilma Rousseff acusou a oposição de agir como o Velho do Restelo, personagem de Camões que representa o pessimismo. A economia, entretanto, continuou à deriva. Agora, a presidente reclama de uma suposta “guerra psicológica”, “capaz de inibir investimentos e retardar iniciativas”. Já para o ministro Guido Mantega, são os “nervosinhos” que atrapalham o sucesso dos planos formidáveis do governo.

As crianças costumam ter amigos imaginários. Os petistas cultivam os inimigos imaginários. Assim, fica mais fácil livrar-se das responsabilidades para as quais foram eleitos.

Alta da inflação deve causar impactos na geração de empregos em 2014

carteira-de-trabalho-foto-ebc-300x200Brasília – A tendência é que o desemprego volte a crescer em 2014 em decorrência do menor ritmo de criação de vagas e a renda mais pressionada pela inflação, segundo reportagem da Folha de S. Paulo nesta segunda-feira (6). Os dados mais atualizados para 2013, até novembro, são de taxa de desemprego de 4,6%.

Integrante das comissões de Finanças e Tributação, Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio, o deputado federal Valdivino Oliveira (PSDB-GO) concorda com a avaliação e atribui os impactos à “política econômica” do governo da presidente Dilma Rousseff.

“O que ocorre no Brasil é reflexo de uma política totalmente equivocada”, afirmou Valdivino. “Há equívocos na política cambial e também fiscal. A solução é tomar medidas de correção. Mas não acredito que o governo federal as adotará.”

Segundo analistas, ouvidos pela Folha, esses movimentos em direções opostas devem elevar em até um ponto percentual a taxa de desemprego. Desde janeiro, o saldo de novos empregos (trabalhadores admitidos, menos demitidos) foi de 1,547 milhão.

Valdino também criticou a chamada contabilidade criativa. E ressaltou: “O que há são menos investimentos, menos gastos e menos consumo e o reflexo desse conjunto na economia.”

Deputado federal Izalci (PSDB-DF)

Izalci-Lucas-Foto-George-Gianni-PSDBO Brasil bate sucessivos recordes de arrecadação de impostos, mas a aplicação do dinheiro ocorre de forma errada. Não há um controle com os gastos públicos. Além de gastar muito com a inchada máquina federal, o governo aplica mal o dinheiro disponível.

“Mais um ano de vida e transformações”, por Mara Gabrilli

mara-gabrilli-foto-george-gianni-psdb-11-300x199Natalice Cardozo, 44, é moradora do bairro do Jabaquara e mãe de quatro crianças com deficiência física, mas que nunca foram diagnosticadas.  Ela, que tem comprometimento intelectual, nunca soube explicar ao certo a causa da deficiência dos filhos. Carente, sua família passava por várias dificuldades. Uma das crianças, por exemplo, não conseguia estudar por não ter cadeira de rodas para se locomover.

Foi em um dos mutirões do “Cadê Você?” que nossa equipe conheceu a história dessa mãe. Ela levou os quatro filhos para serem atendidos pela equipe multidisciplinar do projeto. Lá, as crianças passaram por uma equipe formada por profissionais como psicólogos, terapeutas ocupacionais, fisioterapeutas, assistentes sociais, dentistas e fonoaudiólogos. No final do atendimento foram encaminhados para vários serviços. Além de orientação, a mãe ganhou duas cadeiras de rodas, uma para o filho que não podia frequentar a escola, e outra de banho, já que as crianças tinham de se lavar direto no chão.

Rodrigo tem paralisia cerebral de comprometimento severo. Foi levado pela irmã em um dos mutirões do “Cadê Você?” realizado no bairro do Grajaú. Rodrigo, que é traqueostomizado, usava uma sacola de plástico para descarte da secreção. Assim que foi avaliado, a equipe se deu conta dos riscos de saúde que o garoto corria por conta da infecção que apresentava e o pulmão que estava seriamente comprometido. A equipe do mutirão então fez contato com uma ambulância e a assistente social do projeto ficou monitorando durante o dia todo até que o garoto fosse foi internado. Rodrigo passou uma semana no hospital e voltou três semanas depois para ser atendido em um novo mutirão. Já recuperado, foi encaminhado para diversos serviços.

Essas são algumas histórias que mostram a dimensão do “Cadê Você?” e deflagram a importância do projeto para pessoas com deficiência que vivem em situação de vulnerabilidade nas grandes periferias de São Paulo.  Essa população não tem acesso a serviços básicos. Para ser ter uma ideia, 60% dos encaminhamentos feitos pelo “Cadê Você?” são dirigidos à área de saúde. Muitas pessoas que chegam ao mutirão estão há mais de um ano na fila de espera do Sistema Único de Saúde (SUS)  aguardando uma cadeira de rodas ou uma muleta.  A população que mais carece de atendimentos básicos é também a que mais sofre com a ausência de políticas públicas do Governo.

Felizmente, nestes dois anos do “Cadê Você?” o projeto não só cresceu em números, como também se profissionalizou, lançando excelentes publicações de apoio ao público atendido, como as três cartilhas de orientação para pessoas com lesão medular, paralisia cerebral e sexualidade para pessoas com deficiência intelectual. Esses materiais trazem orientações importantíssimas de como ter qualidade de vida, saúde e principalmente, conhecimento sobre si mesmo. Afinal, é comum nos mutirões encontrarmos pessoas que não sabem lidar com as questões que envolvem sua própria deficiência. A barreira nasce na ausência de informação.

Por toda essa carência de serviços e políticas, emociono-me ao dizer que este ano o “Cadê Você?” aumentou em mais de 70% o número de atendidos. São mais vidas como as de Natalice e seus filhos, e a de Rodrigo, que foram transformadas. Mais famílias que passaram a conhecer seus direitos, ter acesso a informações que podem contribuir para mudar sua forma de viver. São mais encontros entre pessoas e sua dignidade, muitas vezes já esquecida pela falta de acessos básicos a tudo.

Hoje podemos dizer que o “Cadê Você?”  vem consolidando-se como um projeto de marca própria, que resgata a diversidade humana em sua faceta mais vulnerável de esquecimento. O Instituto Mara Gabrilli agradece a experiência de poder fazer parte de tantas realidades e por de alguma forma poder preencher com orientação, cuidados, carinho, respeito e amor, a vida de tanta gente.

Deputada federal (PSDB-SP)