
Campo Grande (MS) – Após anos de desgoverno e prejuízos, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), agora sob a direção da economista Maria Silvia Bastos Marques, deve mudar sua atuação. Em entrevista publicada nesta quarta-feira (20) pelo jornal Valor Econômico, a nova presidente do banco prometeu o fim dos empréstimos indiscriminados e o apoio aos governos estaduais na privatização de ativos.
Segundo a economista, o banco desembolsou cerca de R$ 190 bilhões em investimentos em 2013. Ainda assim, uma série de estudos mostrou que não houve adicionalidade. Por conta disso, os recursos do banco, que são de origem majoritariamente pública, deverão ser gerenciados de forma mais eficaz. “Não adianta emprestar indiscriminadamente, se isso não se traduz em impacto na economia, o que talvez seja um dos maiores questionamentos sobre a atuação do banco recentemente”, disse Maria Silvia.
A presidente do BNDES destacou que a instituição deve reassumir o seu papel como um banco de desenvolvimento, atuando em projetos com uma maior taxa social de retorno, fazendo investimentos que são ignorados pela iniciativa privada. Nessa linha, o banco também deverá promover um “road show” pelo país, trabalhando junto aos governos estaduais em áreas como saneamento e mobilidade urbana, e auxiliando nos processos de venda de ativos.
“Nessa nova etapa, vemos o papel do BNDES como financiador de longo prazo, que é o existente, mas abrindo cada vez mais espaço para o setor privado. É importante estimular o papel do banco como coordenador, pelo seu conhecimento setorial e pelo papel que terá no financiamento da infraestrutura. O banco também vai coordenar esse novo processo de concessões e privatizações que vai acontecer”, afirmou a economista.
Para o deputado federal Arthur Virgílio Bisneto (PSDB-AM), o BNDES perdeu anos investindo em empresas de acordo com os interesses do poder vigente.
“O BNDES nasceu com o intuito de fomentar a economia, a produção, a aparição de novas empresas e a execução de projetos de sustentabilidade. Principalmente na minha região, projetos de cunho social dentro do aspecto regional”, apontou. “Só que o BNDES passou anos, desde a entrada do governo Lula, patrocinando principalmente as chamadas ‘superempresas’, por exemplo as empresas do Eike Batista, e o retorno social desses empréstimos foi muito pequeno. Muitas das empresas quebraram, não houve acréscimo na geração de empregos”, considerou.
O parlamentar também classificou como louvável a iniciativa do banco de mostrar proatividade ao buscar informações e viajar aos estados, mas alertou que as novas diretrizes não podem se restringir a isso.
“Ela [a presidente Maria Silvia Bastos] está correta. Não dá para ficar emprestando dinheiro a torto e a direito sem ter noção do que você está fazendo com os recursos, que são públicos. O BNDES tem que voltar à sua origem. Se a intenção dela é essa, está cumprindo o seu papel. O BNDES tem uma capacidade de investimento imensa, de desenvolvimento, de fomento, e nunca fez isso. Trabalhou errado durante o período Lula/Dilma. Se voltar às origens, já vai ser um grande ganho para a economia brasileira”, completou o tucano. (Reprodução/PSDB Nacional)
Leia AQUI a íntegra da entrevista da presidente do BNDES ao jornal Valor Econômico.