O secretário-geral do PSDB Nacional, deputado federal Beto Pereira, a presidente nacional do Tucanafro, Gabbriela Cruz, o presidente de honra do segmento, Juvenal Araújo, além dos presidente estaduais do secretariado negro tucano, debateram na noite de sexta-feira (05), os movimentos antirracistas no Brasil e no mundo.
Para iniciar a temática, Gabriela Cruz deu um panorama sobre a história do movimento negro no país e os temas mais urgentes a serem abordados neste momento.
“Somos negros, somos 54% da população brasileira, e ainda somos a minoria nos espaços de poder e de fala. Precisamos reverter este quadro com urgência para que situações como a da Ágata, do João Pedro, do Miguel e tantas outras mortes de cunho racista não fique em vão. Não podemos mais aceitar que crimes racistas como esse acontecem em nosso país”.
Gabriela também lembra do atual presidente da Fundação Palmares, Sérgio Camargo.”É uma vergonha termos aquele cidadão como referência em uma das instituições mais importantes do nosso movimento”.
O presidente de honra, Juvenal Araújo, relembra das conquistas alcançadas pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e reforça as vitórias obtidas pelo PSDB.
“O primeiro presidente que assumiu que somos um país racista e viu a necessidade de se criar secretarias e espécies para falar sobre isso foi Fernando Henrique. Além disso, em 2016, o PSDB foi a sigla que mais elegeu representantes negros nas eleições, por isso é importante que continuemos levantando está bandeira”.
O vice-presidente do Tucanafro Nacional, Fernando fala da importância e necessidade de se eleger mais pretos e pretas no país.
“Somos a maioria e não temos representatividade. Por isso solicitamos que o partido destine 3% do fundo partidário para os candidatos negros, assim como já há esta verba às mulheres somente desta forma conseguiremos ter voz e trabalhar pautas para o nosso povo”.
Falando sobre a desigualdade racial brasileira, a presidente do Tucanafro de Mato Grosso do Sul, Mariana Castelar, abordou sobre a importância da formação permanente.
“A mais recente pesquisa feita pelo Atlas da Violência, mostra que em 2017, de cada 100 pessoas assassinadas, 71 são negras. Isso só comprova o retrato desigual e discriminatório no nosso país. Então falar que temos direitos a oportunidades iguais, é mentira, dizer que a meritocracia funciona para nós negros também não é verdade. Por isso sugiro que o ITV faça cursos permanentes falando sobre o racismo estrutural e sobre a questão racial no país. É importante que as pessoas aprendem a história e o panorama social do nosso país”.
Explicando sobre como funciona o crime de racismo e a injúria racial, o presidente do Tucanafro do Rio de Janeiro, Cirilo de Oliveira, fala da gravidade da situação, onde muitos usam a brecha da lei para amenizar a pena.
“O crime de racismo é inafiançável e grave. O de injúria racial é mais branda, e pelo fato disso, quase todos os casos que deveriam ser definidos como crime viram injúria e o réu acaba tendo uma pena mais branda”.
Ivan Lima, presidente do Tucanafro em São Paulo fala sobre as políticas públicas alcançadas pelos representantes a frente da SEPIR, a importância de se eleger mais negros nos espaços de poder e da formação permanente, e reforça a importância do espaço do secretariado dentro das executivas e no partido.
“É de extrema importância que os presidentes dos Tucanafros participem das reuniões de sua executivas municipais e estaduais para saber as decisões tomadas. Desta forma teremos voz e poder de fala”.
A primeira secretaria Nacional e presidente do segmento em Alagoas, Tereza Olegário, e o presidente do Piauí, Rafael Almeida, falaram sobre a importância da reunião, o fortalecimento do segmento e o comprometimento do partido.
“Termos o secretário-geral Nacional do PSDB nesta reunião mostra que a sigla quer nos ouvir e, principalmente, fazer a diferença dos demais.
Após ouvirás solicitações, Beto Pereira, agradeceu a oportunidade do convite, e se comprometeu a fazer os encaminhamentos das demandas solicitadas.
“Aprendi muito nesta noite ouvindo vocês e todos os encaminhamentos pedidos por vocês tem fundamento e meu total apoio, por isso me comprometo a levar ao presidente nacional do partido, Bruno Araújo essas pautas e mostrar a necessidade de vocês terem espaço nas reuniões das executivas estaduais de vocês e participarem ativamente como a Gabriela já faz aqui. A representatividade é algo de extrema importância, por isso também levarei a questão de destinar o fundo partidário a candidatos pretos e pretas. Junto com vocês, faremos um levantamento, um planejamento e orçamento para as campanhas. Também concordo sobre uma penalidade mais grave da tipificação da injúria quando ela for de cunho racista. Ela precisa ser mais rígida e eu, como deputado federal, verei isso. Sobre o presidente da Fundação Palmares recomendo que façam uma carta solicitando a exoneração com a assinatura de todos vocês para que possamos fazer o encaminhamento e peço também que façam um levantamento sobre projetos de lei que é de interesse do secretariado para que possamos analisar juntos e levar para a Câmara. O que não podemos é aceitar que situações como essas que temos visto diariamente continue impune e se tornam rotinas no nosso país. O PSDB é um partido que apóia a democracia e o direito de fala e espaço de poder a todos, e para que isso aconteça precisamos ouvir segmentos como o Tucanafro para que possamos dar o direito de oportunidade a todos para que tenham voz, vez e voto”.
A reunião foi realizada pela plataforma Zoom e contou com os presidentes do Tucanafro de todos os Estados, com a participação da Juventude, Diversidade e Mulher, e foi transmitida ao vivo mas redes sociais do PSDB Nacional e no Facebook do Tucanafro Nacional.