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“A nossa presidente dando um show na cúpula União Europeia – Mercosul. Um vexame”, por Alberto Goldman

alberto-goldman-foto-george-gianni-psdb--300x199O pronunciamento de Dilma nessa cúpula e entrevistas realizadas, em Bruxelas, são pra deixar qualquer brasileiro com vergonha. Vale a pena ler o editorial do Estadão de hoje, “Ela fala pelo Brasil”. Destaco alguns pontos abaixo:

“Até mesmo o lusófono presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, deve ter tido sérias dificuldades para entender os dois discursos da presidente Dilma Rousseff proferidos em Bruxelas a propósito da cúpula União Europeia (UE)-Brasil. Não porque contivessem algum pensamento profundo ou recorressem a termos técnicos, mas, sim, porque estavam repletos de frases inacabadas, períodos incompreensíveis e ideias sem sentido.”

“Ao falar de improviso para plateias qualificadas, compostas por dirigentes e empresários europeus e brasileiros, Dilma mostrou mais uma vez todo o seu despreparo. Fosse ela uma funcionária de escalão inferior, teria levado um pito de sua chefia por expor o País ao ridículo, mas o estrago seria pequeno; como ela é a presidente, no entanto, o constrangimento é institucional, pois Dilma é a representante de todos os brasileiros – e não apenas daqueles que a bajulam e temem adverti-la sobre sua limitadíssima oratória.”

“Movida pela arrogância dos que acreditam ter mais a ensinar do que a aprender, Dilma foi a Bruxelas disposta a dar as lições de moral típicas de seu padrinho, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Acreditando ser uma estadista congênita, a presidente julgou desnecessário preparar-se melhor para representar de fato os interesses do Brasil e falou como se estivesse diante de estudantes primários – um vexame para o País.”

Um vexame.

*Alberto Goldman é um dos vice-presidentes do PSDB nacional, foi ministro, governador e deputado federal

**O artigo foi publicado no Blog do Goldman – 27/02/2014

“Argumento estúpido e o construtor do partido”, por Alberto Goldman

Alberto-Goldman-Foto-George-Gianni-PSDB-6-300x199Argumento estúpido

Segundo o advogado de José Genoíno, na defesa que faz no Supremo Tribunal Federal (STF) durante a discussão dos embargos, não houve formação de uma quadrilha, mas de um partido político que, desde 2002 vem vencendo as eleições majoritárias para a presidência da República, o que comprova que o povo vem aprovando a conduta deles, condenados, e de seu partido.

Poucas vezes ouvi argumento tão estúpido.  Significa, segundo ele, que o povo aprova o desvio de dinheiro público para a formação de maiorias no Congresso Nacional e para garantir melhores resultados eleitorais.

É como se disséssemos que o povo aprovava da ditadura, a repressão e a tortura impostas pelo golpe militar de 1964 quando, no auge do terror, em 1970, 1974 e 1978 elegeu, através de seu partido, a Arena, a maioria dos deputados federais e senadores.

Eleição não é anistia.  Não é certidão de honorabilidade.

Um construtor de partido

Henrique Pizzolato, fundador do PT, ex diretor do Banco do Brasil, um dos membros da quadrilha, fugitivo na Itália, é o símbolo maior do que significa uma quadrilha.  Desde o início das apurações do mensalão, ele se preparou para fugir se as coisas não dessem certo para eles, como não deram.  Assumiu uma dupla personalidade, usando o irmão morto, seus documentos e tudo mais, inclusive abrindo contas no exterior em nome do falecido.   Henrique era Henrique quando queria e era Celso quando lhe convinha.   Por isso conseguiu fugir.  Belo exemplo de um cidadão que organizou um partido – não uma quadrilha conforme o advogado de Genoíno defende.

“Padilha já veio atirando”, por Alberto Goldman

alberto-goldman-foto-george-gianni-psdbO Padilha chegou.  E, chegou atirando.  Baixaria no estilo Lula.  Falta de escrúpulos no estilo Dilma.  Saiu do ministério da Saúde sem justificar o seu período de governo.   O que se sabe são os gastos em publicidade do seu período, três anos, de 2011 a 2013, de R$ 590 milhões.

Uma barbaridade.  E, um projeto de marketing, o “mais médicos”, na verdade uma demonstração da incapacidade de mobilizar profissionais, preparados e profissionalmente aprovados no país para ajudar a enfrentar as carências na área da Saúde.   E ainda, o uso abusivo de redes nacionais de rádio e TV para divulgar o seu nome.

Como se todos fôssemos um bando de energúmenos, sai criticando o que chamou de ‘legados malditos’ do governo do PSDB, anterior ao do PT,  achando que ninguém vai perceber que seu período de ministério, na Saúde se iniciou 8 anos depois da primeira posse de Lula, em 2003, e que, antes dele, a Saúde tivera 4 ministros durante o governo petista.

Assim será a campanha: jogo sujo, rasteiro, inescrupuloso.  E com doses teatrais de comédia, ou tragédia, ou melhor, de farsa.   Já começou chorando ao fazer um balanço de sua trajetória, a seu juízo, honrada.  Pra que?  Alguém falou o contrário?

E, já foi dando declarações: “o empresário já não aguenta esperar mais para investir no Estado”, como se o investimento não tivesse relação direta e total com a política econômica do governo federal que vem dizimando a nossa indústria, em especial, a de São Paulo, o grande centro motor da economia do país.

Ou então diz: “ As universidades não aguentam mais esperar para colaborar com tecnologia”, como se nós não tivéssemos em São Paulo universidades estaduais que são as melhores do país, as que mais contribuem com a ciência e a tecnologia, inclusive pela criação de parques tecnológicos por todo o Estado, ao contrário da federais, especialmente as criadas pelo governo petistas que, fora algumas exceções, são salas em que faltam professores e laboratórios, que não tem qualquer compromisso com a inovação e com a indústria.

Tudo isso no dia em que a presidente Dilma diz que tudo está bem no país, que teremos um 2014 melhor que 2013.  No mesmo momento em que o real se desvaloriza fortemente, as bolsas caem brutalmente, as taxas de juros crescem cada vez mais, a inflação se mostra ascendente, os investimentos rareiam, o déficit fiscal assombra, a balança comercial mostra o maior déficit externo da história brasileira, o PIB quase não cresce, a produção industrial recua mês a mês…

*Alberto Goldman é um dos vice-presidentes do PSDB, foi governador e prefeito de São Paulo e ministro

*O artigo acima foi publicado no Blog do Goldman 04-02-2014

“Entenderam por que Dilma foi a Davos?”, por Alberto Goldman

Alberto-Goldman-Foto-George-Gianni-PSDB-5-300x199Deve ter sido interessante e, no mínimo, curioso para os maiores líderes políticos e de negócios do mundo reunidos no Fórum  Econômico Mundial, na cidade de Davos, na Suíça, verem e ouvirem uma presidente ( de um “grande país sul americano” até pouco tempo atrás visto como uma área excepcionalmente atrativa para a realização de negócios ) tida por sua origem política como “trotskysta” por alguns e por outros como uma revolucionária marxista que deixou a luta armada para se inserir na vida democrática e na consolidação do capitalismo no Brasil.

Poucos deles certamente sabem quem foi Trotsky ou tiveram qualquer contato com um trotskysta, nem tem ideia de que ele e Lenin lideraram a Revolução Comunista na Rússia, muito menos que o seu grande conflito na luta pelo poder, após a morte de Lenin, se deu contra Stalin, com o qual divergia sobre o caráter da construção do socialismo naquele país e em todo o mundo.

Trotsky defendia a necessidade de uma revolução permanente difundida internacionalmente, enquanto Stalin defendia que antes era preciso consolidar o socialismo na Rússia.  Trotslysta ou não, Dilma era vista como uma figura enigmática, construída pelo ex presidente Lula – este sim um “esquerdista” pragmático que nunca se apaixonou pelas teorias revolucionárias.

O fato é que a forma de governar de Dilma e os resultados na economia brasileira colocaram na cabeça desses homens de negócios e líderes dos países capitalistas a questão da sinceridade das novas convicções da presidente do Brasil e a capacidade dela governar.  Afinal, além do seu estilo centralizador e arrogante, ela construiu uma imagem – e uma prática – intervencionista através de suas ações iniciais contra o sistema financeiro ( no embate contra a cobrança de altos “spreads” ), contra o papel das agências reguladoras e na mudança de regras essenciais para a segurança dos investidores.

Além disso a sua credibilidade quanto à capacidade de governar era posta em questão em face da aceleração da inflação, do baixo crescimento do Produto Interno Bruto ( PIB), do expansionismo ( descontrole ) fiscal, dos desacertos cambiais e da permanente redução dos superavits na balança comercial e na balança de pagamentos.

As tentativas da presidente usando uma enormidade de recursos por meio do BNDES, obtidos por intermédio do aumento do endividamento público, as isenções tributárias para alguns setores, o controle de tarifas nos serviços públicos e os insucessos na atração de investimentos para a infraestrutura, não produziram os resultados desejados mas fortaleceram os receios dos homens de negócios.

Ainda mais, os protestos que tem explodido em vários momentos e em várias áreas do país, que mostraram um nível de insatisfação popular até então desconhecido, acenderam a luz amarela, muito sensíveis que são a qualquer sinal de perigo para os seus investimentos.

Dilma, em Davos, fez um discurso que procura, da mesma forma que fez Lula em 2002 na “carta aos brasileiros”, mostrar que ela não é nada do que se pensa que é.  Ela afirma que é a favor do capital privado, sejam os investimentos nacionais ou estrangeiros, que serão recebidos de braços abertos, com a segurança necessária, com o respeito aos contratos e ainda que o seu principal tema é o combate contra a inflação, que vai manter em ordem as contas públicas, que vai ampliar ainda mais a capacidade de consumo da população.  E exemplificou, o que teria sido uma mudança de conduta, o sucesso dos últimos leilões de rodovias e aeroportos e o leilão de exploração do petróleo no pré sal.  Dos insucessos, nenhuma palavra.

Todo esse esforço da presidente, todo o seu discurso, de fato não é suficiente para mudar a percepção dos líderes de negócios mundiais.  Tudo o que foi dito, as verdades e as mentiras, são sobejamente conhecidas por eles.  Eles não estão fora dos negócios no Brasil, não são ETs, estão dentro, fazem parte e têm, além de informações atualizadas, bilhões de dólares aplicados no país.

Mas se todo esse bafafá que mexeu com a mídia crioula não vai resultar em nada de novo, nem nada especial em relação aos investimentos, para que Dilma foi a Davos?  Além de safisfazer a curiosidade dos presentes, o que sobra?

Para o país nada, para Dilma, muito.  Ela obteve horas e mais horas em toda mídia nacional.  Enquanto isso, seus adversários eleitorais estão à míngua.  Aécio tem alguns segundos quando faz algum pronunciamento crítico, Eduardo Campos obtém alguns minutos na sua queda de braço com a recém aderente Marina Silva.  Dilma, pelo contrário, ganhou o equivalente a diversos programas eleitorais gratuitos, melhor ainda, fora do horário eleitoral gratuito que se inicia só em agosto.  E nos horários e espaços mais cobiçados da grande mídia nacional.  O que comprova que estão com paúra.

Agora entenderam porque ela foi a Davos?

Alberto Goldman é um dos vice-presidentes do PSDB, foi governador de São Paulo, ministro do governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e deputado federal (PSDB-SP)
*O artigo acima foi publicado no Blog do Goldman

“Mais um ‘aloprado’ recompensado. Agora sim, a casa cai”, por Alberto Goldman

Alberto-Goldman-Foto-George-Gianni-PSDB-6-300x199Em 15 de setembro de 2006 – véspera das eleições para governadores e presidente da República – alguns integrantes do PT foram pegos pela PF em um hotel de São Paulo com malas cheias de dinheiro – 1,7 milhões de reais – até hoje de origem desconhecida, cuja finalidade era comprar um dossiê ( falso, é claro ).

O dossiê, fabricado por uns empresários delinquentes do Mato Grosso,  acusaria o candidato ao governo de São Paulo, José Serra, de ter relação com o escândalo dos sanguessugas – termo usado para identificar o desvio de dinheiro, em 2006, para a compra de ambulâncias, quando Serra era ministro da Saúde.

As investigações e depoimentos dos suspeitos demonstraram que o conteúdo do dossiê era falso e o episódio notabilizou a expressão “aloprados”, usada por Lula  para designar os acusados de comprar o dossiê, alias seus companheiros de partido.

O homem que transportou a mala para o hotel foi Hamilton Lacerda, vereador do PT de São Caetano do Sul e um dos coordenadores da campanha de Aloizio Mercadante, então candidato a governador e que seria o beneficiário do escândalo.  Foi indiciado pela PF por lavagem de dinheiro, mas a origem do 1,7 milhão nunca foi esclarecida e foi afastado da campanha de Mercadante e expulso do PT.  Virou fazendeiro no sul da Bahia em sociedade com um ex-assessor de Antonio Palocci, Juscelino Dourado, da turma de Ribeirão Preto.

Hamilton Lacerda havia se desfiliado do PT em 2006, no bojo do escândalo, mas retornou em 2010 pelas mãos do padrinho:  Luiz Marinho, prefeito de São Bernardo do Campo.

Em junho de 2012, a Justiça aceitou a denúncia contra Lacerda e mais oito pessoas envolvidas na elaboração do dossiê fajuto. Eles responderão pelos crimes de lavagem de dinheiro e operação fraudulenta de câmbio.

A visita da presidente Dilma Rousseff ao ABC Paulista, no dia 19 de agosto de 2013, coroou a ressurreição do petista Hamilton Lacerda.   Lacerda voltou à política pelas mãos do prefeito de São Bernardo do Campo, Luiz Marinho, e assumiu no fim de julho deste ano a diretoria de Projetos do Consórcio Intermunicipal do ABC.  É ele quem vai cuidar de R$ 200 milhões da União prometidos para a região para 2014.  Isso mesmo tendo sido a denúncia recebida pela Justiça e ele, portanto, estar sendo processado.  Dilma e Luiz Marinho não se mostram preocupados.  Já faz parte do DNA deles.

É evidente que uma operação de tal porte ( a compra do dossiê ) não foi orquestrada somente pelo Hamilton Lacerda e seu bando.   Não há hipótese de se imaginar que o eventual beneficiário –  Aloizio Mercadante – não tivesse conhecimento da ação programada.   Assim como, a meu ver,  também não há hipótese do Lula desconhecer a questão.

Poucos dias antes do próprio dia 15 em que os bandidos foram pegos, o proprietário da revista Isto É estivera em audiência com Lula.   Não foi sobre poesia que falaram.  Nem sobre o futuro do Brasil. Acertaram a publicação das denúncias.   Quando Lula, irritado, usa o termo aloprados, não se refere à operação em si, não a condena.  Sugere a incompetência de seus companheiros em realizá-la sem serem desmascarados.  Na cabeça do Lula, vale tudo.

Agora Aloizio Mercadante é premiado.  Já fora, sem mostrar resultados expressivos, guindado ao Ministério de Ciência e Tecnologia e, em seguida, ao Ministério da Educação.  Pula de galho em galho e produz muito pouco.

Agora vai para a Casa Civil.  Daí, certamente, para as trevas, como foram, José Dirceu, Palocci e Erenice Guerra.

Quanto mais alto, maior é a queda.

*Alberto Goldman é vice-presidente do PSDB, ex-ministro, ex-governador de São Paulo e ex-deputado federal (PSDB-SP)

Artigo publicado no Blog do Alberto Goldman em 22-01-2014

“Dilma rindo à toa”, por Alberto Goldman

Alberto-Goldman-Foto-George-Gianni-PSDB--300x199Pois não é que a Dilma está radiante diante o resultado da licitação dos aeroportos do Galeão no RJ e COFINS em MG? Está até gozando daqueles fantasmas que ela mesmo criou que estariam torcendo por um mau resultado, até uma licitação sem licitantes, como em muitas que ela já promoveu.

Pelo contrário, presidente, estamos todos satisfeitos. Até porque é o reconhecimento do besteirol que você e seu mentor alardeavam contra participação privada durante as três últimas campanhas eleitorais. Bem vinda ao bom senso e à rejeição ao dogmatismo atrasado..

Tardiamente conseguiram levar adiante uma importante licitação em uma área em que estamos atrasados pelo menos 10 anos. Antes tarde que nunca.

O bom do resultado é que vamos sentir, daqui há alguns anos, os efeitos de uma gestão privada, não a gestão da medíocre Infraero, condomínio de políticos incapazes e irresponsáveis, sem qualquer compromisso com o interesse público. Esse é o ganho da licitação.

Não se trata de ganho financeiro. Até porque os números da licitação têm de ser melhor explicados. Os Consórcios vencedores têm a própria Infraero, totalmente estatal, com 49%. O valor da outorga a ser paga tem, portanto, metade de recursos do próprio governo federal. Esse dá o dinheiro à Infraero e esta paga ao governo federal… O dinheiro sai e entra, em seguida. E não é só isso. Os recursos das outorgas a serem pagos pelos Consórcios e os que serão investidos podem ser 70% financiados pelo BNDES. E esse os obtém do próprio governo federal. Mais uma vez o dinheiro sai e entra no mesmo lugar. Resultado: apenas 15% de todos os gastos virão dos sócios privados que terão os recursos, em parte, da própria geração da caixa da operação dos aeroportos.

Daí que o dinheiro privado será muito pouco, relativamente. Mas reconheça-se o ganho de gestão. Os resultados, para a sociedade, serão sensíveis. Dilma, pode rir, ainda que seja à toa.

“A insensibilidade de Haddad na cobrança do IPTU. Uma Malddade”, por Alberto Goldman

Alberto-Goldman-Foto-George-Gianni-PSDB-1-300x199Não é aceitável o argumento do prefeito Fernando Haddad de que o aumento do IPTU em São Paulo se justifica pela rápida valorização dos imóveis em várias áreas da cidade.

É verdade que o valor do IPTU tem relação com o valor do imóvel, base para a cobrança do imposto. Mas também é verdade que esse dado não pode ser o único, nem é o principal fundamento do imposto cobrado. O valor do imóvel tem relação não apenas com a melhora da infra estrutura da região onde ele se localiza, mas sofre – e esse é o dado mais importante – os efeitos de um processo de especulação imobiliária que pouco tem a ver com as ações da prefeitura de melhoria da região. E não é justo que o contribuinte passe a ser onerado com os efeitos dessa especulação, sobre a qual nem ele, nem a prefeitura, tiveram qualquer ação.

O contribuinte, seja ele apenas um morador, proprietário do imóvel ou seu locatário, ou tenha uma atividade comercial, também em imóvel próprio ou locado, não tem os seus rendimentos acompanhando esse processo especulatório que ocorre na cidade e, portanto, não tem capacidade de pagamento que acompanhe essa elevação de valor do imóvel.

Existem situações em que o aumento do IPTU desloca o morador para regiões periféricas da cidade, ou o empresário para outras atividades onde seu imposto seja mais compatível com o seu negócio, o que é injusto e agrava ainda mais as já terríveis consequências da distribuição da população na cidade.

Em entrevista ao jornal “O Globo”, Haddad afirma que paga o condomínio de seu prédio em valor superior ao seu IPTU. É uma justificativa enganosa pois o IPTU é, como diz o seu nome, um “imposto”, isto é, uma obrigação cujo não cumprimento gera sanções de diversos tipos, não sendo possível ao devedor evitá-las por vontade própria. Já o condomínio é uma ação determinada pelos próprios usuários do imóvel, que podem provocar seu aumento ou diminuição dependendo dos serviços que requerem ao usá-lo. O condomínio é o pagamento da manutenção do edifício, inclusive água e luz de suas partes comuns, da existência ou não de porteiros e seguranças, do nível de limpeza que é exigido. É uma decisão dos usuários, não é um imposto que o poder público determina, sem perdão.

Haddad não parece o prefeito da cidade, um escolhido para representá-la e administrá-la. Mais parece um empresário justificando as suas próprias necessidades, insensível diante das dificuldades do munícipe. É uma malddade

“Padilha, picado pela tsé-tsé, estava com a doença do sono mas está curado. Um pouco tarde”, por Alberto Goldman

* Texto publicado no Blog do Goldman 20-08-2013

Alberto-Goldman-Foto-PSDB-SP-300x200O Ministro da Saúde, Alexandre Padilha já vem perdendo a batalha para suprir a falta de médicos em todo o país. Até agora, apenas 10% dos 15 mil médicos que seriam necessários no país para cobrir a atenção básica nas áreas mais carentes responderam positivamente, sem qualquer garantia de que eles venham, de fato, a se alocar nos municípios designados. Sobre a necessidade de outros profissionais, equipamentos e outros meios físicos, ainda pouco se sabe. E os médicos estrangeiros que para cá viriam, sem se submeter à avaliação que aqui sempre foi exigida, são ainda uma incógnita, já que rejeitados, nos termos desejados pelo governo federal, por todas as instituições médicas nacionais.

Não bastasse isso, o ministro que está na pasta desde o início do governo Dilma, vale dizer, há mais de 2 e meio anos, e faz parte da mesma equipe de governo que nos dirige há quase onze anos (Lula/Dilma), lamenta a enorme falta, crescente, de especialistas, reconhecendo que levará anos para zerar essa carência. Afirma o ministro que “… o Brasil nunca planejou a expansão da residência a partir da necessidade da população… leva de dois a três anos para formar o especialista.”

Pudera! Nos oito anos do governo Lula tivemos 4 ministros da Saúde, média de um a cada dois anos. E no de Dilma, temos o ministro Padilha que sairá após 3 anos para ser candidato a governador. O maior período de estabilidade no ministério, desde Sarney, foi no mandato de FHC, quando José Serra foi ministro por 4 anos.

Só agora, no finalzinho de seu período – e no fim do governo Dilma – Padilha acordou, se deu conta da falta de médicos para a atenção básica e de especialistas. Estava com tripanossomíase africana, chamada de doença do sono, pois foi picado pela tsé-tsé, mas parece que foi curado.

Um pouco tarde, é verdade.

“Se não é sobrinho, é ‘irmão’ de armas”, por Alberto Goldman

* Publicado nesta quarta-feira (7) no Blog do Goldman

Alberto-Goldman-Foto-PSDB-SP-300x200O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, negou que o presidente do CADE, Vinicius de Carvalho, tenha “o parentesco” com o ministro Gilberto de Carvalho, a coincidência seria só do sobrenome. Eu escrevi no post anterior que Gilberto era tio de Vinicius, conforme havia ouvido em reportagem da CBN.

Tentei confirmar a informação que foi transmitida pela rádio CBN. Não pude obter nem a confirmação, nem algum desmentido. Estranho que o ministro Cardoso tenha falado sobre o assunto, e o próprio Vinicius não tenha se pronunciado. Existe um vídeo, no youtube, da posse de Vinicius no CADE, com a presença de Cardoso e Gilberto, esse citado pelo novo presidente, emocionado e agradecido, como o maior responsável pela sua ascensão. Fica claro que, parente ou não, são irmãos de armas, e Vinicius deve sua trajetória meteórica ao “irmão”. Afinal não é qualquer um que com 11 anos de formado e quatro de pós graduado, sem maior experiência profissional, atinge um posto de tal importância e responsabilidade, no qual decide pela vida e pelo futuro de centenas de empresas.

De qualquer forma, permanece a questão: por que um processo que teoricamente tramita em sigilo é divulgado, em pílulas, por órgãos de imprensa, sem que o maior interessado, e possível vítima, o governo de São Paulo, tenha acesso a absolutamente nada? A responsabilidade do CADE, de qualquer maneira, é indiscutível, e passa a ser perfeitamente lícito que façamos a suposição de que existe o intuito político de abalar o governo do PSDB.

“As verdades, as mentiras e as meia-verdades de Dilma Rousseff”, por Alberto Goldman

Alberto-Goldman-Foto-George-Gianni-PSDB--300x199“Propus cinco pactos. Eu tenho um sexto: é o pacto com a verdade”, disse Dilma na entrevista à jornalista Mônica Bergamo na Folha.

Vou aceitar esse jogo da verdade. Vamos lá às verdades:

“Lula e eu somos indissociáveis…o Lula não vai voltar porque ele não foi”. De fato, Dilma é criatura de Lula, o autor e personagem principal. A maioria da população brasileira pensou que estava elegendo uma mulher de personalidade própria. Enganou-se. É o Lula que exerce seu terceiro mandato e agora quer o quarto.

“Quando a gente, nesses dez anos (de governo do PT) cria condições para milhões de brasileiros ascenderem, eles (o povo) vão exigir mais. Essa aceleração (da inclusão) não se deu na qualidade dos serviços públicos”. Milhões também não ascenderam antes de Lula? E quanto à má qualidade dos serviços, todos dizíamos isso, só ela não sabia?

“Nós não somos uma ilha…você não está com aquele vento a favor que estava, não”. Se isso é verdade, e é, porque creditou tudo de bom que houve nesses últimos anos à competência de seus governos? Quando tudo eram flores, foi o governo que fez, agora que são espinhos a culpa é da situação internacional.

“O gigante despertou”. É verdade, despertou. Não adianta mais enrolar.

Vamos agora às mentiras:

“Não estou cogitando isso (enxugamento de ministérios)…vão querer cortar os de direitos humanos, igualdade racial, política para as mulheres…não acho que reduza custos”. Não só se reduziriam custos mas, o mais importante, poderia dar mais eficiência e eficácia à gestão governamental. Por exemplo, o Ministério da Justiça teria uma visão mais abrangente para fazer justiça sem discriminações, o Ministério dos Transportes integraria melhor toda a logística de transportes aglutinando transportes terrestres, hidroviários, os aeroportos e os portos.

“Tudo o que sobe desce, e tudo o que desce sobe”. Não é não! Nas pesquisas, as quais ela se refere, descer é fácil, subir é difícil. Desfeita a credibilidade pelo fato do povo se dar conta da realidade, reconstruí-la é, via de regra, impossível.

“Uma coisa é certa: eu, com médico, me viro. Sem médico, eu não me viro”, se referindo ao programa Mais Médicos. Não se vira, não! Só médico para tratar, sem os instrumentos necessários para trabalhar, não se cuida da saúde da população. O médico, só, não se vira.

“A dívida bruta (do país) está caindo…nunca foi tão baixa”. A dívida bruta está, hoje, em seu ponto mais alto: 60% do PIB. Caiu até 2010 e, a partir daí, vem subindo sistematicamente.

“A inflação é cadente…o tomate está custando 4,50 o kilo”. Não é, já faz tempo, a inflação vem subindo e atingiu mais de 6,5% ao ano, e o tomate, antes da subida, custava muito menos.

Vamos agora às meia-verdades:

“Sabe em quantos anos o Fernando Henrique não cumpriu a meta”? É verdade, em alguns anos do período de FHC a meta não foi cumprida. Mas ele foi o responsável pelo plano real que derrubou a inflação galopante em que o país vivia e permitiu que nos anos seguintes, inclusive no governo Lula, ela pudesse ser controlada. Por que negar esse fato?

“Temos que aumentar a taxa de investimento no Brasil…tanto que tomamos as medidas fundamentais para que isso ocorra. Reduzimos os juros”. Tomaram, sim, lá atrás, depois de manterem por anos juros estratosféricos. Agora estão aumentando, a cada reunião do BC.

“Quero falar do futuro…de agosto até o início do ano que vem, faremos concessões, rodovias, ferrovias….para a ampliação dos investimentos e melhorar a competitividade da economia”. Só agora? Depois de mais de dez anos de estripulias? Isso já ouvimos muitas vezes.

Assim é a Dilma. E assim é o Lula.