PSDB – MS

Copa do Mundo

“O povo na rua”, análise do ITV

protestosbandeiras-300x199Falta pouco mais de um mês para o início da Copa do Mundo. E o que o governo mais temia ameaça se concretizar: o retorno das manifestações por serviços públicos mais decentes, justamente na época em que o país estará em maior evidência mundial. Ontem, pipocaram protestos por todo o país. Parece que o povo começou a voltar para a rua.

Tem para todos os gostos. Houve marchas e bloqueio de vias em São Paulo, transporte público parado no Rio, funcionários públicos em greve em Fortaleza e Salvador, rodoviários de braços cruzados em Florianópolis, Campinas e no Grande ABC. Segundo a Folha de S.Paulo, desde fins
de março ocorrem em média cinco protestos por dia ao redor do país. O caldeirão está em ebulição.

Se muitas das manifestações são justas no conteúdo, algumas são especialmente equivocadas na forma. Por mais que haja frustração generalizada com o legado que a Copa traria e não trouxe e revolta pela montanha de dinheiro público que foi consumida em estádios e em benefícios privados ligados ao torneio, nada justifica arruaças como as vistas ontem nas duas principais cidades brasileiras.

Invadir prédio de construtoras e pichar paredes de escritórios com palavras de ordem, como aconteceu no movimento dos sem-teto em São Paulo, e quebradeira de quase 500 ônibus no Rio não são práticas aceitáveis numa sociedade democrática.

A desordem merece repúdio. Mas ontem se viu foi brindada com gestos amenos e espaço na agenda concedido pela presidente da República aos mesmos que promoveram os atos acintosos na capital paulista. Está errado.

Em campanha desabrida por um novo mandato, Dilma Rousseff tenta transformar tudo em dividendo eleitoral. A turma da baderna é aliada do PT, mas a candidata é, antes de tudo, a primeira mandatária do país. Que sinal passa para a população ao distribuir sorrisos a quem, horas antes, aviltara propriedades?

Motivos para protestar, os sem-teto até têm. O Minha Casa Minha Vida é um fracasso retumbante naquilo que era seu maior objetivo: diminuir a falta de moradia para famílias pobres.

Apenas 15% das 1,2 milhão de habitações prometidas para famílias com renda até três salários mínimos foram concluídas, mostrou O Estado de S. Paulo em janeiro. Não há perspectiva de melhora, mas o governo petista prefere acenar com uma terceira fase do programa, antes de sequer passar perto de entregar o que prometeu.

Sobre a qualidade dos serviços públicos e o parco legado em termos de melhoria da qualidade de vida nos nossos grandes centros que adviria da realização da Copa, é ocioso tratar. Basta olhar em volta e constatar a distância entre as expectativas criadas desde que o Brasil foi escolhido pela Fifa, em 2007, e a realidade atual. Quase nada aconteceu.

Dilma provavelmente recebeu as lideranças do movimento de sem-teto ontem em São Paulo em mais uma tentativa de tentar encaixar-se no figurino da mudança pela qual os brasileiros – e nem só os que têm disposição de ir para as ruas – clamam. Mas sua capacidade de ludibriar
os eleitores está escasseando.

Pesquisa que o Datafolha divulga hoje – com alta de Aécio Neves nas intenções de voto – mostra que continua cada vez mais elevado o clamor de pessoas que querem ver o Brasil mudar. Já são 74% os que pensam assim e não é à petista que eles mais associam a capacidade de atender seu anseio.

Segundo a pesquisa, Aécio tem mais capacidade de fazer as mudanças que o país pede do que a presidente em busca de um segundo mandato. Hoje, 19% atribuem esta qualidade ao tucano e apenas 15% a Dilma. Há dois meses, os percentuais eram invertidos: 10% viam mais preparo
no tucano e 19% na petista. O vetor da mudança mudou.

O mesmo levantamento mostra Dilma com marca recorde de avaliação ruim ou péssima de sua gestão. Agora, 26% da população qualifica seu governo desta maneira, mais que os 25% aferidos no auge dos protestos de junho passado. É este caldo que alimenta a mais nova onda
de protestos que parece se prenunciar.

Em Belo Horizonte, Aécio Neves concede entrevista coletiva

aecio-neves-george-gianni-300x199Belo Horizonte (MG) – O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, concedeu entrevista coletiva nesta sexta-feira (4) em Belo Horizonte, após a transmissão de cargo de governador de Minas Gerais, Antonio Anastasia (PSDB) para Alberto Pinto Coelho (PP).  Aécio respondeu a perguntas sobre o  ex-governador Antonio Anastasia, governador Alberto Pinto Coelho, apoio PP, a CPI Petrobras, inflação, tarifa de energia, PSB, as eleições e a presidente Dilma Rousseff.

A seguir, a entrevista:

Estou  muito  feliz  em  ver  que  a  nossa  obra  de  governo  respeitada  pelos mineiros  e  admirada  no  Brasil  vai  ter  continuidade.  Em  2003,  construímos aqui  um  ousado  projeto  administrativo  que  permitiu  que Minas  avançasse  em várias áreas. Claro que com dificuldades enormes como em todos os estados, mas  nenhum  avançou  tanto  como  Minas  Gerais  em  especial  na  educação.

O Alberto Pinto Coelho tem toda  a  nossa  confiança  para  dar  continuidade  ao extraordinário trabalho  dessa figura  humana  notável  e  singular. O  governador Antonio Anastasia que hoje deixa o governo de Minas não é apenas o gestor público  como  ele  é  apresentado,  não  é  apenas  um  homem  leal  como  ele  é reconhecido.  É  um  quadro  raríssimo  na  política  brasileira  porque  ele  alia  um profundo  conhecimento  jurídico  a  uma  sensibilidade  insuperável  para  com os  problemas  das  pessoas  reais.  Ele  sofre  com  os  problemas  das  pessoas reais. Isso dá a ele uma coragem e uma força para tomar as decisões corretas e  enxergar  longe.  O  que  distingue  o  político  do  estadista  é  a  capacidade de  enxergar  além  do  amanhã  e  perceber  que  medidas  que  você  toma hoje  podem,  de  alguma  forma,  mudar  a  vida  de  gerações  que  ainda  nem chegaram.  Anastasia,  portanto,  é  um  estadista.  É  um  dos  homens  públicos mais  qualificados  e  um  dos  cidadãos mais  respeitáveis  que  conheci  ao  longo da minha vida. Estou com saudade de um lado, emocionado com a conclusão do mandato de Anastasia, mas também feliz em saber que Alberto tem toda a qualidade e as condições de dar continuidade a ele. E quem sabe, vamos ter mais quatros anos ainda de muito trabalho no Palácio da Liberdade.

Sobre o PP

Tenho  de  respeitar  a  posição  que  o  PP  tem  hoje  nacionalmente,  aliado da  presidente  da  República,  mas  há  um  movimento  crescente  em  vários
estados  que  aproxima  o  PP  de  nós.  Acredito  muito  nas  coisas  naturais  na política. As alianças que acontecem em torno de um projeto no qual todas as
pessoas  acreditam  e  não  apenas  em  torno  da  distribuição  desse  ou  daquele espaço, são os que darão  resultado. O que posso dizer, entrando na questão
nacional,  é  que  estou  cada  vez  mais  convencido  de  que  temos  avançado  e que vamos vencer as eleições. Talvez não tenha dito com esta clareza. Cada
vez me  convenço mais  de  que  há  um  cansaço  de  um  governo  que  perdeu  a capacidade  de  transformar,  de  ousar.  Um  governo  que  está  na  defensiva  o
tempo  inteiro  que  não  permite  sequer  que  denúncias  da  gravidade  daquelas que hoje surgem em relação à Petrobras sejam investigadas.

O que queremos é apenas a investigação. Não estamos condenando ninguém. O  governo  usa  a  sua  maioria  para  impedir  investigações.  Mas  no  campo
da  infraestrutura,  o  PT  nos  deixou  dez  anos  atrasados  demonizando  as participações  com  o  setor  privado.  Perdemos  tempo  em  relação  a  outros
países do mundo. Nos indicadores sociais paramos de avançar. Na segurança, há  uma  omissão  quase  que  criminosa  do  governo  federal,  que  investe  cerca
de 13% apenas de tudo o que se investe em segurança pública. Na educação e na saúde, estamos no final da fila. Já deu. Este modelo de governo que está
aí  está  vivendo  os  seus  estertores.  Está  vivendo  os  seus  últimos  suspiros.

Estou  me  preparando  ao  lado  das  pessoas  mais  qualificadas  do  Brasil,  mas sempre  com  a  inspiração  dos  valores,  da  história  de  Minas  para  iniciar  uma
nova página.

O sr. disse que está pronto para tomar ‘medidas impopulares’, quais Transparência  e  rigidez  na  condução  da  política  fiscal.  A  inflação  tem  que
ser focada no centro da meta, e não no teto, como existe hoje. O governo do PT,  o  governo  da  presidente  Dilma,  foi  leniente  com  a  inflação.  Temos  uma
inflação,  hoje,  já  alcançando  o  teto  da  meta  e  com  preços  controlados  de energia, de combustíveis, de transportes públicos, que hoje estão em 1,5%. Na
hora que esses preços saírem, que abrir a tampa dessa panela de pressão, a inflação vai chegar próxima de 10%. A presidente prepara uma bomba-relógio
para depois das eleições,  com  reajuste de energia, em  razão de uma medida desastrada  que  ela  tomou  no  setor,  e  também  do  preço  de  combustíveis,
já  que  a  Petrobras  está  caminhando  para  a  insolvência  se  não  houver  uma recuperação da gestão da empresa. O que orienta a ação do governo hoje é o
calendário eleitoral, infelizmente. E quanto mais você demora na administração pública  para  tomar  uma  medida  necessária,  o  custo  lá  na  frente  é  muito
maior. O  custo  será muito maior  para  o Brasil,  com  o  adiamento  de  algumas medidas  que  já  poderiam  ser  tomadas,  mas  não  foram  tomadas  porque  são
impopulares.

Tenho  dito  o  seguinte:  quando  vencermos  as  eleições,  vamos  cortar  pela metade o número de ministérios, vamos colocar gente qualificada nos lugares
certos, vamos estabelecer um programa de segurança pública audacioso, com maior  participação  de  recursos  da  União.  Vamos  proibir  o  contingenciamento
de  recursos  da  segurança  pública  como  ocorre  hoje.  Vamos  enfrentar  a reformulação  do  Código  de  Processo  Penal  e  do  Código  Penal,  para  não
estimular  a  impunidade  e,  a  partir  dela,  a  criminalidade  como  estamos assistindo  hoje.  A  minha  percepção  e  meu  sentimento  é  que  há  um  final  de
ciclo chegando, e o PSDB é quem terá as condições de liderar um início de um

O prefeito Marcio Lacerda pediu seu apoio a uma possível candidatura?

Em momento algum. Ele foi fazer uma visita e ele próprio disse qual era a sua decisão  –  que  eu,  pessoalmente,   já  conhecia,  que  é  de  dar  continuidade  no
seu trabalho na Prefeitura.

Sobre o PSDB em Pernambuco.

O PSDB está  se  reunindo. Acho que o  caminho natural do PSDB,  segundo a posição da maioria do partido, é estar ao lado da candidatura do PSB. E eu não
vou interferir nisso.

Sobre retorno da presidente Dilma a Minas dia 7.

É direito dela vir a Minas Gerais. O que percebo é que, nesses poucos meses desse ano, ela já veio a Minas mais do que nos 40 anos em que ela ficou fora
de Minas. Mas ela sempre será muito bem-vinda, como  recebemos em Minas todos aqueles que nos visitam. Gostaria apenas de que ela pudesse estar aqui
não apenas lançando e anunciando, mas inaugurando e entregando obras, já que  ela  está  no  12º  ano  de  um  governo  do  qual  ela  participou  intensamente,
como ministra durante todo o tempo e, agora,  como presidente da República. Infelizmente,  as  mesmas  demandas,  as  mesmas  expectativas  que  tínhamos
quando  o  PT  assumiu  são  as  mesmas  que  temos  hoje.  Vamos,  com  a tradicional hospitalidade mineira, receber mais uma vez – e quantas ela venha
aqui nos visitar – a presidente da República.

Sobre a Copa do Mundo.

Eu  quero  que  o  Brasil  ganhe.  Na  verdade,  na  Copa  do  Mundo,  o  grande legado  prometido  não  virá.  Apenas  23%  das  obras  para  a  Copa  do  Mundo
anunciadas  pelo  governo,  portanto,  comprometidas  pelo  governo,  estarão prontas.  Apenas  23%.  Isso  significa  que  3/4,  ou  um  pouco  mais,  das  obras
prometidas  não  serão  entregues.  Por  que  o  governo  não  quis?  Não,  porque o  governo  é  incapaz.  Porque  o  governo  atrasou  nas  parcerias  com  o  setor
privado. Porque o governo afugenta esses setores que podem ser parceiros no desenvolvimento de obras de mobilidade, por exemplo. Não tem gestão nesse
governo. É uma falácia.

A presidente da República foi eleita suportada por dois pilares: o da economia, dizendo que continuaria a fazer a economia a crescer. Nosso resultado é pífio.
O Brasil cresceu ano passado mais do que só a Venezuela na América do Sul.

A  nossa  equação  é  a mais  perversa  de todas:  inflação  alta  com  crescimento baixo,  e  uma  perda  crescente  da  credibilidade  do  Brasil.  O  que  fizeram  com as  nossas  empresas  públicas  é  quase  um  crime  de  lesa-pátria.  A  Petrobras perdeu metade  do  seu  valor,  a Eletrobras muito mais  do  que  isso. O BNDES é  uma  caixa  preta,  que  empresta  recursos  sabe-se  lá  como,  através  de operações secretas. Na economia nós vamos muito mal.

E  o  segundo  pilar:  o  da  grande  gestora.  Estamos  vendo  aí  que  infelizmente a grande gestora não nos  visitou ao longo desses quatro anos de governo. A
presidente da República-candidata tem vindo muito a Minas, e eu a  receberei sempre  com  enorme  respeito.  Até  porque,  e  aproveito  para  dizer  ao  final,  a
presidente  da  República  é  uma  mulher  de  bem.  É  proba.  Não  há  qualquer dúvida  em  relação  ao  seu  caráter,  não  há  nenhum  questionamento  em
relação  à  sua  correção  pessoal.  O  que  há  é  um  enorme  questionamento pelos  indicadores  da  economia,  pelos  atrasos  da  infraestrutura,  pela  projeção
extremamente  preocupante  dos  indicadores  sociais,  de  que  ela  não  estava preparada  para  assumir  a  responsabilidade  de  administrar  um  país  da
complexidade do Brasil.

Lobão já fala em economizar energia para garantir o abastecimento

energia22-300x225Brasília (DF) – O ministro de Minas e Energia, Edson Lobão, sinalizou que o governo examina a possibilidade de pedir à população que reduza voluntariamente o consumo de energia para garantir o fornecimento durante a Copa do Mundo . Segundo ele, a necessidade pode ocorrer, se as reservas das hidrelétricas não aumentem nos próximos meses. Mas ele negou, mais uma vez, a hipótese de racionamento, o governo poderá pedir à população que reduza voluntariamente o consumo de energia para garantir o fornecimento durante a Copa do Mundo.

“Nós não estamos trabalhando com a hipótese de racionamento”, disse Lobão em entrevista ao jornal americano “Wall Street Journal”, segundo a Folha de S. Paulo desta sexta-feira (28).

O governo já traçou os piores cenários para o setor elétrico caso o ritmo e a quantidade de chuva neste ano não sejam suficientes para reabastecer os reservatórios das usinas hidrelétricas. A conclusão é que, caso o volume de chuvas no país feche o ano próximo aos menores níveis já verificados nos últimos 82 anos, a demanda dos consumidores só será suprida mantendo todas as térmicas do sistema ligadas de março a novembro.

Até agora, 2014 enfrentou o terceiro pior mês de janeiro e o segundo pior fevereiro dos últimos 84 anos. A avaliação foi feita pelo Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico, que reúne as principais autoridades do setor no governo. O comitê projetou para 2014 os índices de três anos considerados “críticos” para as chuvas em todo o país –1954, 1969 e 2001.

“Dilma, discurse na Copa!”, análise do ITV

dilmacopaebcSerá uma pena se Dilma Rousseff não fizer, como é habitual, o discurso de abertura da Copa do Mundo de Futebol, que começa daqui a 87 dias. A presidente teria muito a explicar a respeito da enorme frustração que o evento deixará entre os brasileiros em termos de benefícios duradouros que, esperava-se, fossem gerados. O governo petista transformou o que era sonho em pesadelo.

O Brasil foi escolhido para sediar a Copa em outubro de 2007. Lá se vão, portanto, seis anos e meio, período mais que suficiente para construir o que quer que fosse. Mas não para o PT.

Nunca antes na história, um país-sede indicado pela Fifa tivera tanto tempo para se preparar.

Nunca antes na história, um país-sede chegou às vésperas do torneio tão despreparado. Quando o Brasil foi escolhido, criou-se em torno da realização da Copa do Mundo no país a fantasia de que o torneio traria uma miríade de benefícios para a população, ajudaria a impulsionar a economia, a modernizar nossa infraestrutura e, sobretudo, a melhorar a vida de quem mora nas nossas metrópoles. Basta olhar em volta para perceber que tudo não passou de devaneio.

A infraestrutura continua tão em frangalhos quanto estava em 2007, sendo os aeroportos por onde transitarão os torcedores a melhor imagem do caos que cerca a véspera do evento futebolístico. Neste caso, o atraso médio é de seis meses, com metade das obras ainda pendentes – nos terminais de Fortaleza, Salvador, Confins e Galeão, elas não ficarão prontas a tempo do torneio. Não é só: portos, sistemas para fornecimento de energia e infraestrutura para comunicações também estão fora do cronograma.

A Copa é um dos eventos economicamente mais excitantes do planeta, mas encontra no Brasil a sua antítese. Chegamos ao torneio com a economia em debandada – apenas para ilustrar, no início do ano passado, as previsões dominantes davam conta de que o PIB brasileiro se expandiria à taxa de 3,5% em 2014, prognóstico que hoje está em menos da metade (1,7%).

Ou seja, desperdiçamos a oportunidade de gerar emprego e renda para os brasileiros.

O mais grave, contudo, é o que aconteceu com a preparação das cidades-sede com vistas à Copa. A expectativa de transformação dos grandes centros com importantes obras de mobilidade passou longe de se efetivar. Metade das obras inicialmente previstas foi deixada de fora. Mas, ainda assim, uma de cada quatro intervenções de mobilidade programadas não serão entregues a tempo do torneio.

O custo com a Copa já bateu em R$ 26 bilhões e pode chegar a R$ 33 bilhões, quase 40% acima do inicialmente previsto. Cerca de um terço disso será torrado com reforma e construção de estádios, cujo orçamento triplicou desde o início da preparação até agora.

Os estádios do Mundial de 2014 serão os mais caros da história no quesito custo por assento: R$ 13,1 mil. Para se ter ideia da fortuna despendida, Alemanha e África do Sul gastaram R$ 5,5 mil por assento nas Copas de 2006 e 2010, respectivamente, segundo o Sinaenco. E, ao contrário do que costuma dizer o governo federal, quase todo o dinheiro gasto nos campos de futebol é oriundo de cofres públicos.

A má preparação do Brasil para a Copa virou até motivo de chacota ao redor do mundo, como foi o caso da revista francesa So Foot, que alertou aqueles que se dispõem a vir assistir o torneio in loco a se preparar para encontrar um “bordel”, palavra que em francês pode designar tanto casas de prostituição quanto bagunça.

Na semana passada, ficamos sabendo que, infelizmente, Dilma Rousseff, que tanto gosta de exercitar sua capacidade oratória, será poupada de falar aos brasileiros e ao mundo na abertura da Copa. A versão oficial é de que a decisão foi da Fifa, ciosa de que se repetisse em junho próximo o vexame de um ano antes, quando nossa presidente foi fragorosamente vaiada em Brasília. Mais certo é que se trate de jogo jogado, a pedido do Planalto.

Mas seria muito interessante ver Dilma dar sua versão desta triste história, da qual participou desde o início – primeiro como ministra-chefe da Casa Civil, depois como “mãe do PAC” e, finalmente, como presidente da República. No mínimo, ouviríamos mais um de seus rompantes, como o que protagonizou na sexta-feira, ao ser vaiada em Tocantins. Ou o mais provável é que escutaríamos a torcida canarinho cantando em uníssono, a plenos pulmões:

“Êh, ôh, a Dilma é um horror”.

“O lugar da política”, por Aécio Neves

aecio-neves-george-gianni-1-300x249O isolamento nunca fez bem aos governantes. Quem se afasta do contato popular e confia apenas num séquito de aduladores, tende a desenvolver, na clausura da poder, uma aversão crescente à realidade.

Temo que estejamos vivendo algo semelhante no Brasil. Isolada em seu palácio, se alimentando de estatísticas e informações oficiais, não raro, distorcidas, a presidente da República se distancia cada vez mais da pulsação intensa da vida diária. A palavra empenhada de aproximação com os movimentos sociais e um maior diálogo com a sociedade não conseguiu vencer as portas sempre fechadas, o acesso restrito, a redução dos canais de escuta e diálogo.

O governo se mostra acuado, temeroso de se expor. A figura da presidente tem sido poupada nos eventos mais populares, como o Carnaval. Até mesmo os discursos de abertura e encerramento da Copa do Mundo foram providencialmente suspensos, por medo das vaias que poderiam constranger as autoridades presentes.

É forçoso reconhecer que algo saiu errado no script minuciosamente montado para apresentar ao país uma versão edulcorada de sucesso, otimismo e crescimento. Não há enredo fantasioso que se sustente diante de uma realidade que teima em driblar as maquinações mais criativas. A economia cresce pouco. A inflação caminha célere. A inadimplência das famílias bate no teto. A indústria patina e produz o equivalente a 2008. A carga tributária é das mais altas do mundo e a conta dos erros no setor elétrico começa a ser cobrada de empresários e consumidores.

Nas áreas essenciais, os números são vergonhosamente ruins. Na saúde e na segurança, as crises se acumulam, denunciando diariamente a crônica precariedade dos serviços públicos. A anunciada austeridade fiscal não convence nem o próprio governo, que a atropela sistematicamente.

Há visível descompasso entre o Brasil real e o da propaganda. Em algum momento, eles deverão se encontrar frente a frente. Até lá, seria prudente distender a estratégia de confronto e isolamento em vigor.

Em tempos de crise, é preciso baixar a guarda, ouvir e conversar mais. A intolerância com os adversários, a ojeriza ao debate transparente e a arrogância no trato com interlocutores de vários segmentos chegou ao cúmulo de atingir agora os próprios aliados.

O debate democrático foi substituído por um discurso ufanista e autoritário, retrato de uma gestão encastelada em suas quimeras.

O Brasil merece mais. Acima da agenda eleitoral, os brasileiros clamam por boa governança. Para tanto, é preciso abrir as portas e sair às ruas para ver a realidade em movimento e ouvir as vozes que, hoje, não conseguem ultrapassar as antessalas do poder.

*Aécio Neves é senador e presidente nacional do PSDB

**Artigo publciado na Folha de S. Paulo – 17-03-2014

Para escapar de vaias, Dilma Rousseff não discursará na abertura da Copa do Mundo

dilma2ebc-300x199Brasília (DF) – A tradição dos discursos de mandatários do país sede durante a abertura da Copa do Mundo poderá ser quebrada este ano, no Brasil. Isso porque, segundo o presidente da Fifa, o suíço Joseph Blatter, nem ele nem a presidente brasileira Dilma Rousseff farão apartes na solenidade. “Vamos fazer a cerimônia de uma maneira em que não aconteçam discursos”, disse Blatter em entrevista à agência de notícias alemã DPA.

As informações são de reportagem do jornal Folha de S. Paulo (11).

A justificativa possível para a decisão seria o receio por novas vaias, como as que ocorreram durante a abertura da Copa das Confederações, em junho do ano passado no estádio Nacional Mané Garrincha, em Brasília.

O período foi marcado por manifestações populares em todo o território brasileiro. Dentre as principais reivindicações estavam os gastos excessivos com a preparação do Mundial de futebol, em 2014.

O discurso dos mandatários na abertura da Copa do Mundo é tradicional em todos os torneios. Em 2006, o autor do pronunciamento foi o chefe do governo alemão, Horst Köhler. O coreano Kim Dae-jung e o japonês Junichiro Koizumi discursaram em 2002. Já em 2006 foi a vez do arcebispo sul-africano Desmond Tutu, símbolo da luta contra o apartheid, acompanhado do líder Nelson Mandela.

Dilma prepara maratona com dinheiro público em período pré-eleitoral

dilma-copa-abr-300x200Brasília – A presidente Dilma Rousseff fará nos próximos meses, durante o período pré-eleitoral, um ciclo de viagens e cerimônias pelo Brasil que contemplará mais de 22 mil quilômetros de trajetória. A maratona – custeada com recursos públicos – inclui inaugurações, lançamentos de projetos, atos ligados à Copa do Mundo e outras atividades. As informações foram divulgadas pelo jornal O Globo nesta quarta-feira (12).

O senador Cícero Lucena (PSDB-PB) avalia a situação como “estarrecedora” e define as viagens de Dilma com, pelo menos, dois efeitos práticos: o primeiro que é o desvirtuamento do processo eleitoral, com uma campanha antecipada por parte do PT, e o segundo que é a redução do tempo destinado pela presidente a administrar o país.

“Se o Brasil hoje já é mal gerenciado, com um grande desgoverno, como ficamos então com uma presidente que se mostra mais preocupada em viajar do que com administrar?”, questionou o parlamentar.

Lucena fez ainda uma distinção entre as viagens e visitas regulares, promovidas pelos administradores públicos, e o projeto realizado pela petista: “se Dilma viajasse pelo Brasil para se encontrar com a população, conversar com quem usa os serviços públicos e debater soluções, faria a coisa certa. Mas o que vemos é algo bem oposto. São viagens que contam com todo um aparato de imprensa, um verdadeiro oba-oba transformado em palanque eleitoral e base para atacar a oposição”.

Prática recorrente

A confusão entre público e partidário em períodos eleitorais não é uma novidade em relação ao PT. Em 2010, o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva promoveu sua candidata à sucessão, Dilma Rousseff, de forma excessiva – a ponto de receber multas do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) pelas irregularidades.

O presidente do Núcleo Sindical do PSDB, o deputado estadual Ramalho da Construção (SP), criticou as práticas petistas e também a ironia mostrada por Lula à época – na ocasião, o ex-presidente desmereceu algumas das punições apresentadas pelo tribunal.

“Vimos em 2010, e estamos vendo agora, que o PT despreza muitas regras, e faz ações controversas achando que não será punido. Isso é ruim para a democracia. É importante que a Justiça Eleitoral esteja atenta e tome as medidas possíveis. Nós, da oposição, permaneceremos fiscalizando”, destacou Ramalho.

“Já acabou”, por José Aníbal

jose-anibal-foto-george-gianni-psdb--300x199Um após o outro, os indicadores econômicos de 2013 vão sendo divulgados. Os resultados são todos expressivamente ruins. Do aluguel à comida, quem vive de salário já percebeu que as coisas estão mais apertadas. Para piorar, os juros sobem com vigor logo quando boa parte das famílias está endividada. A renda parou de crescer. Se o emprego perder força, o carnê vai atrasar.

Já faz tempo que o governo Dilma decidiu que não tem explicações a dar sobre nada disso. Colocou-se uma pedra sobre qualquer discussão. Tudo o que escapa ao Brasil maravilha é invenção de pessimistas e conspiradores. Toda crítica é fúria, golpe da mídia, armação do capital. Aliás, o final desse ciclo inaugura um vocabulário político de uma violência inédita mesmo nos governos do PT.

A prioridade dada a reeleição justifica a postergação dos ajustes. No último ano de Dilma, as mesmas mazelas do primeiro: crescimento baixo, inflação alta, contas ruins. O problema da falta de competitividade na indústria segue sem resposta e se agrava. É geral a impressão de que os serviços públicos, justo no ano em que o Brasil recebe a Copa do Mundo, nunca pareceram tão ruins.

Outro assunto em que o governo baixou o toque de recolher é a energia. A política energética de Dilma fracassou, é fato, não dá mais para esconder. A indústria do Etanol foi quebrada. Estamos importando Etanol! A Petrobras, que antes puxava o país, não consegue se levantar. O 11 de setembro da conta de luz já custou R$ 10 bilhões ao Tesouro em 2013 e vai aumentar em 2014.

Quem acompanha o noticiário tem percebido como os colegas do PT na Argentina e na Venezuela andam silenciosos. De Maduro não se ouve falar há semanas. Cristina Kirschner ficou 45 dias sem dar as caras. Lá como cá, as negligências e patacoadas dos últimos anos confluíram para 2014 e ficaram represadas. Porém, há uma diferença: dessa vez, os ventos lá fora são ruins.

Daí, a gente abre os jornais e observa que o governo só fala em acertos políticos, reforma ministerial, cooptação, tempo de televisão e palanques. Sobre a persistente degradação da economia, que é o que tem sustentado as conquistas de todos, nenhuma palavra. Qualquer ajuste ou mudança de rota, só em 2015. A impressão que fica é de que, mesmo para o Planalto, este governo já acabou.

*José Aníbal é economista, deputado federal licenciado e ex-presidente do PSDB

**Artigo publicado na edição de hoje no Blog do Noblat

O custo do pão e do circo

* Por Pedro Pedrossian Neto

Pedrossian Neto 2Acendeu-se a “luz amarela” no quartel-general dos estrategistas do Planalto: às vésperas da copa do mundo, em pleno ano eleitoral, o governo prepara-se para a reedição das manifestações que sacudiram o País em meados de 2013 e que derreteram, em semanas, a popularidade da presidente Dilma. Salvo se o Brasil for campeão – o que, convenhamos, não é tarefa simples, mesmo jogando em casa –, é grande a probabilidade de crescimento de candidaturas rivais que irão explorar a fragilidade da opção do governo em gastar o dinheiro do Estado na promoção de um evento supérfluo, caro, e que carrega o traço populista da milenar política romana: distribuir o pão para aplacar a fome e promover o circo para entorpecer a crítica.

Sob qualquer ótica, é difícil defender o governo federal neste assunto. Trata-se, realmente, de uma sangria de recursos públicos, embora se contra-argumente que existe um “legado” da copa – principalmente na questão da mobilidade urbana. Entretanto, como o investimento em transportes poderia ser feito a despeito da existência do mundial, o argumento logo cai por terra. Fica, apenas, o contraste (inconveniente) entre a suntuosidade dos estádios, de um lado, e a miríade de necessidades não-atendidas da sociedade, de outro. A copa consolidou no imaginário coletivo a ideia de que há má gestão das prioridades nacionais pelo governo.

Trazendo a questão para a realidade do MS, pode-se fazer o seguinte exercício: o que daria para fazer em matéria de políticas públicas e investimentos no Estado, por exemplo, caso fosse destinado para cá o R$ 1,403 bilhão gasto na construção de apenas um estádio, o caríssimo Mané Garrincha de Brasília?

Talvez este dinheiro tivesse melhor aplicação caso servisse para proporcionar alguma alternativa aos 50,3 mil jovens sul-mato-grossenses entre 10 e 17 anos que, segundo os dados do IBGE, precisam sujeitar-se ao trabalho infanto-juvenil para o sustento de suas famílias. Destes, nada menos do que 12,4 mil – isto é, um em cada quatro jovens – não frequentam a escola. Exceções à parte, estão condenados a uma vida adulta cheia de dificuldades: inserção subordinada no mercado de trabalho e baixos salários. É irônico, mas é tanta gente que daria para encher um estádio…

E se, ao invés das arenas, nos fosse dada a opção de construir escolas? Seria possível, apenas com o dinheiro do Mané Garrincha, edificar 117 escolas do programa Brasil Profissionalizado, do próprio Governo Federal, proporcionando a cerca de 140 mil alunos uma formação profissional integrada ao ensino médio. É muito mais do que o necessário para o MS, mas se fizéssemos 1/5 disto nas cidades-polo do Estado, já seria uma verdadeira revolução educacional no interior. O Governo estadual, através da Secretaria de Educação, vem lutando para a atração de recursos e as escolas profissionalizantes são realidade, por exemplo, em Chapadão do Sul, Dourados e Naviraí, mas muitas outras cidades, estagnadas e sem perspectiva, também precisam deste investimento.

Outra opção: utilizar o pródigo dinheiro do estádio para universalizar a rede de água, de coleta e tratamento de esgotos no MS. No Brasil, as 100 maiores cidades jogam 3.500 piscinas olímpicas de esgoto por dia na natureza. No MS, apesar do esforço de investimento de R$ 1 bilhão no período 2007 a 2014, a rede de esgoto chegará a apenas 50% das residências. É um enorme avanço tendo em vista que em 2006 a abrangência era de apenas 14%, mas ainda assim este é um problema sem solução à vista.

E o conflito indígena, então? Com menos da metade do dinheiro gasto no estádio de Brasília seria possível comprar – pagando o preço de mercado, e não o de mentira – todas as terras para as etnias que pleiteiam expansão de suas áreas. Estaria resolvido o conflito fundiário e a classe produtora poderia destinar novamente a sua energia para trabalhar, produzir alimentos, gerar emprego e renda, e não mais ser obrigada a defender-se de invasões, tanto nos tribunais quanto no campo.

Por último, outra lacuna grave de política pública no MS que poderia ser sanada com uma fração do valor gasto no referido estádio: a criação de um centro de padrão internacional para tratamento, reabilitação, promoção da qualidade de vida e integração das pessoas com deficiência na sociedade. Paraplégicos, tetraplégicos, pessoas com traumatismo crânioencefálico, vítimas de acidentes vascular encefálico, pessoas com deficiência intelectual, etc., de diversas idades, precisam com frequência dirigir-se aos grandes centros do país em busca de tratamento. Por que isso não é prioridade?

A astúcia romana descobriu que, em tempos de crise, acalmava-se o povo com a construção de grandiosas arenas, nas quais gladiadores, em espetáculo de sangue, em meio a animais ferozes, bigas, palhaços, artistas de teatro, afastavam o tédio da plebe. A classe política brasileira, apostando igualmente na rudeza do povo, no discurso retumbante e populista de um “Brasil campeão”, será responsável pela copa do mundo mais cara de toda a história dos jogos da FIFA. Mas, ao invés de embotar o tédio, despertou a ira das ruas.

 

* Pedro Pedrossian Neto, 32, economista e empresário, é mestre e professor de Economia Política pela PUC-SP. Preside o PSDB-Sindical de Campo Grande.

Dilma ignora atrasos em obras para Copa do Mundo

manegarrinchaBrasília – A afirmação da presidente Dilma Rousseff, em Davos, na Suíça, que as obras dos estádios da Copa do Mundo são “simples” e “serão concluídas a tempo” ocorre no momento em que parte da infraestrutura ainda não está pronta e sofre com atrasos. O comentário dela foi feito durante entrevista ao lado do presidente da Fifa,  Joseph Blatter,  em resposta à pergunta sobre a exclusão da Arena da Baixada, em Curitiba, ameaçada em razão dos recentes atrasos.

O deputado federal Carlos Brandão (PSDB-MA), da Comissão de Fiscalização Financeira e Controle, mostrou-se preocupado com a situação. “O governo teve todas as condições e aparato suficiente para realizar as obras a tempo”, disse ele.

Para Brandão, “houve incompetência e superfaturamento” na gestão petista. “Estamos perdendo a oportunidade de mostrar o Brasil ao mundo e ficaremos com uma imagem de um país sem segurança jurídica e estabilidade para investimentos”, reiterou o deputado.

Prazos

O jornal Folha de S. Paulo publicou, nesta sexta-feira (24), trechos da reportagem com a presidente, que declarou que “o governo tem todo o empenho necessário para terminar as obras até o prazo final”.

Nesta semana, a Fifa alertou que Curitiba poderia ser retirada da lista de cidades-sede diante dos atrasos. Apenas sete dos 12 estádios estão prontos e Blatter afirmou, no começo do mês, que nenhum outro país teve tanto atraso nas obras.

Atrasos

 A 140 dias para o início da Copa, cinco estádios ainda não estão concluídos. Segundo a reportagem, ontem, o presidente do Atlético-PR, Mario Celso Petraglia, responsável pela obra, disse que “não vai assumir a conta sozinho”.

O parlamentar tucano lembrou também que a “falta de eficiência” e o custo mais alto do que o esperado são os “piores inimigos do governo”. “Nós, brasileiros, sempre temos esperança e não queremos agourar a gestão petista, mas é impossível ignorar dados tão negativos e prejudiciais ao Brasil”, concluiu o deputado.