PSDB – MS

Dilma Rousseff

Deputado Rinaldo Modesto critica má gestão do BNDES

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Foto: Giuliano Lopes/AL

Grandes bancos brasileiros em dois anos chegaram a registrar crescimento do patrimônio em 25%. Na contramão, o patrimônio do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) encolheu 38% no período. Os números falam por si, porém, o deputado estadual Rinaldo Modesto (PSDB-MS) enfatiza que a explicação se deve à má gestão pelo governo federal.

“Não tenho dúvida de que a falta de gerenciamento do dinheiro público, porque o dinheiro do BNDES é dos próprios brasileiros, essa falta de investimento com critério, falta de foco, acaba inviabilizando inclusive o crescimento do país”, avalia Rinaldo.

Para o parlamentar, o Banco deveria focar na indústria, no pequeno empresário. “Poderíamos fazer com que esses recursos do BNDES pudessem ser melhor aproveitados e com isso geraríamos mais emprego, mais renda e consequentemente melhor qualidade de vida para os brasileiros”, acrescentou o tucano.

O declínio do patrimônio do BNDES é atribuído a dois motivos, segundo os pesquisadores da FGV (Fundação Getúlio Vargas), em notícia veiculada no jornal O Estado de S. Paulo: o excesso do pagamento de dividendos (especialmente ao próprio governo, via Tesouro Nacional) e perdas no mercado de ações.

“Acho que o governo perdeu o foco, o governo do PT não tem administrado como o Brasil precisa”, disse ainda Rinaldo, que completa: “a gente vê a presidente Dilma viajando, ajudando até outros países e o povo brasileiros com dificuldades”.

Nesta semana, o presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG), já havia avaliado que o governo federal vem usando o BNDES para promover sua “contabilidade criativa”, modo encontrado pelo PT para disfarçar a má gestão das contas públicas.
Foto: Giuliano Lopes/AL

Dilma frustra prefeitos

-Marcha-dos-PrefeitosO sentimento foi de frustração com pacote de consolação anunciado pela presidente Dilma Rousseff para os municípios na XVI Marcha dos Prefeitos, segundo Juvenal Neto (PSDB), prefeito de Nova Alvorada do Sul (MS), município a 110 km da Capital Campo Grande. Neto é um dos cerca de quarenta prefeitos de MS que foram a Brasília (DF) para o evento.

“Infelizmente não obtivemos uma resposta positiva da presidente”, lamentou Neto. Ele esclarece que a principal reivindicação era o aumento do FPM (Fundo de Participação dos Municípios). O objetivo era viabilizar a ampliação em 1 ou 2% nos repasses do Fundo de Participação, porém, segundo ele, a presidente anunciou que a compensação pela perda de recursos decorrentes da queda no FPM seria por um fundo emergencial transferido em duas parcelas: a primeira em agosto e a segunda em janeiro ou fevereiro de 2014.

O prefeito de Nova Alvorada disse ainda que um dos problemas advindos pela queda no FPM é a dificuldade das prefeituras sul-mato-grossenses de saldar a folha de pagamento.

A medida reivindicada pelos prefeitos já tinha sido defendida também pelo presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG). “Hoje compreendemos que é preciso rapidamente fazer um definitivo pacto em favor da Federação ou continuaremos a ter medidas paliativas anunciadas com enorme preocupação marqueteira, mas sem entrar de verdade no problema real dos municípios. É preciso sim, aproveitarmos esse momento de fragilidade, porque não dizer, do governo federal, para impormos a pauta dos municípios, garantindo assim mais recursos para o Fundo de Participação”, defendeu o senador.

Para a deputada estadual Dione Hashioka (PSDB-MS), a medida anunciada pela presidente Dilma é “uma tentativa de maquiar a falta de compromisso que ela tem com o municipalismo”. Segundo a deputada, as pessoas vivem nos municípios, que têm que arcar com a prestação de serviços, “mas o governo federal tem que dar condições aos municípios e não apenas responsabilidades”.

Reforma política do Executivo é “questão vencida”, diz Figueiró

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Foto: Waldemir Barreto

Em pronunciamento dessa segunda-feira (8/7), o senador Ruben Figueiró (PSDB-MS) disse que a proposta de reforma política sugerida por Dilma Rousseff, a ser iniciada por plebiscito, é uma “questão vencida”, por invadir competência do Legislativo.

Figueiró disse que a proposta de Dilma é “diversionista”, ao desviar a atenção dos problemas vitais que o governo não consegue resolver, e “maquiavélica”, ao tentar passar à sociedade a impressão de que o Legislativo é incompetente para fazer uma reforma política.

Ele lembrou que há dois anos o Senado elaborou uma proposta de reforma política que “dormita” na Câmara. Ele avaliou que aquela Casa deve estar atenta ao “fogo da pressão da ruas” e pôr em votação as proposições como forma de aprimorar os parâmetros da legislação em vigor. O parlamentar também defendeu o voto aberto, por representar, a seu ver, a vontade do eleitor, “a quem devemos nos curvar”.
(Do Jornal do Senado)

“Padrão Felipão”, artigo de Aécio Neves na Folha de S. Paulo

Aecio-0905-300x199A presidente Dilma Rousseff cometeu enorme injustiça com o técnico Luiz Felipe Scolari ao dizer que seu governo tem um “padrão Felipão”. Foi uma comparação infeliz, já que em nada os “times” se assemelham. A primeira grande diferença é que Felipão convocaria os melhores, e não os mais próximos ou os mais amigos.

Por tudo que os brasileiros conhecem dele, sabem que não toleraria qualquer tipo de privilégio. Transparente como é, seria intransigente com os desvios, a má conduta e a corrupção. Corajoso, jamais jogaria só para a torcida, evitando decisões às vezes difíceis e impopulares, mas necessárias.

Onde o treinador está a sua liderança se estabelece naturalmente pelo respeito e competência. Suas firmes convicções nunca o impediram de aceitar críticas e reconhecer erros quando eles ocorrem.

Aprendeu a acolher o sentimento nacional do que se convencionou chamar, simbolicamente, de pátria de chuteiras, que jamais imaginou dividir em duas. Não ignora o que gritam as arquibancadas. Sabe, como poucos, canalizar a energia da massa em favor do seu time para a superação de grandes desafios.

Se introduzido como paradigma para administração pública, o padrão Felipão mudaria importantes prioridades do governo. Logo de início, certamente armaria uma defesa intransponível contra a inflação.

Seus volantes marcariam a corrupção sob pressão. A articulação do meio-campo se daria sob o regime de alta transparência e solidariedade de esforços. No ataque, a criatividade e o talento brasileiros ganhariam espaço e estímulo para aplicar goleadas nos nossos verdadeiros inimigos –a desigualdade, a ignorância, a violência, a injustiça e o baixo crescimento.

Com um padrão Felipão correríamos dez vezes mais, de forma organizada, perseguindo objetivos claros. A leniência estaria fadada ao banco de reservas, a incompetência levaria cartão vermelho assim que entrasse em campo, e o improviso não provocaria vaias nos estádios lotados.

O estilo Scolari não canta vitória antes da hora, não permite salto alto e nem desrespeito ao oponente. Entende adversários como adversários, nunca como inimigos, e é capaz inclusive de reconhecer méritos neles. É duro, mas leal e verdadeiro. Sofre cada segundo enquanto seus jogadores se matam em campo pelo melhor resultado. Quando perde –e às vezes perde–, é o primeiro a assumir suas responsabilidades. Não a transfere nem terceiriza e sempre acrescenta algum aprendizado.

Exemplos como o do técnico são preciosos quando ultrapassam a fronteira do utilitarismo e da apropriação indevida e incorporam valores como qualidade, espírito de equipe e convergência em torno de causas comuns. Sem esquecer o mais importante: o Brasil em primeiro lugar.

 

Artigo publicado na Folha de S.Paulo nesta segunda-feira, 8 de julho.

Para Monteiro, “governo Dilma espreme e não sai nada”

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Foto: Marycleide Vasques

O presidente do PSDB-MS, deputado estadual Marcio Monteiro, julgou descabida a comparação da presidente Dilma Rousseff de que seu governo é “padrão Felipão”. Nesse ponto, Monteiro concorda com o presidente nacional do partido, senador Aécio Neves (MG), para quem a presidente cometeu “enorme injustiça com o técnico Luiz Felipe Scolari”, conforme artigo publicado na Folha de S. Paulo.

Monteiro disse que o Brasil, quanto ao futebol, estaria em apuros se fosse depender de uma seleção estilo ‘governo Dilma’. Para ele, o PSDB, quando governou o país, com Fernando Henrique Cardoso, deixou projetos marcantes para o Brasil, “enquanto o governo da presidente espreme, espreme e não sai nada”.

O deputado disse ainda que Felipão montou uma seleção para ganhar, conquistar, como demonstrou na Copa das Confederações, mas o governo da presidente petista não está fazendo jus à comparação.

“O senador Aécio está coberto de razão”, disse ainda Monteiro. Aécio, no artigo, comenta que “com um padrão Felipão correríamos dez vezes mais, de forma organizada, perseguindo objetivos claros […] e o improviso não provocaria vaias nos estádios lotados”.

Goldman: “O isolamento e a humilhãção da presidente põem em risco o resto do mandato”

Alberto-Goldman-foto-George-Gianni--300x199Os últimos episódios da crise política em que estamos vivendo são preocupantes.  Crise política, sim, pois a presidente Dilma Rousseff, após ver a sua popularidade e a avaliação de seu governo despencarem, após poucas semanas, a níveis inimagináveis, passou a enfrentar um isolamento poucas vezes visto em nossa história política.  E esse isolamento põe em risco, para o país, o resto das condições que ela tem para governar até o final de seu mandato

Como reação às manifestações populares em todo o Brasil, iniciadas em protesto contra o aumento das tarifas do transporte coletivo, a presidente decidiu, de afogadilho e assessorada por ministros sem um mínimo de sensibilidade e de orientação legal e política, sob o virtual comando do seu guru na área de comunicação, João Santana,  propor cinco pactos, e uma reforma política, que seria feita com convocação de uma Assembleia Constituinte e a realização de um plebiscito, com validade para  as eleições de 2014.

Um verdadeiro desastre.  A ideia de Constituinte não se sustentou por 24 horas e o plebiscito para valer em 2014 foi repelido pelos próprios partidos da base do governo    (à exceção do PT), poucas horas depois de recebida pelo Congresso a mensagem da Presidente em que ela sugere os temas da reforma para serem consultados.  Segundo os partidos, um plebiscito sobre matérias eleitorais só poderia valer a partir de 2016.

Poucas vezes se viu uma humilhação e um isolamento tão profundos. Mesmo o PT se dividiu na avaliação da proposta da Presidente.  E o responsável por toda a mixórdia por que passa o país, o Lula, segundo os jornais, cinicamente, sugeriu que ela se dedicasse a diminuir e extinguir ministérios para enfrentar a crise de gestão.

Todos eles andam como baratas tontas, sem saber como enfrentar os verdadeiros problemas que afligem os brasileiros: inflação, paralisia da produção industrial, baixos investimentos, infraestrutura em situação precária e serviços públicos essenciais para a população que não correspondem às necessidades e às expectativas do povo.

Todos sabem da necessidade de realizar uma profunda reforma política.  É preciso acabar com a montanha de partidos que existe apenas para negociar tempo de televisão e rádio e obter dinheiro fácil distribuído pelo orçamento da União; com o sistema eleitoral proporcional que permite que sejam eleitos parlamentares sem qualquer compromisso com ideias e teses de interesse do país; com a permissão de coligação nas eleições parlamentares que cria o absurdo do voto em alguém ser apropriado por outro, ainda que de outro partido; com a inexistência de nenhuma barreira aos partidos de aluguel; com os senadores suplentes, sem voto, que assumem e se mantém por anos, e muito mais.  Lutei pela reforma durante décadas, em vão.  Lula se omitiu durante oito anos, argumentando que reforma política não era problema do Executivo, mas do Congresso.  Dilma foi omissa e só com a crise acordou não porque a reforma se tornou premente mas porque poderia ser uma cortina de fumaça diante do seu desastre administrativo.

Uma reforma política é necessária e espero que possamos aproveitar o momento para realizá-la, para fortalecer a democracia.  Tudo feito com espírito público e responsabilidade. E atacar os verdadeiros problemas que afligem o povo.

 

Artigo de Alberto Goldman

Presidente Dilma insiste em proposta inviável de plebiscito

FOTO-ABr-300x200A falta de acordo entre a presidente Dilma Rousseff e sua base aliada sobre o plebiscito da reforma política comprova a incapacidade do governo petista até na articulação interna. Primeiro surgiu a ideia da Constituinte, derrubada em 24 horas. Depois, passaram a defender como prioridade nacional a realização da consulta popular. Com resistência da própria base aliada, o vice-presidente Michel Temer afirmou ser impossível fazer as mudanças a tempo das eleições de 2014 e depois, sob pressão da presidente, voltou atrás.

Após reclamações da base aliada, o governo reconheceu que a realização de consulta neste ano se tornou inviável. Agora, o Planalto tenta viabilizar a votação no ano que vem para que as regras comecem a valer em 2016. Na avaliação dos deputados Raimundo Gomes de Matos (PSDB-CE) e Antonio Imbassahy (PSDB-BA), as propostas são inviáveis.

“Se estivéssemos vivendo em um sistema parlamentarista, o impeachment da presidente Dilma era fato consumado pela incapacidade gerencial e de articulação política. Na primeira mobilização, reconhecemos a falta da unidade da sua equipe e dos partidos aliados, a ponto do próprio ministro da Justiça e do vice-presidente afirmarem que o plebiscito é inviável”, apontou Gomes de Matos.

O parlamentar considera grave o fato de a presidente insistir no plebiscito – que poderá custar R$ 500 milhões aos cofres públicos – e espera que a população reconheça a impossibilidade de pode viver com um governo autoritário. Gomes de Matos concorda com a avaliação do senador Aécio Neves (MG), presidente nacional do PSDB, de que a ideia de plebiscito nasceu morta.

“O plebiscito nasceu morto e o governo sabia disso. Quando criaram a Constituinte exclusiva, que durou 24 horas, sabiam que ela era inviável. Quando apresentaram uma proposta de plebiscito sobre temas tão complexos em um prazo tão curto, sabiam que era inviável. Era um engodo. Uma forma de desviar a atenção da população das questões centrais”, disse Aécio.

Já o deputado Imbassahy lembra que as reivindicações nas ruas são pelo péssimo sistema de saúde pública, o trânsito que não funciona, a educação que não avança, segurança, entre outros. Enquanto isso, acrescentou, a presidente sugere o plebiscito como a solução para todas as questões. “Esse bate cabeça entre a Dilma, o vice-presidente e os partidos de sua base mostra com clareza que a presidente está desorientada”, ressaltou.

O recuo do governo foi anunciado após uma reunião do vice-presidente Michel Temer com os ministros José Eduardo Cardozo (Justiça), Aloizio Mercadante (Educação) e Ideli Salvatti (Relações Institucionais) e líderes de oito partidos aliados. A falta de apoio no Congresso e os prazos impostos pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para realização do plebiscito foram determinantes para levar o governo a desistir da ideia de realizar a consulta antes de outubro.

Do Portal do PSDB na Câmara

“A esperteza comeu a dona”, análise do Instituto Teotônio Vilela

Dilma-Foto-George-Gianni-1O plebiscito e a constituinte estão mortos. Menos para o PT e para Dilma
Rousseff. A presidente e seu partido tentam exibir boa vontade com a
voz das ruas e culpar o Congresso pelo insucesso. Mas ninguém mais – nem
no governo, nem na base aliada – parece muito disposto a seguir as
ordens da chefe. Acontece que, mais que nunca, ficou claro que a ações
de Dilma Rousseff sempre se orientaram pela esperteza. De tanta, acabou
engolindo a dona.
O plebiscito e a constituinte estão mortos. Menos
para o PT e para Dilma Rousseff. A presidente da República e seu partido
insistem nas propostas por excesso de esperteza: querem exibir boa
vontade com a voz das ruas e culpar o Congresso pelo insucesso. Só que,
quando é muita, a esperteza come o dono – neste caso, a dona.
A
presidente está gastando tempo precioso numa pantomima. Todos, inclusive
ela, já sabem que não há como fazer plebiscito a tempo de vigorar já na
eleição de 2014, mas Dilma persevera na proposta. É sua maneira de
tentar desviar o foco das insatisfações da cidadania e transferir a
pressão para o Congresso.
A impossibilidade de realizar a consulta
popular no exíguo prazo até 5 de outubro foi discutida ontem de manhã
pelo vice-presidente da República, ministros e líderes da base aliada. O
consenso foi tamanho que tanto Michel Temer quanto José Eduardo Cardozo
manifestaram à imprensa a dificuldade de cumprir o cronograma. Depois,
tiveram que recuar.
Seguindo sua estratégia esperta, Dilma dobrou a
aposta à tarde. Durante cerimônia na Bahia, ela insistiu em defender a
manifestação imediata dos brasileiros em relação à reforma política. No
mesmo momento, o PT divulgava nota batendo na mesma tecla: quer não
apenas plebiscito, mas também constituinte – meramente para defender
teses que só interessam ao partido, como o financiamento público de
campanhas e o voto em lista fechada.
Tanto a presidente quanto os
petistas estão carecas de saber que, por uma questão matemática, o
plebiscito não sai a tempo de vigorar nas eleições gerais do ano que
vem. Mas querem posar de defensores da manifestação popular, jogando
para o Congresso a pecha de fechar-se ao clamor das ruas. Julgam-se
muito espertos.
Mas a verdade é que o Congresso não se nega a fazer
as mudanças necessárias no sistema político. Numa resposta rápida aos
protestos, prepara-se para dar fim ao voto secreto e demonstra
disposição para implementar outras alterações, como a adoção do voto
distrital.
O Congresso tampouco se nega a submeter o assunto a
consulta popular. A população pode muito bem se manifestar se quer ou
não manter o que os parlamentares aprovaram por meio de um referendo.

Ontem, na Bahia, a presidente afirmou que não é “daquelas que acreditam
que o povo é incapaz de entender [o plebiscito] porque as perguntas são
complicadas”. Vale-se, novamente de esperteza. A questão não é se as
perguntas são ou não complicadas, mas que as respostas, complexas e
multifacetadas, não cabem no binário “sim” ou “não” que caracteriza as
decisões plebiscitárias.
Não dá para fazer um plebiscito – cujo
custo é estimado em R$ 2 bilhões – agora, de afogadilho, pretensamente
para “responder” as ruas, mas sem condições de valer nas eleições de
2014, frustrando as expectativas populares.
É ainda menos lícito
concentrar todas as energias do país, incluindo-se governo, instituições
e Parlamento, em algo que, definitivamente, não é essencial na pauta
dos brasileiros. Enquanto Dilma queima pestanas com plebiscito sobre
voto em lista fechada e outras excentricidades, a inflação escala e
chega a 6,7% nos últimos 12 meses, implodindo o teto da meta, como
informou o IBGE há pouco.
Não adianta a presidente insistir na sua
tese ladina de desviar atenções enquanto o bate-cabeças que impera em
seu governo mostra-se cada vez mais sonoro e os problemas reais da
população se avolumam. Ninguém mais se entende e ninguém mais parece
muito disposto a seguir as ordens da chefe. Acontece que, agora, mais
que nunca, ficou claro que a ações de Dilma Rousseff sempre se
orientaram pela esperteza. De tanta, acabou engolindo a dona.

“Para o lixo da história”, análise do Instituto Teotônio Vilela

ABr030713WDO_6712A-300x199Desde que se viu acuada pelas ruas, Dilma Rousseff só conseguiu produzir respostas equivocadas ou medidas inócuas. A presidente passara todo o seu mandato até agora vivendo num mundo cor-de-rosa em que o marketing dava conta de apaziguar as dificuldades e uma base aliada obediente limitava-se a dizer amém. O refresco acabou.

O plebiscito é a mais nova das ideias presidenciais a ir para o lixo da história. Apresentada como plano B depois que a proposta de uma constituinte para mudar o sistema político morreu antes de completar 24 horas de vida, a consulta à população feita a toque de caixa não tem a mais remota chance de prosperar.

Apenas o PT se interessa pelo plebiscito tal como proposto por Dilma. Por razões óbvias: o escopo das mudanças sugeridas não atende aos clamores por melhor representação popular – de resto, quase inexistentes entre as palavras de ordem ouvidas nas ruas – mas visa, isto sim, cimentar a força dos partidos no poder, como é o caso dos petistas.

Além do PT, somente o PCdoB estaria propenso a topar o plebiscito, segundo a Folha de S.Paulo – mas, desde que se contentou em ser mero satélite do projeto lulista, o partido deixou de ter relevância. O Globo diz que, além dos dois, também o PDT toparia a parada. E mais ninguém.

Em contrapartida, partidos aliados como o PMDB, já começam a abraçar propostas apresentadas pela oposição como respostas às ruas. É o caso da diminuição do número de ministérios e do gigantismo do Estado, do aumento de verbas para a saúde e da desconcentração de recursos para estados e municípios. Esta é uma agenda que interessa às pessoas e difere bastante das ideias vãs boladas por Dilma.

Sempre que foi pressionada, a presidente não conseguiu agir à altura do cargo que ocupa. No auge dos protestos de junho, depois de uma quinta-feira em que a multidão esteve próxima de atingir o Palácio do Planalto, ela respondeu com um pronunciamento à nação que é candidato a um dos mais decepcionantes da história.

Em seguida, produziu um discurso em que apresentou à sociedade uma pauta que primou pela veleidade: lá estavam tanto a constituinte, quanto o plebiscito, bem como outros quatro “pactos” tão vazios de conteúdo que é preciso esforço redobrado para lembrar-se do que mesmo eles tratavam.

Para refrescar a memória: tratavam de saúde, de educação, de mobilidade e de responsabilidade fiscal. Mas poderiam versar sobre quaisquer outros assuntos, tão descolados estão as propostas feitas pela presidente de suas realizações no cargo.

Para enfrentar a questão do mau atendimento médico, Dilma sugere importar profissionais estrangeiros, pagando-lhes um salário que, curiosamente, aos brasileiros dificilmente é pago. A resposta veio rotunda ontem na forma de dezenas de manifestações da categoria pelo país.

Dilma também propôs, como parte do pato, oops, do pacto, um esforço para melhorar a estrutura hospitalar e de postos de saúde do sistema público. Vejamos, contudo, o que sua gestão produziu a respeito.

Como candidata, ela havia prometido fazer 500 UPAs e 8 mil UBSs. Já como presidente, reduziu bastante a ousadia da meta, para 269 UPAs e 7.557 UBS. E o que aconteceu nos dois primeiros anos de seu governo? Foram abertas apenas 12 UPAs (4,4% do total) e 434 UBSs (6%). Estes números não são da oposição; são do mais recente balanço do PAC.

Na mobilidade urbana, a presidente apresentou mais uma portentosa cifra: investir R$ 50 bilhões na melhoria dos transportes. Mas, na realidade, o valor prometido é o mesmo já reservado no PAC, o mesmo que o governo federal simplesmente não consegue investir: apenas 8% da dotação orçamentária foi efetivamente paga nos dois anos da gestão Dilma, que agora se alvoroça em torrar uma montanha de dinheiro no trem-bala…

As propostas da presidente quanto à austeridade fiscal estão entre as mais levianas da história. Neste curto período desde que a apresentou como um dos cinco “pactos”, o governo Dilma já voltou a vilipendiar as contas públicas, por meio de novos malabarismos nos recursos do BNDES e de bancos públicos. O tamanho da encrenca é assustador: nos últimos anos, o Tesouro transferiu o equivalente a 8,3% do PIB para o BNDES, que dali distribuiu o dinheiro para empresas como as do agora falido Eike Batista.

Dilma Rousseff mostrou, nos últimos dias, que não consegue se mover fora do universo confortável que o marketing lhe constrói. A presidente parece ter apostado que bastaria empurrar os problemas com a barriga, enquanto enganava a população, até obter um novo mandato. O mais provável agora é que, junto com suas propostas vazias, ela também seja varrida, pela vontade popular, para o lixo da nossa história.

Aécio: “Plebiscito nasceu morto e o governo sabia disso”

IMG_7063Em entrevista, nesta quinta-feira (4), o presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG), destacou o fim da proposta de plebiscito de reforma política, feita pela presidente Dilma Rousseff.

“O plebiscito nasceu morto e o governo sabia disso. O governo, quando criou a Constituinte exclusiva, que durou 24 horas, sabia que ela era inviável. Quando apresentou uma proposta de plebiscito sobre temas tão complexos em um prazo tão curto, sabia que era inviável. Era um engodo. Uma forma de desviar a atenção da população das questões centrais”, disse.

Para o senador mineiro, quem perde com os erros da gestão petista, que falha em discutir assuntos importantes como a mobilidade urbana, saúde, segurança pública e o inchaço da máquina, é a população brasileira.

E criticou: “O que estamos assistindo, infelizmente para o Brasil, é o fim antecipado de um governo que não consegue dar respostas, não consegue mostrar efetivamente que tem disposição. Em primeiro lugar, de reconhecer os seus equívocos, de fazer um mea culpa e iniciar uma fase nova.”

Aécio Neves ressaltou ainda que o partido pretende apresentar, na próxima semana, um conjunto de ideias consensuais para a aplicação da reforma política no país, que incluem a discussão do voto distrital misto, fim das coligações proporcionais e do voto secreto.

“Vamos conversar com outras forças partidárias. Estamos dispostos a construir uma agenda, no Parlamento, para uma reforma política, que atenda ao país, e não ao partido da presidente da República”, concluiu.

Confira os principais pontos da entrevista coletiva de Aécio Neves:

O plebiscito nasceu morto?
Nasceu morto e o governo sabia disso. O governo, quando criou a Constituinte exclusiva, que durou 24 horas, sabia que ela era inviável. Quando apresentou uma proposta de plebiscito sobre temas tão complexos em um prazo tão curto, sabia que era inviável. Era um engodo. Era uma forma de desviar a atenção da população das questões centrais. O governo erra muito e quem perde é a população brasileira. Infelizmente, estamos vendo passar o tempo e as questões centrais, da mobilidade urbana, da saúde de qualidade, da diminuição desse número escandaloso de ministérios e de cargos em comissão, melhoria da qualidade da segurança pública, nada disso acontece no Brasil. O que estamos assistindo, infelizmente para o Brasil, é o fim antecipado de um governo que não consegue dar respostas, não consegue mostrar efetivamente que tem disposição. Em primeiro lugar, de reconhecer os seus equívocos, de fazer um mea culpa e iniciar uma fase nova. O governo velho continua falando para um Brasil novo, que surgiu das ruas.

Fala-se em fazer um plebiscito junto às eleições do ano que vem. Isso parece mais razoável?
O que seria razoável hoje é o governo assumir a sua responsabilidade. O governo tem um mandato que só se encerra no final do ano que vem. O governo tem que garantir financiamento para a saúde, para a educação. O governo tem que cortar os gastos supérfluos, tem que investir nos metrôs das capitais, tem que agir com ética e com decência. É isso que o Brasil quer. Nós, congressistas, temos sim que votar, dentre tantas questões, o tema da reforma política. E nós da oposição defendemos que, votada a reforma política, possamos submetê-la a um referendo junto com as eleições do ano que vem. Isso é racional, isso é bom para o Brasil. O resto é engodo. O resto é um governo que não tem coragem de assumir as suas responsabilidades.

E fazer uma reforma política fatiada, ou seja, votar os projetos aos poucos como vem se falando?
Acho que esse é o único caminho. Até porque a maioria que você tem para determinado tema não é exatamente a mesma maioria que você tem para determinada outra questão. O PSDB estará apresentando na próxima terça-feira, em uma reunião da sua Executiva, um conjunto de ideias consensuais no partido. Vamos conversar com outras forças partidárias já na próxima semana e estamos dispostos a construir uma agenda, no Parlamento, para uma reforma política. Veja bem, que atenda ao país, e não ao partido da presidente da República.

E como o Sr. vê a questão das outras metas, dos outros pactos que foram propostos pela presidente? Tem algum saindo efetivamente? Eu, talvez até ingenuamente, acreditei na proposta de um pacto. Fui à tribuna, como presidente do maior partido de oposição, apresentei uma agenda à presidente da República. Uma agenda na qual muitos dos temas dependiam da sua própria vontade pessoal. E aguardava, obviamente, que a presidente da República chamasse a oposição para dialogar.

Se você quer um pacto com o país, você de chamar aqueles que tiveram quase metade dos votos nas últimas eleições. Não. Ela preferia fazer um pacto com aqueles que dizem amém.

A presidente chamou governadores e prefeitos de estado e constrangeu a todos porque só ela teve direito à palavra. Não foi um diálogo. Foi um monólogo. Chamou um segmento da sociedade que o governo controla. Muitos que recebem mesada do governo. E ignorou segmentos políticos que representam metade da população brasileira. O PSDB governa metade da população do Brasil através de seus governos. Nas últimas eleições, no primeiro turno, a presidente teve menos da metade dos votos. Lamentavelmente, não era um pacto, era uma forma de mais uma vez transferir as responsabilidades que são dela, que são do seu governo, do seu partido que governa o Brasil há dez anos e seis meses para o Congresso Nacional.

E voltou como um bumerangue. A proposta equivocada, o erro na verdade, tem uma velocidade própria. E a presidente da República está conhecendo a velocidade do erro. A Constituinte durou 24 horas e a proposta do plebiscito não durou duas semanas.

Em relação à questão do voto secreto, o presidente Renan disse que não vem para o plenário tão cedo, e uma outra questão seria em relação à oposição, que não estaria de acordo em acabar com o voto secreto em todas as votações. Defendemos, há muito tempo, o fim do voto secreto. Em todas as votações. Com uma exceção que eu pessoalmente acho que tem de haver. Na votação de vetos. Porque preservar o voto secreto na derrubada de um veto presidencial é preservar o parlamento das pressões do Poder Executivo. Porque com o voto aberto na maioria grande que o governo tem, é muito difícil de ser derrubado. Então, em todos os outros casos os votos não devem ser secretos porque a lógica nos vetos é a lógica inversa. O voto secreto preserva a vontade do parlamentar, a decisão pessoal do parlamentar, e inibe essa decisão de pressões do Poder Executivo. Portanto, defenderemos, a partir da próxima semana, o fim do voto secreto em todas as votações, preservando no veto para que não haja pressão do governo federal.

Houve algum conversa do PSDB com o presidente Renan sobre isso?
Ainda não porque o PSDB vai reunir na terça-feira, pela manhã, sua Comissão Executiva e vai apresentar um conjunto de propostas em relação à reforma política que vão do voto distrital misto, passando pelo fim das coligações proporcionais, pela cláusula de barreira e também pelo fim do voto secreto. Mas vamos detalhar isso, obviamente, a partir da aquiescência dos meus companheiros da direção nacional do partido na próxima terça-feira.