Rondonópolis (MT) deslancha enquanto municípios do norte sul-mato-grossense “pedalam”
Extrema disparidade de desenvolvimento entre as regiões norte de Mato Grosso do Sul e sul do estado vizinho, Mato Grosso. Essa foi uma das constatações dos dados preliminares dos levantamentos do Pensando MS, apresentados hoje (30) pelo deputado federal Reinaldo Azambuja, em Rio Verde, no 3º Encontro Regional do projeto.
Um exemplo cabal é ilustrado no comparativo da região norte sul-mato-grossense com Rondonópolis (MT). Este município tem 58 anos e fica a apenas 291 km de Rio Verde. Enquanto no MS quase todos os municípios do norte sofrem com problemas infraestruturais tanto das estradas rurais/vicinais quanto das rodovias para escoar a produção, que depende quase que exclusivamente da via rodoviária, Rondonópolis, além de ser beneficiada com a Ferronorte, é a segunda maior economia mato-grossense, bem como o segundo maior parque industrial daquele Estado.
Não para por aí: Rondonópolis acumula ainda os recordes de maior polo misturador de fertilizante do interior brasileiro, maior polo de esmagamento, refino e envaze de óleo de soja do Brasil, maior produtor de MT de ração e suplementos animais. Atualmente está sendo montado no município um polo têxtil e um centro metalúrgico.
Reinaldo Azambuja não só apresentou os dados, mas também conjeturou e questionou os participantes sobre as razões para tamanha diferença de desenvolvimento. “Por que Rondonópolis foi e essa região nossa ficou pra trás? Será que foi incompetência política? Eles souberam aproveitar melhor as oportunidades? Fizeram um planejamento estratégico? Será que aqui teve a questão tributária que hoje é um dos grandes problemas do Mato Grosso do Sul?”, indagou Reinaldo, que mencionou ainda não haver um ramal da Ferronorte até a região sul-mato-grossense em questão.
Outras constatações dos levantamentos do Pensando MS apontam alguns indícios para explicar o atraso do norte sul-mato-grossense: acessos ruins, ICMS elevado, cadeias produtivas desorganizadas, enumerou Reinaldo.
O diagnóstico de problemas assim como a identificação dos potenciais de cada região, no contexto do Pensando MS, visam servir de subsídios para elaboração de um programa estratégico para corrigir distorções e potencializar vocações.
Saúde: calcanhar de Aquiles – Rio Verde sediou o terceiro encontro regional do projeto e pela terceira vez a população apontou a saúde como maior problema a ser debelado. Para o Pensando MS, a região norte compreende os municípios de Alcinópolis, Camapuã, Costa Rica, Coxim, Figueirão, Pedro Gomes, São Gabriel do Oeste, Sonora e Rio Verde.
Para 97,13% das 3,6 mil pessoas entrevistadas, a saúde é o maior problema. Emprego e renda, educação e segurança pública surgem em seguida, nessa ordem. Detalhando o problema maior, a população reclama a falta de médicos especialistas, falta de medicamentos e equipamentos, aponta ainda que de modo geral a estrutura hospitalar é ineficiente.
Potenciais – Quanto à produção de milho, a região conta com o terceiro e o quinto maiores produtores do Estado, respectivamente, Costa Rica e São Gabriel. Quanto ao soja, São Gabriel é também o quarto maior produtor de MS e o maior produtor de sorgo. Outro ponto destacado é a fruticultura: a região conta com o maior produtor de banana (Pedro Gomes), o segundo maior de coco (Rio Verde), o terceiro de Maracujá (Rio Verde) e melancia (Sonora).
Se somarmos soja e milho, a região Norte perde apenas para a região da Grande Dourados como maior produtora de Mato Grosso do Sul.
Para Reinaldo, um dos maiores entraves ao desenvolvimento da região e exploração do pleno potencial é referente aos incentivos tributários. O coordenador do Pensando MS defende a criação de lei de incentivos diferenciados por região. Se não houver a regionalização dos incentivos, segundo Reinaldo, a tendência é enriquecer cada vez mais algumas regiões, como é o caso de Três Lagoas, e empobrecer as demais.
O 3º Encontro Regional contou com a presença do presidente do PSDB-MS, deputado estadual Marcio Monteiro; dos deputados Rinaldo Modesto (PSDB), Dione Hashioka (PSDB) e Zé Teixeira (DEM); dos prefeitos Zé Cabelo (Ribas do Rio Pardo), Yuri Valeis (Sonora), Mário Kruger (Rio Verde) e Douglas Figueiredo (Anastácio), além do presidente do PSDB de Rio Verde, Jorginho Oliveira.