Brasília – Além dos persistentes índices inflacionários, queda na confiança de consumidores e empresários e falta de investimentos, a economia brasileira passa por mais uma turbulência: a desvalorização cambial. Segundo um estudo do Banco Internacional de Compensações (BIS), ao fim de julho, o real já era a terceira moeda mais desvalorizada em relação aos 61 principais parceiros comerciais do país. As informações são do jornal Valor Econômico (20).
De acordo com o relatório, somente o Iene e o Rand, moedas do Japão e da África do Sul, respectivamente, estavam mais desvalorizados que a moeda brasileira no período. Em contrapartida, o Bolívar da Venezuela e o Renminbi da China vêm ganhando valor gradualmente.
Para a economista Virene Matesco, professora da Fundação Getúlio Vargas (FGV), a forte desvalorização cambial é fruto de uma economia deficitária.
“O real vem se desvalorizando porque o Brasil enfrenta um déficit de comércio, com maior demanda do dólar. Não é exatamente uma fuga de capital, mas um não ingresso de investimentos estrangeiros. Isso acontece porque outros países, como os Estados Unidos, começam a crescer, sair de um período de restrição, o que cria oportunidades de negócio”, explica.
Ela diz que o momento pode ser favorável para que o Brasil melhore sua rentabilidade ao impulsionar as exportações, já que o país apresenta um déficit histórico na balança comercial.
Ainda assim, o desânimo interno com o mercado brasileiro faz com que os capitais estrangeiros migrem do país, já que outras nações com economias em ascensão sinalizam uma redução das taxas de juros.
Inflação – Sobre o panorama econômico, Virene esclarece ainda que não é o momento de cantar vitória sobre a queda dos índices inflacionários:
“A inflação deu uma trégua, mas não quer dizer que ela vai cair nesse momento porque a subida do dólar pode contagiar os preços internos. E como o governo está segurando os reajustes de tarifas públicas, como a de combustível, ele acaba criando uma perda de capacidade de investimento das empresas, o que gera problemas em médio prazo”, conclui.