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Dilma entrega ao Brasil o menor crescimento do PIB entre os principais países emergentes

dilma-antonio-cruz-abr-300x204Brasília (DF) – Os anos de administração petista à frente da presidência da República deixaram marcas perversas na economia brasileira. Segundo dados do IBGE divulgados nesta quinta-feira (27), em reportagem do jornal Folha de S. Paulo, o Produto Interno Bruto (PIB) do país cresceu apenas 2,3% em 2013. O resultado superou o pífio 1% de 2012, mas configurou o terceiro ano de fraco crescimento econômico. Em 2011, o índice foi de 2,7%.

O governo Dilma Rousseff foi ainda responsável por um fato incômodo: o Brasil é o país que menos cresceu entre as principais economias emergentes nos últimos três anos. De 2011 a 2013, o crescimento médio foi de apenas 2% ao ano, o menor entre os principais países em desenvolvimento.

O resultado é inferior ao alcançado pelas nações vizinhas da América Latina, além de Rússia, China e Índia. A média mundial de crescimento foi estimada em 3,3% anuais pelo Fundo Monetário Internacional (FMI).

Segundo análise do Instituto Teotônio Vilela (ITV), o resultado divulgado hoje faz com que Dilma Rousseff figure no panteão dos presidentes que menos fizeram o país avançar em toda a República, ao lado de Fernando Collor de Mello e Floriano Peixoto.

Para o senador Cyro Miranda (PSDB-GO), a gestão petista se recusa a admitir o fracasso de suas políticas econômicas.

“Estamos, repetidas vezes, indo à tribuna denunciar o descontrole nos gastos públicos, dizendo que temos um pibinho, e somos combatidos pela situação, que diz que não é verdade. Mas a verdade está aí: temos 2% de média de crescimento, uma coisa pífia. A ineficiência desse governo atrasado está nos levando à recessão”, afirmou.

O parlamentar apontou que, segundo previsões, a economia deverá crescer abaixo de 1,5% neste ano, índice que não sustenta um país da magnitude do Brasil, com uma população de quase 200 milhões de habitantes.

“Ontem [quarta-feira, 26] subiu à tribuna o líder do governo no Senado, Humberto Costa (PT-PE), para dizer que estamos fazendo alarde quanto à inflação, uma possível recessão. Não estamos torcendo para isso. Queremos que esse governo tome vergonha. Junto com essa recessão, acompanha a inflação. Desse jeito, a maior herança que podíamos ter deixado, o Plano Real, legado dos brasileiros, está ameaçado de ir por terra abaixo”, acrescentou.

“No palanque, em Davos”, por Aécio Neves

aecio-neves-foto-george-gianni-psdb-12-300x199Quem acompanhou o discurso da presidente Dilma em Davos achou que não estava entendendo bem. Do ponto de vista político, a presidente tinha dois caminhos corretos para seguir. O primeiro, defender, com coragem, as escolhas que fez e as decisões que tomou nos últimos três anos. Mesmo que não obtivesse a concordância de quem a ouvia, poderia ganhar o respeito pessoal pela coerência e firmeza de suas convicções. O segundo seria o da autocrítica, o de reconhecer, ainda que tardiamente, os inúmeros erros cometidos e assumir o compromisso com a mudança de rumos ainda no pouco tempo que lhe resta de governo.

Mas ela não fez uma coisa nem outra. Diante de uma plateia de especialistas ela descreveu uma realidade que não é a nossa e um governo que não é o dela, fazendo de Davos uma extensão dos palanques eleitorais em que vem transformando suas viagens pelo país. Fez de Davos mais uma escala em sua turnê pela ilha da fantasia em que o governo parece estar instalado, deixando muita gente intrigada.

O que seria mais grave: a presidente ter apresentado em importante fórum internacional um retrato do país que sabe não ser verdadeiro ou, após, repeti-lo à exaustão, ter convencido a si mesma de que se trata da realidade?

Afirmou que a inflação está controlada, quando sabemos – Davos também– que nos últimos três anos a taxa esteve sempre prestes a romper o teto da meta –e defendeu sua política fiscal, hoje conhecida pela “criatividade” de sua contabilidade. Chegou ao cúmulo de dizer que diminuiu a dívida pública bruta de 60,9% do PIB para 58,4%. Inspirada na criatividade que tão mal tem feito à nossa política fiscal, a presidente buscou o ponto mais alto da dívida no auge da crise de 2009 esquecendo-se sutilmente que, quando assumiu, ela era de 53,35%. Portanto houve, na verdade, crescimento da dívida em seu governo.

Mas, como a realidade costuma se impor, pesquisa realizada pela Bloomberg com 500 participantes do fórum apontou o Brasil como a região que oferece menos oportunidades de negócios entre as pesquisadas. Isso depois de o FMI ter divulgado estudo reduzindo as previsões de crescimento do Brasil para 2014. E da Price Waterhouse ter mostrado que o país perde espaço como opção para investimentos de grupos internacionais, e do Banco Central ter reafirmado a necessidade de continuar aumentando os juros para frear a inflação.

A presidente foi a Davos para enviar uma mensagem de segurança a investidores. Mas a ausência de sincronia entre o discurso e a realidade que todos conhecem termina por alimentar a crescente desconfiança nas relações entre agentes econômicos e governo. O Brasil continua perdendo o mais precioso de todos os ativos: o tempo.

*Artigo publicado nesta segunda-feira (27) no jornal Folha de S. Paulo

“Pernas quebradas, política manca”, análise do ITV

Mantega-Foto-ABR-300x200O diagnóstico do governo petista sobre a situação da nossa economia continua equivocado. Poderia ser mero erro de avaliação, mas tende a ser má-fé mesmo. O país não caminha hoje apenas com “duas pernas mancas”, como disse ontem Guido Mantega. Está é com suas pernas quebradas. Os argumentos do ministro é que são mancos.

Segundo o ministro da Fazenda, e astrólogo frustrado, os problemas do Brasil são a crise internacional e o escasso financiamento ao consumo, com respectivo aumento da inadimplência. Mantega repete a ladainha governista de transferir para além-mar a culpa das mazelas que nos são próprias. O inferno não são os outros; somos nós mesmos.

A crise financeira global já completou cinco anos. Teve períodos muito severos, mas ninguém haverá de discordar que o pior já ficou para trás. A maior parte das economias do mundo já está decolando, recuperando terreno, reativando negócios e atividades. Isso só não tem acontecido no Brasil e em alguns poucos lugares.

Ontem, a Cepal divulgou a revisão de seus prognósticos para a economia da América Latina e Caribe para este ano e o próximo. Pouca coisa mudou desde a versão anterior, de meados do ano: o Brasil continua entre os de pior desempenho no continente, com expansão projetada de 2,4% em 2013 e 2,6% em 2014. (Os números da Cepal parecem otimistas demais.)

Neste ano, entre os latino-americanos El Salvador e Venezuela continuam tendo crescimento menor que o do Brasil – 1,7% e 1,2%, respectivamente. Mas o México também passou a figurar na rabeira, com previsão de 1,3%, menos da metade do previsto cinco meses atrás. De toda forma, além destes três países, o desempenho brasileiro ficará também abaixo da média do continente.

Para 2014, o cenário se repete: crescimento de 2,6% projetado para o Brasil, de novo maior somente que os de El Salvador e Venezuela e tão ruim quanto o da Argentina – de acordo com a Cepal, no ano que vem o México já deverá voltar a se descolar do grupo do fundão, quase triplicando sua média de expansão prevista para 2013.

Se não somos páreos nem em relação a nossos vizinhos do continente, imagine em relação a mercados emergentes, cuja média de crescimento prevista pelo FMI é de 5% em 2013 e 5,4% no ano que vem… Vale lembrar que, no terceiro trimestre deste ano, o Brasil já foi o país de pior desempenho entre todas as economias do mundo, com retração de 0,5% no PIB.

Os dados da Cepal servem apenas para rechaçar um dos argumentos mancos empregados por Mantega para tentar justificar o fiasco da política econômica avalizada por Dilma. Não adianta acusar o mordomo quando o culpado é o dono da casa. A questão é que na equação do pessoal da equipe econômica não entra o elemento governo, maior responsável pelo mau andamento do país.

Se o crédito – a segunda “perna manca” de Mantega – está caro é porque a economia está em desequilíbrio. Juro alto, como o que o governo brasileiro pratica, resulta em maior inadimplência, sim. Mas isso não é culpa apenas dos endividados. Juro alto é consequência da inflação alta – esta mesma que Dilma Rousseff insiste em dizer que está dentro da meta, quando há anos não passa nem perto do alvo…

Temos desequilíbrios relevantes no lado da oferta, agravados pela incúria do governo em investir, ao mesmo tempo em que a máquina pública acelera seus gastos. Até outubro, enquanto as despesas correntes aumentaram R$ 92 bilhões, os investimentos não cresceram nem R$ 3 bilhões. Assim não tem risco de dar certo.

Um bom diagnóstico é o primeiro passo para a superação de qualquer problema. Mas, para nossa infelicidade, Guido Mantega e a presidente Dilma Rousseff não costumam encontrar o melhor ponto de partida, dificultando encontrar o melhor caminho a seguir. Pode ser que tenham só dificuldade de compreensão, mas o mais correto é dizer que o governo deles pratica uma política manca mesmo.

“Consenso”, por Aécio Neves

aecio-neves-280813-george-gianni-300x200Mais uma vez não foi diferente. O governo federal reagiu com desdém aos relatórios divulgados na última semana pelo FMI (Fundo Monetário Internacional) e pela OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico), carregados de advertências sobre a equivocada condução da política econômica em vigência no país, como já vinham apontando as agências internacionais de risco.

Essas análises, delineando um cenário de dificuldades e incertezas à frente, apenas reproduzem os alertas de muitos brasileiros –e não apenas das oposições. Sem respostas para os problemas, a estratégia oficial é a de sempre: desqualificar a crítica e o interlocutor, como se estivesse em curso um verdadeiro complô contra o governo.

Trata-se da contumaz terceirização de responsabilidade pelos problemas, que parecem nunca estar na órbita de quem tem o dever de decidir e governar. A verdade é que o discurso otimista das autoridades econômicas não corresponde aos fatos descritos com riqueza de detalhes nos relatórios e muito menos nos indicadores da economia brasileira.

A principal e mais grave conclusão é a crescente deterioração das contas públicas e a utilização de recursos que ficaram conhecidos como “contabilidade criativa”, cuja face mais visível é a promiscuidade das relações entre Tesouro Nacional, bancos públicos e empresas estatais, no processo de fechamento de resultados fiscais sem transparência e descolados da realidade.

Em vez de imaginar conspirações fantasiosas e inimigos invisíveis, melhor seria que se reconhecesse a existência dos problemas. Afinal, não haverá solução para distorções e falhas graves como as atuais se, na órbita do governo, elas simplesmente não existem.

A responsabilidade pela crônica falta de planejamento governamental ou disfarçada leniência com a farra dos gastos públicos e os desperdícios em série são intransferíveis.

Não há como tapar o sol com a peneira –há um indiscutível consenso formado entre especialistas brasileiros e estrangeiros em relação às fragilidades do cenário econômico e as desconfianças geradas pela ação do governo em áreas diversas.

A má gestão dos recursos públicos tem impacto importante nos males que afligem a economia do Brasil, como inflação elevada, a escalada das taxas de juros, o baixo nível de investimentos, o fracasso do programa de concessões de obras de infraestrutura e, como consequência desta sinergia, o baixo crescimento.

É fundamental que tenhamos a compreensão do momento delicado porque passa o país e das decisões que estão sendo tomadas, tanto quanto daquelas que estão sendo adiadas. Ambas terão papel decisivo na vida dos brasileiros, nos próximos anos.

 

Data: 28/10/2013
Jornal: FOLHA DE SÃO PAULO

“Quem avisa amigo é”, análise do ITV

dilma-na-tv-300x200Se tem mesmo intenção de aprender alguma coisa, embora a cadeira de presidente da República não seja o lugar mais adequado para isso, Dilma Rousseff deveria dedicar especial atenção às avaliações do Fundo Monetário Internacional e da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico sobre o Brasil publicadas nesta semana. Colocar o pessoal da sua equipe para tentar desqualificar as análises críticas não vai ajudar nada.

Em relatórios divulgados nos últimos dias, o FMI e a OCDE disseram mais ou menos o que todo o mundo que acompanha e vivencia o dia a dia da economia brasileira já sabe: o país enveredou por um caminho que está nos conduzindo a um mau destino. A balbúrdia que se instalou na gestão das contas públicas está minando a capacidade de desenvolvimento do Brasil.

Em síntese, o FMI vê desequilíbrios perigosos na política fiscal, perda acentuada da competitividade nacional, ameaças causadas por uma inflação persistentemente elevada, insuficiência de poupança doméstica, baixos investimentos e uma completa ausência de qualquer ímpeto reformista na atual gestão do país.

Já a OCDE reforça a preocupação com a necessidade de se restabelecer alguma racionalidade nos gastos, com redução da dívida pública e abandono da famigerada maquiagem na contabilidade fiscal. A instituição chega a sugerir que o governo brasileiro adote uma meta para as despesas públicas em substituição ao superávit primário.

Se tais recomendações e pontos de vista podem parecer mera preocupação de gente que só olha para números e não vê cara nem coração, outra das observações presentes no trabalho divulgado anteontem pelo FMI sintetiza os efeitos danosos da atual política econômica sobre o cotidiano dos brasileiros: a redução do potencial da nossa economia pelos próximos anos.

Segundo o Fundo, o PIB do Brasil crescerá no máximo 3,5% ao ano até o fim desta década. Se acelerar mais que isso, como aconteceu em 2010, irá gerar desequilíbrios que se manifestarão na forma de alta da inflação, como também aconteceu desde 2010. Como se sabe, preços em alta penalizam diretamente os mais pobres.

“Estimativas consensuais do potencial de crescimento vêm sendo constantemente revisadas para baixo e estão agora em seu mais baixo patamar desde que os preços das commodities começaram a subir em meados dos anos 2000”, observou o FMI no documento, cuja divulgação o governo petista tentou embarreirar por três meses.

A nova estimativa é 0,75 ponto percentual menor que o potencial que o FMI antevia até então para o Brasil. País que cresce menos gera menos riqueza e menos oportunidade de trabalho. País que cresce menos encurta suas possibilidades de superar atrasos históricos e de promover efetivo bem-estar para sua população. Esta é uma vereda pela qual o Brasil não deveria se embrenhar, mas tornou-se nossa realidade e, pelo que prevê o FMI, corre risco de virar nossa sina no futuro.

FMI e OCDE não são aparelhos de oposição ao PT, mas parece que a equipe da presidente Dilma os vê assim. Ontem, uma penca de seus auxiliares, com Guido Mantega à frente, foi a campo para tentar desqualificar as críticas divulgadas na véspera. Fariam melhor se tomassem os alertas como mais uma indicação de que precisam melhorar o que o governo deles faz.

O ministro da Fazenda chega a argumentar que o Brasil faz hoje o mesmo que fez após a crise de 2008 e foi então aplaudido pelo FMI. Mas parece ignorar que circunstâncias distintas demandam remédios distintos e o governo brasileiro ministra as mesmas doses tanto para momentos de escassez de consumo e crédito, como aquele, quanto para excesso de demanda e insuficiência de oferta, como agora.

“Afirmar que a deterioração das contas públicas brasileiras só está na imaginação dos desinformados é acrescentar mais um furo na credibilidade do governo”, comenta Celso Ming n’O Estado de S.Paulo. Infelizmente, porém, é difícil crer que alguma mudança de comportamento ou melhora por parte dos petistas virá.

Ontem mesmo, o Planalto divulgou novo decreto definindo qual será o papel da estatal Valec na modelagem das concessões de ferrovias. E lá, mais uma vez, aparece a injeção de farto dinheiro público para sustentar negócios capengas que deveriam ser exclusivamente privados: serão mais R$ 40 bilhões de dívida pública para pagar a construção de 11 mil km de ferrovias previstos no Plano de Investimento em Logística. A máquina de produzir desequilíbrios continua a pleno vapor.

Equilíbrio, estabilidade e responsabilidade no trato das contas públicas não é coisa de quem só pensa em cifras. É condição fundamental para que um país avance de maneira sustentável e sem aventuras. Estas lições a presidente Dilma Rousseff e o pessoal de seu governo parecem não ter aprendido, nem parecem dispostos a aprender.

Aécio comenta relatório do FMI que prevê crescimento menor para o Brasil

aecio-neves-280813-george-gianni-300x200Brasília – O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG), afirmou nesta quinta-feira (24) que o último relatório do FMI (Fundo Monetário Internacional) confirma o alerta feito por economistas e parlamentares do PSDB sobre a falta de fôlego da economia brasileira.

De acordo com o relatório, o PIB nacional deverá crescer apenas 3,4% no período entre 2014 e 2018. A instituição também apontou que o país sofre com problemas como a gestão fiscal inadequada, perda de competitividade, inexistência de reformas estruturantes e outros problemas.

Confira abaixo a declaração do senador:

“O último relatório do FMI mostra de forma muito clara as fragilidades da economia brasileira. Ao apostarmos no crescimento apenas via consumo, abandonamos aquilo que era fundamental, criar condições para que a oferta aumentasse. O excesso de intervencionismo do governo tem afastado os investidores. A maquiagem fiscal grave, porque gera insegurança àqueles que buscam investir no Brasil, foi apontada também como um dos quesitos mais graves para que haja efetivamente a retomada da confiança no brasil. A inflação alta para padrão de países como o Brasil é outro alerta importante que nos trás o FMI.

Na verdade, o FMI confirma tudo aquilo que dizíamos já há alguns anos. A flexibilização do tripé que nos trouxe até aqui de metas de inflação, de câmbio flutuante, de superávit primário, tem feito com que o Brasil perca oportunidades históricas de investimentos que gerem renda e gerem emprego no Brasil. É preciso encerrarmos, rapidamente, este ciclo e iniciarmos um outro onde haja transparência, eficiência e seriedade na condução da política econômica brasileira.”

Clique aqui para ouvir o áudio:

“Inglório tricampeonato”, análise do ITV

Industria-Foto-Wilson-Dias-ABr-300x199Já ficou tão rotineiro que beira o enfado: as previsões relativas ao crescimento do Brasil foram novamente rebaixadas. Mais uma vez, vamos ficar na rabeira do ranking entre os emergentes e continuar fazendo feio em relação a nossos vizinhos de continente. Até quando esta piada sem graça vai permanecer?

O rebaixamento da vez veio ontem do Fundo Monetário Internacional (FMI). O prognóstico para 2013 foi mantido em pífios 2,5%, mas o do ano que vem foi novamente reduzido: a previsão para crescimento brasileiro em 2014 começou o ano em 4%, caiu depois para 3,2% e agora baixou para 2,5%. Será que diminuirá ainda mais?

Continuaremos perdendo para países classificados como emergentes, como China, Índia, Rússia, África do Sul e México. Segundo o FMI, este grupo conseguirá obter alta média de 5,1% no próximo ano, ou seja, mais que o dobro do esperado para o Brasil.

Não é de agora que vimos comendo poeira. Entre 2001 a 2012, em seis anos o Brasil cresceu menos da metade dos países em desenvolvimento – e, em 2009, registrou retração, enquanto os emergentes se expandiram, registra a Folha de S.Paulo. Em 2012, a diferença foi ainda mais gritante: o PIB brasileiro avançou 0,9% e o dos emergentes, 4,9%.

Como fomos ficando muito para trás em relação aos emergentes, talvez a melhor comparação seja mesmo com os vizinhos do continente. Mas, infelizmente, aí também vamos mal. Segundo o documento intitulado “Panorama Econômico Mundial”, a América do Sul deve alcançar crescimento médio de 3,1% e 3,2% neste e no próximo ano, ou seja, também superior ao desempenho brasileiro.

Se os prognósticos se confirmarem, o Brasil alcançará em 2014 um inglório tricampeonato: por três anos seguidos, nossa economia terá registrado o segundo pior desempenho entre todos os países sul-americanos. Em 2012 só superamos o Paraguai, enquanto em 2013 e 2014 não perderemos apenas para a Venezuela.

Na média, o crescimento da economia brasileira no quadriênio 2011-2014 deverá ficar em 2,1%. Ou seja, o desempenho de Dilma Rousseff será o pior que se tem notícia no país desde Fernando Collor (1990-1992) e um dos três mais sofríveis de toda a nossa história republicada – Floriano Peixoto (1891-1894) ocupa a rabeira do ranking da mediocridade.

Na avaliação do FMI, o Brasil enfrenta problemas cíclicos e também estruturais que reduziram seu PIB potencial – isto é, o máximo que uma economia consegue crescer sem produzir desequilíbrios em série, como aconteceu depois de 2010, quando o país foi turbinado para eleger Dilma e depois afundou.

Segundo o Fundo, o Brasil já não consegue crescer mais que 2,8% – na previsão anterior, divulgada pela instituição em julho, o teto estava em 3,2% – em razão, principalmente, de gargalos regulatórios e deficiências de infraestrutura, que afetam o aumento da oferta, e desequilíbrios macroeconômicos, que comprometem a solidez das contas públicas do país.

Não é difícil constatar que o Brasil enveredou por um caminho que mais se parece com um beco sem saída. A chamada “nova matriz econômica”, com seu voluntarismo indesejável e seu intervencionismo dispensável, é um fiasco retumbante. É urgente retomar a trilha das reformas estruturais, para que o país não continue perdendo de goleada.

FMI reduz mais uma vez previsão de crescimento para o Brasil em 2014

Industria-foto-Gilson-Abreu-AnPr1-300x199O Fundo Monetário Internacional (FMI) reduziu novamente a previsão de crescimento da economia brasileira para 2014.

De acordo com relatório global divulgado nesta terça-feira (8), o Produto Interno Bruto (PIB) deve crescer apenas 2,5%.

O relatório do FMI revela ainda que o Brasil deve crescer menos da metade dos países emergentes. A previsão para essas nações é de uma alta de 5,1% em 2014.

É a segunda vez que o organismo internacional diminui a previsão: Em janeiro, a expectativa era de uma alta de 4%. Em julho, caiu para 3,2%.

Segundo o FMI, a redução da expectativa de crescimento do Brasil foi a maior entre todos os países analisados.

O deputado federal Antônio Imbassahy (PSDB-BA) avalia que o cenário reflete o desempenho medíocre do governo federal na economia: “O limite de competência de Dilma foi atingido quando ela assumiu o ministério. A cada momento, ela vai se caracterizando como uma gestora de qualidade inferior”, critica.

Para o deputado, o relatório do FMI é mais um sinal da falta de confiança dos investidores com a política econômica em vigor. “Quando uma agência internacional como o FMI anuncia isso, aumenta ainda mais o ambiente de pessimismo com a administração do PT”, conclui.

“Herança Dilma”, por Miriam Leitão

caminho-adotado-pelo-governo-dilma-na-gestao-da-economia-precisa-mudar-urgentemente-foto-george-gianni-psdb--300x199O modelo Dilma fracassou. Em 2015, a economia terá que passar por ajustes, mesmo na hipótese possível de ela se reeleger. O que Dilma escolheu teve resultado negativo. Uma inflação corretiva será necessária para salvar o setor de energia e combustíveis. Os truques contábeis e as transferências para o BNDES escamotearam gastos que terão que ser contabilizados.

A presidente Dilma, ninguém duvida, é chefe da equipe econômica e comanda o setor elétrico. Ela não gosta de delegar, e menos ainda nas duas áreas, porque ela é economista e foi ministra das Minas e Energia. Está convencida de que tem as melhores propostas.

O modelo Dilma é baseado na repressão das tarifas públicas como política anti-inflacionária; desonerações de impostos e empréstimos subsidiados para alguns setores como incentivo ao crescimento; estímulo ao consumo através do crédito dos bancos públicos; incentivo à apreciação cambial; forte redução de taxa de juros; um pouco mais de inflação e relaxamento fiscal.

Ao fim de dois anos e meio, a Petrobras e o setor elétrico estão descapitalizados; a arrecadação tem desacelerado e o superávit primário caiu; transferências aos bancos públicos já representam 9% do PIB e viraram um orçamento paralelo e um novo esqueleto; as famílias estão endividadas; a inflação ficou alta por tempo demais, corroeu a renda e os juros voltaram a subir. Um choque externo está elevando o dólar muito além do que se pretendia, e o déficit em transações correntes aumentou.

Quando algumas das políticas começaram a mostrar efeitos colaterais, o governo optou pelas gambiarras. A queda do desempenho fiscal tem sido escamoteada através de truques contábeis. Alguns indicadores fiscais perderam a credibilidade.

A política de escolher empresas que, com privilégios, liderariam o capitalismo brasileiro foi copiada do governo militar com idêntico fracasso. Hoje, o próprio BNDES afirma que a política dos campeões nacionais foi abandonada.

Isso depois que muitos empréstimos com juros negativos e compra de ações e debêntures beneficiaram os favoritos do banco. O custo das várias escolhas erradas não foi apresentado ao contribuinte.

O setor de energia vive um curto-circuito. Os reservatórios das hidrelétricas passaram o ano inteiro com um nível de água abaixo do que estavam nos mesmos meses dos últimos dez anos. O acionamento das térmicas durante meses criou um custo que está sendo escondido. O mercado fala em R$ 9 bilhões no ano de diferença entre o custo da energia e o preço que ela é vendida. O desequilíbrio ocorreu quando a presidente, em ato de campanha eleitoral, anunciou a queda do preço da energia ao consumidor e uma redução ainda maior ao setor industrial. Reduziu o preço quando o custo estava subindo. Quem está cobrindo a diferença é o Tesouro, com endividamento. Foi recriado um sistema de subsídio, mas agora com dívida pública.

E por falar nela, o governo anuncia que a dívida líquida está em queda, mas a dívida bruta é que tem sido olhada. Mesmo com a fórmula de cálculo brasileira — e não a do FMI —, ela subiu de 53% do PIB no final de 2010 para 59%.

A balança comercial está negativa, no acumulado, desde o começo do ano. E estamos tendo déficit para comprar gasolina. A diferença entre o que o Brasil exporta e importa de petróleo e derivados chegou a US$ 16 bilhões. A Petrobras vende a gasolina por um preço menor do que paga. Isso está tirando a capacidade da empresa de investir.

O governo está convencido de que vários desses desequilíbrios serão resolvidos pelas concessões que vão injetar novo ânimo na economia. No próximo dia 18, vai privatizar duas rodovias com chance de sucesso, porque os consórcios sabem que terão o anabolizante de 49% de capital de bancos públicos e dos fundos de pensão de estatais através do “fundo noiva”.

Haverá eventos favoráveis, como a licitação do pré-sal. Alguns números econômicos bons serão seguidos de outros ruins. A propaganda falará apenas dos bons. No ano que vem, o governo deve ampliar gastos, como todos os governos fazem em época eleitoral. Em 2015, o eleito terá uma herança difícil e muito trabalho para corrigir todas as distorções criadas pelo modelo Dilma. Mesmo que seja a própria Dilma.

 

O Globo 08/09/2013