Brasília (DF) – Diante da pressão do governo Dilma para que parlamentares da base aliada retirem assinaturas do requerimento da oposição que propõe a criação da CPI da Petrobras no Senado, o presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, reagiu. Em entrevista coletiva, nesta quinta-feira (27), Aécio declarou não acreditar que nenhum dos signatários se submeterá a “qualquer tipo de chantagem”.
“A simples perspectiva ou a simples manifestação de vontade de liderança do governo de retirar essas assinaturas, ao meu ver, é um ataque à integridade do Congresso Nacional”, disse.
“Teremos a Comissão Parlamentar de Inquérito no Senado. Se alcançadas as assinaturas na Câmara, poderemos ter uma Comissão Parlamentar Mista. O que me preocupa é: por que tanta preocupação? Por que não estão logo preocupados em colocar pessoas qualificadas nessa Comissão, os partidos governistas, para que o debate possa haver, para que os diretores demitidos ou presos possam aqui depor, tendo os seus sigilos quebrados? É isso que o Brasil quer ouvir”, salientou.
Investigações
Aécio Neves assinalou que as investigações da CPI pretendem lançar luz sobre negócios obscuros realizados pela estatal, entre eles a compra bilionária da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, e as obras da refinaria Abreu e Lima, no Pernambuco.
“O que se cometeu foi quase um crime de lesa pátria, ao permitir que empresas do porte, da história de uma Petrobras, fizessem negócios – e falo no plural – tão danosos”, afirmou.
“Pasadena é um negócio. Abreu e Lima é outro que precisa ser investigado. Foi orçada inicialmente em U$S 2,5 bilhões de dólares. Já gastou mais de U$S 18 bilhões, e não ficará pronta por menos de U$S 20 bilhões. No meio do caminho, a empresa venezuelana anuncia que está fora do projeto. Não há sanção? A Petrobras não teve nenhuma salvaguarda, não tem nenhum documento que a permite cobrar uma indenização da Venezuela? Ou foi um acordo de compadres, com tapinhas nas costas?”, questionou.
E acrescentou: “O PT e seus dirigentes maiores não podem tratar as empresas públicas como patrimônio partidário, e muito menos pessoal. Não podem usar as empresas brasileiras para buscar alinhamento político com base em vínculos ideológicos. É contra isso que nós estamos nos levantando. O que foi feito é de extrema gravidade. A CPI está aí com as assinaturas obtidas, e o que nós queremos são investigações e a punição exemplar dos responsáveis”.
Patrimônio dilapidado
O presidente nacional do PSDB classificou ainda como indigna e inaceitável a conduta do governo federal com relação à Petrobras, que faz com que os brasileiros assistam à dilapidação do patrimônio público sem poderem fazer nada a respeito.
“A Petrobras perdeu mais da metade do seu valor de mercado. A Eletrobras, mais de 70%, e nada. Vamos permitir que isso ocorra naturalmente? Não. A oposição está aqui fazendo o que tem que fazer. Reagindo e cobrando explicações do governo, dos dirigentes da Petrobras e, se necessário, da então presidente do Conselho de Administração da Petrobras [à época da compra da refinaria de Pasadena, a atual presidente da República Dilma Rousseff]. Nós não aceitaremos mais a terceirização de responsabilidades”, assegurou.