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José Dirceu

Domingos Sávio: Mal da corrupção não pode ser banalizado no país

domingos-savio-foto-george-gianni-psdb-2Enquanto o planeta celebra o Dia Internacional contra a Corrupção, o Brasil sofre com a banalização desse mal, alerta o líder da Minoria na Câmara, Domingos Sávio (MG). Em discurso nesta terça-feira (9), ele fez coro aos milhões de brasileiros que não aceitam a situação vergonhosa em que se encontra o país. “É preciso se indignar contra isso”, disse.

A corrupção, além de destruir as instituições públicas, desvia o dinheiro que deveria ser aplicado em saúde, educação, segurança e infraestrutura. “É um crime bárbaro contra todos os seres humanos e os princípios democráticos”, frisou Sávio. O problema tem se alastrado nos últimos 12 anos, já que boa parte dos que sustentam o atual governo está envolvida com corrupção, avalia o tucano.

O líder citou denúncia da “Folha de S.Paulo” de que o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu recebeu R$ 886,5 mil da empreiteira Camargo Corrêa por serviços de consultoria entre maio de 2010 e fevereiro de 2011, quando o petista já era réu no processo do mensalão. Ele foi condenado a 10 anos e 10 meses por liderar o esquema de pagamento de propina. “É inaceitável”, alertou Sávio.

O tucano ressaltou ainda a contradição do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, que hoje sugeriu a demissão da diretoria da Petrobras e a punição dos envolvidos no esquema de corrupção.  “Não adianta ele dizer que nunca viu algo assim se continua com a delação premiada na gaveta”, explicou o parlamentar, em referência às negativas do PGR de enviar ao Congresso o conteúdo das informações prestadas em regime de delação premiada por envolvidos no esquema.

Do Portal do PSDB na Câmara

Empresa de José Dirceu recebeu R$ 886 mil da empreiteira Camargo Correa

Jose-Dirceu-Foto-ABrBrasília – Uma empresa de consultoria do ex-ministro José Dirceu recebeu R$ 886 mil da empreiteira Camargo Correa entre 2010 e 2011. Meses depois, a construtora fechou contratos no valor de R$ 4,7 bilhões com a Petrobras para obras na refinaria de Abreu e Lima, em Pernambuco.

As informações foram divulgadas pela revista Época nesta segunda-feira (8), e são baseadas em uma operação de busca pela Polícia Federal feita na sede da empreiteira. Os policiais encontraram o contrato de prestação de serviços da consultoria de Dirceu para a Camargo Correa – a empresa do petista deveria fazer análises de “aspectos políticos e sociológicos” do Brasil e “assessoria na integração dos países da América do Sul”. À época do contrato, Dirceu já era réu no processo do mensalão, pelo qual foi condenado por corrupção ativa.

O ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa e o doleiro Alberto Youssef, ambos presos pela Polícia Federal e participantes do programa de delação premiada, relataram que o contrato entre a estatal e a Camargo Correa para Abreu e Lima foi fechado com o pagamento de propinas para o PT e o PP.

Engrenagem
O deputado federal Otavio Leite (PSDB-RJ) disse que a notícia amplia a dimensão das irregularidades constatadas pela Polícia Federal na operação Lava Jato.

“O fato é que aos poucos, esse quebra-cabeça começa a ser revelado ao país. Afinal, sempre foi dito que o Dirceu, apesar de não ser mais ministro, continuava mandando no governo federal. Pelo visto, continuou mandando e ganhando. Isso tudo é parte de uma engrenagem criminosa muito maior”, afirmou.

O tucano acrescentou que a revelação de hoje traz um fato novo para a investigação do esquema de propina na Petrobras: “acredito que é mais uma frente que se abre para que a Justiça possa punir esses criminosos”.

Empresário do setor petroquímico denuncia José Dirceu como o ‘negociador’ dos acordos bilionários

Jose-Dirceu-Foto-Divulgacao-300x200Brasília (DF) – O ex-ministro José Dirceu, preso em Brasília pelo mensalão, é apontado como o homem que também negociava acordos bilionários suspeitos na Petrobras. A acusação é de um empresário do setor petroquímico Caio Gorentzavaig, um dos donos da petroquímica Triunfo, que se diz vítima do esquema. O empresário afirma ter provas das irregularidades nas compras das petroquímicas Suzano e Triunfo. A Procuradoria da República deve ouvi-lo nos próximos dias.

Reportagem da  TV Bandeirantes mostra uma longa entrevista com Gorentzavaig que ele relata as negociações conduzidas pelo ex-presidente da Petrobras José Sergio Gabrielli e também com Paulo Roberto Costa, ex-diretor da estatal envolvido no escândalo da Operação Lava-Jato.  Segundo o empresário, a última palavra era sempre de José Dirceu e da Presidência da República, além do comando da Petrobras.

De acordo com Gorentzavaig, a negociação pela venda da petroquímica Suzano envolveu R$ 2,7 bilhões, sendo que a Petrobras arcou com uma dívida de R$ 1,4 bilhão. No caso da petroquímica Triunfo, que pertence à família do empresário, houve uma tentativa de acordo com decisão judicial, mas que a Petrobras reagiu impetrando novos recursos. O caso ainda não está encerrado.

Acesse aqui para assistir à reportagem completa da TV Bandeirantes.

“Cala, Lula”, análise do ITV

* Análise do Instituto Teotônio Vilela

Lula-foto-ABr-300x195Luiz Inácio Lula da Silva já foi personagem importante da democracia brasileira. Participou de momentos cruciais da história do país e liderou causas populares relevantes. Mas, desde que passou a se julgar acima do bem e do mal, o ex-presidente da República tem se especializado em afrontar nosso sistema democrático. Por que não te calas, Lula?

Lula verbaliza, de certa forma, a visão de mundo do PT: Se não estão conosco, estão contra nós. Serve para pessoas, adversários políticos, comentaristas e, principalmente, instituições. Os petistas não convivem bem com o contraditório, não aceitam a adversidade e, não raro, optam pela oposição desabrida quando não estão por cima da carne seca.

O ex-presidente vinha se furtando a comentar os resultados do julgamento do mensalão, que levou à cadeia algumas das mais vistosas lideranças do PT, entre elas o ex-ministro José Dirceu, preso na penitenciária da Papuda em Brasília desde novembro. Mas aproveitou uma entrevista concedida em Lisboa para desfilar impropriedades sobre o tema.

À emissora de TV portuguesa RTP, Lula disse que a decisão do Supremo Tribunal Federal sobre o maior esquema de corrupção da história política do país teve “80% de decisão política e 20% de decisão jurídica”. “O que eu acho é que não houve mensalão. (…) Essa história vai ser recontada”, completou.

Curiosa a dosimetria de Lula. Talvez espelhe como ele vê a relação entre os poderes e como gostaria que a independência – no caso, a falta dela – fosse exercida. Lula indicou 8 dos 11 atuais ministros integrantes do Supremo. Decerto esperava que, uma vez instalados na mais alta corte de Justiça do país, atuassem como simpatizantes partidários. Torpe visão.

A declaração de Lula mereceu repúdio quase unânime. Foi recebida como a manifestação de alguém que não reconhece a importância do Judiciário, desmerece a Justiça e não aceita as regras da convivência democrática. O ex-presidente dá péssimo exemplo a um país que clama, urgentemente, pela recuperação da crença em suas instituições em prol de um futuro melhor que o tempo de desesperança pelo qual atravessa.

Lula parece se sentir ainda mais à vontade quando está fora do Brasil para emitir suas opiniões. Mas continua a eterna metamorfose ambulante que já admitiu ser. Basta lembrar que, em julho de 2005, menos de dois meses após Roberto Jefferson detonar o mensalão, ele mesmo admitira, numa entrevista em Paris, que o PT errara. Logo depois, foi além e pediu desculpas à nação. Qual visão é a que vale?

Quando deixou a presidência, se achando quase convertido em santo, Lula mudou de ideia e disse que iria dedicar-se a “desmontar a farsa do mensalão”. O tempo passou, o STF julgou o caso e os petistas foram parar na cadeia por crimes como corrupção e lavagem de dinheiro – apenas na revisão final, escaparam da condenação por formação de quadrilha. Lula jamais apresentou quaisquer elementos para comprovar a “farsa”.

Também depois de sair do Planalto, o petista disse que ensinaria a ex-presidentes como deveria ser o comportamento exemplar de quem deixa o posto mais importante da República. Nunca, porém, conseguiu “desencarnar” do cargo, como ele mesmo prometia. Continua agindo como tutor da atual mandatária e como comentarista do Brasil. Mantém-se influente em negócios – não raro suspeitos – dentro e fora do país.

Lula tem todo o direito de se manifestar, como qualquer brasileiro. Deveria, porém, ter mais responsabilidade com o que faz e diz. Suas sectárias declarações apenas ajudam a semear descrença e discórdia. Talvez, quem sabe, seja este, afinal, seu objetivo: detonar tudo aquilo que não esteja com o PT para justificar o vale-tudo que seu partido promove no exercício do poder. Calado, Luiz Inácio Lula da Silva faria bem melhor pelo Brasil.

José Dirceu tem até podólogo na Papuda, diz Veja

Jose-Dirceu-Foto-Divulgacao--300x200Brasília (DF) – Os presos condenados do mensalão vivem dias de regalia no presídio da Papuda. O ex-chefe da Casa Civil e ex-presidente do PT, José Dirceu, tem, assim como seus companheiros mensaleiros, direito a tratamento diferenciado. Entre as mordomias, estão visitas fora de hora, podólogo e cardápio especial.

Segundo a reportagem desse sábado (15) da revista Veja, o ex-ministro foi flagrado dentro da penitenciária em um ambiente preparado para recebê-lo. Dirceu passa a maior parte do tempo na biblioteca, lugar onde poucos detentos têm permissão para entrar. Ainda de acordo com a revista, lá, ele passa as tardes conversando animadamente com os outros condenados do mensalão.

As sessões de leitura do ex-chefe da Casa Civil duram horas e ele pretende transformar os livros em redações, o que pode reduzir sua pena na cadeia. O tempo gasto na biblioteca só é interrompido quando chegam as visitas – a maioria fora do horário regulamentado e sem nenhum registro oficial

Os privilégios não terminam por aí. Os condenados do maior escândalo de corrupção da história política brasileira também têm direito a refeições especiais, com cardápios preparados especialmente para eles. Já os outros 10.326 presos da Papuda recebem marmitas produzidas em escala industrial por uma empresa prestadora de serviços.

Após ajudar Genoino, PT quer promover vaquinha para Dirceu, Delúbio e João Paulo Cunha

paudaBrasília – A multa de R$ 667,5 mil imposta pelo Supremo Tribunal Federal (STF) ao ex-deputado federal José Genoino (PT-SP), por seu envolvimento no escândalo do mensalão, será paga sem que o petista tenha que desembolsar um único centavo. Isso porque a campanha de arrecadação de recursos incentivada pelo PT já conseguiu obter cerca de R$ 700 mil de militantes, filiados e outros colaboradores desde sua criação, no dia 09 de janeiro.

Em decorrência do sucesso da iniciativa, o PT pretende agora lançar a mesma campanha para ajudar os mensaleiros José Dirceu, ex-ministro da Casa Civil, o deputado federal João Paulo Cunha (PT-SP) e o ex-tesoureiro Delúbio Soares. Os petistas foram condenados a pagar multas de R$ 676 mil, R$ 325 mil e 370 mil, respectivamente. Em números atualizados, os valores podem chegar a R$ 1,1 milhão, R$ 500 mil e cerca de R$ 600 mil. As informações são de reportagem desta terça-feira (21) do jornal O Globo.

Para o senador Paulo Bauer (PSDB-SC), a captação de recursos promovida pelo PT não deve ser vista como um exercício de solidariedade partidária, como a legenda quer fazer parecer, mas sim como um ato de conivência com a imoralidade.

“Quem faz doação para quem é condenado por corrupção, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha no serviço público, e paga multas atribuídas pelo Judiciário, na verdade não está procurando por pessoas solidárias, não está pedindo ajuda, mas está procurando pessoas que sejam coniventes com o ato ilegal”, disse.

Legalidade

O tucano ressaltou que o assunto merece um estudo jurídico que avalie a legalidade desse tipo de doações a condenados pela Justiça. “É necessário que se faça uma lei proibindo o uso de dinheiro de partidos políticos ou de doações voluntárias para o pagamento de penalidades financeiras impostas pelo Judiciário. Caso contrário, em muitos casos teremos a malversação de recursos públicos ou peculatos. Quem tem que pagar por esses crimes é quem os cometeu”, completou.

Preso, José Dirceu conversa por telefone celular com amigo baiano

Jose-Dirceu-Foto-Divulgacao-300x200Brasília – A já abalada credibilidade dos petistas condenados no julgamento do mensalão acabou de sofrer mais um golpe.  A coluna Painel, do jornal Folha de S. Paulo  desta sexta-feira (17), informa que o secretário da Indústria, Comércio e Mineração da Bahia, James Correia, usou um telefone celular para conversar com o amigo e ex- ministro José Dirceu, preso há dois meses na penitenciária da Papuda, em Brasília (DF).

Dirceu foi preso, por seu envolvimento no escândalo de compra de apoio político no Congresso durante a gestão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O ex-ministro foi condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a sete anos e 11 meses de prisão em regime semiaberto no processo do mensalão. Ele está preso no complexo Penitenciário da Papuda, de onde supostamente conversou por telefone com o secretário estadual.

Para o deputado federal Antonio Imbassahy (BA), que em fevereiro assumirá a Liderança do PSDB na Câmara, a conversa telefônica configurou uma grave irregularidade que merece investigação.

“O que se espera é que, por meio da Vara de Execução Penal, a partir do momento em que tomou conhecimento desse crime, abra um inquérito e promova uma investigação, que responsabilize aqueles que permitiram que um presidiário dispusesse de um aparelho celular”, afirmou o futuro líder.

Celular

De acordo com o secretário estadual, a conversa com José Dirceu ocorreu no último dia 6, por meio do aparelho telefônico de um amigo em comum que visitava o ex-ministro no presídio. O dono do celular não foi identificado. Correia disse ainda que Dirceu se encontrava bem disposto e animado por trabalhar na biblioteca do complexo penitenciário. “Ele está fazendo o que gosta”, contou ao jornal.

Vale lembrar que a entrada de celulares na Papuda não é permitida.

O tucano afirmou que a conversa entre Dirceu e o amigo é mais um exemplo das regalias a que os detentos petistas têm direito, em oposição ao que ocorre com os presidiários comuns.

“O próprio secretário, ao confirmar o fato e inclusive detalhar sua conversa com o líder do PT, destacou a regalia que os condenados no processo do mensalão continuam tendo”, completou.

Justificativa

A Secretaria de Segurança Pública (SSP) do Distrito Federal informou nesta manhã que abriu inquérito para averiguar o caso. O processo deverá ser concluído em até 30 dias.

“A turma do escárnio”, análise do ITV

delubio-genoino-dirceu-mosaicoHá 20 dias os mensaleiros foram recolhidos ao presídio da Papuda para começar a pagar pelos delitos e pelas práticas criminosas cometidas por eles no maior escândalo de corrupção da nossa história recente. Desde então, os presos petistas protagonizaram uma série de tentativas de se livrar deste inevitável encontro de contas. Parecem tratar com escárnio os desígnios da Justiça brasileira.

Pelo jeito, José Dirceu, José Genoino e Delúbio Soares creem que podem continuar caminhando pelo lado pantanoso da vida para se dar bem. Suas tentativas de se safar da cadeia revelam o pouco caso que devotam às instituições do país, em especial ao nosso Judiciário. Só isso é capaz de explicar seus atos nos últimos dias. Parecem até chacota. E são.

Comecemos por Dirceu. Ele se acha um detento especial, mais especificamente um “preso político”, embora seja apenas um político preso. Nesta condição, partiu em busca de um emprego que o livrasse do xadrez, pelo menos durante o dia, e, melhor ainda, lhe pagasse R$ 20 mil em salário, com registro em carteira e tudo. Instalado na gerência de um hotel no coração de Brasília, frequentado por parlamentares e lobistas, Dirceu seria a própria raposa cuidando do galinheiro. Não conseguiu.

Ainda por cima, o hotel em questão não é um estabelecimento qualquer. Seu dono é dirigente de um dos partidos da base aliada de Dilma, o PTN, e também proprietário de redes de rádio beneficiadas por polêmicas decisões tomadas pela Anatel há poucos dias, quase no mesmo momento da contratação de Dirceu. Recorde-se que esta mesma área, a de comunicações, era um dos alvos prediletos das “consultorias” que o ex-ministro deu nos últimos anos. A fome das galinhas se junta à vontade de comer da raposa…

Nesta semana, soube-se mais: o estabelecimento que quer escalar Dirceu como gerente tem na sua composição acionária um panamenho que não faz nem ideia do que seja ser dono de um negócio no Brasil. Ou seja, é um laranja, como mostrou o Jornal Nacional anteontem. O hotel brasiliense reproduz em tudo o ambiente pantanoso em que o ex-todo-poderoso ministro de Lula move-se com desenvoltura.

Mas Dirceu quer mais. Quer ter vida normal na cadeia, usar computador, escrever em blog, receber jornal, revista e até viver dando entrevista e recebendo visita de amigos petistas (sem pegar fila no sol, é claro!), como mostra a Folha de S.Paulo hoje. Parece se sentir numa temporada de veraneio – como aquela em que estava quando teve sua prisão decretada pelo STF. É escárnio ou não é?

Mas Dirceu não está sozinho. José Genoino também protagonizou uma pantomima dos diabos para se livrar das grades. Tudo bem que o presidente do PT à época em que o mensalão correu solto para sustentar o projeto de poder de Lula e do partido é, de fato, um cardiopata. Mas uma penca de médicos de várias origens atestou que seu estado nem de longe inspira os cuidados e riscos que o mensaleiro preso tentou fazer crer.

Ainda assim, Genoino conseguiu escapulir da Papuda, não sem antes estampar capas de revistas posando como preso político e militante imbatível. Ato contínuo, vendo-se na iminência de ter seu mandato de deputado federal cassado pelos seus pares em função da sua condenação e prisão por corrupção ativa e formação de quadrilha, renunciou.

Delúbio Soares, por sua vez, se inspirou em Dirceu e também tentou logo achar logo uma boquinha para empregar-se e livrar-se do incômodo das grades da Papuda. O ex-tesoureiro do PT na época de ouro do mensalão quer exercer um cargo com salário de R$ 4,5 mil no setor de formação da CUT, a central sindical petista que também já teve o mensaleiro como responsável por suas finanças. É mais uma raposa na granja ou é só escárnio mesmo?

Mas Dirceu, Genoino e Delúbio não agem como solistas. Há uma orquestra inteira do PT a lhes fazer coro. A ponto de o partido dos mensaleiros preparar para a próxima semana um “ato de desagravo” em favor de seus presidiários mais ilustres. Há uma plena sintonia de sentimentos: afinal, o partido também se sente “prisioneiro de um sistema eleitoral que favorece a corrupção”, segundo resolução que pretende aprovar em seu congresso.

José Dirceu, José Genoino, Delúbio Soares e a turma do mensalão condenada pelo Supremo são parte de uma triste história que faz o Brasil afundar num mar de lama e nos coloca em péssimas posições nos rankings mundiais de corrupção, como o divulgado nesta semana pela Transparência Internacional. O escárnio que os mensaleiros petistas exibem deve ficar guardadinho, bem trancado num pavilhão do presídio da Papuda. É lá, e não à solta, que eles devem pagar pelos crimes que cometeram.

Para sair da prisão, Dirceu se candidata a gerente de hotel em Brasília

Ze-Dirceu-foto-Wilson-Dias-ABr-300x204Brasília – O ex-ministro José Dirceu, que cumpre prisão no Complexo Penitenciário da Papuda na capital federal, candidatou-se a uma vaga de gerente no Hotel Saint Peter, o maior do centro de Brasília. De acordo com a defesa do petista, ele dispõe de condições jurídicas e trabalhistas para ocupar a função, segundo o jornal Estado de S. Paulo.

O senador Cyro Miranda (PSDB-GO) afirmou nesta terça-feira (26) que a defesa de Dirceu deveria “ser mais criativa” e buscar uma alternativa de emprego que tivesse mais afinidade com atividades anteriores às desempenhadas pelo ex-ministro.

“É um absurdo essa artimanha agora”, ressaltou Miranda. “Eu acho que deveriam dar outro prêmio para ele”, acrescentou.

De acordo com o jornal, “não havendo dúvidas acerca do regime prisional imposto ao requerente [Dirceu] torna-se admissível a realização de trabalho externo, conforme preceitua o artigo 35, parágrafo 2.0 do Código Penal”. Em seguida, a defesa argumenta que: “José Dirceu preenche todos os requisitos necessários para que lhe seja deferida a possibilidade de trabalho externo”.

Pela reportagem, há informações que Dirceu dispõe de carteira de trabalho, com carimbo do seu empregador.

A direção do St. Peter Hotel fez constar a informação de que “tem plena ciência e anui com as condições do empregado no sentido de cumprir a atividade laboral, seja no tocante ao horário, seja por outra exigência a qualquer título, relativamente ao regime profissional semiaberto ou outro que seja determinado pelo Poder Judiciário para cumprimento da pena a que foi submetido em razão da condenação na Ação Penal 470″.

“Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa”, análise do Instituto Teotônio Vilela

delubio-genoino-dirceu-mosaicoEra para ter sido uma semana com muito que comemorar: finalmente, fez-se justiça no país; finalmente, os mensaleiros foram para a cadeia. Acabou sendo uma semana em que o que mais se discutiu é se gente que desviou dinheiro público, corrompeu e formou uma quadrilha para manter-se no poder deve ou não estar atrás das grades pagando pelos crimes que cometeu. Por quê?

No feriado da proclamação da República, os primeiros condenados pelo mensalão começaram a se apresentar à polícia. Exaustivamente, as televisões exibiram imagens que muitos não acreditavam que um dia assistiriam. Nos dias seguintes, os presos – com os petistas José Dirceu, José Genoino e Delúbio Soares à frente – foram despachados para o presídio da Papuda, na capital da República. Parecia até sonho.

Os presos, quase todos, continuam atrás das grades, submetidos a condições bastante desconfortáveis, mas provavelmente não tão “medievais” quanto as que afligem mais de meio milhão de detentos pelo Brasil afora. Até agora, somente José Genoino, com problemas de saúde, conseguiu livrar-se de cumprir na cadeia sua pena de 6 anos e 11 meses de prisão por corrupção ativa e formação de quadrilha, e agora poderá fazê-lo no hospital ou em casa.

No entanto, nos últimos dias os mensaleiros petistas tornaram-se objeto de tamanha comiseração e alvo de tantas manifestações de solidariedade que mais parecem vítimas ou mártires do que gente que roubou e corrompeu, que se articulou em torno de uma organização criminosa para lesar os cofres públicos. São as artimanhas do PT em ação.

O partido dos mensaleiros colocou sua máquina de guerra em marcha. Partiu para cima, numa tentativa de confundir a percepção da população quanto à gravidade do que estava se passando diante dos olhos de todos. Agiu assim, provavelmente, por ter percebido que o estrago que as vistosas imagens de seus filiados presidiários tendem a causar nas pretensões de poder petistas.

Mas, espera lá! Como já dizia Genoino, no auge da descoberta do mensalão: uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa. Estamos tratando aqui é de gente que foi condenada pela mais alta corte de Justiça brasileira por crimes como corrupção ativa, formação de quadrilha, peculato, corrupção passiva, etc etc etc.

A máquina de guerra e propaganda petista parece querer nos fazer crer o contrário: ali estão homens probos, mal tratados e injustiçados por um Judiciário mal intencionado. A estratégia é ousada a ponto de incluir ataques oficiais ao Supremo Tribunal Federal, a ponto de organizar caravanas de familiares e autoridades do partido para fazer visitas à cadeia à luz do dia e na hora que bem entender – desrespeitando regras que deveriam valer para todos os presos.

A atitude é ousada a ponto de incluir perorações do seu principal líder, para quem não se pode “tripudiar em cima da condenação” de pessoas, “sem respeitar o histórico” delas, como disse ontem o ex-presidente. Lula prefere deixar de lado que os presidiários do PT não estão na cadeia por seu currículo – embora alguns até merecessem – mas por sua ficha corrida.

Não há mártires atrás das grades. Não há presos políticos detidos na Papuda. Há gente que se acreditava inimputável e que, por supor-se assim, pôs em marcha o maior esquema de corrupção política e de desvio de dinheiro público para compra de votos e apoio parlamentar que se tem notícia na nossa história. Gente que foi acusada, pôde se defender pagando as melhores bancas de advogados do país, foi julgada e acabou condenada.

Uma coisa é o PT querer transformar seus presidiários em vítimas. Outra coisa é o fato de que alguns dos principais líderes do partido que governa o Brasil há mais de uma década deverão passar anos na cadeia para pagar pela penca de crimes que cometeram. Não há máquina, por mais eficiente que seja, que possa ser capaz de reescrever esta história.