Em entrevista coletiva na tarde desta segunda-feira (24), o presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG), criticou o pronunciamento da presidente Dilma Rousseff, que, segundo ele, não vai na direção dos clamores da população brasileira.
“Na verdade, ela frustrou a todos os brasileiros. O que nós ouvimos aqui hoje foi o Brasil velho falando para um Brasil novo, que surge das urnas. O Brasil velho, onde os governantes não assumem as suas responsabilidades, sempre buscam transferi-las a terceiros, não reconhecem os equívocos que viveram e buscam tergiversar, desviar a atenção com novas propostas”, lamentou.
O senador citou o manifesto divulgado pelo PSDB, junto com o Democratas e PPS, que cobra da presidente Dilma um Brasil diferente.
“Nós, da oposição, estamos apresentando um conjunto de propostas ao Brasil, que podem ser imediatamente encampadas pela presidente da República e pelo governo federal. Muitas delas respondem de forma direta e imediata a alguns desses clamores: respostas no campo da transparência e do combate à corrupção, propondo inclusive uma CPI das obras da Copa do Mundo, a abertura dos gastos das viagens presidenciais, das contas dos cartões corporativos e investigação em relação a questões relativas à Petrobras”.
Para o senador Agripino Maia (RN), presidente nacional do Democratas, a presidente Dilma Rousseff utiliza artifícios para tirar o foco do povo de suas verdadeiras reinvindicações.
“Não adianta querer entrar agora, a essa altura, com manobras diversionistas. A pauta da sociedade é mobilidade urbana, preço de transporte coletivo, metrô que não existe, hospital superlotado, saúde inexistente, educação de má qualidade, corrupção. Isso sim é o que a sociedade está clamando na rua”, disse.
Já o presidente nacional do PPS, deputado Roberto Freire (SP), defendeu que a reforma política seja feita, mas não de uma forma que possa gerar a inobservância da Constituição.
“A presidente da república não fez nada, nem o governo que ela representa, nesses dez anos, a favor da reforma política. Se o governo quiser, com a sua ampla maioria, faz. O que não adianta é o governo inventar, tergiversando, um plebiscito que não é nem competência dela, e sim do Congresso”, completou.
Por Aécio Neves, presidente nacional do PSDB e senador (MG)
O pronunciamento da presidente Dilma Rousseff contém erros e acertos.
A Presidente acertou ao convocar, mesmo que com atraso, a rede nacional de rádio e TV – a primeira realmente necessária em sua administração – para apresentar à população e ao mundo a palavra do governo brasileiro sobre os últimos acontecimentos.
Errou, no entanto, no conteúdo. Reproduziu exatamente o tipo de ação política que está sendo rechaçada nas ruas de todo o país. Fez um discurso dissociado da verdade, reforçando a política como território distante de valores e da própria realidade.
A presidente perdeu uma oportunidade única de se conectar com a população. Para isso, precisaria ter reconhecido erros e responsabilidades para, em seguida, ter a legitimidade de transformar essa extraordinária manifestação por desejo de mudanças em combustível para uma verdadeira transformação no e do país.
No entanto, escolheu fazer um discurso que reproduz o tradicional jeitinho de fazer política no Brasil: empurrando os problemas para debaixo do tapete, fingindo que não tem nada a ver com o que está acontecendo, que é tudo responsabilidade dos outros, que só não fez melhor porque não foi permitido.
Fez, assim, um discurso como se a população brasileira fosse formada por alienados e desinformados. Ela está nas ruas justamente mostrando que não é.
A presidente falou no seu compromisso com a transparência e com a luta contra a corrupção. Enquanto isso, no Brasil real, a mesma presidente proíbe a divulgação dos gastos das suas viagens ao exterior e, pensando nas eleições, abriga novamente no governo a influência de pessoas que ela mesma havia afastado sob suspeita de desvios.
Como forma de tentar demonstrar compromisso com a saúde, a presidente disse que os investimentos federais nesta área vêm aumentando, quando todo o país sabe que a participação do governo federal nos gastos nacionais do setor vem caindo de forma acentuada há 10 anos, desde que o PT assumiu o governo. Quando todo o país sabe que o governo se empenhou especialmente para impedir que a regulamentação da Emenda 29 fixasse patamar mínimo de 10% de investimento no setor para a esfera federal.
Com o foco das manifestações no transporte coletivo, a presidente diz agora que enfim discutirá o assunto. Nenhuma palavra para o fato do seu governo agir exatamente no sentido oposto: faz desonerações isoladas para atender lógicas e interesses específicos, estimulando a aquisição de veículos individuais e defendendo projetos mirabolantes, como o trem bala, em detrimento de investimento em metrôs das grandes cidades.
Depois de gastar milhões em publicidade para colocar o governo federal à frente das obras dos estádios, agora, candidamente, a presidente diz que nada tem a ver com isso, resumindo os recursos empregados a financiamentos a serem pagos por estados e empresas. Nenhuma palavra sobre os recursos de Tesouro Nacional que estão abastecendo os cofres do BNDES. Nenhuma observação sobre a óbvia constatação de que os recursos que estão financiando estádios poderiam estar financiando metrôs, estradas e hospitais.
Mas há, nessa afirmação da presidente, um aspecto positivo.
É a primeira vez que o governo reconhece que obras realizadas por meio de financiamentos não devem ser consideradas obras federais, já que são recursos que serão pagos pelos tomadores. Registra-se, assim, uma nova e mais justa leitura sobre programas como o Luz Para Todos e o PAC, nos quais as obras realizadas com os financiamentos – que serão integralmente pagos por empresas, estados e municípios – têm sido apresentadas – sem nenhuma cerimônia, como obras da União.
Ao invés de dizer ao país que o governo não investiu na Copa – como se alguém pudesse acreditar nisso – não seria mais honesto mostrar as razões que levaram o governo a lutar pela oportunidade de realizá-la e depois investir nela?
Não seria mais respeitoso com os milhões de brasileiros que estão nas ruas reconhecer a parcela de responsabilidade do seu governo – que, registre-se, não é só dele – com os problemas enfrentados hoje pela população?
Ao invés de oferecer aos brasileiros mais uma vaga carta de intenções, não teria feito melhor a presidente se tivesse se comprometido com medidas concretas? Se tivesse dito que orientaria o seu partido no Congresso a desistir de retirar poderes do Ministério Publico e de impedir a criação de novos partidos? Ou, como bem disse o Senador Agripino Maia, se dissesse que procuraria o presidente do STF para manifestar apoio à conclusão do processo do mensalão?
Quem ouviu a pronunciamento da Presidente da República ficou com a impressão de que se tratava de um governo começando agora e não de uma gestão que responde pelo que foi – e não foi – feito no país nos último 10 anos.
Através da voz da presidente, a velha política falou ao novo Brasil que está nas ruas. Pena.
O pronunciamento da presidente Dilma Rousseff contém erros e acertos.
A Presidente acertou ao convocar, mesmo que com atraso, a rede nacional de rádio e TV – a primeira realmente necessária em sua administração – para apresentar à população e ao mundo a palavra do governo brasileiro sobre os últimos acontecimentos.
Errou, no entanto, no conteúdo. Reproduziu exatamente o tipo de ação política que está sendo rechaçada nas ruas de todo o país. Fez um discurso dissociado da verdade, reforçando a política como território distante de valores e da própria realidade.
A presidente perdeu uma oportunidade única de se conectar com a população. Para isso, precisaria ter reconhecido erros e responsabilidades para, em seguida, ter a legitimidade de transformar essa extraordinária manifestação por desejo de mudanças em combustível para uma verdadeira transformação no e do país.
No entanto, escolheu fazer um discurso que reproduz o tradicional jeitinho de fazer política no Brasil: empurrando os problemas para debaixo do tapete, fingindo que não tem nada a ver com o que está acontecendo, que é tudo responsabilidade dos outros, que só não fez melhor porque não foi permitido.
Fez, assim, um discurso como se a população brasileira fosse formada por alienados e desinformados. Ela está nas ruas justamente mostrando que não é.
A presidente falou no seu compromisso com a transparência e com a luta contra a corrupção. Enquanto isso, no Brasil real, a mesma presidente proíbe a divulgação dos gastos das suas viagens ao exterior e, pensando nas eleições, abriga novamente no governo a influência de pessoas que ela mesma havia afastado sob suspeita de desvios.
Como forma de tentar demonstrar compromisso com a saúde, a presidente disse que os investimentos federais nesta área vêm aumentando, quando todo o país sabe que a participação do governo federal nos gastos nacionais do setor vem caindo de forma acentuada há 10 anos, desde que o PT assumiu o governo. Quando todo o país sabe que o governo se empenhou especialmente para impedir que a regulamentação da Emenda 29 fixasse patamar mínimo de 10% de investimento no setor para a esfera federal.
Com o foco das manifestações no transporte coletivo, a presidente diz agora que enfim discutirá o assunto. Nenhuma palavra para o fato do seu governo agir exatamente no sentido oposto: faz desonerações isoladas para atender lógicas e interesses específicos, estimulando a aquisição de veículos individuais e defendendo projetos mirabolantes, como o trem bala, em detrimento de investimento em metrôs das grandes cidades.
Depois de gastar milhões em publicidade para colocar o governo federal à frente das obras dos estádios, agora, candidamente, a presidente diz que nada tem a ver com isso, resumindo os recursos empregados a financiamentos a serem pagos por estados e empresas. Nenhuma palavra sobre os recursos de Tesouro Nacional que estão abastecendo os cofres do BNDES. Nenhuma observação sobre a óbvia constatação de que os recursos que estão financiando estádios poderiam estar financiando metrôs, estradas e hospitais.
Mas há, nessa afirmação da presidente, um aspecto positivo.
É a primeira vez que o governo reconhece que obras realizadas por meio de financiamentos não devem ser consideradas obras federais, já que são recursos que serão pagos pelos tomadores. Registra-se, assim, uma nova e mais justa leitura sobre programas como o Luz Para Todos e o PAC, nos quais as obras realizadas com os financiamentos – que serão integralmente pagos por empresas, estados e municípios – têm sido apresentadas – sem nenhuma cerimônia, como obras da União.
Ao invés de dizer ao país que o governo não investiu na Copa – como se alguém pudesse acreditar nisso – não seria mais honesto mostrar as razões que levaram o governo a lutar pela oportunidade de realizá-la e depois investir nela?
Não seria mais respeitoso com os milhões de brasileiros que estão nas ruas reconhecer a parcela de responsabilidade do seu governo – que, registre-se, não é só dele – com os problemas enfrentados hoje pela população?
Ao invés de oferecer aos brasileiros mais uma vaga carta de intenções, não teria feito melhor a presidente se tivesse se comprometido com medidas concretas? Se tivesse dito que orientaria o seu partido no Congresso a desistir de retirar poderes do Ministério Publico e de impedir a criação de novos partidos? Ou, como bem disse o Senador Agripino Maia, se dissesse que procuraria o presidente do STF para manifestar apoio à conclusão do processo do mensalão?
Quem ouviu a pronunciamento da Presidente da República ficou com a impressão de que se tratava de um governo começando agora e não de uma gestão que responde pelo que foi – e não foi – feito no país nos último 10 anos.
Através da voz da presidente, a velha política falou ao novo Brasil que está nas ruas. Pena.
O PSDB cumprimenta os brasileiros que vêm se manifestando de forma democrática e pacífica, escrevendo uma importante página da história do país.
É importante que nós, agentes políticos, tenhamos humildade para reconhecer e compreender a dimensão da insatisfação existente hoje no Brasil e que ultrapassa o plano das reivindicações pontuais.
Há um evidente e justo clamor que une a sociedade por mudanças estruturais na gestão do setor público e é inevitável ver, na raiz dessa insatisfação, uma aguda crítica à corrupção e à impunidade que persistem na base do sistema político, impedindo transformações e agredindo diariamente os brasileiros.
É também inevitável constatar o oportunismo do alto comando do PT, que tenta se apropriar de um movimento independente, ao determinar que militantes do partido se misturem aos manifestantes com o claro intuito de diluir as cobranças feitas ao governo federal. Trata-se de decisão irresponsável que desrespeita o sentido apartidário dos protestos, colocando em risco, inclusive, a segurança de seus próprios militantes, alguns deles hostilizados ontem em várias partes do país.
Tendo em vista a dimensão alcançada pelos últimos eventos, o país continua aguardando a palavra da Presidente da República aos brasileiros.
As imagens na TV não deixavam dúvida: o país estava tomado, de norte a sul, por manifestações, protestos e, infelizmente, também por muitas depredações. Com o povo ocupando as ruas, o poder mostrou-se ausente. Foi como se o país tivesse ficado sem comando.
Tanto ontem, num dos mais conflagrados dos 14 dias desde que a onda de revolta começou, quanto nos demais dias, a presidente da República praticamente desapareceu. Onde está Dilma Rousseff? A impressão é de que estamos num país à deriva, num dos momentos mais tensos e convulsionados por aqui em décadas.
A presidente mostra-se atônita, inepta, perdida. Desde o começo dos protestos, manifestou-se apenas uma única vez, em meio a uma solenidade dedicada a tratar de marcos legais para a exploração mineral. De resto, mudez total.
Naquela ocasião, Dilma enfiou em seu discurso palavras vazias, meras “vacinas” para tentar transmutar-se de vidraça em estilingue. Não foi suficiente e a presidente teve que correr para escorar-se nos seus conselheiros de toda hora – ou melhor seria dizer nos governantes de fato?
Ontem, com Brasília tomada por manifestações, ameaça de invasão do Congresso e do Palácio do Planalto, depredações ao Itamaraty e à Catedral, Dilma resolveu agir. Convocou para esta manhã uma reunião de sábios. Pela composição da turma reunida, de lá boa coisa não sairá: José Eduardo Cardozo, Gleisi Hoffmann, Gilberto Carvalho, Aloizio Mercadante e Ideli Salvatti.
A presidente tomou providências: cancelou viagens ao Japão e a Salvador. Quanto às manifestações, que ontem reuniram mais de 1 milhão de pessoas (há quem fale em 1,4 milhão) em 388 cidades diferentes do país segundo O Estado de S.Paulo, nenhuma palavra, nenhum gesto, nenhuma iniciativa da chefe da nação.
Diz-se que Dilma – tão pródiga no hábito, que usa sem pejo quando há fitos eleitoreiros – pode convocar para hoje cadeia nacional de rádio e televisão para pronunciar-se. Será que, enfim, o país poderá voltar a ter a sensação de que tem alguém no comando da República? Tudo indica que não.
A preocupação do Planalto passa longe disso. Com o país conflagrado e clamando por respostas, as cúpulas do governo e do PT ainda avaliam se a chefe da nação deve ou não pronunciar-se porque temem “trazer para dentro do Planalto a responsabilidade pelos tumultos no país” e porque a ordem é “evitar excesso de exposição pública”, segundo a Folha de S.Paulo.
Mas, afinal, para que Dilma quis a cadeira presidencial e luta, de forma tão extemporânea e indevida, para lá permanecer por mais quatro anos? Por que, se nas horas em que a presença de uma liderança é mais demandada, ela simplesmente corre para o colo de Lula e de seu marqueteiro?
É também contra uma governante tão apequenada e incapaz que a voz das ruas se levanta. “As principais cidades estão com suas vidas semiparalisadas há quase duas semanas. Haverá prejuízos econômicos. Dilma não sabe qual resposta oferecer”, ainda consegue espantar-se Fernando Rodrigues na Folha.
Neste seu desnorteio, Dilma acena com pacotes de bondades para a juventude. É um claro sinal de que nem ela, nem seu governo estão entendendo patavina. É a boca entortada pelo velho cachimbo: o PT acha que basta pôr sua política de cooptação em marcha – como fez com a UNE, o MST e assemelhados – para as coisas se acomodarem. Com a moçada que está nas ruas, não há chance de colar.
As multidões não querem migalhas. Querem, como comprovou pesquisa feita pela comunidade Avaaz, que o dinheiro público seja bem empregado, que a corrupção do poder seja extirpada e que as liberdades não sejam cerceadas – como ameaçam a PEC 37, que tenta manietar o Ministério Público, e o projeto de lei que tenta vedar novos partidos.
Dilma e os petistas parecem não ter entendido nada. Como ficou claro no repúdio que os manifestantes exerceram à tentativa de gente como Rui Falcão e José Dirceu de transformar o movimento nacional pela cidadania, pela restauração de valores e pela reconquista de direitos numa “onda vermelha”. Parece até que os capa-pretas do PT se inspiraram na malfadada estratégia de Collor em 1992…
O que se viu foram petistas sendo rechaçados. Agora até Lula teme passeata e cancela aparições públicas. O povo não é bobo e não tolera mais estas tentativas de manipulação de fatos, de intenções, de desejos. Como o partido que governa o país há mais de dez anos quer se fazer parte de movimentos que reivindicam justamente a mudança do que aí está? Os petistas podem, sim, ir para a rua, mas só se for para gritar: “Abaixo nós”.
Espera-se que quando, e se, agir, Dilma Rousseff não venha com mais uma tentativa de ludibriar os cidadãos à base de pronunciamentos ocos, edulcorados pelo seu marketing manipulador. O que o Brasil cobra é que ela exerça as funções para as quais foi eleita. Que se porte, pelo menos uma vez, como presidente de uma nação que está mostrando nas ruas que merece muito mais do que lhe tem sido oferecido.
Em resposta às manifestações populares que pediram a revogação do aumento das passagens, o governador Geraldo Alckmin e o prefeito Fernando Haddad anunciaram na tarde desta quarta-feira, 19, a redução no valor das tarifas de Metrô, CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) e ônibus, de R$ 3,20 para R$ 3 na capital e no Estado. Assim, a integração ônibus-metrô volta a ser R$ 4,65. A medida passa a valer na segunda-feira, 24.
“No caso do Metrô e do trem nós vamos revogar o reajuste dado, voltando a tarifa original de R$ 3. É um sacrifício grande, vamos ter que cortar investimentos, porque as empresas não têm como ficar com a diferença. O tesouro paulista vai arcar com os custos, fazendo um ajuste, mas entendo que é importante para o transporte coletivo, que é prioridade. Estamos fazendo isso para que a cidade tenha tranquilidade e possa debater temas legitimamente colocados”, disse Alckmin.
O prefeito Fernando Haddad, em consonância com o governador, anunciou a revogação da tarifa de ônibus da capital. “Nós faremos um diálogo permanente com a população (…) Assim como o Governo do Estado, a tarifa de São Paulo volta a R$ 3 a partir de segunda-feira, 24, pois é preciso fazer um reajuste nos leitores nas catracas. A revogação continua por prazo indeterminado.”
O senador Ruben Figueiró (PSDB-MS) afirmou que está faltando aos partidos políticos habilidade para demonstrar à juventude a importância da representação partidária na democracia representativa.
“É o momento de buscar as novas cabeças: os futuros comandantes da nação. As legendas estão ‘envelhecendo’. Por isso, já passou da hora de os partidos, com P maiúsculo, chamarem os jovens para que efetivamente participem do processo político. Está na hora de resgatarem a credibilidade da classe política, tão necessária ao sistema representativo e democrático”, afirmou em discurso no plenário do Senado, nessa quarta-feira (19/6).
Para ele, os protestos de cunho apartidário motivados pela mobilização via Facebook servem de alerta ao governo e também às agremiações partidárias. Segundo Figueiró, hoje os jovens se sentem abandonados pelos partidos. “A raiz desse distanciamento vem de longe, desde a extinção das legendas tradicionais pelo governo militar”.
Figueiró também disse que hoje a juventude não se sente mais representada pelas entidades estudantis (UNE, UEEs, e Umes). “Hoje, embora reorganizada, com amplo apoio oficial de recursos, a UNE parece refletir o que se condenava no passado: a pelegada, graças às benesses governamentais. Razão porque nem tem sido lembrada nesses atuais movimentos da juventude que se estouram por todo o país”, constatou.
O senador sul-mato-grossense citou a frase do deputado Ulysses Guimarães que dizia que os políticos precisam escutar a voz rouca das ruas. Segundo o senador tucano, hoje a voz das ruas é altissonante. E parece que o governo e os partidos políticos não a estão ouvindo. “No passado dizia-se que antes de tomar uma decisão, dever-se-ia ouvir os mais velhos. Hoje, pela explosão das ruas, devemos ter a consciência de que é importante ouvir o brado da juventude”, afirmou.
O tucano disse que é preciso a presidente Dilma admitir que por trás dos protestos estão a inflação e a carestia, consequências da política econômica do governo federal. Segundo ele, o clamor pelo passe livre é um dos pontos imerso na imensa e difusa pauta de reivindicações, que manifesta o repúdio à corrupção e ao uso indevido do dinheiro público. Da assessoria de imprensa do senador
O senador Ruben Figueiró (PSDB-MS) lamentou que o vandalismo de poucos esteja manchando uma manifestação autêntica e apartidária em busca de melhores condições de vida no Brasil. “Sem dúvida é uma grande mobilização nacional, um alerta ao governo federal de que é preciso dar uma virada na sua forma de atuação. O povo não aguenta mais a carestia e falta de serviços públicos de qualidade. Repudia a quebra da ética e o avanço da corrupção, males a que se somam à insegurança jurídica e a falta de sintonia entre os Poderes da República”, disse Figueiró.
Ele relembrou sua época de estudante para dizer que também participou de protestos contra ações do governo ainda na década de 50. “Guardo com muita honra os sinais das pauladas que recebi da Polícia Especial, do quepe vermelho, que vinha ainda da ditadura de Vargas. Sei, portanto, por experiência própria e corporal, o quanto isso afronta a dignidade daqueles que desejam expressar seus pontos de vista”, disse.
Para o senador tucano, o protesto que pede recursos para educação, saúde, passe livre no transporte público e contra os gastos públicos na Copa das Confederações e do Mundo (2014) é legítimo e deve ser respeitado. Segundo ele, cabe ao governo manter a ordem sem cercear a liberdade de expressão. Mas ressalta que é inadmissível a depredação do patrimônio público e privado conforme tem ocorrido em algumas capitais.
“Os jovens têm esse impulso, muito natural, que os leva, às vezes, a tomar posições que possam contrariar as pessoas mais velhas ou mais conservadoras. Mas é um eco, uma manifestação que devemos respeitar e até estimular, porque a cidadania começa justamente dessas explosões da juventude”.
Ao participar, nesta terça-feira (18), da inauguração da exposição que comemora os 25 anos do PSDB e os 19 anos do Plano Real, o presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG), afirmou que o país precisa de um novo rumo.
“Abrimos essa exposição para que, principalmente, as novas gerações de brasileiros, tão antenadas em relação ao que ocorre ao Brasil, possam conhecer a trajetória de um partido político forjado nas lutas democráticas e sempre fiel e leal na defesa das liberdades e da justiça social no Brasil”, afirmou.
Em entrevista coletiva , Aécio falou sobre a crescente onda de manifestações pelo país: “Fica claro que o Brasil cor-de-rosa, pintado e cantado em versa e prosa da propaganda oficial, do Brasil sem miséria, das empresas batendo recordes de produção, da saúde e da educação avançando, não encontra correspondência na vida real das pessoas.”
Confira abaixo os principais pontos da entrevista coletiva de Aécio Neves:
Exposição 25 anos PSDB – Não conseguimos mostrar tudo, porque o espaço era pequeno para tantos avanços que o PSDB trouxe para o Brasil. Sintetizamos no título da exposição aquilo que achamos que é correto, é o partido que mudou o Brasil. Mudou o Brasil como? Com a estabilidade econômica, com o início dos programas de transferência de renda, com as privatizações essenciais à modernização da economia brasileira, a Lei de Responsabilidade Fiscal. Essas foram as mudanças estruturais que ocorreram no Brasil. Avanços vieram depois sim, mas exatamente no leito dessas mudanças ocorridas no governo do presidente Fernando Henrique.
Nós, diferente do PT, não temos dificuldade em reconhecer méritos nos nossos adversários. E o ex-presidente Lula, ele, pelo menos, teve dois grandes méritos. Manter a política macroeconômica herdada do governo anterior, desdizendo seu discurso, mas mantendo os conceitos de metas de inflação, câmbio flutuante, superávit primário, e a segunda grande virtude foi ter adensado, ampliado os programas de transferência de renda. Uma virtude do presidente. Mas acho que hoje há um sentimento claro de que o Brasil precisa de um novo rumo, de um novo direcionamento.
Manifestações – Concordo com o presidente Fernando Henrique. Esse movimento que ocorre hoje em todo o Brasil não pode nem deve ser apropriado por ninguém. Seria um grande equívoco porque não seria legítimo. É um movimento difuso, mas que encontra em certa insatisfação generalizada o seu motor, o seu combustível maior. É preciso que primeiro respeitemos o movimento.
Fica claro que o Brasil cor-de-rosa, pintado e cantado em versa e prosa da propaganda oficial, do Brasil sem miséria, das empresas batendo recordes de produção, da saúde e da educação avançando, não encontra correspondência na vida real das pessoas. Portanto, é um alerta para todos os governantes de todos os níveis, mas devemos receber isso, como democratas que somos, com enorme respeito até para que possamos compreendê-lo ao longo do tempo.
Participação nas ruas – Sou parlamentar com 30 anos de mandato, mas qualquer manifestação que significa uma tentativa de apropriação de direcionamento objetivo deste movimento é um equívoco. Ele não é apenas contra o governo, é uma insatisfação generalizada. Os serviços públicos são de péssima qualidade, o custo de vida aumenta a cada dia. A saúde, a educação e a segurança pública estão caóticas no Brasil. Então, há um sentimento difuso hoje e é um sinal da sociedade que deve ser reconhecido e recebido com muita humildade pelos governantes. Acho um equívoco tanto alguém querer se apropriar deste movimento quanto também transferir responsabilidades para outros. Portanto vamos ter muita cautela. Agora, é claro, que quem está no governo, obviamente, terá de dar respostas mais claras.