PSDB – MS

Mensalão

Escândalo da Lavo-Jato é seis vezes maior, se comparado ao Mensalão

petrobras-sede1-foto-divulgacao-1Reportagem veiculada neste domingo (14), no jornal O Globo faz uma análise sobre escândalos recentes e seus impactos, com o escândalo da Operação Lava-Jato, que investiga denúncias de corrupção na Petrobras.

De acordo com o jornal, no que diz respeito à Operação Lava-Jato, “somente os prejuízos apurados até agora já representam mais de seis vezes o que abasteceu o mensalão. A comparação se limita aos valores que foram apurados em casos que vieram à tona e também não leva em consideração o impacto político.”

A matéria analisa dados recentes: “Uma lista de 36 envolvidos no esquema de corrupção da Petrobras denunciados à Justiça foi lida na última quinta-feira pelo procurador da República Dalton Dellangnol em Curitiba. Eles foram responsabilizados pelo desvio de R$ 286,4 milhões de contratos da diretoria de Abastecimento da estatal com seis empreiteiras, mas o Ministério Público já pediu o ressarcimento de R$ 1,1 bilhão. É o que já se sabe que foi desviado da estatal pelo mesmo grupo também na diretoria de Serviços. O procurador frisou que a denúncia é apenas a primeira de uma investigação que ainda está em curso, mas o escândalo de corrupção descoberto pela Operação Lava-Jato na Petrobras já é um dos maiores das duas últimas décadas. ”

Conforme O Globo, “em 2005, investigações da Polícia Federal, Tribunal de Contas da União (TCU) e do Ministério Público apontaram que R$ 101,6 milhões foram desviados dos cofres públicos, principalmente do Banco do Brasil, para pagamentos não declarados a parlamentares da base do governo. Considerando a inflação acumulada desde 2005, esse valor seria o equivalente hoje a pouco mais de R$ 170 milhões. Aplicando uma correção monetária estimada aos valores que aparecem nas denúncias resultantes da investigação de outros escândalos recentes para torná-los comparáveis ao da Petrobras, é fácil perceber que o caso da estatal tem tudo para superá-los. A cobrança de propinas de empreiteiras por executivos da Petrobras em troca de contratos superfaturados foi descoberta pela PF a partir da investigação de um esquema de lavagem de dinheiro operado por doleiros como Alberto Youssef, que está preso. Os investigadores estimam que R$ 10 bilhões podem ter passado pelo esquema.”
O jornal destaca, porém, que “o volume de dinheiro que alimenta propinodutos nem sempre expressa o impacto político que eles produzem.

— No caso do mensalão, poucas cifras de fato apareceram. Não foi só o volume de dinheiro público envolvido que chamou a atenção do país. O maior impacto veio da revelação da relação estabelecida entre pessoas muito poderosas no governo, que tinham biografias significativas, e parlamentares. Era a exposição de um projeto de permanência no poder — analisa a historiadora Maria Aparecida Aquino, professora da Universidade de São Paulo (USP).”

“Siga o Dinheiro”, análise do ITV

petrobras1Começam a surgir evidências bastante robustas de que a prática que parecia ter tido seu ápice no mensalão está mais viva do que nunca no PT. O uso de dinheiro sujo para financiar campanhas e, assim, garantir a permanência do partido no poder agora tem nota fiscal e recibo oficial. O que mudou foi a escala: agora, tudo é na casa dos bilhões.

Novos depoimentos de investigados na Operação Lava Jato indicam que parte da propina decorrente de contratos firmados por empreiteiras com a Petrobras era paga na forma de doações oficiais ao PT. O valor era definido como percentual dos montantes contratados pela estatal. Tudo na ponta do lápis e das planilhas.

Há pelo menos R$ 3,6 milhões em doações desta natureza de uma das investigadas, a Toyo Setal, registradas entre 2008 e 2011 ao partido. A maior parcela entrou nos cofres do PT às vésperas da eleição em que Dilma Rousseff venceu José Serra e tornou-se presidente. Dos cofres do diretório nacional do PT saíram, por sua vez, R$ 21 milhões para a campanha dilmista de 2010. É onde pode estar o rastro de ilegalidade que chegaria aos dias atuais.

As contas da campanha petista encerrada em outubro último também estão eivadas de suspeitas. Há gastos não declarados, como pagamentos a blogs aliados, e contas maquiadas, como as referentes a remessas de correspondências pelos Correios sem o devido registro.

É espantoso, ainda que não surpreendente, como os cofres do PT vivem aos borbotões desde a ascensão de Lula ao poder. Neste ano, o partido fez a mais cara campanha eleitoral da história e uma das mais custosas de que se tem notícia em todo o mundo: previa gastar R$ 298 milhões, gastou mais ainda (R$ 318 milhões) e mesmo assim sobrou dinheiro.

Recorde-se que o PT já entrou no ano eleitoral com as burras lotadas. Apenas em 2013, ano sem eleições, arrecadou oficialmente R$ 79,8 milhões, dos quais 75% vieram de empreiteiras. É mais que tudo o que a campanha de Eduardo Campos e Marina Silva conseguiu reunir nesta eleição.

Nos estados, novamente as campanhas petistas foram as mais ricas, a começar pela que elegeu Fernando Pimentel governador de Minas. Foram R$ 52,2 milhões, sem falar nas malas de dinheiro que, ainda na campanha, a polícia apreendeu com assessores dele. O preferido das empresas investigadas pela Lava Jato foi o petista Rui Costa, eleito na Bahia.

Até aqui se diz que as falcatruas em torno dos negócios da Petrobras podem ter girado R$ 10 bilhões. Estimativas sugerem que uns R$ 2 bilhões podem ter ido parar nos cofres do PT. São muitos os depoimentos colhidos pela PF até agora apontando na mesma direção.

Resta seguir as pegadas deixadas pelo dinheiro sujo de lama para ver onde ele foi parar. Crescem as chances de a dinheirama roubada do povo brasileiro ter chegado aos mais altos degraus da hierarquia de poder. Que as investigações avancem para que aqueles que devem paguem por isso. Custe isso o que custar, a quem custar.

“Petrobras mancha o Brasil”, editorial do El País

plataforma-petrobras4-300x192O Brasil está enfrentando o que pode ser o pior escândalo financeiro e político desde a chegada do Partido dos Trabalhadores (PT) ao poder em 2003 com Lula como presidente. A rede de corrupção política e empresarial – com ramificações de financiamento ilegal do partido governista – tecida em torno da gigante estatal Petrobras ameaça apequenar o famoso mensalão, que há oito anos trouxe à tona um sistema de compra de votos no Congresso e – mais uma vez – financiamento ilegal do PT.

A Petrobras não é uma estatal comum. “A Petrobras é o Brasil e o Brasil é a Petrobras”, gostava de repetir Lula. Sua sucessora, Dilma Rousseff, agora precisa combater em duas difíceis frentes. Em primeiro lugar, como ministra de Minas e Energia do Governo Lula, Dilma ordenou que Petrobras tivesse fornecedores nacionais. Uma medida perfeitamente coerente com o ideário do PT e com o objetivo de criar empregos e ativar a indústria nacional. Mas teve o efeito – inesperado, até prova em contrário – de ser utilizada para engordar uma trama de favores, subornos e comissões ilegais que envolveu pelo menos nove das maiores empresas do Brasil e, até o momento, 85 altos executivos.

Publicado no El País

Mensalão é ‘pequenas causas’ em relação à Operação Lava Jato, diz Gilmar Mendes

gilmar-mendes-foto-Nelson-Jr-ABr-300x200O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, comparou, na última quinta-feira (20), as investigações na Operação Lava Jato com o processo do mensalão. Mendes considerou que, diante dos valores envolvidos nos dois casos, a ação penal 470 [mensalão] deveria ser julgada em juizado de pequenas causas.

“Nós falávamos que estávamos a julgar o maior caso, pelo menos de corrupção investigado, identificado. Mas nós falávamos de R$ 170 milhões. [A ação do mensalão] terá que ser julgada em juizado de pequenas causas pelo volume que está sendo revelado nesta demanda, nesta questão [Lava Jato]”, afirmou.

O deputado federal Duarte Nogueira (PSDB-SP) disse que o ministro está correto ao mencionar que o mensalão é um caso de pequenas causas ao lado dos desvios da estatal. “Mendes foi muito feliz ao explicar, de maneira objetiva, os dois casos, comparando o “petrolão” com o mensalão, que até então era o maior caso de corrupção na história brasileira”, apontou.

Para o ministro, é “lamentável” que o esquema revelado pela Lava Jato já estivesse em operação durante o julgamento do mensalão. Ele avaliou que as penas aplicadas não tiveram nenhum efeito inibitório no esquema de corrupção. “Mostra que é uma práxis que compõe a forma de atuar, de gerir, administrar.”

O tucano alertou que o Brasil precisa “ser passado a limpo” para acabar com os desmandos da gestão política na Petrobras. “É necessário que o Ministério Público, a Justiça e a população olhem para esses escândalos e corram atrás da punição dos envolvidos. A responsabilização pelos crimes deve ser imediata”, destacou.

Em depoimento à PF, doleiro liga ‘Petrolão’ a mensalão

jose-janene-foto-agencia-camara-196x300Brasília – Em novo depoimento à Polícia Federal, o doleiro Alberto Youssef, preso durante a Operação Lava Jato, revelou a ligação entre o mensalão julgado pelo Supremo Tribunal Federal e o esquema de pagamento de propinas na Petrobrás, o chamado ‘Petrolão’. Youssef disse que mantinha uma conta conjunta com o ex-deputado José Janene (PP-PR), morto em 2010, e que estava entre os acusados do mensalão. O doleiro relatou que a conta era utilizada para o pagamento de propinas a beneficiários indicados por Janene.

O deputado federal Paulo Abi-Ackel (PSDB-MG) definiu as afirmações de Youssef como “estarrecedoras”. “É o tipo de acusação que, se verdadeira, pode levar o Brasil a uma crise institucional. Coloca uma mancha, uma nódoa definitiva sobre o governo do PT”, disse o tucano. Abi-Ackel ressalvou que são necessários maiores esclarecimentos sobre as afirmações do doleiro: “esperamos que Polícia Federal e Ministério Público tragam as respostas que precisamos”.

Para o tucano, a possível ligação entre os dois esquemas de corrupção retrata o sentimento de impunidade que há entre integrantes e aliados do governo federal. “Vemos um preocupante elo entre a prática criminosa do passado e a recente. Demonstra o sentimento de impunidade que há entre os que estiveram ou estão no núcleo íntimo do poder. Afinal, mantiveram tudo mesmo após as denúncias, as investigações e até mesmo as condenações que ocorreram em alguns casos”, declarou.

Abi-Ackel disse ainda que a oposição permanecerá atenta ao assunto no Congresso. “Ficaremos vigilantes, já que é um assunto de extrema importância”, disse.

Mensalão
José Janene morreu em 2010, vítima de problemas cardíacos. Ele foi líder do PP na Câmara e recebeu, segundo acusações, R$ 4,1 milhões do esquema coordenado por Marcos Valério, o operador do mensalão.

“O que merecia ser ressaltado”, por José Aníbal

Jose-Anibal-Foto-George-Gianni-PSDB-1-300x199A notícia da aposentadoria precoce de Joaquim Barbosa, na última quinta-feira, surpreendeu a todos. Observando a repercussão nos jornais, ficou a impressão de que mesmo os mais astutos articulistas não conseguiram analisar o fato sem se deixar contaminar pela exacerbação reinante. Parece que o patrulhamento petista à opinião divergente conseguiu reduzir qualquer discussão no Brasil a um único ponto: ser contra ou a favor.

Desse modo, a passagem de Barbosa pelo STF foi relegada a um segundo plano. Ganharam destaque banalidades como análises de sua personalidade, elucubrações sobre as motivações ocultas ou acusações tolas de vaidade e apetite midiático. Numa época de arranjos fáceis e troca de favores, de compadrio generalizado e ideais frouxos, merecia ser ressaltado o admirável espírito de independência deste senhor.

Joaquim Barbosa tem algo desses homens sistemáticos do interior, que não abrem exceções nem fazem concessões aos seus princípios. Diante dele, as pressões da máquina partidária e das hordas governistas nada puderam reverter. Por isso sofreu afrontas e ameaças injustificáveis. Ao fim e o cabo, não dá para voltar o tempo e desconstruir o fato: para o conjunto do colegiado, os envolvidos cometeram atos censuráveis e por isso foram punidos.

Se em tempos deprimidos é comum que os homens se elevem acima das instituições, não acho que esse seja o caso de Barbosa. O grande ator deste processo todo foi o STF. Nestes momentos de convicções tão levianas, o Supremo, a despeito de suas divisões, reagiu com um categórico e imperativo “basta!”. Ali houve uma porta invulnerável ao jeitinho e ao pistolão.

Grandes homens públicos são os construtores de instituições, e não os carismáticos e merecedores de simpatia. O julgamento do Mensalão reforçou, contra pressões violentas, a independência da Justiça. Presidente da corte num momento tão emblemático, coube a Joaquim Barbosa conduzir o STF numa das páginas mais gloriosas de sua história. Ainda que a obra seja coletiva, ele acabou simbolizando isso: este “não passarão” ensurdecedor.

A reforma permanente das instituições é obrigação de todos os poderes numa democracia. O PT não apenas se furtou ao papel como, objetivamente, depreciou as instituições para tentar alargar seu poder – seja enchendo a máquina pública de militantes, seja comercializando de tudo dentro do Estado. Ponto para a nossa democracia: ela já conseguiu erguer independências que os governos não podem mais dobrar.

*José Aníbal é deputado federal (PSDB-SP)

**Artigo publicado no Blog do Noblat – 04/06/2014

“Lula diz que a verdade aparecer é questão de tempo. Que assim seja!”, por Alberto Goldman

Por Alberto Goldman, vice-presidente do PSDB

alberto-goldman-foto-george-gianni-psdb--300x199Não vamos opinar sobre a afirmação de Lula em terras portuguesas de que no processo do mensalão 80% da decisão foi política e 20% foi técnica. O que são 80%, ou 20%, de uma decisão? Como medir uma decisão e estabelecer sobre ela um percentual de acerto ou erro? Uma bobagem incompreensível. Próprio do Lula que nunca se preocupou com coerência.

Mas se há uma coisa que Lula falou que é verdade é o seguinte: “O que eu acho é que não houve mensalão. Eu também não vou ficar discutindo a decisão da Suprema Corte. Eu só acho que essa história vai ser recontada. É apenas uma questão de tempo, e essa história vai ser recontada para saber o que aconteceu na verdade”.

É isso mesmo. É uma questão de tempo para saber o grau de envolvimento e de conhecimento que ele tinha sobre a compra de votos – e de consciências – para garantir maioria no Congresso Nacional. A meu ver o Lula não ficará isento, não sairá limpo, no julgamento da história. É possível mesmo que essa discussão se acenda durante a campanha eleitoral, principalmente se ele for o candidato do PT, como já se cogita abertamente por aí.

Como sabemos a Dilma já está baleada, ferida, e dificilmente se recupera. Lula, é possível, vem aí. E então poderá contar o que aconteceu na verdade.

“Cala, Lula”, análise do ITV

* Análise do Instituto Teotônio Vilela

Lula-foto-ABr-300x195Luiz Inácio Lula da Silva já foi personagem importante da democracia brasileira. Participou de momentos cruciais da história do país e liderou causas populares relevantes. Mas, desde que passou a se julgar acima do bem e do mal, o ex-presidente da República tem se especializado em afrontar nosso sistema democrático. Por que não te calas, Lula?

Lula verbaliza, de certa forma, a visão de mundo do PT: Se não estão conosco, estão contra nós. Serve para pessoas, adversários políticos, comentaristas e, principalmente, instituições. Os petistas não convivem bem com o contraditório, não aceitam a adversidade e, não raro, optam pela oposição desabrida quando não estão por cima da carne seca.

O ex-presidente vinha se furtando a comentar os resultados do julgamento do mensalão, que levou à cadeia algumas das mais vistosas lideranças do PT, entre elas o ex-ministro José Dirceu, preso na penitenciária da Papuda em Brasília desde novembro. Mas aproveitou uma entrevista concedida em Lisboa para desfilar impropriedades sobre o tema.

À emissora de TV portuguesa RTP, Lula disse que a decisão do Supremo Tribunal Federal sobre o maior esquema de corrupção da história política do país teve “80% de decisão política e 20% de decisão jurídica”. “O que eu acho é que não houve mensalão. (…) Essa história vai ser recontada”, completou.

Curiosa a dosimetria de Lula. Talvez espelhe como ele vê a relação entre os poderes e como gostaria que a independência – no caso, a falta dela – fosse exercida. Lula indicou 8 dos 11 atuais ministros integrantes do Supremo. Decerto esperava que, uma vez instalados na mais alta corte de Justiça do país, atuassem como simpatizantes partidários. Torpe visão.

A declaração de Lula mereceu repúdio quase unânime. Foi recebida como a manifestação de alguém que não reconhece a importância do Judiciário, desmerece a Justiça e não aceita as regras da convivência democrática. O ex-presidente dá péssimo exemplo a um país que clama, urgentemente, pela recuperação da crença em suas instituições em prol de um futuro melhor que o tempo de desesperança pelo qual atravessa.

Lula parece se sentir ainda mais à vontade quando está fora do Brasil para emitir suas opiniões. Mas continua a eterna metamorfose ambulante que já admitiu ser. Basta lembrar que, em julho de 2005, menos de dois meses após Roberto Jefferson detonar o mensalão, ele mesmo admitira, numa entrevista em Paris, que o PT errara. Logo depois, foi além e pediu desculpas à nação. Qual visão é a que vale?

Quando deixou a presidência, se achando quase convertido em santo, Lula mudou de ideia e disse que iria dedicar-se a “desmontar a farsa do mensalão”. O tempo passou, o STF julgou o caso e os petistas foram parar na cadeia por crimes como corrupção e lavagem de dinheiro – apenas na revisão final, escaparam da condenação por formação de quadrilha. Lula jamais apresentou quaisquer elementos para comprovar a “farsa”.

Também depois de sair do Planalto, o petista disse que ensinaria a ex-presidentes como deveria ser o comportamento exemplar de quem deixa o posto mais importante da República. Nunca, porém, conseguiu “desencarnar” do cargo, como ele mesmo prometia. Continua agindo como tutor da atual mandatária e como comentarista do Brasil. Mantém-se influente em negócios – não raro suspeitos – dentro e fora do país.

Lula tem todo o direito de se manifestar, como qualquer brasileiro. Deveria, porém, ter mais responsabilidade com o que faz e diz. Suas sectárias declarações apenas ajudam a semear descrença e discórdia. Talvez, quem sabe, seja este, afinal, seu objetivo: detonar tudo aquilo que não esteja com o PT para justificar o vale-tudo que seu partido promove no exercício do poder. Calado, Luiz Inácio Lula da Silva faria bem melhor pelo Brasil.

Declaração de Lula sobre julgamento do mensalão desrespeita o Judiciário, afirma Aécio Neves

aecio-acsp-6-300x200São Paulo – O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, criticou nesta segunda-feira (28) as declarações do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre o julgamento do mensalão dadas a uma emissora de TV de Portugal no último fim de semana. Para Lula, a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que condenou integrantes de seu governo por corrupção e outros crimes, foi mais política do que técnica.

“É lamentável vermos um ex-presidente da República com afirmações que depõem contra o Poder Judiciário brasileiro. Não podemos respeitar o Poder Judiciário quando ele toma decisões que são favoráveis e desrespeitá-lo quando ele toma decisões que não nos são favoráveis. Até porque pela importância do cargo que ocupou deveria ser ele o primeiro a zelar pelo respeito às nossas instituições. Quando se combate o Judiciário, quando se combate a imprensa, porque é crítica a ações do nosso grupo político, ou apenas por isso, não se faz um bem à democracia”, disse Aécio em entrevista coletiva em São Paulo.

De acordo com reportagens da imprensa brasileira, Lula disse que a decisão do STF foi 20% técnica e 80% política e que o mensalão não existiu. “Não compreendo as razões que levaram ele a esta contabilidade. Apenas lamento que um ex-presidente da República, sobretudo fora do país, dê uma declaração de desrespeito ao Poder Judiciário, grande parte desse Poder Judiciário, preenchido por indicações suas. Foi um momento de infelicidade do ex-presidente”, completou o presidente do PSDB.

Aécio Neves cumpre agenda em São Paulo nesta segunda-feira (28). Pela manhã, fez uma palestra sobre os desafios do Brasil para cerca de 150 empresários na Associação Comercial e, à tarde, se reúne com vereadores da capital.

Durante a entrevista coletiva, o presidente do PSDB fez uma avaliação sobre o desempenho da presidente Dilma Rousseff nas últimas pesquisas eleitorais. Para Aécio, o PT terá dificuldade para fazer frente aos adversários. “Ela hoje, novamente por estar à frente nas pesquisas, tem que acalentar a perspectiva de ir ao segundo turno, mas, vou repetir, talvez aqui de forma mais clara, o que disse ali: ninguém tem lugar assegurado no segundo turno, nem o PT. Da mesma forma que nós, ela vai ter que trabalhar muito para estar no segundo turno”, afirmou Aécio.

Clique AQUI para ler os principais trechos da entrevista do senador.

“A nova musa do mensalão”, por Ademar Traiano

ademar-traiano-foto-alpr-300x185O PT não consegue virar a página do mensalão. Empacou no escândalo como se fosse um disco de vinil riscado que toca sempre o mesmo trecho. Os petistas não só não assumem os crimes cometidos pelos mensaleiros como insistem em tentar provar, pateticamente, que o mensalão nunca existiu.

Quem se integrou a essa cruzada infeliz foi a senadora e ex-ministra Gleisi Hoffmann, escalada para atacar o presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa, para defender os mensaleiros. Sempre com a tese absurda que o mensalão – o maior escândalo de corrupção da história da República – não existiu e tudo não passa de uma trama diabólica da “direita”.

Os ataques a Joaquim Barbosa são particularmente graves. O presidente do STF se tornou uma referência positiva para os brasileiros de bem. O ministro é um dos responsáveis por fazer o brasileiro voltar a acreditar em seu sistema Judiciário. Barbosa acusou e conseguir condenar um grupo de poderosos envolvidos em um grave ataque a democracia, levado a cabo com crimes de lavagem de dinheiro, corrupção e peculato. Pela ousadia Barbosa se tornou alvo dos ataques mais baixos já dirigidos a um magistrado no país.

Ao se unir ao coro dos que tentam aviltar Barbosa, Gleisi Hoffmann mancha sua biografia – já maculada pela perseguição sem trégua que move contra o Paraná. “É um dia triste, triste sim, para a democracia brasileira por conta das declarações do senhor presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa”, disse Gleisi, tentando transformar os criminosos em heróis e o juiz em réu.

A postura adotada pelo PT e por Gleisi no episódio do mensalão desmascara a face mais sombria da legenda. O partido, que chegou ao poder prometendo uma revolução ética na política, revela que a mudança que prometia era movida a corrupção e que seu projeto de Estado se limita a manutenção e ampliação do poder a qualquer preço.

Diz tudo sobre o PT e sua natureza o fato da senadora ter se juntado ao coro histérico dos que atacam o ministro com base em sofismas e em tentativas mal disfarçadas de desqualificação. O PT alega, cinicamente, que o julgamento do mensalão foi “político” e as acusações são “fictícias”.

O PT não explica os R$ 173 milhões em dinheiro público desviados pelos mensaleiros, mais de R$ 100 milhões só de um fundo do Banco do Brasil. A realidade do mensalão, no entanto, atropela a narrativa fantasiosa elaborada pelos petistas. Eles não se atrevem a tentar explicar, por exemplo, como um dos operadores financeiros do mensalão, o petista Henrique Pizzolato, ex-diretor do Banco do Brasil, preso na Itália com documentos falsos, comprou tantos imóveis na Espanha. Teria feito essas aquisições milionárias com euros “fictícios” sacados de uma conta secreta “política”?

O ex-procurador geral da República, Roberto Gurgel, fulmina a tentativa do PT de negar o mensalão: “O julgamento do mensalão já se iniciou com elementos concretos de prova de sua existência, materialidade e autoria. E somente foram levados aos autos acontecimentos sobre os quais havia alguma prova inicial. Logo, o falacioso argumento de que o crime não existiu e de que não havia provas para condenação caracteriza-se como retórica vazia, sustentada por má-fé de quem o profere e propaga”.

Ao tentar reescrever a história do mensalão, Gleisi e os cartolas do seu partido estão na contramão do que pensa o brasileiro. Entram em choque até com a convicção estabelecida entre os simpatizantes do próprio PT, que não têm dúvidas de que o partido cometeu crimes graves e que os responsáveis devem ser punidos. Uma pesquisa realizada pelo Instituto Datafolha revela que 86% dos brasileiros apoiaram a decisão de Joaquim Barbosa de mandar prender os mensaleiros. Entre os entrevistados que se dizem simpatizantes do PT esse índice é ainda maior que a média: 87%.

O ingresso da senadora Gleisi na ala das petistas que negam o mensalão e atacam o juiz para defender os condenados a coloca em uma lamentável galeria do PT. A senadora está agora ao lado de figuras como Ideli Salvatti e Ângela Gaudagnin, na disputa do título de musa do mensalão.

Ademar Traiano é deputado estadual pelo PSDB do Paraná e líder do governo Beto Richa na Assembleia Legislativa.