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Papa Francisco

“O ano de Francisco”, por Aécio Neves

aecio-neves-foto-george-gianni-2-300x199Se o Natal é sempre oportunidade para reencontros e esperanças, o de 2013 será especialmente simbólico, alimentado por novas reflexões em torno da ideia da renovação.

Será o primeiro Natal de Jorge Mario Bergoglio à frente do seu pontificado, o personagem que melhor incorporou a necessidade e a possibilidade de transformação de um mundo ainda convulsionado pela fome, violência, destruição do patrimônio natural e refém de uma gigantesca desigualdade.

Com legitimidade, demonstrou que a grande mudança começa, na verdade, dentro e em torno de cada um de nós e se concretiza nas posturas que assumimos no dia a dia.

Provou o quanto o exemplo é valioso, quando inexiste contradição entre discurso e prática. E que o novo, muitas vezes, pode ser o que há de mais antigo. No caso, a busca da verdade, da ética, da solidariedade e do bem comum.

Poucas vezes a história pôde ver a emergência de uma liderança tão intensa e definitiva e tão próxima da realidade daqueles a quem conduz.

Francisco conquistou reconhecimento genuíno, mesmo entre os não católicos, porque conseguiu falar aos corações de todas as pessoas e religiões, por meio da sinceridade e humildade de sua fé. Não é por acaso que, mundo afora, tenha conquistado o afetuoso tratamento de “Papa do Povo”.

Ao escolher o seu nome papal, ele já anunciava a que viera, buscando uma forte identidade com os despossuídos.

Adotou o despojamento e a simplicidade, reduzindo o fausto das tradições que destoava dos valores da sua pregação. Outras ações tiveram impacto mais profundo, como divulgar as contas do Vaticano e buscar respostas para as acusações de corrupção e lavagem de dinheiro no banco estatal e para desvios de conduta de religiosos.

A preocupação com os jovens somou-se à busca de caminhos para maior participação de mulheres na igreja. Um generoso acolhimento substituiu a intransigência na condução de temas complexos como o da sexualidade. A justiça social ocupou um papel importante no seu discurso, mas sem concessões à demagogia.

Em Francisco, as pessoas conseguem sentir a verdade na fala e nos gestos. Do alto dos seus 77 anos, ele não precisou de qualquer pirotecnia para fazer a Igreja Católica encontrar um caminho que a aproximasse mais de seus fiéis e de seus próprios valores.

Há um resultado evidente e mensurável com um parâmetro bem terreno: 2 milhões de pessoas estiveram nas audiências abertas, desde que ele foi eleito em março, um número quatro vezes maior que as recebidas pelo seu antecessor.

Que o significado do exemplo do papa Francisco ilumine o Natal de todos os brasileiros. A você e a sua família, os meus votos de um Feliz Natal, de muita paz e harmonia

Artigo publicado na Folha de S.Paulo (23.12.2013)

“Sem leme e sem bússola”, por Ademar Traiano

Ademar-Luiz-Traiano-Foto-Divulgacao-ALPR--300x195O governo Dilma Rousseff navega em mar perigoso sem leme e sem bússola. Essa forma temerária de navegar – e governar – fica clara não só nos desacertos da economia e nas decisões da presidente, tomadas às pressas, ouvindo palpite de marqueteiros e de assessores aloprados, verdadeiros aprendizes de feiticeiros. A relação com o Congresso se desintegrou pela prepotência da presidente combinada com a inépcia de suas auxiliares.

O resultado dessa falta de rumo e dos saltos no escuro são fiascos, como foi o caso do plebiscito inconstitucional ou o aumento do tempo de residência para os médicos. Decisões gravíssimas, anunciadas às pressas, sem a ponderação necessária, que obrigaram o governo a recuos desmoralizantes.

Os sinais de falta de comando são gritantes. Aloízio Mercadante, que já usurpou as funções das ministras das Relações Institucionais, Ideli Salvatti, e da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, e as transformou em figuras decorativas, trabalha agora abertamente para puxar o tapete do ministro da Fazenda, Guido Mantega.

No primeiro semestre de 2013 o governo federal deixou de arrecadar R$ 35 bilhões por conta de desonerações fiscais. O projeto por trás dessa incineração bilionária de recursos parecia muito promissor aos assessores da presidente. Pretendia-se estimular o consumo, vitaminar a economia, levantar o ânimo do PIB raquítico e, principalmente, turbinar a popularidade da presidente Dilma Rousseff, candidata a reeleição em 2014.

Deu tudo errado. O consumo se reduziu, a economia (tanto na produção industrial quanto na geração de emprego e renda) entrou em declínio, o PIB acumula previsões cada vez mais pessimistas, e a popularidade da presidente despencou. Pior de tudo, com a forma desastrada que se fez as desonerações, em especial no setor elétrico, introduziram a insegurança jurídica nas regras do jogo.

O resultado é que os investidores internacionais que já andavam arredios com as privatizações (ou “concessões”) promovidas pelo governo, estão cada vez menos dispostos a investir no Brasil. Com isso obras importantes de infraestrutura não saem do papel.

Como as cortesias são feitas com o chapéu alheio, as desonerações de Dilma provocaram problemas em cascata. Atingiram em cheio, além dos cofres federais, o caixa dos Estados. O Paraná, por exemplo, teve perdas de R$ 1 bilhão por conta dos avanços indevidos do governo federal sobre suas receitas. É um dinheiro que falta para a melhoria dos serviços públicos e para a infraestrutura.

A falta de rumo da economia se combina com a absoluta falta de sensibilidade da presidente com relação às demandas populares. A falta de senso de realidade – ou o cinismo puro e simples – fez decolar no PT e nos discursos presidenciais, uma tese bizarra. Os protestos de junho foram causados não pelas frustrações, mas pelos avanços promovidos pelo petismo no poder. Tudo estava tão bom que os brasileiros foram às ruas pedir mais…

No discurso de recepção ao papa Francisco a presidente proporcionou ao mundo um constrangimento histórico. Falou mais que o convidado e contrabandeou temas de política partidária para a saudação ao pontífice. A falta de noção foi a ponto de insinuar uma parceria em que o papel do Papa e da Igreja Católica seria de levar para o mundo as espantosas experiências administrativas petistas.

A presença de Lula nos bastidores do governo, aparecendo ou desaparecendo segundo as conveniências do oportunismo mais escancarado, solapa o que resta de autoridade a presidente. A precária liderança de Dilma sofre as consequências desmoralizantes dessa insinuação de que pode ser substituída a qualquer momento na chapa presidencial de 2014, como se em lugar de presidente da República de um país importante fosse uma técnica de um time qualquer ameaçado de ir para a segunda divisão.

O jornalista Vinicius Mota resumiu, na Folha de S. Paulo os dilemas do petismo e a falácia contida na tese da mirabolante volta de Lula: “Há ingenuidade na discussão sobre o retorno de Lula como candidato em 2014. Voltar nessas condições seria flertar com a derrota ou, na melhor hipótese, com um governo fraco e acossado por todos os flancos no quadriênio seguinte”.

A verdade é que o PT está encerrando seu ciclo de poder de uma forma bem pouco memorável. Expulso das ruas, identificado com a corrupção, com a desorganização da economia, com a falta de rumo do governo.

 

(Ademar Traiano é deputado estadual pelo PSDB do Paraná e líder do governo na Assembleia)

“O jeito Francisco de mudar”, artigo de Rodrigo de Castro (PSDB-MG)

Rodrigo-de-Castro-Foto-George-Gianni-PSDB-1-300x199* Artigo do deputado federal Rodrigo de Castro (PSDB-MG) publicado na edição desta terça-feira (6) do jornal Estado de Minas

Tudo o que já se falou sobre a visita do papa Francisco resume-se em críticas à segurança, elogios ao carisma e popularidade do pontífice e especulações sobre esperadas mudanças no seio dessa milenar instituição, a Igreja Católica Apostólica romana. Quanto à logística, o Brasil teve uma grande oportunidade de aprender com os erros que, ainda pesando sobre os governantes do Estado-sede da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), já foram perdoados pelo papa. A imprensa internacional foi cruel, manifestando desconfiança da capacidade do país na organização dos eventos desportivos programados para 2014 e 2016. O jornal Chicago Sun-Times, com acidez, e não sem uma ponta de despeito pela derrota de Chicago na disputa para sediar os Jogos Olímpicos, foi logo estampando em manchete: “Perdemos para isso?”. Não é de estranhar que a imprensa estrangeira não se tenha sequer referido ao caráter pacífico do povo brasileiro, mesmo diante da inocorrência de qualquer incidente com as pessoas e com o papa, que andou em carro aberto, desceu dele para beijar crianças e velhinhos, misturou-se com a população.

Digno de nota, e pena que não o suficientemente explorado pela imprensa internacional, foi o exemplar comportamento dos jovens, que mostraram, durante todo o evento, que estavam ali para ouvir o papa, manifestar a sua fé e colaborar na discussão dos problemas da igreja. O respeito demonstrado por eles mereceu dos cariocas que abrissem as portas para recebê-los e oferecer-lhes apoio logístico. Ostentando as cores da jornada, contribuíram com a segurança, fazendo o cordão de isolamento do papa, inteiramente respeitado pela população. O ambiente de ordem e tranquilidade que criaram tornou menores as falhas de segurança.

O jeito Francisco de lidar com o público, driblando a segurança, não significava vaidade de ser popular e cair nas graças do povo. Era o traço de simplicidade de sua pessoa, de seu despojamento diante das coisas materiais e de sua filosofia de vida, construída no dia a dia da missão pastoral assentada na cultura do encontro e do diálogo. E com sua simplicidade natural e a argúcia de sua inteligência jesuíta, driblou também a presidente Dilma Rousseff, ao responder com um discurso de essência religiosa, a uma fala inteiramente oportunista, enaltecedora do governo e do partido que representa. Dilma com foco na reeleição; Francisco com foco nos jovens, considerados por ele a janela pela qual o futuro entra no mundo. Sob o manto da religião, Francisco alinhava os desafios dos dirigentes políticos: abrir espaço aos jovens, tutelar as condições de seu pleno desenvolvimento, garantir-lhes segurança e educação e despertar-lhes as potencialidades, de forma que cada um seja sujeito do próprio amanhã e corresponsável pelo destino de todos.

Em outro momento, ainda sob a moldura da religião, convocou os jovens a irem contra a corrente e contra a cultura do provisório – “sejam revolucionários e tenham a coragem de ser felizes” –, estando atentos às investidas de manipulação. Em entrevista concedida a uma emissora de tevê, voltou ao tema afirmando que “o jovem que não protesta não me agrada”. Dispensou também, na oportunidade, um carinho especial aos idosos, descartados – como os jovens – pelos interesses economicistas. Com a mesma sutileza, na visita à comunidade de Varginha, chamou de alta caridade o resgate da política. Falou da corrupção, sendo incisivo ao manifestar que não existe pacificação com pobreza. De fato, se a saúde e a educação não subir o morro junto com a polícia, não haverá inclusão social.

Nos vários discursos e nas duas entrevistas concedidas, Francisco não deixou de abordar, com serenidade, os problemas que incomodam a Igreja, como o escândalo no Banco do Vaticano, o hermetismo da Cúria Romana e a questão da pedofilia, assim como as questões que revelam o atraso secular da instituição, o distanciamento dos interesses de seus fiéis e o desafio de reconquistar seguidores. Em cada situação abordada, Francisco revelou-se um pontífice conectado com os problemas de seu tempo e disposto a nele reinserir a Igreja. Nessa missão será ajudado por sua mansidão incisiva, sua simplicidade eloquente e sua lógica jesuítica, enfim, por esse jeito Francisco de ser.

“Protagonistas da mudança”, por Danilo de Castro

Danilo de Castro é secretário de Estado de Governo de Minas Gerais

Danilo-de-Castro-2-300x200O senador Aécio Neves, em sua coluna semanal para o jornal Folha de S.Paulo, chamou atenção para as declarações do Papa Francisco, durante a sua visita ao Brasil, particularmente as direcionadas à juventude. O papa falou aos jovens, mas disse muito mais aos políticos. Os seus discursos são inspiradores para todos os homens públicos de nosso país e resume-se nesta frase: “o futuro exige de nós a tarefa de reabilitar a política, que é uma das formas mais altas da caridade”.

É preciso entender a política como de fato ela é: a forma mais legítima para transformar a vida das pessoas. Só assim a política tem sentido. E transformar, neste caso, significa melhorar, oferecer dignidade para viver, com acesso a todas as políticas públicas a que tenham direito. E para os jovens, como escreveu Aécio, é garantir-lhes mais segurança e educação.

Vida digna para todos é utopia? Ora, a utopia caminha ao lado da política. Antes de fazer é preciso sonhar e acreditar. Com a política podemos arregaçar as mangas e por em prática os nossos ideais. As realizações só acontecem depois de idealizadas. E somos nós, homens públicos ou não, jovens ou não, os protagonistas das mudanças, para o futuro que queremos para o mundo e para o Brasil.

“O futuro exige de nós uma visão humanista da economia e uma política que realize cada vez mais e melhor a participação das pessoas, evitando elitismos e erradicando a pobreza” – Papa Francisco

“Em boa hora”, artigo de Aécio Neves na Folha de S. Paulo

Aecio-Neves-Foto-George-Gianni-PSDB-10-300x200Em sua breve e já inesquecível visita, o papa Francisco legou aos brasileiros exemplos revigorantes e uma oportuna mensagem de otimismo, tão necessária neste ano de tantas dificuldades. “Sejamos luzeiros de esperança! Tenhamos uma visão positiva sobre a realidade”, foi sua exortação no Santuário de Nossa Senhora Aparecida.

Quem o viu pela televisão ou ao vivo nos lugares onde esteve pôde obter a personificação de um novo sentido de liderança, marcado por posições reformadoras emblemáticas e grandes simbolismos, nesta hora em que tantos questionamentos recaem sobre aqueles que têm a responsabilidade de dirigir instituições: dispensou protocolos de chefe de Estado, desfilou pelas avenidas em carro simples e com as janelas abertas e impediu as ostentações e os exageros de praxe, buscando mais sinergia com os fiéis, postura que adotou desde o primeiro momento em que foi escolhido como sucessor de Bento 16.

Se a juventude esteve no centro de suas mensagens, foi enfático ao advertir que a sociedade deve assegurar a ela as condições “materiais e imateriais” para o seu desenvolvimento, oferecendo fundamentos sólidos sobre os quais se deve construir a vida. Garantir-lhe segurança e educação. Transmitir-lhe valores duradouros, como espiritualidade, solidariedade, perseverança, fraternidade e alegria.

Para quem tem filho ou filha na juventude, como é o meu caso, as palavras alentadoras de Francisco fizeram todo o sentido. “Bote esperança e os seus dias serão iluminados”, ele sugeriu aos jovens, em um de seus discursos. Vale, aliás, para jovens de qualquer idade.

Houve oportunidade também para que ele demarcasse como enxerga a questão social nos dias de hoje. Quando eleito, meses atrás, o argentino Jorge Mario Bergoglio escolheu seu nome como papa em homenagem a são Francisco de Assis, indicando a ênfase que colocaria na defesa dos mais carentes.

Na comunidade pobre da Varginha, no Rio de Janeiro, o papa fez o apelo para que ninguém permaneça insensível às desigualdades e possa contribuir para acabar com as injustiças: “A medida da grandeza de uma sociedade é dada pelo modo como esta trata os mais necessitados”.

O papa Francisco mostrou-se bem sintonizado com as manifestações de junho no Brasil. Entre a “indiferença egoísta” e o “protesto violento”, termos usados por ele, pregou a alternativa do diálogo e defendeu o respeito aos princípios éticos. “O futuro exige de nós uma visão humanista da economia e uma política que realize cada vez mais e melhor a participação das pessoas, evitando elitismos e erradicando a pobreza”, disse. Esse permanece sendo o objetivo em torno do qual todos devemos nos unir.