Brasília – Um vídeo filmado no complexo penitenciário de Pedrinhas, em São Luís (MA), reproduzido no site da Folha de S. Paulo desta terça-feira (7), mostra cenas explícitas de violência, com práticas de sadismo e até detentos decapitados. No local, 62 presos foram mortos desde o ano passado. O vídeo tem 2 minutos e 32 segundos em que os próprios amotinados filmam em detalhes três rivais decapitados.
Integrante da Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado na Câmara, o deputado federal Pinto Itamaraty (MA) alerta que apenas o estado do Maranhão com suas forças não tem condições de controlar a violência na região. Segundo ele, é fundamental haver uma parceria com o governo federal, do contrário, adverte: a violência do Maranhão contaminará o restante do país.
“A situação no Maranhão é muito grave. É uma questão nacional. O governo [estadual] sozinho está perdendo a guerra para o banditismo. É preciso que o Ministério da Justiça e a Força Nacional entrem em ação”, afirmou Pinto Itamaraty. “A situação hoje é de descontrole. Se o governo federal não entrar em ação, a violência vai se alastrar por todo país e contaminar os estados.”
O vídeo, reproduzido pela Folha, foi gravado no dia 17 de dezembro, começa com os presos caminhando por dez segundos dentro da penitenciária. No foco principal, um homem de chinelos pretos e bermuda branca dá passos apertados, até que no oitavo segundo da caminhada o chão verde molhado de água se transforma num piso ensopado de sangue.
As imagens, encaminhadas à Folha pelo Sindicato dos Servidores do Sistema Penitenciário do estado do Maranhão, são chocantes. Nas costas de um desses corpos, de bruços, estão duas cabeças, lado a lado. Elas são exibidas como troféus. Ao lado, o terceiro decapitado ainda tem a cabeça encostada ao pescoço.
Pinto Itamaraty disse que há uma complexa rivalidade entre as diversas facções criminosas que atuam no Maranhão. O comando se divide entre três forças: das regiões da Baixada, de Cocais e Moninho. Segundo ele, os detentos que pertencem às facções não aceitam ocupar os mesmos espaços destinados aos rivais.
A rivalidade é citada em relatório do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), que conclui que o governo tem sido incapaz de coibir a violência. Do complexo, segundo autoridades maranhenses, que saíram as ordens para os atentados ocorridos no último final de semana. Um dos ataques resultou na morte de uma criança.
O relatório cita a superlotação de Pedrinhas (com 1.700 vagas, abriga 2.500) e relata casos de estupros de mulheres que entram no presídio para visitas íntimas.