PSDB – MS

Plano Real

Transporte público encarece 685% em 20 anos

rodoviaria-300x204Brasília (DF) – As tarifas do transporte coletivo aumentaram, em média, 685% desde a estabilização da economia com o Plano Real, em 1994. Reportagem publicada nesta segunda-feira (03) pelo jornal O Globo mostrou que apenas o ônibus, responsável por 86,6% do transporte público, teve alta de 711% nos preços, número quatro vezes superior ao dos automóveis: 158%. Os dados são do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), do IBGE.

Segundo o deputado federal Marco Tebaldi (PSDB-SC), os incentivos fiscais para a indústria automobilística e a política do governo federal de segurar o preço da gasolina para controlar a inflação seriam os fatores determinantes.

“Os números demonstram, mais uma vez, que o governo federal não está preocupado com a população menos favorecida. Ao contrário do discurso utilizado por eles, a prática petista não passa de conversa fiada”, afirmou.

Ainda de acordo com a matéria, abastecer o carro também subiu menos do que o preço do coletivo: 423%. Especialistas ouvidos por O Globo afirmaram que essa distorção incentiva o uso do automóvel, complicando ainda mais o trânsito nas grandes cidades.

Incentivos

A redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para automóveis e o subsídio da gasolina custaram R$ 19,38 bilhões ao governo federal, quase o dobro dos R$ 10,2 bilhões investidos em transporte público.

Para o deputado federal Izalci Lucas (PSDB-DF), o executivo ignora a população que utiliza diariamente trens, ônibus e metrôs para incentivar o aumento da frota de veículos.

“É um completo descaso e demonstra uma política totalmente equivocada. Deixam de incentivar uma área deficiente no Brasil, que precisa de muitas melhorias, para fomentar o uso de carros e deixar as cidades ainda mais engarrafadas e intransitáveis”, reiterou.

“Economia requer novo olhar”, por Mendes Thame

mendes-thame-foto-george-gianni-psdb-6-300x200Há 20 anos, o Plano Real, fruto de acurada competência técnica e de férrea determinação política, permitiu vencer a hiperinflação e foi o mais corajoso, o mais radical, o mais bem sucedido processo de transformação econômica de nossa história.

Sem a estabilidade da moeda, não haveria como elaborar e executar políticas sociais e de desenvolvimento, não haveria como preservar o poder aquisitivo notadamente dos mais pobres, não haveria condições de incluir no processo produtivo milhões de brasileiros que ficavam excluídos de tudo, com pífia renda, abaixo da linha de pobreza.

Hoje, no entanto, o Banco Mundial reduziu a projeção de crescimento da economia brasileira, para este ano, de 2,4% para 1,5%. O Brasil deve ser uma das nações emergentes com as menores taxas de expansão. O índice, considerado um fiasco, é resultado de uma série de equívocos. O próprio Banco Mundial cita que os estrangulamentos na infraestrutura, baixa confiança dos empresários e demanda doméstica fraca estão entre os principais responsáveis.

O fato inegável é que o atual executivo federal deu ênfase ao consumo, teve dificuldades em tratar a inflação, além de não conseguir controlar a taxa de juros. O resultado é exatamente este: investimentos para baixo, juros e déficit externo para cima, inflação alta, desindustrialização e avanço para trás na Educação e na Saúde. A situação poderia ser diferente, se houvessem sido feitas reformas e adotadas medidas corretas nos momentos propícios.

Para reverter a estagnação da nossa economia, é preciso, acima de tudo, diminuir o Custo Brasil, aumentar a competitividade dos nossos produtos e ter uma performance completamente diferente no trato com outros países. É preciso recuperar a credibilidade e construir um ambiente que estimule os investimentos, criar agenda da produtividade, baseada na desobstrução dos gargalos na infraestrutura e na adoção de inovações.

O Brasil enfrenta um processo de perda de credibilidade e de aumento das incertezas. O aumento ilimitado dos gastos compromete as contas públicas e prejudica a melhor utilização do dinheiro pago pelos contribuintes. Arrecada-se cada vez mais e investe-se cada vez menos.

Os produtos brasileiros se tornaram caros. O Brasil se tornou um país onde é difícil produzir, investir e empreender. As empresas brasileiras padecem de perda de competitividade e veem o mercado para seus produtos encolher cada vez mais. A alta carga tributária e o total descaso com nossa infraestrutura minam nossa capacidade de competir. É preciso reduzir o custo de se produzir aqui, facilitar o escoamento da produção, aprimorar a plataforma energética e de telecomunicações.

Entre as prioridades da agenda para os próximos anos, urge incluir o agronegócio, que hoje dá equilíbrio e dinamismo à nossa economia. Não fosse o trabalho dos homens do campo, nosso PIB estaria ainda mais anêmico e nosso horizonte mais restrito. Mas é preciso reconhecer: o sucesso da agricultura e da pecuária ocorre não por causa do governo, mas apesar do governo. Sua alta produtividade resulta do esforço dos produtores, dentro de suas fazendas. Da porteira para fora, o agricultor só encontra dificuldades: a logística precária, as rodovias esburacadas, as ferrovias inexistentes, os portos cheios de burocracia, a ineficácia de estruturas de apoio, a pouca capacidade de armazenagem – em suma, deficiências que só atravancam o caminho até os mercados consumidores, daqui e do exterior.

Em relação ao comércio exterior, decisões políticas equivocadas fizeram com que, nos últimos anos, o Brasil não negociasse acordos com as principais economias e os principais blocos, de forma a dinamizar nossas relações de comércio.

No que se refere à área social, o atendimento à Saúde foi transformado numa peça publicitária, loteando e corrompendo a máquina e embaralhando prioridades. Hoje, 45% dos brasileiros consideram a Saúde o principal problema do país. Logo depois que José Serra e Barjas Negri terminaram suas gestões como Ministros da Saúde, no governo FHC, 6% da população considerava a Saúde como o principal problema do Brasil. De 6% para 45%: um verdadeiro salto na olimpíada do atraso.

Em suma, o povo brasileiro exige mudanças. É preciso enfrentar os principais problemas que minam a economia. É preciso priorizar e promover reformas, corajosas, radicais, tão necessárias para melhorar a qualidade de vida da nossa gente.

* Antonio Carlos Mendes Thame é professor (licenciado) do Departamento de Economia da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, deputado federal (PSDB/SP), secretário-geral do PSDB Nacional e presidente do capítulo brasileiro da Organização Global de Parlamentares contra a Corrupção (GOPAC).

“Real: 20 anos nesta manhã”, análise do ITV

fhc-cedulas-real--300x196Há exatos 20 anos entravam em circulação as cédulas e moedas do real, a nova moeda lançada como mais uma tentativa de debelar uma hiperinflação que teimava em não dar trégua por aqui. Sob o comando do presidente Itamar Franco e com a liderança do então ministro da Fazenda Fernando Henrique Cardoso, o Plano Real conseguiu restituir aos brasileiros a confiança na sua moeda. Esta conquista não tem preço.

Desde a redemocratização, já haviam sido tentados pelo menos seis planos de estabilização (Cruzado I e II, Bresser, Verão, Collor I e II), mas todos haviam redundado em fracasso. Com o real, finalmente, a história foi diferente. O plano triunfou por pelo menos duas de suas características: a engenhosidade que marcou a transição da antiga (o cruzeiro real) para a nova moeda e a transparência com que todas as mudanças foram implementadas.

O processo começou ainda em junho de 1993, um ano antes da estreia da nova moeda, com o anúncio de um plano de ajuste fiscal. A ele, seguiram-se cortes para equilibrar o Orçamento da União e, a partir de fevereiro do ano seguinte, a paulatina migração da antiga para a nova moeda. Tudo feito com previsibilidade, pondo fim a um histórico de pacotaços baixados do dia para a noite ao longo de anos de história econômica no Brasil.

Quando a nova moeda estreou, a inflação estava em 47,4% ao mês, o que, anualizado, equivaleria a 10.420%. Parece assombroso – e era! Mas já havia estado pior: no mês da posse de Fernando Collor de Mello na presidência da República, em março de 1990, a inflação chegara a bater em 80% ao mês. Um país com características assim não tinha a menor chance de dar certo.

Com o Plano Real, o IPCA baixou de 2.477% em 1993 para 916% no ano de lançamento da nova moeda. A inflação foi caindo progressivamente até chegar ao piso de 1,65%, o menor da história, registrado em 1998. Fernando Henrique deixou o governo com o custo de vida variando 12,5%, num repique decorrente dos temores gerados pela expectativa de vitória de Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições presidenciais de 2002.

Passados 20 anos, é triste constatar que a inflação voltou a ocupar o lugar de maior fonte de preocupação dos brasileiros, temorosos de perder uma conquista que sabemos tão árdua. Pesquisas de opinião como a do Pew Research mostram que 85% dos entrevistados apontam a alta de preços como principal problema do país atualmente. Já o Ibope indica que 71% desaprovam as políticas de combate à inflação postas em marcha pela gestão Dilma.

Este ano, pelo quinto ano seguido, a inflação deverá triscar o limite superior de variação permitido pelo regime de metas – 6,5%. Em 10 dos 41 meses da gestão Dilma transcorridos até agora, o IPCA ultrapassou o teto da meta.

Os preços de itens básicos, como alimentos, são os que mais sobem, numa média de 9% há cinco anos. Com os serviços, acontece o mesmo. Não há um descontrole evidente, mas há uma perigosa convivência com índices constantemente elevados à qual o governo petista parece dar de ombros.

Entre os países do G-20, apenas seis (Argentina, África do Sul, Índia, Indonésia, Rússia e Turquia) exibem atualmente inflação mais alta que a brasileira. Entre as 26 nações que adotam regimes de metas, somente três (Gana, Indonésia e Turquia) têm índices de preço mais elevados que o nosso. Não são propriamente as melhores companhias com as quais o Brasil deveria figurar…

O maior receio dos brasileiros hoje repousa na pouca preocupação que a gestão do PT parece depositar sobre a alta generalizada de preços. Prevalece entre os petistas a crença de que um pouco mais de inflação não faz mal porque, segundo esta distorcida visão, ajudaria a impulsionar o crescimento da economia nacional.

A realidade é que a leniência petista em relação à inflação resultou na pior das equações: baixo crescimento – o menor da América do Sul – e inflação persistentemente alta. Passados 20 anos da mais importante conquista obtida pelos brasileiros na história recente, nos vemos novamente às voltas com uma agenda que parecia superada há muito tempo.

O Brasil precisa de uma nova rodada de reformas estruturais para retomar o caminho do desenvolvimento do qual se desvirtuou. É difícil conseguir isso com os atuais governantes – uma vez que, não custa lembrar, o PT foi uma das poucas forças políticas que ficou contra o Plano Real e, anos depois, também foi às raias do Supremo Tribunal Federal lutar contra a Lei de Responsabilidade Fiscal.

Experimentamos hoje uma política esquizofrênica: ao mesmo tempo em que aperta os juros, o governo mantém frouxo o controle sobre os gastos públicos, que continuam em forte alta. Tal receita, apregoada pela “nova matriz econômica” petista, definitivamente redundou em fiasco. O que o país precisa é de uma política consistente contra a inflação, a ser tratada com tolerância zero. Desta conquista, os brasileiros não abrem mão.

Aniversário de 20 anos do plano que transformou o Brasil

consumidores3ebc-300x200Brasília – O Plano Real completa duas décadas nesta terça-feira (1º). A moeda que simbolizou o projeto idealizado por Fernando Henrique Cardoso, no governo Itamar Franco, e que acabou com a hiperinflação no país entrou em circulação em 1994.

Desde então, o país vive um cenário de estabilidade econômica – bem diferente do que se registrava antes, quando a desvalorização da moeda corroía a renda dos brasileiros e planos e mais planos se sucediam para tentar conter a inflação, sem cumprir seu objetivo.

“Nenhuma outra reforma econômica na nossa história recente foi mais transformadora do Brasil que o Plano Real”, afirmou o candidato do PSDB à Presidência da República, senador Aécio Neves.

Sessão

Na sessão solene promovida em fevereiro no Congresso, que celebrou os 20 anos da medida provisória que criou a Unidade Real de Valor (URV) e estabeleceu os caminhos para a implantação do real, Aécio descreveu o panorama da economia brasileira nos anos que antecederam a então nova moeda.

“Em abril de 1990, a inflação acumulada em 12 meses era de 6.821%, recorde até hoje absoluto em nossa história. Foram mais de 10 anos de inflação acima do patamar de 100%”, lembrou o senador.

Em seguida, Aécio ressaltou que: “A média da década alcançou inacreditáveis 694%. Naquele tempo, o grave desarranjo econômico agravava ainda mais a crônica pobreza existente; tornava mais aguda e destrutiva a desigualdade, solapando qualquer perspectiva de crescimento e uma mais justa distribuição das riquezas nacionais. Além do caos econômico, uma gravíssima crise política tomava o seu curso”.

Inovação

O senador destacou que a inovação que marcou os trabalhos preparatórios para o Plano Real. “A estratégia incluiu um programa de austeridade fiscal, o Plano de Ação Imediata, e a criação do Fundo Social de Emergência, com corte significativo de gastos públicos, além do combate à evasão de impostos e um maior rigor na rolagem das dívidas dos estados”, disse.

Aécio afirmou ainda que a originalidade marcou o Plano Real: “O novo plano foi, assim, concebido de maneira original, evitando erros cometidos nas inúmeras tentativas anteriores. Não houve congelamento de preços, não houve ‘pacotaços’ nem surpresas”.

“Do mundo da lua”, análise do ITV

download-2A candidata à reeleição adotou uma nova prática nas últimas semanas: abre as portas dos palácios de governo para oferecer convescotes que invariavelmente transforma em palanque de campanha. Nestas ocasiões, Dilma Rousseff acaba sempre por revelar um pouco mais de sua particular visão de mundo. Em alguns casos, ela parece ter chegado da lua.

Ontem à noite, a presidente recebeu um grupo de jornalistas para mais um jantar de, digamos, confraternização no Alvorada. Na semana passada, havia aberto as portas do palácio para editores de esportes, um grupo dominado por homens. Já Lula, seu tutor, prefere falar com os “blogueiros progressistas”, aquela gente paga pelo governo para falar bem do governo…

No encontro de ontem, segundo relato publicado pela Folha de S.Paulo, Dilma, entre outros assuntos, admitiu que “não está tudo bem” em relação à inflação brasileira. Será que só agora a presidente percebeu isso? Será porque, como mandatária, não tem que passar pelo perrengue de ir à feira e constatar, a cada semana, que o salário compra cada vez menos comida?

Dilma chega ao último ano de seu mandato vendo a inflação decolar sem que tenha feito movimento à altura para conter os aumentos em série. Ela nunca cumpriu por um ano sequer a meta fixada para a política monetária e deve entregar, pelo segundo ano consecutivo, preços mais altos que os vigentes no ano anterior. Legará ao sucessor inflação maior que a que recebeu, algo inédito desde a estabilidade conquistada com o Plano Real.

A presidente parece não ver problema algum nesta receita indigesta. Enxerga – e só ela consegue isso – um futuro venturoso para uma política que, à inflação em alta constante, junta crescimento econômico minúsculo por anos a fio. Para Dilma Rousseff, esta combinação é, na verdade, um anabolizante e tanto. De que planeta ela aterrissou?

No convescote de ontem, a presidente afirmou às jornalistas que erra quem prevê um ano de ajustes e dificuldades em 2015. Segundo sua visão particular da realidade, no ano que vem o Brasil estará, isto sim, “bombando”. Só se for no sentido literal mesmo, sob uma chuva de mísseis… Existe consenso hoje – e até gente do governo admite – que do jeito que está não dá para ficar.

Em razão da forma como vem sendo governado pelo PT, o país tem uma série de bombas-relógio armadas para explodir nos próximos meses. Há desde a inflação represada de preços administrados, como energia e combustíveis, até o crônico desequilíbrio entre receitas e despesas, agravado sobremaneira nos últimos 12 anos.

Até Dilma, ainda que em atos falhos, admite isso. Em discurso ontem à tarde, ela disse que está “sofrendo” com decisões tomadas pelo antecessor: “Eu tenho certeza que o mundo brasileiro daqui a três anos será melhor que o de hoje, porque hoje eu já estou sofrendo, ou melhor, me beneficiando das decisões tomadas no período Lula”.

Quando resolve tratar de problemas que o país ainda tem a vencer, Dilma insiste na odiosa transferência de responsabilidades. Três mandatos após a chegada de seu partido ao poder, continua culpando investimentos que “não foram feitos no passado” por atrasos como, por exemplo, no saneamento – área em que as gestões petistas tiveram resultados piores que as anteriores. Doze anos é pouco para mudar uma situação?

Para convencer incautos, Dilma lança mão de uma alquimia de estatísticas, saídas das pajelanças produzidas por Marcelo Néri no Ipea. Tenta mostrar aos brasileiros que a situação vai bem e que o problema é que nós, pobres e ignorantes mortais, não temos capacidade para perceber isso. Faltam feira e supermercado neste elixir – ou, talvez, torturar um pouco mais os números…

Os momentos de ensaiada descontração que promove nos palácios permitem aos brasileiros conhecer mais amiúde os pontos de vista da presidente. Na conversa com os jornalistas esportivos, por exemplo, Dilma deixou transparecer que prefere a atenção de médicos vindos de Cuba do que a capacidade dos médicos brasileiros. É de se sugerir que ela vá se cuidar na ilha quando, e se, suas condições de saúde voltarem a exigir.

Mas o que tais ocasiões trazem de melhor é permitir à população avaliar melhor no que estará incorrendo caso opte por manter Dilma Rousseff por mais quatro anos no principal gabinete do Palácio do Planalto. Resta evidente que a percepção da presidente sobre a nossa realidade aproxima-se da de quem tivesse chegado ontem de uma viagem à lua. Lá, aliás, é bom destino para ela a partir de 2015.

“50 anos nesta noite”, análise do ITV

406c54de56571-300x196Cinquenta anos atrás, o Brasil mergulhou numa longa noite que durou 21 anos e só terminou depois de muita luta e resistência do povo brasileiro. A experiência vivida com a ditadura militar marca nossa história contemporânea e colabora para reforçar o compromisso de nossa gente com a democracia, valor mais caro para o progresso e a solidez de uma nação.

Em 31 de março de 1964, o presidente João Goulart foi deposto, dando início a um período de privação das liberdades civis, cerceamento das manifestações políticas, agigantamento das atribuições do Estado e forte controle do governo sobre a atividade econômica. O fosso da desigualdade social também se agigantou.

Superar a ditadura militar e restaurar o regime democrático no país exigiu uma luta cotidiana, travada dentro do sistema e fora dele. Muitos ficaram pelo caminho. Mas a crença no princípio essencial da democracia manteve as forças políticas ativas, persistindo e atuando para restaurá-la entre nós, o que acabou acontecendo em 1985 a partir da eleição de Tancredo Neves no colégio eleitoral.

Nestes quase 30 anos desde então, o Brasil renovou sua profissão de fé na democracia, restaurou as liberdades, começou a resgatar sua dívida social e construiu um ambiente capaz de transformar nossa economia, orientada pelo mercado, numa das sete maiores do mundo. O caminho, porém, foi coalhado de percalços que se refletem ainda hoje.

Nesta trajetória, o país ganhou uma Constituição cidadã que definiu os contornos do Estado de bem-estar social que construímos desde então e que, a cada passo, assegura vida mais digna a parcelas cada vez maiores da sociedade. Avanços progressivos vêm tornando o Brasil uma nação mais próspera e, ao mesmo tempo, mais justa.

A superação do longo período de arbítrio também envolveu a reconstrução de um ambiente econômico mais saudável, mais previsível e competitivo. A ditadura militar não apenas nos cerceou as liberdades, como também nos legou um processo hiperinflacionário só debelado no governo Fernando Henrique, com o Plano Real, após várias tentativas infrutíferas.

A construção do Brasil que hoje somos também envolveu a redefinição do papel do Estado e sua modernização, abrindo áreas importantes à participação do capital privado, a reorganização das finanças públicas, a abertura e integração do país à economia globalizada. Trata-se, como é fácil perceber, de longo e persistente processo de avanços incrementais, construção coletiva, obra de muitos.

Alguns, porém, tentam se apropriar desta história que é de milhões e posar como únicos heróis da reconquista democrática. Tem gente que acha que o Brasil foi descoberto ontem, ou, mais precisamente, 11 anos e pouco atrás, numa atitude de desdém e desrespeito em relação aos muitos que participaram da longa e demorada construção do país que hoje temos.

Pior ainda é ver que equívocos cometidos pelos governos militares são hoje repetidos por quem parece não ter aprendido as lições da história. Na economia, receitas que falharam voltam a ser tentadas, para novamente fracassarem. É o caso das intervenções no mercado, das maquiagens contábeis, das tentativas de manipulação da inflação, da ressurreição de um Estado balofo e intervencionista, ensimesmado e fechado ao resto do mundo.

Hoje no comando do país, o PT, que tanto criticou o regime militar, e que tem entre seus líderes alguns dos que também resistiram à ditadura, hoje reproduz as mesmas estratégias do Brasil Grande. Tenta, da mesma forma, silenciar as críticas e embotar a percepção da população por meio de espessa propaganda ufanista.

Também, e de forma reiterada, afronta instituições, privilegia interesses corporativistas ao invés de respeitar direitos republicanos. Desvirtua a independência entre os poderes e subjuga a federação, afetando-lhes a legitimidade. Colabora, assim, para minar a confiança e, com ela, a crença dos cidadãos brasileiros num futuro mais justo, equilibrado e venturoso.

“Estamos nos aproximando de uma situação delicada. Uma coisa são as flutuações econômicas, outra coisa é a paralisação da administração e do sistema político. (…) Corremos riscos. Um deles é a perda da capacidade de olhar o futuro e tomar decisões. As demandas estão crescendo, o Estado não toma decisões, não entende que boa parte do que faz pode ser passado para o setor privado, e faltam lideranças. Eu diria que, hoje, não temos o que ensinar sobre democracia. Temos é que aprender”, sintetizou Fernando Henrique em entrevista a’O Estado de S. Paulo.

Uma nação que quer ser grande deve aprender as lições da história. Deve ter humildade para compreender que o futuro se constrói com árduo trabalho no presente e com respeito pelos que lutaram pelo bem comum no passado. O Brasil dos dias atuais não tem sido um país à altura daqueles que, com sua dedicação cotidiana, ajudaram a superar uma ditadura que nos afundou em duas décadas de trevas. Está na hora de a luz voltar a brilhar.

Em São Paulo, o futuro do Brasil é discutido por idealizadores do Plano Real

c8129a80649b4d71e3afc6fcb97fbf4953116a9e69fc194d5fd693e47c4d76a1cfa8dBrasília (DF) – Os idealizadores do Plano Real, criado há 20 anos, reúnem-se nesta quarta-feira (12), em São Paulo, para um debate sobre o futuro do Brasil. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, Pedro Malan, Armínio Fraga, Gustavo Loyola, Gustavo Franco, Edmar Bacha, Pérsio Arida, André Lara Resende, José Roberto Mendonça de Barros, Eduardo Gianetti da Fonseca e Roberto da Matta participarão.

Na abertura das discussões, o ex-presidente afirmou que: “No início, todos chamavam de plano FHC, pela incerteza de que daria certo. Agora, completados 20 anos, fica o legado do Plano Real”. Para ele “nosso futuro depende do salto da quantidade para a qualidade”.

As discussões ocorrerão em painéis distintos. O primeiro deles é presidido por Fernando Henrique. A Fundação iFHC participa da organização do debate.

Em entrevista ao Estado de S. Paulo, o ex-ministro Pedro Malan analisou o futuro a partir do Plano Real. “Deveria ser possível, com um mínimo de boa-fé, honestidade intelectual e de recusa ao uso de rotulagens vazias, buscar construir as convergências possíveis (ou clarificar diferenças de forma honesta) pensando na próxima geração”.

O economista André Lara Rezende defende o crescimento econômico do país preservando e ampliando a qualidade de vida da sociedade, em entrevista ao Estado de S. Paulo.

Na página do Plano Real no Facebook, é lembrada que a distribuição de renda a partir do Plano Real pode ser observada a partir das vendas de geladeiras, freezers e máquinas de lavar dispararam.

De 1994 para 1995 o aumento das vendas no setor foi de 26%. Entre janeiro de 1994 e julho de 1996 cresceu 158% o total de unidades vendidas desses produtos, segundo a Eletros, associação que reúne os fabricantes do setor.

Ruben Figueiró homenageia 20 anos do Plano Real

Plenário do SenadoHá exatos 20 anos do lançamento do Plano Real, o senador Ruben Figueiró (PSDB-MS) destacou em discurso proferido no Plenário nesta quinta-feira (27) a importância da estabilização da moeda, liderada pelo então ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso, no governo do presidente Itamar Franco.

Ele fez uma retrospectiva histórica e informou que de 1942 a 1994, o país trocou de moeda seis vezes. “A inflação entre 1967 e 1994 chegou a alturas estratosféricas de mais de um trilhão ou 850% (IGP-DI)”. Figueiró também rememorou a época em que a hiperinflação era de mais de 80% ao mês.

“Os mais jovens não se lembram. Mas, de um dia para o outro saímos de uma hiperinflação para zero! O Plano Real nasceu de um trabalho árduo, feito por uma equipe que teve coragem e ousadia para mudar os rumos do Brasil”, disse Figueiró.

O senador tucano fez um alerta. Para ele, muitas das conquistas do Brasil com a adoção do Real ou com os seus desdobramentos estão correndo risco diante do abandono da agenda de reformas, do déficit fiscal, da crise de credibilidade do atual governo, da falta de investimentos em infraestrutura e da leniência em relação ao fantasma inflacionário. Ele defendeu que agora é momento de mudança e citou trechos dos discursos do senador Aécio Neves e do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, proferidos na última terça-feira, durante sessão solene do Congresso em homenagem aos 20 anos do Real.

Aécio afirmou que precisamos de um novo choque de esperança e confiança e que o Brasil pode derrotar nas urnas a mentira e os pactos de conveniência. Já Fernando Henrique afirmou que a estabilidade foi só o começo e que está no momento de dar um novo salto e mostrar ao Brasil que há caminhos para ser um grande país.

“Desejo que os jovens só tenham conhecimento da hiperinflação para saber como evitá-la; aos que conviveram com ela, desejo que não passe de um registro na memória; e a toda a Nação brasileira, desejo um ambiente econômico sólido e estável, com a manutenção das premissas que há 20 anos vêm provando seu acerto, e que abriram as perspectivas para um crescimento sustentado, inclusivo, competitivo e moderno”, finalizou o senador sul-mato-grossense, Ruben Figueiró.

(Da assessoria de imprensa do senador)

FHC celebra 20 anos do Real e pede “novo salto” para o Brasil

fhcsenado2-300x200Brasília – O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou nesta terça-feira (25) que o Brasil precisa de um “novo salto” na gestão pública. FHC participou de sessão solene no Congresso Nacional que comemorou os 20 anos do Plano Real, responsável pela estabilização da economia brasileira. A sessão foi convocada pelo presidente do PSDB, senador Aécio Neves, e pelos deputados federais Mendes Thame (PSDB-SP) e Luiz Carlos Hauly (PSDB-PR).

“O mundo está em uma nova fase, mas o Brasil ainda está no passado. Nós temos condição de avançar, mas é preciso abrir os olhos. O Brasil precisa de ar novo, sangue novo. Está na hora de mostrar que há novos caminhos no Brasil”, ressaltou Fernando Henrique, presidente de honra do PSDB.

Fernando Henrique se dirigiu ao público – formado por representantes de vários partidos, por jornalistas e por pessoas interessadas na história do Real – por cerca de 30 minutos e foi aplaudido em diversas ocasiões. “Eu disse que o Brasil tinha três grandes problemas: o primeiro era a inflação, o segundo era a inflação e o terceiro era a inflação. E, que nós íamos acabar com a inflação”, afirmou ele, lembrando quando era ministro da Fazenda.

Estabilidade

Em seu discurso, FHC disse que a estabilidade da economia, conquistada com base no Plano Real, foi apenas o “primeiro passo” e que muitos outros avanços são necessários – como exemplos, o tucano citou melhorias na educação e na segurança pública e a reforma política. “O modelo atual, com mais de 30 partidos e 39 ministérios, é uma receita para o aparelhamento da administração”, destacou.

O ex-presidente apontou que a população tem demonstrado que a reprovação ao modelo político atual é geral e que o sentimento de mudança é coletivo. “Quando as ruas estão insatisfeitas, quando os políticos estão insatisfeitos, quando as donas de casa estão insatisfeitas, é sinal de que há muita coisa enguiçada”, afirmou.

Oposição

FHC recordou que o Plano Real enfrentou forte oposição de diferentes setores – as críticas vieram de fontes distintas como o PT, o movimento sindical e até mesmo o Fundo Monetário Internacional (FMI). “Pouca gente sabe, mas o FMI era contrário ao plano. A falta de credibilidade do Brasil era tanta que eles não achavam que conseguiríamos reduzir a inflação”, disse.

Mas os maiores ataques, lembrou FHC, vieram do PT.  O tucano recordou que buscou atrair a aprovação do partido a um projeto que beneficiaria todos os brasileiros. “Eu me esforcei para que o Partido dos Trabalhadores desse seu apoio ao real. Cheguei a convidar os principais líderes do PT na época, Lula e José Dirceu, para falar sobre o plano e explicar suas vantagens. A primeira pergunta que eles me fizeram foi: ‘O PSDB terá candidato á Presidência da República?’”.

Apesar da oposição dos petistas, o Real entrou em vigor em 1º de julho de 1994. Os benefícios do plano foram colhidos rapidamente: a inflação despencou e o poder de compra dos brasileiros cresceu. A desvalorização, que superara os 2.000% em 1993, ficou em 14,7% em 1995. Fernando Henrique Cardoso, responsável pela criação do plano, ganhou as eleições presidenciais no primeiro turno em 1994 e 1998.

Presidente do PSDB-MS destaca aspecto social do Plano Real

Já para o deputado Rinaldo, Real favoreceu principalmente as famílias com baixa renda

Marcio_Monteiro_foto_Giuliano_Lopes
Marcio Monteiro, presidente do PSDB-MS

Para o deputado estadual Marcio Monteiro, presidente do PSDB-MS, o aspecto mais relevante do Plano Real foi ter promovido a inserção social das famílias brasileiras. “O maior plano de inserção social que o Brasil já teve. Não fosse o Real, teríamos um número maior de famílias dependendo dos programas sociais dos governos”, acrescentou o parlamentar.

A declaração foi feita durante pronunciamento na sessão desta terça-feira (25) na Assembleia Legislativa, como forma de celebrar os 20 anos do Plano Real. Monteiro aproveitou o ensejo da sessão solene realizado também nesta manhã no Senado em comemoração às duas primeiras décadas do plano, com a participação do ex-presidente da República e idealizar do plano, Fernando Henrique Cardoso, e do presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG).

Para o deputado estadual Rinaldo Modesto (PSDB), o Real permitiu às famílias brasileiras o melhor controle da renda, “pois com o Real elas sabiam que o salário no início do mês seria o mesmo do fim do mês”, comentou o parlamentar, referindo-se à hiperinflação anterior ao plano.

Rinaldo disse ainda que a estabilidade econômica favoreceu sobretudo as famílias com baixa renda, que passaram a ter mais tranquilidade para programar as despesas com base no que recebiam.

O deputado Monteiro, entretanto, alertou para a atual conjuntura, em que o controle da inflação promovido pelo Real sofre ameaça, com a “turbulência” do cenário econômico atual. “O Brasil vive um momento de extrema expectativa. Os indicadores econômicos dando sinais de que estamos passando por ‘turbulência’. Não podemos permitir o retorno da inflação e da instabilidade econômica”, disse Monteiro.

Histórico

Rinaldo_Modesto_foto_Rafael_Belo
Deputado estadual Rinaldo Modesto

No dia 1° de julho de 1994, o Real passou a ser a moeda oficial do Brasil. O plano teve início em 1993. Em maio desse ano, Fernando Henrique assumiu o Ministério da Fazenda durante o governo de Itamar Franco. Na ocasião, o ministro tratou a redução e controle da inflação como a maior meta. Em agosto daquele ano, lançou o cruzeiro real, resultante do “corte de três zeros” do cruzeiro, a moeda corrente até então, e que acabou sendo a base para o Plano Real.

O passo seguinte foi dado em maio de 1994, com o lançamento da Unidade Real de Valor. A URV, com patamar variável a cada dia, caiu no gosto dos brasileiros e tornou-se uma referência para diversos tipos de gastos – desde contratos grandes até despesas do dia a dia.

Na ocasião, FHC não estava mais no Ministério da Fazenda. Ele havia deixado a pasta para candidatar-se pelo PSDB à Presidência da República, nas eleições que aconteceriam no segundo semestre daquele ano.

No dia 1º de julho, veio o real. A moeda transformou os hábitos dos brasileiros, que de uma hora para outra deixaram de fazer contas cotidianas com números milionários (o salário mínimo em julho de 1993 foi de 4.639.800,00 cruzeiros, que representava menos de 65 dólares).