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Antonio Imbassahy: plebiscito é arapuca

Artigo do deputado federal Antonio Imbassahy (PSDB-BA) publicado na quarta-feira (10) no Correio da Bahia

antonio-imbassahy-foto-Alexssandro-Loyola-300x200O eco do grito das ruas, que sacudiu o país nas semanas de junho, ainda atordoa os que não souberam ou não quiseram ouvi-lo. Certamente, não será com outras manifestações, tipo chapa-branca, promovidas por centrais sindicais e organizações atreladas ao governo, que calarão os clamores contra a corrupção, a impunidade, por direito a uma escola melhor, uma saúde decente, por segurança, transporte de qualidade, transparência com os gastos públicos e um novo significado para a representação popular na política.

Também não será insistindo na realização de um plebiscito, que aprovaria a realização de uma reforma política oportunista e voltada já para o palanque de 2014, que será satisfeita a vontade de transformações expressa pelos mais de dois milhões de manifestantes em quase 300 cidades brasileiras. Quem abriu os ouvidos e prestou atenção aos acontecimentos, buscando compreendê-los, entendeu muito bem que a forma de se fazer gestão pública e política no país será outra, daqui para a frente. Precisamos resgatar valores, como o respeito à moralidade com a coisa pública, aos compromissos assumidos com o eleitor, à representatividade confiada nos votos.

Esse novo país que emerge das ruas exige a boa aplicação do dinheiro público, redução do número de ministérios, de cargos de confiança e mordomias. Clama ainda por direitos individuais e sociais, sonha com cidades mais habitáveis, com segurança no dia a dia, serviços coletivos de qualidade e reclama uma Justiça mais ágil e igualitária.

As rotas bandeiras vermelhas levadas às ruas não representam essa nova Nação. O pacto proposto pelo Palácio do Planalto a governadores e prefeitos das capitais mostrou-se um engodo, pois não será com soluções improvisadas e autoritárias que resolveremos graves problemas de nossa saúde, de falta de proteção dos jovens contra as drogas, que avançam no país. Menos ainda resolveremos as tão reivindicadas questões de mobilidade urbana com projetos megalômanos como o trem-bala SP-Rio, que consumirá bilhões de reais. Por último, a prioridade açodada e eleitoreira de um plebiscito para impor uma reforma política com viés de hegemonia partidária não passa de uma armadilha, que o Judiciário questiona e a nação esclarecida não aceitará. Até por entender que as bandeiras são outras, como explícito nas redes sociais, no querer das ruas: “Plebiscito não! É saúde e educação!”

Defendemos uma reforma política bem discutida e fundamentada em três pilares: Que aproxime, de fato, o eleitor de seu representante, alguém que ele conheça e possa cobrá-lo; isso será possível com o voto distrital. Uma reforma que fortaleça os partidos, identificados por seu ideário, programas, seus propósitos claros e definidos. Entendemos, por fim, que uma reforma política séria implica na redução ou anulação do poder econômico dos partidos ou dos candidatos na decisão do voto. O eleitor deve pautar a escolha nos princípios partidários e na qualidade do candidato. Essa proposta de plebiscito que o petismo nos quer impor tem ranço de golpe, não passa de uma arapuca, jogada de marketing de um governo sem norte, que não reconhece suas falhas e evita enfrentar o debate sobre problemas reais. O país não acatará.

Reforma política do Executivo é “questão vencida”, diz Figueiró

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Foto: Waldemir Barreto

Em pronunciamento dessa segunda-feira (8/7), o senador Ruben Figueiró (PSDB-MS) disse que a proposta de reforma política sugerida por Dilma Rousseff, a ser iniciada por plebiscito, é uma “questão vencida”, por invadir competência do Legislativo.

Figueiró disse que a proposta de Dilma é “diversionista”, ao desviar a atenção dos problemas vitais que o governo não consegue resolver, e “maquiavélica”, ao tentar passar à sociedade a impressão de que o Legislativo é incompetente para fazer uma reforma política.

Ele lembrou que há dois anos o Senado elaborou uma proposta de reforma política que “dormita” na Câmara. Ele avaliou que aquela Casa deve estar atenta ao “fogo da pressão da ruas” e pôr em votação as proposições como forma de aprimorar os parâmetros da legislação em vigor. O parlamentar também defendeu o voto aberto, por representar, a seu ver, a vontade do eleitor, “a quem devemos nos curvar”.
(Do Jornal do Senado)

“É inadmissível o desvio de foco do plebiscito”, diz Reinaldo Azambuja

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Para Reinaldo, questões essenciais, como mais transparência, não estão contempladas na proposta / foto: Alexssandro Loyola

O deputado federal Reinaldo Azambuja (PSDB-MS) é favorável à reforma política, entretanto, disse que “é inadmissível o desvio de foco do plebiscito” proposto pela presidente Dilma Rousseff. Em notícia publicada no Correio do Estado desta segunda-feira (8/7), o tucano avalia que a proposta é manobra para desviar a atenção dos brasileiros.

Segundo Reinaldo, “o que o povo quer é diminuição dos gastos públicos, fim da corrupção, mais transparência, melhorias do transporte público e principalmente da saúde”, todos tópicos não alcançados pelo plebiscito proposto pelo governo federal.

“Dois grande equívocos num curto espaço de tempo

Alvaro-Dias-Foto-George-Gianni-PSDB-12--300x199Agência Senado – O senador Alvaro Dias (PSDB-PR) disse que não estava contente, mas triste, com o fracasso das propostas de um plebiscito e de uma assembleia constituinte exclusiva, feitas pela presidente da República, Dilma Rouseff.

– Pior que ver o governo derrotado é saber que ele está perdido, confuso, inseguro, pessimamente assessorado – afirmou, acrescentando que a presidente “está num deserto de inteligência”.

Em pronunciamento nesta quinta-feira (4), o parlamentar disse que não há como admitir dois grandes equívocos num espaço tão curto de tempo. Ele criticou a proposta do plebiscito que, além de inviável e inoportuna, tentava transferir o desgaste do governo perante a opinião pública ao Congresso Nacional.

– Como o povo poderia responder a questões complexas com um sim ou um não, sem que antes houvesse um grande debate nacional? – acrescentou Alvaro Dias, para quem a ideia foi “mais um triste capítulo nesta história de descrédito de um governo administrativamente claudicante e politicamente inseguro e confuso”.

No mesmo discurso, o senador pediu que seja colocada em pauta a proposta de emenda à constituição (PEC) que extingue o foro especial para os parlamentares e outras autoridades em casos de crimes comuns. Ele pediu o apoio dos demais partidos à proposta, para ele um grande ponto de desgaste para o Congresso perante a população.

Presidente Dilma insiste em proposta inviável de plebiscito

FOTO-ABr-300x200A falta de acordo entre a presidente Dilma Rousseff e sua base aliada sobre o plebiscito da reforma política comprova a incapacidade do governo petista até na articulação interna. Primeiro surgiu a ideia da Constituinte, derrubada em 24 horas. Depois, passaram a defender como prioridade nacional a realização da consulta popular. Com resistência da própria base aliada, o vice-presidente Michel Temer afirmou ser impossível fazer as mudanças a tempo das eleições de 2014 e depois, sob pressão da presidente, voltou atrás.

Após reclamações da base aliada, o governo reconheceu que a realização de consulta neste ano se tornou inviável. Agora, o Planalto tenta viabilizar a votação no ano que vem para que as regras comecem a valer em 2016. Na avaliação dos deputados Raimundo Gomes de Matos (PSDB-CE) e Antonio Imbassahy (PSDB-BA), as propostas são inviáveis.

“Se estivéssemos vivendo em um sistema parlamentarista, o impeachment da presidente Dilma era fato consumado pela incapacidade gerencial e de articulação política. Na primeira mobilização, reconhecemos a falta da unidade da sua equipe e dos partidos aliados, a ponto do próprio ministro da Justiça e do vice-presidente afirmarem que o plebiscito é inviável”, apontou Gomes de Matos.

O parlamentar considera grave o fato de a presidente insistir no plebiscito – que poderá custar R$ 500 milhões aos cofres públicos – e espera que a população reconheça a impossibilidade de pode viver com um governo autoritário. Gomes de Matos concorda com a avaliação do senador Aécio Neves (MG), presidente nacional do PSDB, de que a ideia de plebiscito nasceu morta.

“O plebiscito nasceu morto e o governo sabia disso. Quando criaram a Constituinte exclusiva, que durou 24 horas, sabiam que ela era inviável. Quando apresentaram uma proposta de plebiscito sobre temas tão complexos em um prazo tão curto, sabiam que era inviável. Era um engodo. Uma forma de desviar a atenção da população das questões centrais”, disse Aécio.

Já o deputado Imbassahy lembra que as reivindicações nas ruas são pelo péssimo sistema de saúde pública, o trânsito que não funciona, a educação que não avança, segurança, entre outros. Enquanto isso, acrescentou, a presidente sugere o plebiscito como a solução para todas as questões. “Esse bate cabeça entre a Dilma, o vice-presidente e os partidos de sua base mostra com clareza que a presidente está desorientada”, ressaltou.

O recuo do governo foi anunciado após uma reunião do vice-presidente Michel Temer com os ministros José Eduardo Cardozo (Justiça), Aloizio Mercadante (Educação) e Ideli Salvatti (Relações Institucionais) e líderes de oito partidos aliados. A falta de apoio no Congresso e os prazos impostos pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para realização do plebiscito foram determinantes para levar o governo a desistir da ideia de realizar a consulta antes de outubro.

Do Portal do PSDB na Câmara

Aécio: “Plebiscito nasceu morto e o governo sabia disso”

IMG_7063Em entrevista, nesta quinta-feira (4), o presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG), destacou o fim da proposta de plebiscito de reforma política, feita pela presidente Dilma Rousseff.

“O plebiscito nasceu morto e o governo sabia disso. O governo, quando criou a Constituinte exclusiva, que durou 24 horas, sabia que ela era inviável. Quando apresentou uma proposta de plebiscito sobre temas tão complexos em um prazo tão curto, sabia que era inviável. Era um engodo. Uma forma de desviar a atenção da população das questões centrais”, disse.

Para o senador mineiro, quem perde com os erros da gestão petista, que falha em discutir assuntos importantes como a mobilidade urbana, saúde, segurança pública e o inchaço da máquina, é a população brasileira.

E criticou: “O que estamos assistindo, infelizmente para o Brasil, é o fim antecipado de um governo que não consegue dar respostas, não consegue mostrar efetivamente que tem disposição. Em primeiro lugar, de reconhecer os seus equívocos, de fazer um mea culpa e iniciar uma fase nova.”

Aécio Neves ressaltou ainda que o partido pretende apresentar, na próxima semana, um conjunto de ideias consensuais para a aplicação da reforma política no país, que incluem a discussão do voto distrital misto, fim das coligações proporcionais e do voto secreto.

“Vamos conversar com outras forças partidárias. Estamos dispostos a construir uma agenda, no Parlamento, para uma reforma política, que atenda ao país, e não ao partido da presidente da República”, concluiu.

Confira os principais pontos da entrevista coletiva de Aécio Neves:

O plebiscito nasceu morto?
Nasceu morto e o governo sabia disso. O governo, quando criou a Constituinte exclusiva, que durou 24 horas, sabia que ela era inviável. Quando apresentou uma proposta de plebiscito sobre temas tão complexos em um prazo tão curto, sabia que era inviável. Era um engodo. Era uma forma de desviar a atenção da população das questões centrais. O governo erra muito e quem perde é a população brasileira. Infelizmente, estamos vendo passar o tempo e as questões centrais, da mobilidade urbana, da saúde de qualidade, da diminuição desse número escandaloso de ministérios e de cargos em comissão, melhoria da qualidade da segurança pública, nada disso acontece no Brasil. O que estamos assistindo, infelizmente para o Brasil, é o fim antecipado de um governo que não consegue dar respostas, não consegue mostrar efetivamente que tem disposição. Em primeiro lugar, de reconhecer os seus equívocos, de fazer um mea culpa e iniciar uma fase nova. O governo velho continua falando para um Brasil novo, que surgiu das ruas.

Fala-se em fazer um plebiscito junto às eleições do ano que vem. Isso parece mais razoável?
O que seria razoável hoje é o governo assumir a sua responsabilidade. O governo tem um mandato que só se encerra no final do ano que vem. O governo tem que garantir financiamento para a saúde, para a educação. O governo tem que cortar os gastos supérfluos, tem que investir nos metrôs das capitais, tem que agir com ética e com decência. É isso que o Brasil quer. Nós, congressistas, temos sim que votar, dentre tantas questões, o tema da reforma política. E nós da oposição defendemos que, votada a reforma política, possamos submetê-la a um referendo junto com as eleições do ano que vem. Isso é racional, isso é bom para o Brasil. O resto é engodo. O resto é um governo que não tem coragem de assumir as suas responsabilidades.

E fazer uma reforma política fatiada, ou seja, votar os projetos aos poucos como vem se falando?
Acho que esse é o único caminho. Até porque a maioria que você tem para determinado tema não é exatamente a mesma maioria que você tem para determinada outra questão. O PSDB estará apresentando na próxima terça-feira, em uma reunião da sua Executiva, um conjunto de ideias consensuais no partido. Vamos conversar com outras forças partidárias já na próxima semana e estamos dispostos a construir uma agenda, no Parlamento, para uma reforma política. Veja bem, que atenda ao país, e não ao partido da presidente da República.

E como o Sr. vê a questão das outras metas, dos outros pactos que foram propostos pela presidente? Tem algum saindo efetivamente? Eu, talvez até ingenuamente, acreditei na proposta de um pacto. Fui à tribuna, como presidente do maior partido de oposição, apresentei uma agenda à presidente da República. Uma agenda na qual muitos dos temas dependiam da sua própria vontade pessoal. E aguardava, obviamente, que a presidente da República chamasse a oposição para dialogar.

Se você quer um pacto com o país, você de chamar aqueles que tiveram quase metade dos votos nas últimas eleições. Não. Ela preferia fazer um pacto com aqueles que dizem amém.

A presidente chamou governadores e prefeitos de estado e constrangeu a todos porque só ela teve direito à palavra. Não foi um diálogo. Foi um monólogo. Chamou um segmento da sociedade que o governo controla. Muitos que recebem mesada do governo. E ignorou segmentos políticos que representam metade da população brasileira. O PSDB governa metade da população do Brasil através de seus governos. Nas últimas eleições, no primeiro turno, a presidente teve menos da metade dos votos. Lamentavelmente, não era um pacto, era uma forma de mais uma vez transferir as responsabilidades que são dela, que são do seu governo, do seu partido que governa o Brasil há dez anos e seis meses para o Congresso Nacional.

E voltou como um bumerangue. A proposta equivocada, o erro na verdade, tem uma velocidade própria. E a presidente da República está conhecendo a velocidade do erro. A Constituinte durou 24 horas e a proposta do plebiscito não durou duas semanas.

Em relação à questão do voto secreto, o presidente Renan disse que não vem para o plenário tão cedo, e uma outra questão seria em relação à oposição, que não estaria de acordo em acabar com o voto secreto em todas as votações. Defendemos, há muito tempo, o fim do voto secreto. Em todas as votações. Com uma exceção que eu pessoalmente acho que tem de haver. Na votação de vetos. Porque preservar o voto secreto na derrubada de um veto presidencial é preservar o parlamento das pressões do Poder Executivo. Porque com o voto aberto na maioria grande que o governo tem, é muito difícil de ser derrubado. Então, em todos os outros casos os votos não devem ser secretos porque a lógica nos vetos é a lógica inversa. O voto secreto preserva a vontade do parlamentar, a decisão pessoal do parlamentar, e inibe essa decisão de pressões do Poder Executivo. Portanto, defenderemos, a partir da próxima semana, o fim do voto secreto em todas as votações, preservando no veto para que não haja pressão do governo federal.

Houve algum conversa do PSDB com o presidente Renan sobre isso?
Ainda não porque o PSDB vai reunir na terça-feira, pela manhã, sua Comissão Executiva e vai apresentar um conjunto de propostas em relação à reforma política que vão do voto distrital misto, passando pelo fim das coligações proporcionais, pela cláusula de barreira e também pelo fim do voto secreto. Mas vamos detalhar isso, obviamente, a partir da aquiescência dos meus companheiros da direção nacional do partido na próxima terça-feira.

Figueiró: “Plebiscito da Dilma é lugar comum”

Ruben-Figueiro-foto-Ag-senado--300x200O senador Ruben Figueiró (PSDB-MS) disse que a sugestão da Presidência da República para o plebiscito ficou “longe, muito longe, do que o povo esperava”. O tucano ressaltou que o brasileiro quer o fim da corrupção, medidas capazes de reduzir o custo de vida, facilidade de transporte, transparência nos gastos das autoridades públicas e redução das despesas com a supressão de ministérios, “criados para atender o apetite de facções políticas. E nenhuma destas indagações constam da proposta plebiscitária”, disse.

Figueiró ressaltou que sem dúvida a reforma política é importante, mas que diante do clamor das ruas, ela é apenas um acessório. Ele destacou que esperava um conteúdo mais robusto para as questões do plebiscito encaminhadas hoje pelo Palácio do Planalto ao Congresso Nacional.

“Eu esperava que as sugestões fossem sobre temas de maior abrangência política para o país, como por exemplo sobre o sistema de governo, se parlamentarista ou presidencialista”, disse.

Para o senador sul-mato-grossense, poderia se usar a oportunidade da consulta popular para também discutir questões como a conveniência do pluripartidarismo, pois ele não identifica posição ideológica e doutrinária na maior parte das agremiações partidárias. Figueiró ainda defendeu que o debate seja ampliado para questões de ordem econômica e social, como a reforma tributária e a previdenciária.

“O que veio é de um lugar comum, com exceção apenas no que diz respeito ao voto por legenda e o distrital e o fim do voto secreto no Parlamento”, afirmou Figueiró referindo-se às perguntas propostas para o plebiscito.

“Povo não precisa de plebiscito para ser ouvido”, por Carlos Roberto

Carlos-Roberto-Foto-Ag-Camara--300x200Perdida em meio à voz das ruas, talvez até pela prepotência que lhe é peculiar, a presidente Dilma Rousseff (PT) não cansa de fazer trapalhadas para se safar de suas responsabilidades. Numa tentativa desesperada de tirar proveito da situação, demonstrando sua incapacidade como gestora, ela anunciou uma reforma política, por meio de uma Assembleia Constituinte, depois de um plebiscito a ser feito às pressas. Como agiu sem pensar, menos de 24 horas depois, o governo federal já se redimia da infeliz declaração da presidente, buscando outras alternativas.

No entanto, Dilma insiste na realização de um plebiscito para ouvir a opinião da população sobre questões particulares da reforma política, sem – no entanto – se atentar que não é nada disso que as ruas pedem. O governo federal atropela o momento, já que seria bastante temerário jogar para o povo, de uma hora para outra, temas ainda não assimilados nem por aqueles que acreditam estar mais politizados.

Não dá para querer que a população, neste instante de comoção e revolta, busque análises mais profundas sobre a adoção no Brasil do voto distrital ou voto misto, financiamento público de campanhas, reeleição, entre outros temas relevantes e que merecem ser debatidos e incorporados a uma nova realidade nacional. Dilma também não leva em consideração o alto custo para a realização de um plebiscito, nem tampouco o calendário político brasileiro. O Tribunal Superior Eleitoral já concentra esforços para as eleições de 2014, daqui a pouco mais de um ano.

Mudanças no sistema eleitoral, para vigorar no ano que vem, devem ser decididas ainda em 2013. Qualquer modificação neste sentido feriria a Constituição e poderia, aí sim, ser considerado um golpe, que acaba desenhado justamente pela presidente Dilma e suas declarações insanas. Cabe ao Congresso Nacional, que na semana passada demonstrou estar sintonizado com as reivindicações populares, quando encaminhou – conforme a vontade das ruas – importantes questões, debater e levar adiante a tão necessária reforma política.

Mas isso não pode ser realizado de forma atropelada. Muito mais eficaz do que um plebiscito, é a realização de um referendo, quando a população vai aprovar ou reprovar as mudanças avaliadas e debatidas por deputados e senadores, estes sim – dentro do regime democrático – os representantes da população. Aliás, o melhor e mais eficiente plebiscito já tem data marcada: 5 de outubro de 2014. Neste dia, a população – muito mais consciente e atenta após as manifestações deste outono/inverno de 2013 – vai dizer sim ou não aos políticos. Ou seja, quem trabalha e quem ouve as ruas não terá o que temer.

 

*Deputado federal (PSDB-MG) e presidente da Subcomissão de monitoramento das políticas de financiamento dos bancos públicos de fomento, com destaque ao BNDES.

PT de Dilma usa plebiscito para se perpetuar no poder

Aloysio-Nunes-Foto-George-Gianni-PSDB-1-300x199O líder do PSDB, senador Aloysio Nunes (SP), disse nesta sexta-feira (28) que a proposta apresentada pela presidente Dilma Rousseff para realização de um plebiscito sobre a reforma política tem como único objetivo desviar a atenção da população sobre os reais problemas do país como a inflação e a baixa estimativa de crescimento em 2013.

Em pronunciamento que se transformou em um verdadeiro debate sobre propostas que podem melhorar o sistema político brasileiro, o parlamentar fez um apelo aos presidentes da Câmara, Henrique Alves (PMDB-RN) e do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), para reunir os líderes e decidir quais projetos já em tramitação merecem a atenção do Congresso.

Entre as propostas apoiadas pelo senador estão a PEC 40/2011, que veda coligações de partidos em eleições proporcionais (deputado federal, deputado estadual e vereador); e a PEC 2/2007, que trata da chamada cláusula de barreira. A medida autoriza distinções entre partidos políticos, para fins de funcionamento parlamentar, com base no seu desempenho eleitoral.

– Não adianta ficarmos neste frenesi legislativo. Medidas simples, ao alcance de nossas mãos, poderiam melhorar muito o quadro político – disse Aloysio Nunes.

Segundo Aloysio Nunes, o PT quer por meio do plebiscito impor um modelo eleitoral que garanta sua perpetuação no poder. Ele criticou duas propostas apoiadas pelo partido: financiamento público de campanha e lista fechada. Para o líder do PSDB, a primeira não acabará com o financiamento privado, que passará a ser feito “por baixo do tapete”. A segunda proposta, conforme o senador, vai contribuir para afastar os representantes dos eleitores.

– Não vou entrar nesta pauta furada, que esconde a intenção de políticos de usar o fogo das ruas para assar suas sardinhas – criticou Aloysio.

Economia – Aloysio Nunes disse ainda que o pano de fundo das manifestações no país é o descontetamento do brasileiro com um cenário de crescente inflação. O senador observou que o Banco Central elevou nesta quinta-feira (27) sua estimativa para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que baliza o sistema de metas de inflação do governo brasileiro.

A previsão oficial do Banco Central para o IPCA em 2013, que até março deste ano estava em 5,7%, passou para 6%. O BC também derrubou a projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) para este ano, de 3,1% para 2,7%.

– Esse conjunto de problemas é que deveria estar na mesa da presidente Dilma hoje – disse.

Agência Senado/Portal da Liderança do PSDB no Senado

“Em outro planeta”, análise do Instituto Teotônio Vilela

Análise do Instituto Teotônio Vilela

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“A lista de problemas reais e dificuldades enfrentadas cotidianamente pelos cidadãos é extensa o suficiente para demonstrar que o governo petista está completamente fora de órbita”

O Brasil está indo à lona, mas a presidente da República só quer tratar de um assunto: impor um plebiscito que cuidará, entre outras coisas, de definir se o país terá voto distrital misto ou puro, em lista fechada ou não. Que planeta Dilma Rousseff pensa que está governando?

Chega a ser surreal que, após a bela manifestação de cidadania demonstrada por milhões de brasileiros nas três últimas semanas, a resposta que o mundo oficial tenha a oferecer seja uma discussão extemporânea e alienada dos reais problemas da nação. Soa quase como escárnio ao desejo expresso pelos cidadãos.

Fica claro que o governo e o PT insistem no plebiscito – que pode chegar a custar R$ 2 bilhões, segundo O Globo – porque querem ludibriar a opinião pública e tentar manobrar as massas. É puro diversionismo para desviar o foco dos reais problemas do país, como destacou ontem a oposição em nota oficial assinada por PSDB, PPS e DEM.

Pior ainda, o plebiscito é uma mal disfarçada tentativa dos petistas de impor mudanças que fortaleçam o partido que detém o poder e cerceiem ainda mais as chances das correntes oposicionistas. Pretendem fazer isso na lei ou na marra, como mostram movimentos recentes de seus líderes.

Anteontem, Dilma disse a sindicalistas que, com seus “pactos” vazios, quer “disputar a voz das ruas”. No mesmo dia, Lula avisou que convocará os movimentos sociais aparelhados nos últimos anos pelo petismo a sair do sofá – ontem mesmo, UNE, UJS e assemelhados começaram a cumprir a ordem, sem muito efeito, porém.

O PT também já ameaça com casuísmos como a redução de prazos para que as mudanças eleitorais tenham validade, hoje de no mínimo um ano. Para tanto, propõe uma emenda constitucional, já que para o partido dos mensaleiros a lei maior do país é apenas um mero detalhe.

De prático, após uma frenética rodada de conversas – em poucos dias nesta semana Dilma teve ter falado com mais gente do que em anos de governo – a presidente disse ontem que encaminhará uma proposta ao Congresso na terça-feira com pontos que pretende ver contemplados no plebiscito. Muito mais adequada, a alternativa do referendo foi rechaçada por ela.

A pauta oficial coincide, surpresa!, com o que prega o PT. Os famigerados financiamento público (o seu, o meu, o nosso dinheiro paga as campanhas dos políticos) e voto em lista fechada (o eleitor vota, mas é o partido que escolhe quem vai ou não se eleger), por exemplo, provavelmente estarão lá. O fim da reeleição certamente não estará.
O mais deplorável disso tudo é ver a agenda real do país paralisada por uma discussão que pode até ser importante, mas é absolutamente secundária neste momento. Imagine a dona de casa lá do rincão, em pânico com a inflação e com a escola ruim do filho, tendo que escolher entre um “sim” e um “não” a esquisitices como voto proporcional, voto distrital, voto distrital misto e entre voto em lista aberta ou lista fechada…

O país está indo ladeira abaixo, mas disso não se ouve patavina da presidente da República. Ontem mesmo, o Banco Central divulgou seus prognósticos para os próximos meses: a inflação de 2013 vai ser maior que a do ano passado e o crescimento, menor que o até agora previsto. Há quem já aposte numa taxa próxima de zero, com possibilidade até de retração do PIB no fim do ano, como mostra Claudia Safatle na edição de hoje do Valor Econômico.

A agenda real do país não inclui apenas a carestia que corrói os salários. Contempla também a melhoria da péssima saúde pública brasileira, para a qual a resposta de Dilma é a importação de médicos. Note-se que, para mostrar que dão conta da complexidade local, os estrangeiros passarão por uma avaliação de três meses – alguém aí falou nos quase dez anos que um médico brasileiro estuda antes de começar a clinicar?

A lista de problemas reais e dificuldades enfrentadas cotidianamente pelos cidadãos é extensa o suficiente para demonstrar que o governo petista está completamente fora de órbita quando impõe ao país, nesta altura do campeonato, um plebiscito sobre reforma política. Isso é coisa de lunáticos ou, mais provavelmente, de gente muito mal intencionada e que não está nem aí para os brasileiros. Ou é farsa ou é golpe.