Juiz eleitoral diz compreender “que possa existir temor por candidatos que, de alguma forma, tenham seu nome ou sua imagem envolvidos em escândalos”
Lembrando os tempos de repressão e censura da ditadura, o candidato Delcídio do Amaral (PT), seu vice Londres Machado e a coligação “MS Com a Força de Todos” tentaram impedir a realização do movimento popular batizado de “Ato contra a Corrupção”, que reuniu cerca de 300 pessoas, na quarta-feira (17), nas ruas de Campo Grande. Durante o ato, o movimento apoiado por sindicatos e partidos políticos pediu ao MPF (Ministério Público Federal) que o senador petista seja investigado por possível participação no maior esquema de corrupção da história do Brasil, onde foram roubados cerca de R$ 10 bilhões da Petrobras, empresa da qual ele foi diretor. A coligação e o candidato Delcídio do PT apresentaram dois pedidos de providências para censurar o protesto, mas foram barrados pela Justiça.
O juiz David de Oliveira Gomes Filho, da 36ª Zona Eleitoral, indeferiu os dois pedidos e apenas determinou, por cautela, que a autoridade policial fosse comunicada do evento para prevenir eventuais atos de violência. “Antes de mais nada deve ser registrado que a época de campanha eleitoral não impede que manifestações populares contra a corrupção ou em defesa dos direitos elementares da sociedade aconteçam. Pelo contrário, não há momento melhor para que reflexões acerca dos problemas sociais ocorram. Isto favorece a escolha consciente dos eleitores”, diz o magistrado, em sua decisão.
Censura do PT
Para o magistrado, é compreensível “que possa existir temor por candidatos que, de alguma forma, tenham seu nome ou sua imagem envolvidos em escândalos”. Ele declarou também que não cabe ao juiz eleitoral, no exercício do poder de polícia, censurar atos cívicos na mera presunção de que eles seriam desvirtuados para fins eleitoreiros.
No ato público contra a corrupção, os manifestantes cobraram de Delcídio do PT uma posição pública sobre o desafio lançado pela Coligação Novo Tempo, em nota publicada à imprensa, na qual questionam o senador se ele está sendo ou não investigado pela Polícia Federal, pela Procuradoria Geral da República e pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Até agora, Delcídio permanece em silêncio quanto ao assunto.
O grupo se reuniu no cruzamento da avenida Afonso Pena com a rua Espírito Santo e seguiu em marcha até a sede do MPF-MS, onde protocolou pedido de investigação sobre a participação do petista no esquema de desvio de dinheiro da maior estatal brasileira. O documento recebeu o número 00017290/2014.
Propinobrás
Delcídio é um dos nomes citados pelo ex-diretor de abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa como um dos beneficiados pelo esquema de roubo de dinheiro da Petrobras, conforme publicou a revista IstoÉ.
Segundo os números de suas próprias prestações de conta, Delcídio do PT recebeu R$ 5.722.000,00 para sua campanha deste ano vindo de empresas investigadas pela Polícia Federal por pagarem propinas em contratos da Petrobras, empresa da qual o próprio senador foi diretor.
Vale lembrar que quando as doações foram feitas à campanha, via diretório nacional, Delcídio já tinha conhecimento público de que as empresas doadoras eram investigadas por suposta participação no esquema de corrupção, uma vez que a notícia já havia sido veiculada pela mídia nacional.
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Assessoria de Imprensa Reinaldo Azambuja
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