Em apartes ao pronunciamento do presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG), na tarde de terça-feira (26), senadores de diferentes partidos manifestaram apoio à iniciativa do tucano, que apresentou uma série de propostas elaboradas pela oposição em resposta às reivindicações das manifestações populares que tomaram o Brasil nas últimas semanas.
Para o líder do PSDB no Senado, Aloysio Nunes (SP), o discurso de Aécio foi resumido com muita “clareza, objetividade e precisão”.
“Uma pauta política imediata, de aplicação imediata para resposta para os problemas que o país vive. Que contraste com o discurso da senhora presidente da República, que anunciou promessas de terrenos na lua, para eximir-se de assumir as suas próprias responsabilidades, responsabilidades pela administração e pelo governo”, afirmou.
Segundo o senador Cícero Lucena (PSDB-PB), o pronunciamento “demonstra a sensibilidade e o compromisso de discutir nesta Casa, de forma democrática, os problemas que nós temos no Brasil, cada um assumindo o seu papel e encontrando, de forma rápida, as suas soluções”.
O senador Cyro Miranda (PSDB-GO) frisou a importância da participação da oposição na construção de novas políticas.
“Se a presidenta tivesse uma atitude republicana ela os convidaria. Por que não chamar a oposição? Nós estamos aqui para colaborar! Fazer aquele jogo de cena de ontem, de reunir os governadores, e vir com um prato pronto, não deixando aquilo ser discutido. O que ela quis? Quis chamar todos à mesma responsabilidade, o que não é verdade. Todos nós temos responsabilidades, mas não no mesmo nível”, salientou.
O senador Cássio Cunha Lima (PSDB-PB) acredita que parte da crise vivida pelo país tem sua origem “nítida” no modus operandi do PT.
“A população já não suporta mais esse Estado perdulário, inchado, incapaz, incompetente, que não consegue responder às demandas do dia a dia, do quotidiano das pessoas em educação, segurança, transporte, saúde, porque deixou de ter um projeto de país para construir um projeto de poder, que fica vislumbrado de forma nítida com os 39 ministérios. Pois bem, o Brasil cor de rosa acabou”.
Já o senador Flexa Ribeiro (PSDB-PA) destacou a falta de consonância entre a voz que emana das ruas e as propostas apresentadas por Dilma Rousseff na segunda-feira (24).
“Em hipótese nenhuma aquilo veio responder aos anseios da nação brasileira, a que todos nós estamos assistindo ao longo de mais de 30 dias”, apontou.
Apoio – Nem só de tucanos veio o apoio ao discurso de Aécio Neves. Parlamentares da oposição e até mesmo da base aliada do governo federal referendaram as propostas do presidente do PSDB.
Para o senador Agripino Maia (RN), presidente nacional do Democratas, o discurso verbaliza com precisão a voz das ruas.
“Se a presidente fez um pronunciamento para um país em calma, nós estamos entendendo que o país está inquieto. E urge, urge que providências aconteçam rapidamente. E pela nossa ação elas acontecerão”, disse.
“Essa insatisfação generalizada, não é por causa de R$0,20 de aumento nas passagens, não. Isso foi somente o copo d’água que transbordou”, adicionou o senador Zezé Perrella (PDT-MG).
De acordo com o senador Pedro Taques (PDT-MT), a fala de Aécio tocou em pontos significativos: “Não há de se falar em reforma política sem reforma do pacto federativo, não há de se falar em reforma política sem as reformas que o senhor aqui trouxe”.
O senador Cristovam Buarque (PDT-DF) completou: “O senhor disse que, ao ouvir o discurso da presidente, tem a sensação de que o Brasil velho fala para o Brasil novo, que nasce nas ruas. Eu assino embaixo”.
Reforma política – O senador Francisco Dornelles (RJ), presidente nacional do PP, concordou com a oposição de Aécio em relação à constituinte exclusiva para a reforma política.
“Procura-se, com isso, modificar a Constituição, o ordenamento jurídico do país, ignorando a Constituição, agredindo a Constituição, agredindo a ordem jurídica do país. Além disso, é um precedente, é um mecanismo, é uma metodologia chavista de governar”, avaliou.
Para a senadora Ana Amélia (PP-RS), todas as contribuições na elaboração de propostas para o país são bem vindas: “Oposição e governo, temos que ter a responsabilidade e, sobretudo, o respeito pelas opiniões divergentes reinantes nesta Casa. E acho que a oposição tem, sim, a responsabilidade de dar uma boa contribuição à solução desses problemas que nós estamos vivendo”.
Já o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) disse que está ao alcance do Congresso a apreciação da reforma política pelos meios tradicionais: emenda à Constituição ou projeto de lei, para que somente depois fosse submetida a um referendo ou plebiscito.
“Se houver uma determinação de todos nós senadores e deputados federais, estará ao nosso alcance apreciarmos e votarmos as diversas propostas de emenda à Constituição e projetos de lei referentes à reforma política, inclusive para levar em consideração o próprio documento que está sendo encaminhado para a coleta de assinaturas pelo Movimento de Combate à Corrupção e Eleições Limpas”, completou.