Se por um lado o Tucanafro (Secretariado do Negro e das Etnias) pertencente ao Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), por outro, a importância de sua causa o tornou apartidário. O Secretariado visa contribuir com a luta da legenda em prol da implantação de políticas públicas para o negro e pela igualdade sociorracional, seguindo o exemplo de outros secretariados temáticos criados pelo partido, como o PSDB Mulher, Juventude Tucana e o PSDB Sindical.
O Tucanafro foi criado com o intuito de trazer uma concepção inovadora de fazer política. Nesta semana, o Jornal Liberdade entrevistou o presidente estadual do Tucanafro de Mato Grosso do Sul, o jornalista Rafael Domingos, que já celebra importantes avanços na política pública para o negro.
Jornal Liberdade – O que é e qual o foco do Tucanafro?
Rafael – O Tucanafro é o secretariado de politicas públicas para a promoção da igualdade racial, já existe no quadro do partido como secretariado em todos os estados do país. No ano passado foi instituto aqui no Mato Grosso do Sul pela sensibilidade do deputado Reinaldo Azambuja, então presidente estadual do partido. É uma determinação do PSDB Nacional, do senador Aécio Neves, presidente nacional do partido.
O foco é a inclusão racial, hoje quais são as políticas públicas para o negro, quase nada. Hoje no estado nós temos a coordenadoria, com professora Raimunda à frente, só que nós não temos muitas ações. Existem vários núcleos, como a Tia Eva, a São Benedito, que fazem trabalhos assistenciais, só que não tem nenhuma entidade que consegue agregar a todas elas.
O que exatamente defende o Tucanafro?
Rafael – Nós não queremos algo específico só para o negro, o negro é a nossa bandeira, só que o menos favorecido entra nessa também. Temos a noção de que, na mesma forma que se tem o negro que necessita de um suporte educacional, existe o branco menos favorecido, assim como existe a mulher, o índio, e outros que precisam ser agregados.
Quais foram os avanços já conquistados em MS?
Rafael – Nós apresentamos um projeto de lei para a vereadora professora Rose, que já foi aprovado, que é a frente parlamentar da promoção da igualdade racial. Através deste, iremos começar a criar ferramentas, ações e leis. Recentemente, o prefeito Gilmar Olarte fez uma reunião com os membros da comunidade negra, ele sinalizou a criação de uma subcoordenadoria da promoção e da igualdade racial.
Estamos fechando um projeto que é para ser apresentado à secretária de educação de Campo Grande, dentro deste, além de palestras para motivar alunos, nós vamos ter também psicólogos para quem quiser fazer um acompanhamento. É um projeto ousado, mas tem que ter, estamos nos espelhando no projeto do bullying da vereadora Rose. Tudo que deu certo em Minas, Brasília e São Paulo, nós estamos trazendo aqui para o estado, estamos reorganizando e readaptando para atender a nossa realidade.
O que podemos esperar do Tucanafro?
Rafael – A sociedade pode esperar um secretariado que vai ouvir a população, que vai ouvir a comunidade, os bairros, os núcleos. Estamos fazendo reuniões nas comunidades justamente para ouvir os anseios e buscar por melhorias, tudo que o Tucanafro está implantando, quer implantar e está propondo, nasceu em reuniões de bairros e da necessidade dessa população.
O Tucanafro não tem cor partidária, a nossa bandeira é a igualdade racial, se você chegar para mim e dizer que é do PT, por exemplo, mas que quer participar do movimento, então vem, vamos participar. Estamos fazendo agora a coalisão, para começar a conquistar nosso espaço nós temos que atuar em conjunto, independente de partido. Nós precisamos da união de todos os partidos, é um projeto que partiu do PSDB, mas que é importante, nós não podemos deixar de lado a comunidade negra, nem o branco menos favorecido.
(Entrevista realizada por Andre Farinha e publicada no site JLNews.com.br)