O Secretariado Nacional da Militância Negra do PSDB – Tucanafro Brasil – comemora seu aniversário neste sábado (23). O núcleo tem atingido o objetivo de aproximar os negros da política nacional e também na formulação de políticas com a ajuda da população negra. Na eleição de outubro o Tucanafro já registrou 11 candidatos a deputados – estaduais e federais – em todo o país, com o intuito de aumentar a representatividade da população negra na política.
Nos cargos públicos, os negros ainda estão longe de terem presença realmente ativa. Na atual legislatura, dos 513 deputados federais apenas 43 (8,5%) se autodeclaram pretos. Dos 27 governadores, apenas um é negro. E entre os 39 ministros, apenas dois, sendo que uma delas cuida da Secretaria de Promoção da Igualdade Racial.
A conscientização de pessoas é outro foco do segmento. Sempre presente em todo o país, a militância negra do PSDB busca desmistificar a ideia de que não há racismo no Brasil, para assim buscar alternativas para diminuir o problema.
Além de apartado da política o negro também sofre com salários mais baixos, tem menos oportunidades de empregos e é a maior vítima da violência. Entre 2002 e 2012, segundo o Mapa da Violência, o número de homicídios de negros aumentou 38,7% no Brasil. Assim, 70% dos assassinatos no país são de pessoas negras ou pardas. Entre os jovens, a cada não negro assassinado, morrem três negros. Entre as mulheres, 61% das assassinadas são negras.
Para mudar a realidade, o Tucanafro tem trazido cada vez mais a pauta da igualdade racial para dentro do partido. Recentemente, o presidente do Tucanafro Brasil, Juvenal Araújo, se reuniu com Aécio Neves para entregar as demandas do secretariado para seu plano de governo. “Nosso trabalho tem tido êxito. Além de termos muitos parceiros – tanto negros e não negros na luta por conscientização -, os políticos do PSDB dão todo suporte e atenção para a nossa causa. Conhecem bem o problema, e estão realmente interessados em trabalhar pela igualdade racial e social no Brasil,” diz.
O pioneirismo dos tucanos na atuação contra o racismo começou quando Fernando Henrique Cardoso assumiu a presidência e se comprometeu a trabalhar contra o problema, até então pouco discutido. “O PSDB tem a obrigação de defender as políticas compensatórias. Nós fomos os primeiros a declarar publicamente que temos compromisso com os negros”, ressaltou o ex-presidente.
Foi FHC quem assinou o decreto nº 4.228, instituindo no âmbito da Administração Pública Federal o Programa Nacional de Ações Afirmativas, estabelecendo percentuais de participação de afrodescendentes no preenchimento de cargos em comissão (DAS). Entretanto, o decreto foi revogado em 2003, e só depois de 11 anos o governo retomou a discussão sobre cotas em concursos públicos.
Aécio Neves também é reconhecido como um político engajado pela luta por igualdade. Em 2001, como presidente da Câmara dos Deputados, instalou a Comissão Especial do Estatuto da Igualdade Racial.
Em 2004, durante o seu governo em Minas, estabeleceu o sistema de cotas e reserva de 20% das vagas para negros na UEMG e na Universidade de Montes Claros. Foi também a partir do governo de Aécio que as comunidades quilombolas ganharam visibilidade. Uma das ações realizadas foi o programa de alfabetização “Cidadão Nota Dez”, que formou e remunerou professores quilombolas para alfabetizar integrantes da própria comunidade, assegurando que a cultura permanecesse preservada.
Segundo Juvenal Araújo, para os próximos anos as expectativas são muito boas. “Com Aécio Neves na presidência do Brasil, o negro terá vez, será mais lembrado, não haverá só marketing do governo federal. Não podemos mais assistir de forma passiva o genocídio de negros que acontece hoje em nosso país,” conclui.