O 1º vice-líder do PSDB na Câmara, deputado Nilson Leitão (MT), disse durante o depoimento de Graça Foster na CPI da Petrobras que a ex-presidente da estatal está protegendo alguém. Depondo pela primeira vez após deixar o comando da empresa, Foster voltou a negar que tivesse conhecimento de corrupção na petroleira. “Eu, sinceramente, não acredito que a senhora seja desonesta financeiramente, mas acredito muito que a senhora está sendo muito leal e protegendo alguém que deve muito”, disse o tucano.
O parlamentar afirmou que a maioria das CPIs acabam se frustrando exatamente “por proteções de ‘a’ ou ‘b’”. Em seguida, Leitão afirmou que era preciso ser esclarecido se o amor de Foster pela Petrobras era maior que o amor que ela sente pelo PT e pelo governo. A ex-presidente, que chegou à CPI escoltada por parlamentares petistas, garantiu que sim, “mil vezes maior”. Mas, na avaliação do tucano, é impossível que os brasileiros acreditem que havia um enorme movimento de dinheiro sendo desviado, com pagamentos de propinas equivalentes a 3% dos contratos da empresa, e “ninguém sabia de nada”.
Pouco antes da fala do deputado, Foster havia falado que a Operação Lava Jato atrapalhou a produção da Petrobras. “Para mim a operação foi a solução para estancar a corrupção exacerbada que vinha acontecendo há anos na empresa”, rebateu o tucano. Pouco depois, a ex-presidente admitiu que a operação da Polícia Federal “fez um bem imenso à Petrobras, apesar de todos os transtornos que tem ocorrido”.
Tapa na cara dos brasileiros – O deputado disse ainda que é preocupante a declaração de Foster de que a empresa cometeu um erro ao divulgar o valor inicial da refinaria Abreu e Lima como sendo de US$ 2,5 bilhões. A refinaria acabou custando US$ 18 bilhões. “A Petrobras não pode cometer um erro desses. Isso é um tapa na cara de qualquer brasileiro. É como se fossemos todos idiotas”, criticou Leitão.
O tucano lembrou que, em delação premiada, Shinko Nakandakari disse que houve pagamento de propina em contratos firmados pela diretoria de Gás e Energia no período em que Foster esteve à frente da área. “A Petrobras foi tomada de assalto sob o seu comando. Se a senhora não teve culpa de fato, mas está tendo culpa na omissão, por ser alguém que quer encobrir algo”, disse o parlamentar, ao garantir que a CPI quer chegar ao seu final “sabendo quem são os culpados”.
Maus gestores – Ao ser questionada pelo tucano se Aldemir Bendine foi uma escolha acertada para substitui-la na presidência da empresa, Foster demorou a responder. Após pensar um pouco disse que “tem horas que a empresa precisa de um financista em seu comando”. Em seguida, questionada por um outro deputado, Foster admitiu: “não tenho dúvida que a Petrobras merecia um gestor melhor que eu”.
Do PSDB na Câmara