Brasília (DF) – A bancada do PSDB no Senado votou unanimemente na noite desta quarta-feira (30) contra a urgência na votação do projeto de lei que trata das medidas de combate à corrupção. O pacote, que foi aprovado ontem na Câmara dos Deputados, sofreu diversas alterações. Todos os senadores tucanos presentes no plenário votaram contra o requerimento de urgência que tinha como objetivo acelerar a análise do pacote, sem que tramitasse pelas comissões da Casa.
O senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) defendeu a necessidade de um amplo debate da matéria em virtude da importância do projeto para o combate à corrupção no país.
“Nós estamos vivendo um momento de muita intranquilidade no país, esta semana. A votação que foi efetivada na Câmara não foi bem digerida pela população, já estourando movimentos em todas as partes”, disse o tucano, alertando sobre a necessidade de realizar uma discussão mais aprofundada da matéria.
O líder do governo no Senado, Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), também encaminhou seu voto contrário ao requerimento de urgência. “Sou contra essa matéria. Não nos coloquemos na contramão da opinião pública brasileira. Vamos verificar que existe vida lá fora, que não há apenas vida no plenário”, destacou.
Por 44 votos a 14, o requerimento foi derrubado no plenário da Casa e agora segue para a Comissão de Constituição de Justiça, onde começa a tramitar no Senado. Com a rejeição, o Senado ganha tempo para analisar a matéria e dar sua contribuição.
No texto aprovado, foi incluída uma emenda pelo líder do PDT na Casa, deputado Weverton Rocha (MA). O objetivo da proposição é fazer com que integrantes do Ministério Público (MP) possam responder por abuso de autoridade em caso de ação incompatível com o cargo. Foram também retirados do projeto o fim da prescrição de crimes de desvios de recursos públicos e a criminalização do enriquecimento ilícito de servidores públicos.
O senador Antonio Anastasia (PSDB-MG) criticou a tentativa de aceleração da matéria e afirmou que o partido ajudou a evitar que uma “manobra absurda” ocorresse ontem. “Mas vamos continuar atentos. Deixo claro: não participarei de nenhuma insensatez. O Senado deu um sinal claro de que está disposto a corrigir equívocos. Para isso, contem comigo. Para manobras sem sentido, não”, disse.
O senador Paulo Bauer (PSDB-SC) também se manifestou contra, afirmando que o projeto será analisado “com calma” e os ajustes necessários serão feitos “ouvindo a sociedade”.