Quando fui para Brasília, em 1991, exercer o meu primeiro mandato de Deputado Federal, a Eletronorte disponibilizava energia à CELPA na UHE – Tucuruí e nas Subestações de Vila do Conde, Utinga e Marabá. Daí, no meu primeiro pronunciamento na Câmara dos Deputados, pedir a imediata transferência da sede da Eletronorte para Belém, não só por entender que isso era o certo, mas para que houvesse respeito ao Pará, uma vez que a UHE – Tucuruí era no Pará mas a sua energia ia para os estados do Nordeste, em detrimento dos municípios paraenses que continuavam as escuras ou atendidos por grupos-geradores. E, adiante, disse da necessidade de se construir um Linhão da Eletronorte, ao longo do traçado da Transamazônica, para levar a energia de Tucuruí àquela região e à fábrica de cimento de Itaituba, que estava pronta há mais de 10 anos e não funcionava por falta da energia.
Começava, ali, a grande batalha que seria a luta pela implantação do projeto TRAMOESTE e que acrescentaria novos pontos de entrega de energia em Altamira, Uruará e Rurópolis.
Já no meu segundo mandato, no discurso de agradecimento pela inauguração do Tramoeste, em 15/06/1998,disse que o Pará, devido a sua grande dimensão territorial, não poderia ter apenas sete pontos de entrega à CELPA, até porque a energia precisava chegar firme e de boa qualidade nos municípios do Sudeste do Pará, onde, na época, ocorria muita queda de tensão; além da necessidade de se levar essa energia à Ilha do Marajó e Baixo-Amazonas, que, como hoje, ainda, são atendidos por grupos geradores. E assim, no final dos anos 90, construiu-se o linhão de Utinga à Santa Maria do Pará, onde foi disponibilizado o oitavo ponto de entrega de energia à CELPA, em 138 Kvolt.
Agora, com o Sistema Tucuruí-Manaus/Macapá, a CELPA passa a ter o nono ponto de entrega na Subestação de Oriximiná que viabiliza levar a energia do Sistema Interligado aos municípios da Calha Norte. Este seria um momento para se festejar. Contudo, o governo extinguiu a RGR (Reserva Global de Reversão), que era a fonte financiadora das distribuidoras de energia, via Eletrobrás, para a construção de novas linhas de transmissão e de distribuição. O que fazer agora?! Considerando que o investimento nessas linhas é de R$ 220 milhões e o consumo das nove usinas termoelétricas que fornecem energia para os municípios é de 50 milhões de litros de óleo diesel/ano que equivale a R$ 120 milhões/ano, o que significa que o investimento estaria pago em menos de 2 anos, só com a economia do óleo diesel!
Mas eis que, pela graça de Deus, na última quinta-feira os presidentes da CELPA e da Equatorial Energia comunicaram ao Governador Simão Jatene que, com recursos próprios, construirão as linhas que atenderão as cidades de Oriximiná e de Óbidos, cujos pedidos de licenciamentos já estão em tramitação na SEMA. O problema persiste, porém, em relação aos demais municípios.
Mas, se isso não bastasse, eis que o Tramoeste está esgotado na sua capacidade de transporte de energia para a Transamazônica e Oeste do Pará, onde tem havido queda de tensão e cuja responsabilidade é da Eletronorte, que é a operadora do Tramoeste e da Secretaria Nacional de Energia e da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), ambas do Ministério das Minas e Energia, que não previram esse esgotamento, que, por óbvio, é devido as obras de Belo Monte, e, por isso, deveriam ter construído duas outras linhas, em 230 Kvolt, que sairiam da Subestação de Vitória do Xingú (do Sistema-Manaus/Macapá), sendo uma para Rurópolis e outra para Altamira, esta com 60 Km de extensão. E como essas linhas não foram previstas e nem executadas, a tempo de evitar a sobrecarga que se verifica hoje na região, não resta dúvida que a solução emergencial é a instalação de uma termoelétrica em Santarém, para elevar a tensão de energia na região.
Eis que a história se repete. E o Pará, que é um dos maiores produtores de energia, sofre outra vez com a falta de energia, o que, por certo, irritaria até São Francisco de Assis. Mas, esperamos que o Ministro das Minas e Energia determine a imediata inclusão dessas duas linhas no próximo leilão da EPE, pois só assim estará assegurada a solução definitiva do problema.