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Aécio faz homenagem a Simon e lembra que ele foi ministro de Tancredo

Aécio Porto Alegre2O candidato à Presidência da República da Coligação Muda Brasil, Aécio Neves, homenageou, neste sábado (18/10), em Porto Alegre (RS), o senador Pedro Simon (PMDB-RS), de 84 anos. Aécio lembrou da amizade que unia seu avô Tancredo Neves a Simon. Emocionado, o candidato recordou o momento da nomeação de Simon ministro da Agricultura do governo Tancredo.

Aécio contou que a nomeação de Simon por Tancredo ocorreu momentos antes de o ex-presidente ir para o hospital, em Brasília, em 1985. O candidato relatou que fez questão de entregar a Simon o ato de sua nomeação por Tancredo.

“Eu vi você [Simon] emocionado várias vezes, especialmente uma vez, quando eu levei o ato original com a assinatura de Tancredo nomeando-o ministro da Agricultura”, contou Aécio.

Em seguida, o candidato acrescentou: “Foi um dos últimos atos de Tancredo, quando ele já na cama, se sentindo mal, indo para o hospital, fez questão naquele instante de assinar a nomeação dos ministros, porque ele achava que aquilo era essencial para a consolidação do processo democrático. Ele não sabia o que ia acontecer com ele naquele instante”.

Aécio afirmou que sabia o quanto era importante para Simon a forma como ocorreu sua nomeação. “Eu sei que você [Simon] colocou em um quadro e guarda com muito carinho. Um momento belíssimo da nossa história”, afirmou ele.

Entrevista do candidato à Presidência da República pela Coligação Muda Brasil, Aécio Neves

Porto Alegre (RS)

Assuntos: eleições; ações na Justiça; Rio Grande do Sul

(Seguem trechos)

Fala inicial

Quero dizer da minha alegria de estar no Rio Grande em um momento absolutamente histórico da nossa caminhada. Mais uma vez ao lado da minha querida amiga Ana Amélia e dos nossos companheiros deputados. Eu me encontro com o grande projeto do Rio Grande representado hoje pelo [Ivo] Sartori [que disputa o governo do Rio Grande do Sul]. Estamos construindo um entendimento, uma aliança, em torno de um projeto federativo, que, em primeiro lugar, tem o compromisso do resgate das condições dos municípios, dos Estados brasileiros, enfrentarem as suas dificuldades. O Brasil, nesses últimos 12 aos, vem se transformando, governador Sartori, em um Estado unitário, onde apenas a União tudo tem, tudo pode, tudo decide. E obviamente isso não faz bem ao Brasil. Eu costumo lembrar que o Rui Barbosa, quando da proclamação da República, dizia que o Império ruíra não por ser Império, mas por não ter uma visão federalista do Brasil. Por não ter a compreensão de que um país das dimensões do Brasil teria que ser administrado de forma descentralizada. Existe uma questão que se impõe hoje como uma necessidade absolutamente urgente, e estou muito confortável sobre ela porque é aquela pela qual eu tenho me batido desde que eu era governador de Estado, que é a renegociação da dívida dos Estados. A criação de um espaço mais adequado para que os Estados voltem a fazer os investimentos necessários, seja em infraestrutura, seja na melhoria da qualidade dos serviços públicos. Fizemos,  senadora Ana Amélia, um grande entendimento no Congresso Nacional para darmos o primeiro passo, que seria a renegociação do indexador da divida, o GPDI para a Selic. Infelizmente, mesmo depois do acordo selado pelo atual governo, o ministro da Fazenda deste governo, não sei se chamo de ex-ministro, teve o constrangimento de ir ao Senado Federal dizer que o acordo que eles haviam selado conosco, Beto [Albuquerque, vice na chapa de Marina Silva, do PSB], não seria mais cumprido, porque eles já haviam perdido o controle da condução macroeconômica do país. Quero aqui, Sartori, ao seu lado, ao lado de todos os gaúchos e dos amigos que aqui estão, e deste extraordinário companheiro Beto Albuquerque, um dos artífices da nossa aliança com o PSB agora no segundo turno, cumprimentando a todos os peemedebistas. Peço licença ao Sartori, ao senador Simon, dileto amigo do meu avô Tancredo [Neves] e ministro do meu avô Tancredo. Eu me lembro, Simon, volto à questão da dívida, mas eu não posso deixar passar esta oportunidade. Eu vi você emocionado várias vezes, especialmente uma vez, quando eu levei o ato original com a assinatura de Tancredo nomeando-o ministro da Agricultura. Foi um dos últimos atos do Tancredo, quando ele já na cama, se sentindo mal, indo para o hospital, ele fez questão naquele instante assinar a nomeação dos ministros, porque ele achava que aquilo era essencial para a consolidação do processo democrático. Ele não sabia o que ia acontecer com ele naquele instante. Pediu para que eu pegasse os atos. E ele antes de ir para o Hospital de Base [de Brasília] ainda assinou cada um dos atos e nomeou Pedro Simon seu ministro. E sei que você colocou em um quadro e guarda com muito carinho. Um momento belíssimo da nossa história. Mas volto à questão mais objetiva da dívida: tenho esse compromisso de resgatar este entendimento. E vamos trabalhar, Sartori, para criarmos um espaço para que não apenas o estoque da dívida diminua, mas para que o fluxo da dívida também diminua, permitindo que os Estados voltem a fazer investimentos que possam ajudar, inclusive, ao crescimento da sua economia, investimento de infraestrutura, que melhore a competitividade de quem aqui produz. O Rio Grande do Sul talvez seja um dos Estados mais emblemáticos sob o ponto de vista político e cultural do país. A política é feita muito mais de desencontros do que encontros. Desencontros de ideias. Nós estamos vendo a política se transformando quase que num ringue pela ação não nossa, mas dos nossos adversários. Mas o sentimento que me toma hoje é de um reencontro de homens e mulheres de bem que querem mudar o país e um reencontro com a minha própria história. O PMDB foi o único partido ao qual fui filiado, antes da fundação do PSDB. E me reencontro com lideranças tão expressivas do PMDB, do PSDB e de vários outros partidos, como o PP, que já é um partido irmão nessa caminhada no Rio Grande. Mas num momento que temos um enorme desafio pela frente, que é o desafio da mudança. Quero afirmar aos senhores que não sou mais o candidato do PSDB ou de aliança de partidos. Eu sou candidato desse profundo sentimento de mudança e de reconstrução do Brasil, a começar pelos seus valores da ética, da solidariedade e do respeito ao dinheiro público e, por que não, respeito aos adversários.

Eu sou portador de uma proposta que permite o reencontro na administração pública da decência com a eficiência, e não poderia existir um lugar mais adequado para eu revigorar as minhas forças, as minhas crenças e a minha determinação, é encerrar este ciclo de governo que aí está e iniciar um outro virtuoso para o Brasil do que aqui no Rio Grande. A minha alegria ainda maior ao ver a força da candidatura de Sartori e um gesto pra mim sempre muito emblemático de solidariedade, de generosidade, de uma das pessoas que pra mim foram mais marcantes na minha caminhada, porque na política ganhar ou perder eleições faz parte do jogo. O que não se pode perder na política é dignidade e a compostura. E eu quero aqui dizer a vocês, se me permitam, e peço licença mais uma vez ao Sartori, e eu estou ao lado de uma mulher que não foi para o segundo turno, mas sai dessa campanha maior do que entrou pela sua dignidade, pela sua honradez e pela sua postura altiva durante todo esse embate. Estamos aqui hoje o conjunto de forças políticas para dizer no Rio Grande e no Brasil que basta de tanto desgoverno e vamos fazer uma grande parceria, Sartori. Serei seu grande parceiro para o governo da generosidade, o governo da União Nacional, o governo da reconstrução dos nossos valores, do fortalecimento da nossa economia, do resgate da geração de empregos a partir dos investimentos, e da melhoria dos nossos indicadores sociais. Estou imensamente feliz por estar aqui hoje e acho que esse é um dos momentos altos da nossa campanha.

Tom da campanha presidencial.

Ninguém desconstrói com mentiras algo que é concreto. Na verdade a presidente [Dilma Rousseff], lamentavelmente, talvez pelo desespero que tem tomado conta da sua candidatura, infelizmente, talvez também pela distância que tem das questões de Minas Gerais, a cada momento solta dados absolutamente incorretos. Nós estamos entrando na Justiça Eleitoral mais uma vez para mostrar as mentiras da sua propaganda e que a mentira tem sido a marca desse governo. Minas Gerais se transformou numa grande referência de gestão pública para o Brasil e fora do Brasil. Minas Gerais, se ela quisesse fazer justiça aos mineiros, respeitar os mineiros lembraria que Minas tem a melhor educação fundamental do Brasil, a melhor saúde da região Sudeste, mas não porque eu estou dizendo, porque o governo da presidente é que diz isso. As meias verdades e as falsidades não estão à altura dos desafios que nós temos pela frente. A presidente da República na verdade foge da discussão do seu próprio governo, sobre os equívocos do seu governo, sobre o fracasso da condução da economia, que nos deixará como legado inflação alta, crescimento baixo e uma perda crescente da credibilidade do país. O fracasso na gestão do Estado Nacional, com as obras como sempre inacabadas ou paralisadas, muitas com sobrepreço, e várias sob denúncia de pagamento de propinas. Não preciso lembrar a vocês os vergonhosos episódios que na Petrobras surgem todo o dia. O governo fracassou também na melhoria dos nossos indicadores sociais, o inimaginável aconteceu, governador Sartori, o analfabetismo voltou a crescer no Brasil, companheiro [ex-senador José] Fogaça, são coisas inimagináveis. Os nossos indicadores sociais pararam de melhorar. Existe, inclusive, hoje – eu chamo a atenção dos senhores – uma crise no Ipea [Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas] em relação aos dados que vêm sendo divulgados pelo governo, que, segundo algumas denúncias, não correspondem exatamente aos dados do próprio Ipea.

Esse aparelhamento das nossas instituições – Ipea, IBGE e EMBRAPA – instituições absolutamente exemplares, conquistas da sociedade brasileira, é uma marca, dos Correios, é uma marca perversa desse governo que se apoderou do Estado Nacional. Estou absolutamente pronto para debater Minas Gerais, pronto para debater o Brasil. O que as pessoas querem ouvir dos candidatos a presidente da República é que soluções ele tem para a saúde melhorar, para a segurança pública efetivamente cuidar mais das pessoas, para melhorarmos a qualidade da educação, para fazermos o Brasil crescer gerando melhores empregos. Essa é a agenda da sociedade, mas eu vejo um governo à beira do desespero, uma candidata à beira de um ataque de nervos que, obviamente, não tendo como apresentar ao Brasil uma proposta de futuro, prefere fazer uma campanha com os olhos no retrovisor da história. Mas eu estou pronto para o debate no campo que ela escolher. Eu prefiro no campo propositivo e convido a presidente da República para, nessa semana que nos separa da eleição, debatermos os nossos projetos, mostrarmos as diferenças que temos na concepção do Estado, na visão da administração púbica e das nossas prioridades. Estou extremamente otimista nesta reta final e pronto para o embate.

Sobre ação relativa a gastos em saúde.

É a mesma ação, da mesma promotora, que já foi arquivada. É preciso que as coisas fiquem muito claras. Tenho um prazer enorme de esclarecer quaisquer questões, até porque acho que o homem público tem essa obrigação. O homem público tem que dar satisfação sobre quaisquer que sejam as afirmações, as denúncias. E, em relação a essa denúncia específica da saúde, antes da aprovação da Emenda 29, cada Estado, a partir dos seus Tribunais de Contas, definiam aquilo que efetivamente poderia ser contabilizado como gasto de saúde. Vocês estão hoje no Rio Grande do Sul. Procurem saber como foi feito a contabilidade dos gastos em saúde do Rio Grande do Sul durante o período pré-emenda 29.

O que posso dizer, e a minha resposta é muito simples, o Tribunal de Contas do Estado de Minas Gerais aprovou todas as nossas contas. Porque antes da Emenda 29 não havia uma definição explícita, clara, daquilo que efetivamente poderia ser contabilizado como gastos em saúde. Alguns gastos de saneamento – é uma discussão técnica que os especialistas, enfim, vêm fazendo ao longo do tempo – alguns consideram que investimentos em saneamento deveriam ser considerados investimentos em saúde porque, na verdade, ele economiza na outra ponta. Se você investe em saneamento, as pessoas vão adoecer menos e você alivia o custo na outra ponta.

O governo federal, por exemplo. O governo federal chegou a contabilizar como investimentos em saúde o Bolsa Família, no ano de 2009. Então, esses factoides criados de última hora não mudarão o essencial. Quero repetir aqui, pedindo as bênçãos de Pedro Simon, sou o candidato para mudar o Brasil, mudar inclusive isso, essa postura pequena, menor, da desconstrução em véspera de eleição.

Presidente Dilma, estou aqui na terra que a senhora adotou. Vamos honrar a democracia e vamos debater o Brasil do futuro. Apresente as suas propostas, e eu apresento as nossas, e vamos permitir que os brasileiros optem. Vamos respeitar qualquer que seja essa decisão.

É preciso, e repito aqui, Beto, ao seu lado para encerrar, o que a Marina disse publicamente, disse ontem, inclusive, quando estivemos juntos, e me disse em uma das conversas privadas que tivemos. Não adianta querer ganhar perdendo, não adianta querer ganhar com o insulto, com a infâmia, com a calúnia. O que os nossos adversários estão fazendo nessa campanha, nas redes sociais, com acusações pessoais, nessa tentativa da desconstrução não os dignifica. Eu acho que essa postura que os adversários vêm tomando já os faz derrotados antes sequer que as urnas sejam abertas.

Indicações para o futuro governo

Quando falei no nome de Armínio Fraga, queria sinalizar de uma forma muito clara para uma nova condução da política econômica porque a perda de credibilidade do Brasil vem impactando na geração de empregos. Tivemos até este mês de outubro, 418 mil postos de trabalho a menos, gerados no Brasil de carteira assinada, do que tivemos no mesmo período do ano passado. A indústria está desempregando 100 pessoas por dia apenas em São Paulo. E quando eu anuncio um nome da categoria, da importância, da respeitabilidade de Armínio, eu sinalizo em que direção? De uma política fiscal transparente, da previsibilidade, do respeito aos contratos, do resgate das agências reguladoras, tudo isso como estímulo a que os investimentos voltem a vir para o Brasil, ajudando na nossa infraestrutura e ajudando o Brasil a voltar a crescer. Eu não tenho ainda definição de outros nomes, acredito que agora não seja mais necessário, mas eu posso dizer a vocês o seguinte: se eu vencer estas eleições, vamos ter o mais qualificado de todos os governos da história republicana do Brasil, porque eu vou buscar os nomes na sociedade, vou buscar os nomes a partir do conhecimento que cada um tenha. E chego ao final dessa campanha, governador, livre como chega o senhor candidato ao governo do Estado, até porque a nossa situação tem uma certa semelhança na reta final da campanha, muito livres, como chegaria Ana Amélia, para montar o governo dos melhores. Repito: não farei o governo de um partido político e de uma aliança, farei o governo de todos os brasileiros, até porque os desafios que nós temos pela frente são imensos e nós precisamos dos mais preparados, os mais qualificados para enfrentá-los.

Candidatura de alianças políticas

[Há] uma aliança, como a que estamos fazendo, ela se dá em torno de um grande projeto de país. Eu assinei a carta de Pernambuco [documento relativo às propostas de governo], Beto [Albuquerque] estava lá ao nosso lado, enfatizando temas com os quais eu já tinha compromisso, mas eu achava que precisariam ser melhor explicitados. Primeiro deles, compromisso com a democracia, com as nossas instituições, com as liberdades públicas, com as liberdades coletivas, com as liberdades individuais e com a liberdade de imprensa. Compromisso com os avanços sociais, com a consolidação das políticas sociais atuais, mas também com novos passos, com novas etapas. Assumir o compromisso com o desenvolvimento sustentável, algo absolutamente essencial para o Brasil. Essa certamente é a nossa agenda. Mas, numa eleição de segundo turno, outras forças políticas nos apóiam, talvez até pela exclusão, talvez até por compreenderem que o Brasil não merece continuar por mais quatro anos sendo governado como está. Agora, a minha proposta para o Brasil é uma proposta absolutamente convergente com aquilo que propôs Marina, com aquilo que o PSB apresentou durante a sua campanha, e o que eu posso afirmar, talvez até dando um passo além, no que depender de mim a base, o núcleo de um futuro governo está aqui representado nessa fotografia, PSDB, PSB e esse lado tão bom que o PMDB tem representado aqui no Rio Grande do Sul, esse é meu PMDB e essa é a base de um novo projeto para o Brasil, ao lado também do PP do Rio Grande, e aproveito também  para agradecer Celso Bernardi [presidente do PP do Rio Grande do Sul] pela sua extraordinária contribuição e ao [ex-senador José] Fogaça. Estamos a uma semana das eleições, venho, portanto, ao Rio Grande do Sul buscar energia, inspiração, resgatar meus compromissos com as obras que estão em andamento e dizer que no meu governo os investimentos em especial, e temos alguns deles, como por exemplo, a questão do polo naval que continuará a ser um compromisso importante nosso porque é uma fronteira de desenvolvimento importante do Rio Grande. Mas, quero dizer ao final, que no meu governo, os desenvolvimentos em portos serão feitos no Brasil, inclusive no Rio Grande do Sul, e não em Cuba.

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