O candidato à Presidência da República pela Coligação Muda Brasil, Aécio Neves, conversa com trabalhadores na porta da fábrica Voith, no Jaraguá, em São Paulo. Aécio estava acompanhado pelo candidato à Vice-Presidência, Aloysio Nunes Ferreira; pelo governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, que disputa a reeleição; José Serra, que concorre ao Senado, e pelo presidente do Solidariedade (SDD), o deputado federal Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força.
A seguir entrevista concedida à imprensa durante o evento:eleições 2014; economia; indústria; compromissos
Sobre a indústria nacional.
O Brasil vive hoje a maior crise de desindustrialização da nossa história. Estamos hoje na porta da Voith para alertar o Brasil inteiro que esse governo perdeu a capacidade de sinalizar no caminho da retomada do crescimento do Brasil. O governo não inspira confiança. Sem confiança, não há investimento. E, agora, além do quadro gravíssimo de estagflação, no qual estamos mergulhados, sem crescimento, inflação estourando o teto da meta, o que é extremamente grave, o desemprego começa a chegar ao Brasil.
Os índices de emprego a cada mês vêm diminuindo. Portanto, é hora de termos um novo processo de crescimento no Brasil, com tolerância zero com a inflação, com regras claras que permitam a retomada do capital interno e também do capital estrangeiro. O Brasil não pode continuar vivendo como está vivendo hoje porque se a crise hoje é extremamente grave, no futuro será mais grave ainda.
Viemos aqui hoje selar um pacto com a classe trabalhadora, sobretudo, da indústria brasileira. O Brasil não pode continuar tendo déficits sucessivos da sua balança comercial, de produtos manufaturados, porque isso impacta, principalmente, nos empregos de melhor qualidade. O nosso compromisso, ao lado do governador Geraldo Alckmin e do companheiro José Serra, é termos regras absolutamente claras, estabilidade, marcos regulatórios, para que possamos resgatar a confiança dos investidores e permitir que a indústria volte a crescer no Brasil.
Sobre fim do Fator Previdenciário.
O governo do PT teve oportunidade durante esses onze anos de fazê-lo, não fez até agora. Vou assumir o governo e obviamente de posse de todas as informações que tiver, vou trabalhar no sentido de valorizar o trabalhador brasileiro em todas as suas variáveis.
Sobre compromissos com os trabalhadores.
O primeiro deles é esse: regras absolutamente claras, defesa dos direitos dos trabalhadores, reajuste real do salário mínimo, reajuste da tabela do imposto de renda. Mas, acima de tudo, nós é que temos hoje as melhores condições de fazer com que os investimentos voltem ao Brasil. Sem investimento não há crescimento, sem investimento não há emprego. E esse governo perdeu a capacidade de sinalizar de retomar na direção da retomada do crescimento da economia brasileira.
Estamos aqui hoje assumindo compromissos com os trabalhadores brasileiros. Compromisso com o reajuste real do salário mínimo, com o reajuste da tabela do imposto de renda, mas acima de tudo, compromisso em estabelecer no Brasil um clima que permita a retomada dos investimentos. Sem investimento não há crescimento e não há emprego. E, ao mesmo tempo, tolerância zero com a inflação. Temos a credibilidade necessária para fazer com que o Brasil volte a crescer. Porque, a partir de 1º de janeiro, a herança maldita desse governo era um quadro de estagflação. Seremos o país que menos vai crescer em toda a América do Sul e a inflação já acima do teto a meta. É preciso iniciarmos um novo ciclo desenvolvimentista. Repito, um ciclo que resgate a confiança do trabalhador, mas também a confiança dos agentes que geram emprego.
Estou muito feliz de estar aqui hoje na companhia do governador Geraldo Alckmin, esse extraordinário governador de São Paulo, que será parceiro não apenas nas coisas paulistas, mas na construção das novas ações do governo federal, do companheiro José Serra, um dos mais talentosos e qualificados homens públicos do país, do Paulinho da Força. E o apoio das lideranças que estão aqui, lideranças de trabalhadores, como o presidente da Força Sindical, é a sinalização clara de que teremos sim um compromisso com os trabalhadores. Vamos honrar cada um desses compromissos.
Sobre proposta apresentada pelo Sr. no Congresso que corrige a tabela do imposto de renda pelo IPCA.
Está no Congresso. Só não conseguimos votar. Aliás, nenhuma das medidas que propusemos até aqui conseguimos votar. Nem uma que seria básica e que o PT deveria comemorar, um projeto de minha autoria que transforma o Bolsa Família em política de Estado, para que ele saia desse terrorismo pré-eleitoral, porque, não se iludam, em várias regiões do Brasil hoje existem agentes políticos dizendo que se o partido A ou B ganhar a eleição vai acabar com os benefícios de transferência de renda. Nem isso, que superaria essa agenda, o PT deixou votar.
E o próprio companheiro Paulinho, ao lado do líder do meu partido, deputado [Antonio] Imbassahy, apresentou um projeto que garante até o ano de 2019 o reajuste real do salário mínimo. Agora, não adianta sequer isso se o Brasil não voltar a crescer. No ano que vem isso já está precificado. O aumento real do salário mínimo será de 1% porque o Brasil deixou de crescer. Será que isso que é o nosso destino? Será que é isso que merecemos? Não. O Brasil tem um potencial extraordinário que está adormecido em razão de um governo que perdeu a capacidade de agir. Como disse José Serra, é um governo perplexo, é um governo à beira de um ataque de nervos, como vimos ontem em Brasília, é um governo que não sabe para que caminho ir. Está na hora de deixar na mão de quem sabe, porque o Brasil não merece mais quatro anos desse governo, e nós sabemos fazer.
Sobre agenda da candidata do PT com presidentes de centrais sindicais.
É legítimo. Ninguém que ter o monopólio de absolutamente nada. Que ela tenha sua interlocução. Agradeço sempre à Força, ao Paulinho, em especial, Miguel, pela forma como fui recebido, não apenas esse ano, todos os anos no grande evento de 1° de maio. Infelizmente, as lideranças do PT, que estiveram no evento da própria CUT, não tiveram a mesma recepção, quem sabe aquilo não é o sinal do sentimento real das pessoas.
A presidente da República está no direito legítimo de fazer a sua campanha. Eu estimulo muito que ela vá às ruas, que ela vá não só apenas nos eventos organizados e programados. Que ela vá olhar no olho das pessoas, que ela possa perceber qual é o sentimento da população brasileira hoje. E é de desânimo, de descrença, essa é uma realidade. Não é uma armação das oposições. Estamos caminhando nas ruas, vamos caminhar hoje aqui. Vou estar caminhando amanhã ao lado do governador Geraldo Alckmin, do companheiro Serra, em Botucatu, vou estar caminhando em Manaus e em Rio Branco, no Acre, no sábado. Vou estar caminhando pelo Nordeste na terça, na quarta e na quinta-feira, em pelo menos em cinco Estados.
Quero ouvir as pessoas, porque há hoje um sentimento claro de que as pessoas querem voltar a ter esperança e quero oferecer para elas esperança. Temos os melhores quadros, o melhor time e temos compromisso com a seriedade e compromisso com as realizações. Esse governo fracassou na economia, fracassou na gestão do Estado brasileiro, nos deixando como legado um cemitério de obras abandonadas, inacabadas por toda a parte e falhou também na melhoria dos indicadores sociais. Está na hora de algo novo no Brasil. E nós somos o verdadeiro novo no Brasil.