Com rombo de US$ 2,125 bilhões, a balança comercial brasileira registrou em fevereiro o pior resultado para o mês desde o início da série histórica, em 1994. Os dados foram divulgados pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior e indicam o declínio da produção industrial brasileira.
“Os números comprovam que estamos passando por um grave processo de desindustrialização, fruto da falta de organização desse governo”, declarou o deputado federal Marco Tebaldi (PSDB-SC).
Segundo reportagem do jornal O Globo, dois fatores impulsionaram a elevação das importações: a necessidade de aquisição de artigos eletrônicos e peças e a busca de petróleo para abastecimento do mercado interno.
Tebaldi vê nos números uma evidência do governo federal para a gestão do petróleo: “O governo se especializou em fazer propaganda para o petróleo, destacando a suposta autossuficiência e também as maravilhas do pré-sal. Mas agora vemos como isso não se comprova. Precisamos comprar petróleo, e tudo porque a gestão do PT quebrou a Petrobras”.
Commodities
Apesar de o governo sugerir que os números para a totalidade do ano sejam melhores, o mercado identifica de outra forma. O consultor Welber Barral, entrevistado pelo jornal O Globo, diz que “será difícil o país conseguir um salto mais robusto”, e isso se deve também a uma possível queda no preço internacional das commodities.
Para o deputado Tebaldi, a situação demonstra que o Brasil prossegue dependente do agronegócio, e que a falta de ações do governo para impulsionar a indústria sugerem a permanência do panorama.
“Se não fosse o forte trabalho do agronegócio, estaríamos em uma situação ainda pior. Mas não é positivo, para um país, depender de um único setor. Precisaríamos de mais alternativas, algo que esse governo não proporciona”, apontou.
Argentina
Reportagem da Folha de S. Paulo informa que a dependência da Argentina agrava o déficit comercial brasileiro – atualmente, 19,4% dos produtos industriais são vendidos ao país vizinho, contra 6,1% em 2002.
O gerente de comércio exterior da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Diego Bonomo, ouvido pela Folha, criticou o governo pela situação: “não fizemos acordos comerciais com EUA e Europa e estamos dependentes da Argentina”.
Tebaldi concorda com a avaliação e define a política exterior das gestões do PT como um “grave erro”. “Não se pode prescindir de parceiros comerciais como EUA e Europa. O PT cometeu o erro brutal de seguir por esse caminho, e os resultados estão se mostrando para nós”, resumiu.