A alegria e o clima de virada tomaram conta do Mercadão de Madureira, no Rio de Janeiro (RJ), nesta terça-feira (30/09), durante visita do candidato da Coligação Muda Brasil à Presidência da República, Aécio Neves. As palavras de ordem “Aécio já virou” e “Brasil pra frente, Aécio presidente” ecoaram pelos corredores, entoados por apoiadores de várias regiões da capital fluminense que seguiam o candidato em seu percurso.
Ao lado de Maria Estela Kubitschek, filha do ex-presidente da República Juscelino Kubitschek, do senador Francisco Dornelles (PP), dos candidatos a deputado federal Índio da Costa (PSD) e Otavio Leite (PSDB), e do deputado estadual e presidente do PSDB-RJ Luiz Paulo Corrêa da Rocha, Aécio visitou estandes, cumprimentou feirantes, eleitores, posou para fotos e fez selfies.
Recebeu das mãos de um dos feirantes um chapéu como presente e percorreu ainda a rua Conselheiro Galvão. Aécio acenou para a população e embarcou em um ônibus da Linha 374, com destino a Rio das Pedras. Aplaudido, ele cumprimentou passageiros e, literalmente, tirou o chapéu para o motorista.
Reconhecido em 2013 como patrimônio cultural do Rio de Janeiro, o centenário Mercadão de Madureira foi criado em 1914. Um dos maiores mercados populares do Brasil, possui mais de 580 lojas, entre artigos domésticos, culinários, roupas, brinquedos e cosméticos. Estima-se que cerca de 80 mil pessoas circulem pelos corredores do Mercadão todos os dias.
O mais preparado
Na chegada à feira, Aécio participou de uma entrevista ao vivo na rádio Mercadão de Madureira, transmitida por autofalantes em todo o local. O candidato à Presidência da República reiterou que a sua candidatura é a única que oferece propostas claras para uma verdadeira e consistente mudança na vida dos brasileiros.
“Tenho um projeto sólido para o Brasil. Não quero, como cidadão brasileiro, estar daqui a quatro anos frustrado de novo por uma escolha errada. Vou fazer a minha parte. Em níveis diferentes, a nossa candidatura cresce na maioria das regiões do país, porque as pessoas estão chegando à conclusão de que a mudança efetiva, de valores, de resultados do governo, não se dá só no dia da eleição. Ela se inicia no dia 1º de janeiro do ano que vem. E quem tem condições de vencer o PT, substituí-lo e governar melhor para as pessoas somos nós”, destacou.
A cozinheira Maria Zilda Lopes, de 58 anos, foi uma das pessoas que interromperam suas compras para acompanhar a passagem de Aécio Neves pelo Mercadão. Para ela, a virada de Aécio já é “quase certa”. “Eu acredito sim. Ele é o candidato mais preparado para melhorar a vida da gente. Meu voto ele já tem”, disse.
Entrevista do candidato à Presidência da República pela Coligação Muda Brasil, Aécio Neves
Rio de Janeiro (SP)
Assuntos: eleições 2014; economia; programa de governo;
(Seguem trechos)
Sobre a agenda de hoje.
Estou muito feliz de estar aqui hoje no famoso, histórico e emblemático Mercadão de Madureira, ao lado de tantas figuras ilustres. A começar pelo senador Francisco Dornelles, os nossos companheiros parlamentares que nos acompanham na reta final dessa campanha, para reassumir os meus compromissos com o crescimento da economia brasileira. Só crescendo vamos gerar empregos e gerar renda. Vamos ter tolerância zero com a inflação, que, infelizmente, o atual governo permitiu que voltasse assombrar a mesa do trabalhador brasileiro.
E quero permitir com a simplificação do nosso sistema tributário, com a desburocratização também da vida das empresas brasileiras, que cada vez mais o empreendedor possa ousar, contratando gente, ampliando os seus negócios. O Brasil ainda tem um sistema tributário extremamente complexo, burocrático, além de uma carga tributária extorsiva. Então, o meu compromisso real, o meu compromisso de sempre, que reitero aqui hoje, é permitir cada vez mais um sistema simplificado, em que aqueles que empreendem hoje no Brasil possam estar estimulados a fazê-lo.
Quando fui governador de Minas Gerais, diminui os tributos estaduais para mais de 200 produtos da cesta básica, de higiene pessoal, de material de construção. E a arrecadação do Estado não diminuiu. Ao contrário, as pessoas passaram a consumir mais, e, obviamente, ao final a arrecadação acabou aumentando.
O meu compromisso é com a simplificação do sistema tributário, com a ampliação dos mercados para quem produz no Brasil, mas, em especial, facilitando a vida de quem empreende. Criamos o Simples ainda no governo do PSDB. Depois, no Congresso Nacional, ampliamos e aprovamos o Supersimples. Outras etapas foram vividas com a ampliação do seu alcance, também com a participação do Congresso Nacional, e vamos dar prioridade absoluta aqueles mais geram empregos no Brasil que são exatamente os micro e pequenos empreendedores.
Então, venho hoje ao Mercadão de Madureira selar esse compromisso com os micro e pequenos empreendedores. Desburocratização, simplificação e crescimento. Essa é a receita para o Brasil empregar mais, gerar mais renda e melhorar a vida das pessoas. E, ao final, com tolerância zero com a inflação, que, infelizmente, esse governo permitiu que voltasse.
Sobre o desenvolvimento econômico.
Crescimento passa por credibilidade. Nenhuma outra candidatura tem condições de sinalizar de forma muito clara, inclusive aos mercados, na busca da retomada dos investimentos. Os investimentos deixaram de vir para o Brasil. Nos últimos seis meses, os índices de geração de emprego, mês a mês, são os piores do século. Isso já há seis meses. Por quê? Porque o Brasil não respeita regras, o intervencionismo é a marca principal desse governo, não há regulação em setores estratégicos da vida nacional, como o setor elétrico, totalmente confuso pelas ações desse governo. O nosso governo será o governo da previsibilidade, da política fiscal transparente. E aí vai uma diferença definitiva entre a nossa proposta e o nosso compromisso com o Brasil, e o da atual candidata a presidente da República do PT.
Sinalizei de forma muito clara quem será o meu futuro ministro da Fazenda, se vencer as eleições, exatamente para mostrar o caminho que perseguiremos, de resgate dos investimentos, de credibilidade da nossa economia. O máximo que a atual presidente e candidata conseguiu fazer foi anunciar quem será o seu futuro ex-ministro da Fazenda.
Ninguém sabe o que esperar de um futuro governo desse grupo político, que perdeu a capacidade da governabilidade. Seja pela incapacidade gerencial, que deixou como legado um mar de obras abandonadas, inacabadas, com sobrepreços, sob fortes denúncias, seja do ponto de vista da economia, que nos deixa como herança inflação saindo do controle, mesmo com preços represados, economia em recessão. E seja naquilo que é mais essencial do que todas as questões, a questão ética, moral. É vergonhoso o que esse governo permitiu que acontecesse no Brasil, em especial na nossa maior empresa, que é a Petrobras.
E temos outra candidata que, infelizmente, não adquiriu essas condições de governabilidade. A impressão que se tem sempre é que ela está a olhar sobre a cerca de sua propriedade para tentar enxergar no terreno, ou na grama do vizinho, algum fruto mais vistoso ou mais qualificado para que possa em um eventual futuro fazer parte do seu pomar.
Nós temos quadros altamente qualificados, prontos para administrar o Brasil, com a complexidade dos desafios que temos pela frente. Não improvisamos, construímos essas nossas propostas debatendo com o país inteiro ao longo mais de um ano, e temos os melhores e mais preparados quadros políticos para permitir que o Brasil volte a crescer, controle a inflação e, principalmente, melhore a vida das pessoas, seja na saúde, na educação e no enfrentamento da criminalidade, onde o atual governo também vem se omitindo de forma criminosa.
Sobre como lidar com a alta do dólar.
Credibilidade. Previsibilidade. Me lembro muito bem que quando o presidente Lula se elegeu em 2002 – faço apenas aqui uma analogia, para voltar um pouco no tempo -, as incertezas que a sua candidatura em um primeiro momento inspiravam, fez com houvesse disparada da inflação – que era de 7%, foi a 12,5 %, disparada do dólar, desorganização da economia. O que aconteceu? A partir do momento em que começou a haver previsibilidade, que ele abandona o seu discurso, mantém os pilares macroeconômicos sólidos, pilares macroeconômicos herdados do governo do PSDB, as coisas começam a melhorar. O nosso governo vai inspirar ao mercado a confiança necessária para que tenhamos uma redução nas taxas de juros de longo prazo, e um clima mais adequado para retomarmos um processo seguro de crescimento.
O ano de 2015 será um ano muito difícil, muito difícil para qualquer que seja o próximo presidente da República. Mas será muito pior se não for com a nossa eleição, porque o atual governo sinaliza de forma clara que não inspira confiança em absolutamente mais ninguém, e a atual candidata [do PSB] ninguém sabe o que representa o seu futuro governo. A única candidatura que tem um projeto claro para o Brasil e quadros qualificados para implementá-lo e permitir também a confiança dos mercados, para termos a redução do câmbio, para que possamos ter a expectativa de aumentar a taxa de investimentos da economia – hoje em torno de 18% do PIB, para alguma coisa em torno de 23%, 24%, que é o que queremos em 4 anos – somos nós.
Sobre a reta final da campanha.
A minha palavra final é a seguinte. Estamos a pouquíssimos dias de uma decisão, que não é uma decisão apenas de quem vai ganhar ou perder a eleição, que partido ganha, que partido perde. É o caminho que nós queremos. Eu tenho um projeto sólido para o Brasil. Não quero, como cidadão brasileiro, estar daqui a quatro anos frustrado de novo por uma escolha errada. Vou fazer a minha parte, o nosso projeto está aí, pronto para ser oferecido aos brasileiros. Um projeto honrado, qualificado, corajoso. Repito, quem tem condições de encerrar esse ciclo de governo do PT, de vencer o PT no segundo turno e governar com eficiência, com qualidade, com coragem, somos nós.
E é por isso que eu quero agradecer aqui os apoios que eu tenho recebido de todo o Brasil. A nossa candidatura é a única que cresce nessa reta final e cresce de forma consistente em todas as regiões. Recebi agora de manhã mais um resultado que me deixou extremamente animado. Em São Paulo, em apenas seis dias, crescemos 8 pontos no Estado de São Paulo. Já estamos na frente no Centro-Oeste, estamos na frente na maioria dos Estados do Sul e começamos a recuperar também nos outros Estados do Sudeste, como Rio de Janeiro e Minas Gerais, onde avançamos muito nesses últimos dias. E espero que no Nordeste avancemos ainda mais, porque lá também já começou uma reação, assim com no Norte. Em níveis diferentes, a nossa candidatura cresce em todas as regiões do país, porque as pessoas estão chegando à conclusão de que a mudança efetiva, mudança de valores, mudança de resultado do governo, ela não se dá só no dia da eleição, ela se inicia no dia primeiro de janeiro do ano que vem. E quem tem condições de vencer o PT, substitui-lo e governar para as pessoas, melhor do que o PT, somos nós. Por isso estou pronto para vencer as eleições.
Sobre o programa de governo.
Eu anunciei que a partir de segunda-feira teríamos o programa. Estou fazendo algo absolutamente inédito e acho que muito positivo, porque estou debatendo o meu programa. Mas convido todos a ler, por exemplo, o nosso programa sobre o Nordeste. Fui o único candidato que apresentou um programa sobre o Nordeste [Plano Nordeste Forte], com metas de diminuição de criminalidade, com metas para o aumento do Ideb, com metas de investimentos em irrigação, de investimentos em infraestrutura.
Apresentei na CNA, para o agronegócio, um amplo programa de investimentos, de respeito ao agronegócio, com uma política agrícola responsável, baseada na renda, no crédito e na ampliação dos mercados, além da segurança jurídica que minha candidatura propõe. Apresentei um projeto sobre segurança pública absolutamente acabado, elaborado, onde a questão da maioridade penal estamos enfrentando com coragem. Em caso de crimes graves, vamos propor acabar com a maioridade penal, para os que cometerem, acima de 16 anos, os crimes chamados hediondos possam ser condenados ou processados com base no Código Penal. Na CNI, apresentamos nosso projeto para a indústria.
E, ontem à noite, apresentamos e debatemos nossos projetos sobre sustentabilidade. Hoje sobre gestão do Estado, amanhã sobre a área social. Ninguém tem um programa mais bem acabado, mais bem elaborado, mais bem discutido com a sociedade do que o nosso. E é por isso que vamos ganhar a eleição.
Sobre os micro e pequenos empreendedores e simplificação tributária.
Fomos nós, do PSDB, que tivemos o primeiro olhar de compreensão para a importância do pequeno e do micro empreendedor. Fomos nós que criamos o Simples, lá atrás, no governo do presidente FHC, com a participação importantíssima do senador Dornelles. Fomos nós que, no Congresso Nacional, lideramos a discussão do Super Simples, que possibilitou a ampliação desse atendimento. O microempreendedor individual é uma proposta que nasce no seio do PSDB, também um instrumento novo para a formalização e regularização da vida do empreendedor individual. O que tenho dito, e quero aqui reiterar, é que na primeira semana do nosso governo, iniciando os trabalhos no Congresso Nacional, vamos enviar uma proposta de simplificação do nosso sistema tributário
Ele é oneroso não apenas no nível de impostos que cobra, é extremamente alta a nossa carga tributária. Mas é oneroso na complexidade e no pagamento desses impostos. As empresas hoje gastam – recebi um dado absolutamente alarmante – que o conjunto das empresas, aí eu saio das pequenas e micro, o conjunto das empresas, porque o dado é relevante, as empresas nacionais gastam cerca de R$ 40 bilhões anualmente apenas para a manutenção da máquina pagadora. Isso não tem lógica. E quero caminhar na direção da unificação dos impostos indiretos, na direção do imposto de valor agregado. Sempre priorizando o pequeno e o micro, é aí que está a maioria dos empregos. E terei ao meu lado representantes da associação comercial aqui da região, como tenho de outras partes do Brasil, para construirmos um projeto que diga simplesmente o seguinte: se você quer empreender, o Estado não vai te atrapalhar, porque se o Estado não te atrapalhar, já está fazendo um grande negócio. E, no que pudermos ajudar, vamos ajudar e ajudar muito. E estou pronto para ir para o segundo turno, obrigado.