Brasília – A ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada ontem, ressalta que a inflação ainda mostra resistência “ligeiramente acima da que se antecipava”. “O Copom pondera que a elevada variação dos índices de preços ao consumidor nos últimos 12 meses contribui para que a inflação ainda mostre resistência, que, a propósito, tem se mostrado ligeiramente acima daquela que se antecipava”. Segundo o documento, esse cenário justifica a continuidade do ciclo de alta da taxa básica de juros, a Selic, iniciado em abril do ano passado.
“Dessa forma, o Copom entende ser apropriada a continuidade do ritmo de ajuste das condições monetárias ora em curso”, diz trecho.
A ata também cita que a política monetária deve se manter “especialmente vigilante”. Essa ação, de acordo com o documento, tem como objetivo minimizar riscos de que níveis elevados de inflação, como o observado nos últimos 12 meses, persistam no horizonte relevante para a política monetária.
Na última reunião do Copom, na semana passada, o colegiado elevou a taxa básica de juros em 0,50 ponto percentual, para 10,50% ao ano.
Em 2013, a inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ficou em 5,91%, acima do registrado em 2012 (5,84%). O resultado fez o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, descumprir a promessa de que a inflação do ano passado seria menor que a do ano anterior.
Projeções – O Copom revisou para cima as projeções para o IPCA de 2014 tanto no cenário de mercado quanto no de referência. No cenário de referência, de acordo com o documento, a estimativa para a inflação de 2014 aumentou em relação ao valor considerado na última reunião, e permanece acima da meta de 4,5% fixada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).
No cenário de mercado, a projeção de inflação para 2014 também aumentou em relação ao valor considerado na reunião de novembro e permanece acima da meta para a inflação.
Para 2015, o documento traz apenas que “em ambos os cenários, a projeção de inflação se posiciona acima da meta” e não detalha se houve um movimento de alta ou de baixa em relação à perspectiva anterior.
Vale lembrar que, no Relatório Trimestral de Inflação (RTI), divulgado ao final de dezembro do ano passado, o BC havia informado que, no cenário de referência, sua expectativa era de uma inflação em 5,6% ao final de 2014 e de 5,4% no encerramento do ano que vem. Já no cenário de mercado, a projeção do Copom é de IPCA encerrando 2015 em 5,3% – a mesma taxa de 5,6% é aguardada para o acumulado deste ano.
Superávit – Sobre o superávit,a ata praticamente repetiu o parágrafo que aborda a questão fiscal visto no documento anterior. A diretoria do BC voltou a informar que considera como indicador fiscal o superávit primário estrutural, que deriva das trajetórias de superávit primário para 2014 e incluiu, no mesmo trecho, o ano de 2015 pela primeira vez.
O documento lembra que o BC optou por seguir os parâmetros estabelecidos no Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO)/2014. “Dessa forma, em determinado período, o impulso fiscal equivale à variação do superávit estrutural em relação ao observado no período anterior”, trouxe o documento. (AE)
Diário do Comércio – MG