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Copom surpreende e Selic vai a 11,25%

Juros3A surpreendente decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central de subir os juros para 11,25% ao ano tem objetivo, segundo o Valor apurou, de fazer a economia pagar um preço menor para combater as pressões inflacionárias causadas pela recente desvalorização cambial. A taxa básica é a maior desde outubro de 2011. Ontem, num placar dividido, com 5 votos a 3, o Copom fez uma alta de 0,25 ponto percentual na taxa Selic, depois de quatro reuniões em que a taxa ficou estacionada em 11% a ano. O Valor apurou que, dentro do BC, havia a preocupação com o repasse para a inflação da depreciação cambial de cerca de 10% ocorrida desde a ultima reunião do colegiado, de setembro, causada pela instabilidade internacional e pelas eleições. Pelos cálculos do BC, essa desvalorização cambial teria um impacto de 0,5 ponto percentual na inflação ao longo de 12 meses. A decisão tomada ontem tenta reduzir o custo em termos de atividade econômica para mitigar os efeitos secundários da desvalorização cambial. Desde o último encontro, a inflação medida em setembro, de 0,57%, também superou as projeções do mercado e do próprio BC. O relatório trimestral de inflação de setembro projetava um IPCA acumulado em 12 meses de 6,6%, mas o efetivamente medido ficou em 6,75%. Embora poucos esperassem que a alta de juros fosse ocorrer agora, o mercado já embutia nos preços alguma probabilidade de isso ocorrer em dezembro. Nos juros futuros, estava precificada uma alta de 0,18 ponto percentual para a última reunião do Copom do ano. Já os analistas econômicos consultados no boletim Focus contavam com uma elevação para 11,25% só no encontro do Copom de janeiro. Para o ano que vem, os juros de mercado projetam uma alta de 1,1 ponto percentual na Selic, e os analistas, de 0,5 ponto percentual. Dirigentes do Copom deram fartos sinais de que a alta de juros poderia ocorrer a qualquer momento, embora poucos esperassem que fosse tão rápido. Na divulgação do relatório de inflação de setembro, o diretor de política econômica do BC, Carlos Hamilton Araújo, deu o primeiro sinal de que as opções eram a manutenção da taxa ou sua elevação, dependendo dos riscos inflacionários. O recado foi reforçado pelo próprio presidente da instituição, Alexandre Tombini, durante a reunião de outono do FMI e do Banco Mundial em Washington. O comunicado divulgado pelo Copom diz que “o Copom decidiu elevar a taxa Selic para 11,25% ao ano, sem viés, por cinco votos a favor e três votos pela manutenção da taxa Selic em 11% ao ano”. Na sua justificativa, o comitê diz que “desde sua última reunião, entre outros fatores, a intensificação dos ajustes de preços relativos na economia tornou o balanço de riscos para a inflação menos favorável. À vista disso, o comitê considerou oportuno ajustar as condições monetárias de modo a garantir, a um custo menor, a prevalência de um cenário mais benigno para a inflação em 2015 e 2016.” Votaram contra a alta de juros os diretores de administração do BC, Altamir Lopes; o de assuntos internacionais, Luiz Awazu, e, o de relacionamento institucional, Luiz Feltrim. “Os mercados devem reagir positivamente à decisão. A alta da taxa básica de juros faz sentido, uma vez que pioraram as perspectivas para a inflação em função da depreciação da taxa de cambio”, afirma Maurício Molan, economista-chefe do banco Santander. Molan lembra que o BC tinha no cenário no último Relatório de Inflação, publicado em setembro, um câmbio de R$ 2,25. De lá para cá, a moeda desvalorizou em média 10%, fechando ontem a R$ 2,466, o que adicionaria um aumento entre 0,4 a 0,5 ponto percentual à inflação e poderia ameaçar o teto da meta de 6,5%. Ao elevar de forma “surpreendente” a taxa básica de juros, o Copom tomou a medida certa, mas arranhou ainda mais a sua já “abalada” credibilidade. Essa é a avaliação da economista Alessandra Ribeiro, da Tendências Consultoria.

Fonte: Valor Online

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