O anúncio de mais 13 ministros, feito pela presidente Dilma Rousseff na semana passada, mostra que os erros do passado nem sempre se transformam em correções de rota para o futuro. Desses 13, não há nenhum técnico nas áreas que, em tese, precisam de gestão mais especializada. Ao contrário, novamente, houve um retorno de favores para os partidos que compõem a base aliada do governo.
O Ministério de Minas e Energia, um dos mais importantes para o desenvolvimento do País, e que passa por um momento de pressão por conta dos problemas de fornecimento de energia, ficará com Eduardo Braga, do PMDB. Ele é líder do governo no Senado, e já foi governador do Amazonas. A secretaria de Portos, também estratégica, vai para Edinho Araújo, um deputado eleito por São Paulo, também do PMDB, e que segundo a biografia em sua própria página na Internet, não possui nenhum histórico relevante em gestão logística.
O Ministério da Educação, que deveria ser tratado com todo o cuidado, e ser prioritário em qualquer governo, foi passado a Cid Gomes, do Pros, e ex-governador do Ceará. Ele declarou, em 2011, que professores deveriam trabalhar por amor, não por dinheiro. Defende uma reforma no currículo do ensino médio. Como se esse fosse o problema mais grave para se resolver no sistema educacional brasileiro.
Jaques Wagner, do próprio PT, e que acabou de sair do governo da Bahia, será ministro da Defesa. Qual o histórico de Wagner para ocupar esse cargo? Aparentemente, isso é o menos importante. Aliás, histórico realmente não deve ser prioridade, apesar da presidente ter feito um pedido para o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, para levantar se os candidatos a ministros tinham alguma mancha em suas biografias. A negação do pedido mostra que ainda existem pessoas de bom senso no poder público.
Não haverá combate sério à corrupção enquanto não se romper com essa tradição de colocar a política partidária acima das necessidades do Brasil. Dilma perdeu mais uma oportunidade de mostrar à sociedade que está mais atenta a essas necessidades. O mesmo toma-lá-dá-cá que originou o esquema de corrupção na Petrobras, e outros vários que acontecem pelo País, continua em vigor. O discurso de Ano Novo, Vida Nova da presidente não resistiu nem a 2014. O ano de 2015, no que diz respeito à política, já vai começar velho.
Renato Carvalho, Editor de Economia e de Finanças & Mercados, DCI