Foi a primeira vez que um Estado brasileiro apresentou ao BID, como prioridade, uma operação de crédito específica para educação, demonstrando não apenas com palavras, mas com gestos concretos, a sua prioridade. Vejam as palavras do Governador Simão Jatene:
Amigos e amigas, A semana começou não apenas com sonhos de mudanças, mas com uma aura de esperança e do acreditar que é possível virar velhas páginas e escrever uma nova história na educação em nosso estado. Na segunda-feira, após dois anos e dez meses de trabalho, o governo assinou o contrato com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), no valor de US$ 200 milhões, que serão aplicados em um programa para o qual, em contrapartida, destinaremos US$ 150 milhões, com o objetivo de expandir e, sobretudo, melhorar a qualidade da educação no nosso Estado. Foi um momento de muita emoção para todos que, desde março de 2011, estiveram envolvidos na elaboração de um projeto de qualidade que pudesse contar com parceiros e organismos internacionais de financiamento que acreditassem e se dispusessem financiá-lo. Foi a primeira vez que um Estado brasileiro apresentou ao BID, como prioridade, uma operação de crédito específica para educação, demonstrando não apenas com palavras, mas com gestos concretos, a sua prioridade. E foi uma grande luta na qual a credibilidade do governo e a determinação, especialmente da equipe da SEDUC, foram fundamentais, pois, certamente, nem as empresas, nem as instituições parceiras como Natura, Instituto Unibanco, Fundação Vale, Vivo, Eletronorte, só para citar algumas e, obviamente, nem o próprio BID, aceitariam envolver seu nome e muito menos financiar uma ficção ou algo sem consistência como, lamentavelmente, alguns que têm a educação como prioridade apenas no discurso e como fonte de direitos sem deveres tentaram fazê-lo. Agregando um conjunto de programas, projetos e ações que englobam desde a construção e reforma de escolas a sistemas de avaliação e capacitação continuada de professores, práticas que melhorem a gestão escolar, passando por estratégias que ajudem a reduzir a evasão, a distorção idade-série, etc., o Pacto envolve muitas tarefas e exige muita cooperação. Assim, na terça-feira, vivemos outro momento de enorme satisfação, ao reunirmos, no Hangar Centro de Convenções, gestores e parceiros do Pacto, representação de municípios, empresas e organizações sociais, que junto com o Estado, assumiram essa corajosa tarefa de alicerçar as bases de um novo tempo e de um futuro melhor para crianças e jovens que são os herdeiros legítimos do que para eles construirmos hoje. Debatemos estratégias de implantação dos comitês regionais e municipais, discutimos o envolvimento e participação das escolas através dos alunos, professores e família, pois é nela que tudo pode e deve acontecer. Por que pacto pela educação? A resposta é simples, direta, sem rodeios ou floreios. Porque educação é responsabilidade de todos e de todos exige compromisso e engajamento. A verdadeira revolução social, a qualificação da cidadania e a construção de um mundo melhor não prescindem da educação. Uma sociedade que se pretenda moderna não deixa em segundo plano o que é da natureza dos homens: aprender. Esse fenômeno se faz pela educação. Nesse sentido, educação é a força motriz para a manutenção e aperfeiçoamento da sociedade e essa é a razão pela qual pactuamos um ideal, um projeto, uma crença e o comprometimento com o fazer, seja na pressão exercida pelo imediatismo e a urgência de soluções até projetos de médio e longo prazo, todos convergindo para um futuro em que a sociedade se apropriará definitivamente de um bem que é seu e não de um governo ou de aventureiros de plantão. A educação vive um tempo critico e disso temos clareza. Em nenhum tempo nos escondemos nessa cena, que é nacional, que é real e que é mensurável. Precisamos virar essa página, mas essa virada só acontecerá em situações cotidianas, como por exemplo, se cada professor entrar na sala de aula e se perceber construtor de um novo tempo na educação. Enquanto isso não acontecer não temos chance. Precisamos saber de cor que essa não é uma tarefa simples, que temos pela frente um desafio enorme. Talvez essa seja a coisa mais apaixonante desse projeto. O volume de recursos a serem aplicados no programa, resultado de parceira inédita em se tratando de investimentos destinados à educação, visa à ampliação de vagas no ensino básico e fundamental, a melhoria do desempenho de alunos, aperfeiçoamento da gestão educacional e tem como fim elevar em 30% o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), nos próximos cinco anos. É um trabalho para muitos. Mas é preciso ter em mente que não faz sentido botar mais dinheiro para fazer mais do mesmo. Insistir no que está posto é jogar dinheiro pelo ralo e, no meu entender, nenhuma sociedade pode ter no desperdício algo aceitável e nós muito menos diante do desafio de reduzir pobreza e desigualdade. Assumir esse desafio é simples? Não. Mas é possível tentar o novo e quando penso nisso me vem à memória uma velha expressão que eu muito gostava de usar: – Precisamos de muitas mãos e de muitos corações senão nós não vamos fazer. Vivemos um tempo que impôs à sociedade maior exigência às famílias na garantia da sua sobrevivência, na garantia da geração de recursos para a sua manutenção, particularmente para as mães. Nessa encruzilhada, impuseram-se também exigências à escola, que foi se esvaziando enquanto espaço privilegiado para transmissão não apenas da informação, mas para a transmissão de valores, para a transmissão de comportamentos. Nós tivemos dois movimentos que apontam para uma direção muito ruim. Esse é o meu sentimento, Aquela realidade remota que abrigava um espaço de convivência na rua, no bairro, para a mãe, para a vizinhança, isso foi se perdendo. O que antes era espaço de socialização pulverizou-se e ao tempo que se perde de um lado esse espaço de socialização, a escola, pelo processo de universalização, também não conseguiu absorver essa mudança. E isso tem tudo a ver com a questão da saúde, com a questão da violência. A equação é: como a escola pode interagir nesse tempo? Como é que a gente recupera a figura do professor como exemplo? Como alguém faz essa transmissão da história, da memória, da cultura? Todos nós temos a convicção de que um país que não é capaz de cultivar sua história, sua memória, sua cultura não tem como escrever seu futuro. Acho que essa é uma grande paixão, acho que esse é o caminho, essa é a grande tarefa. O Pacto pela Educação pertence à sociedade.