O líder do PSDB no Senado e candidato a vice-presidente na Coligação Muda Brasil, Aloysio Nunes Ferreira (SP), reúne-se nesta segunda-feira (04/8) com lideranças políticas de oposição para defender ampla investigação da farsa montada na CPI da Petrobras.
“Vamos pedir providências já. O caso tem que ser investigado, e os responsáveis punidos”, disse o líder, que marcou conversas também com o coordenador jurídico da Coligação Muda Brasil, o deputado federal Carlos Sampaio (PSDB-SP), e o coordenador-geral da campanha, o senador José Agripino Maia (DEM-RN).
Em seguida, Aloysio acrescentou: “O Senado foi ultrajado por essa farsa. Imagina se isso acontecesse no Congresso dos Estados Unidos. Você acha que ficaria impune?”.
Na edição desta semana, a Revista Veja traz reportagem informando que teve acesso a um vídeo que revela a existência de uma farsa na CPI. Segundo a denúncia, a comissão foi criada com o objetivo de não punir os responsáveis.
Para isso os governistas e petistas, de acordo com a revista, coordenaram um esquema para que os investigados recebessem as perguntas que teriam de responder para os parlamentares. O vídeo tem 20 minutos.
Possibilidades
O líder afirmou que estuda a possibilidade de encaminhar representações contra os envolvidos tanto ao Ministério Público como ao Senado, já que funcionários da Casa participaram do que ele julga ser uma “armação”. Aloysio também quer saber se a presidente Dilma Rousseff (PT) tinha conhecimento do esquema.
Na reunião desta segunda-feira, Aloysio quer também que estejam presentes integrantes da assessoria jurídica do PSDB. “Vamos discutir quais são as medidas legais que podem ser tomadas diante desse escândalo, mas acho que algumas providências o próprio Renan [Calheiros, presidente do Senado] pode e deve tomar”, afirmou.
O líder disse que o PSDB e aliados querem a apuração sobre a participação da presidente Dilma no episódio. “A presidente [Dilma Rousseff] tem pelo menos responsabilidade moral neste caso. É impossível que ela não soubesse de nada”, afirmou.
De acordo com a reportagem da Veja, a farsa teve a participações de funcionários ligados à Secretaria de Relações Institucionais, comandada pelo ministro Ricardo Berzoini. Aloysio lembrou que Berzoini esteve envolvido no caso do chamado “dossiê dos aloprados” na eleição presidencial de 2006. Naquela ocasião, petistas foram flagrados com um dossiê com acusações falsas contra integrantes do PSDB.
ITV
Depoimentos na CPI da Petrobras tiveram perguntas e respostas previamente combinadas. É mais uma prova do temor do PT em relação à elucidação dos descalabros na estatal
Enquanto esteve na oposição, o PT transformou comissões parlamentares de inquérito numa potente arma de luta política. Mesmo com excessos, o partido integrou importantes investigações, como a que levou ao impeachment de Fernando Collor. No poder, a especialidade dos petistas tornou-se outra: desmoralizar este valioso instrumento da democracia e de fiscalização de atos do Executivo.
É o que se vê novamente agora na CPI da Petrobras em funcionamento no Senado. Em sua edição desta semana, a revista Veja revela que os depoimentos mais importantes, de ex e dos atuais principais executivos da empresa foram tudo jogo combinado. Perguntas e respostas foram previamente ensaiadas.
O petismo moveu gente graduada da Petrobras e do próprio governo para montar a farsa: dois funcionários da estatal, assessores da liderança do governo no Senado, da liderança do PT no Senado e da Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República (neste caso, nada muito surpreendente, em se tratando de pasta comandada por gente de notórias ligações alopradas…).
A artimanha é mais uma demonstração de que o governo petista tem muito a temer em relação à elucidação de descalabros envolvendo a Petrobras, em especial durante o período em que Dilma Rousseff presidiu seu conselho de administração. Foi a época em que pulularam as mais tenebrosas transações enredando a estatal.
A lista de negócios ruinosos é extensa. Nela, destacam-se a compra da refinaria de Pasadena, nos EUA, e a construção de refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco. Uma, a preços muito acima do que valia; outra, a um custo que já se multiplicou por nove e sabe-se lá aonde vai parar. Há outros descalabros de menor monta, como em Okinawa, no Japão, e na Repar, no Paraná, mas igualmente deficitários.
Pelos prejuízos em Pasadena, 11 diretores da Petrobras foram condenados há duas semanas pelo TCU a devolver US$ 792 milhões aos cofres públicos. Assim como na ação forjada na CPI, soube-se que Lula e o ministro da Justiça moveram-se para atenuar as conclusões do tribunal e livrar Dilma da mesma punição imposta aos executivos da estatal à época em que ele comandava o conselho administrativo. Falsear é o modus operandi do PT.
O episódio envolvendo a manipulação de sessões da CPI da Petrobras demonstra, mais uma vez, o desapreço dos petistas por instituições caras à nossa democracia. É o vale-tudo desabrido para que o projeto de poder ainda em marcha se prolongue por mais quatro anos. Sem gabarito, esta gente não tem competência para nada. Sem ter como colar, não vão passar na prova das urnas em outubro. Têm ficha corrida suficiente para tomar.