Assuntos: Eleições 2014, programa de governo Marina Silva
(seguem trechos)
*Segue também pronunciamento do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso
Aécio Neves
Campanha
A nossa intenção é aprofundar a campanha, nesses 30 e poucos dias que nos faltam até o dia da eleição, com uma mobilização cada vez maior das nossas bases, das nossas lideranças municipais e com o envolvimento dos nossos candidatos a deputado. Quero afirmar a vocês que tenho plena confiança de que vamos ao segundo turno e vencer as eleições, por uma análise que faço muito cristalina do processo eleitoral nesse instante.
Candidatura do PT
De um lado, existe uma candidatura oficial, do PT, que fracassou. Fracassou na gestão da economia. Nos deixará um país com recessão e com inflação saindo de controle. Fracassou na gestão do Estado, na melhoria dos nossos indicadores sociais. Estou convencido, e esse é o sentimento que você percebe em todas as análises ou pesquisas que recebe, que a candidata oficial, do PT, vai perder essas eleições, porque entregará um país pior do que recebeu. E será a primeira presidente da República, depois do Plano Real, que vai entregar também uma inflação maior do que aquela que recebeu. O conjunto da obra levará a candidata do PT a perder essas eleições.
Candidatura da mudança segura
Existem duas outras candidaturas disputando essas eleições. A nossa, uma candidatura construída a partir de um amplo debate com a sociedade brasileira e com extraordinários quadros, capazes de colocar essas iniciativas em prática. A mudança que o Brasil quer, que mais de 70% da população brasileira buscam, não se dará no dia da eleição. Ela se dará em um trabalho a ser feito pelos próximos quatro anos. Então, estamos apresentando ao Brasil uma alternativa consistente, coerente com a nossa história e com as nossas convicções. Além de, como disse, quadros extraordinários, que não precisamos buscar olhando por cima do muro do vizinho para encontrar. Nós os encontramos no nosso entorno, porque são pessoas que pensam como nós durante toda sua vida, preparadas para que essa mudança signifique uma possibilidade de o Brasil retomar o crescimento, voltar a gerar empregos, melhorar a saúde pública, a educação e a segurança.
Candidatura do PSB
E existe outra candidatura colocada. A candidatura da Marina. Respeito pessoalmente a Marina. Não tive ontem, pelas regras do debate, condições de fazer algumas indagações que trago aqui agora. E acho que o Brasil, não obstante o respeito que externo por todos os candidatos, precisa saber objetivamente em qual Marina, eventualmente, vai votar. Vejo um improviso muito grande nas suas propostas de governo. É a Marina que hoje ataca de forma contundente o PT ou a Marina que, durante mais de 20 anos, fez sua trajetória como vereadora, deputada estadual, por duas vezes senadora pelo PT?
É a Marina que em seu programa de governo defende os pilares macroeconômicos da política econômica conduzida pelo presidente Fernando Henrique ou a Marina que, dentro do PT, se colocou contra o Plano Real, que votou contra a Lei de Responsabilidade Fiscal. É a Marina que combate violentamente os malfeitos e a corrupção ou a Marina que, como ministra, se calou no momento das denúncias do mensalão e permaneceu no governo?
É a Marina que hoje se oferece como parceira do agronegócio, setor absolutamente essencial ao desenvolvimento e ao crescimento do país ou a Marina que apresentou, em 1999, um projeto proibindo que se cultivasse transgênicos no país? É a Marina do PT corporativista que, no caso de Minas Gerais, fez greve e buscou impedir a meritocracia, que estabelecemos, felizmente, no setor público ou a Marina que agora propõe aquelas mesmas propostas que implementamos em Minas Gerais, como a remuneração variável dos servidores da educação? É preciso que o Brasil conheça quais são as reais convicções da candidata Marina. É isso que tenho cobrado. Gostaria de ter feito ontem, farei nas oportunidades que tiver. E farei, como estou fazendo agora, também conversando com vocês.
Programa de governo
Um programa de governo, um projeto de país, não é algo que caiba um improviso. A situação que o Brasil enfrentará a partir do ano que vem em razão do descontrole do atual governo na condução da nossa política econômica é de extrema gravidade. A presidente Dilma, que não havia governado nada antes dessas eleições, entregará o país nessa situação que reconhecemos extremamente grave. Marina ainda não teve oportunidade de governar. Eu temo muito esse discurso da negação de tudo, da negação dos partidos políticos. É muito importante que fortaleçamos os partidos políticos, reduzamos o seu número, não o aumentemos, para que eles tenham uma conexão maior com os sentimentos, com os pensamentos da sociedade.
Plágio
Já via incoerências muito grandes entre a prática da candidata e o seu discurso atualizado. Mas me surpreendi hoje, quando vinha mais cedo para cá, ao perceber que, talvez muitos não saibam, caro presidente, o senhor talvez não saiba, que o capítulo dos Diretos Humanos da candidata da Marina, do seu programa de governo divulgado essa semana, é uma cópia, ipsis litteris, do PNDH (Plano Nacional de Direitos Humanos) feito pelo seu governo, apresentando pela Secretaria de Direitos Humanos, em 2002, do presidente Fernando Henrique. Não se teve sequer o cuidado de alterar palavras. Eu acho que a evolução, se convencer daquilo que não se estava se estava convencido lá trás, é positivo. Agora, é importante que ao menos se dê o crédito aos verdadeiros autores dessa proposta. Isso é apenas mais uma sinalização do improviso e da enorme contradição que ronda essa candidatura.
Melhor projeto
Sou hoje candidato à Presidência da República porque estou convencido de que temos o melhor projeto para o Brasil. O Brasil não é para amadores. O Brasil não pode viver nos próximos quatros anos uma nova aventura e novos riscos. Sabemos como governar e com quem governar. Sabemos o que queremos para o Brasil do ponto de vista da política econômica, com uma política fiscal transparente, com previsibilidade, com fortalecimento das agências reguladoras, com resgate da capacidade do Brasil atrair investimentos. Queremos políticas no campo social que nos permitam a superação da pobreza, e não apenas a sua permanente administração, como propõe o PT.
Estou convencido de que cada vez mais ficarão claras as propostas das três candidaturas. A do governo fracassou, na minha avaliação, perderá as eleições. A que está no outro campo, agora das oposições, foi construída durante toda a sua militância política na oposição e ela não é coerente hoje com aquela sua pregação do passado. Eu ofereço ao Brasil uma candidatura, como disse, amplamente debatida, com consistência e com pessoas capazes de colocar essas alternativas e essas propostas em prática. Essa minha entrevista de hoje tem o sentido de deixar totalmente claro a todos nossos companheiros de todas as partes do Brasil: estamos prontos nesse momento em que se inicia uma nova campanha. Porque tivemos uma campanha até o acidente que vitimou o meu amigo Eduardo Campos.
Agora é uma nova eleição. E partimos do patamar que estamos para crescermos, chegarmos no segundo turno e vencermos as eleições pelo bem do país. Eu vou pedir ao presidente Fernando Henrique que, em nome dos companheiros, traga uma palavra e depois fico à disposição de vocês.
Pronunciamento do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso
Serei bastante breve porque o Aécio já disse o fundamental. Tenho naturalmente uma longa experiência partidária, política, e já vi muitos sobes e desces. Uma campanha é um processo que se desenvolve, e com a energia que o Aécio tem, com o apoio que ele dispõe do partido, com o sentimento que foi sendo moldado no Brasil de qual é a melhor maneira, quais são os problemas fundamentais do país, é uma candidatura que tem tudo para ser vitoriosa.
Eu dei o meu apoio desde o início, continuo dando apoio, e tenho certeza de que os companheiros do Brasil todo, não só companheiros, o povo brasileiro, as pessoas que prestam atenção, sabem que é verdade que precisamos mudar muitas coisas, alterar muito os rumos, que foram se perdendo, sobretudo, na última fase do governo da presidente Dilma e sobretudo depois de 2008. Mas, além do mais, houve um acúmulo também do que a presidenta sempre chamou de malfeitos. Isso cansou o país. O país quer realmente uma renovação. Mas o país também tem o sentimento de que é preciso saber caminhar. Isso é fundamental. Vocês sabem que quando cheguei a ser ministro da Fazenda vivíamos uma situação caótica no país. E por que foi possível domar a inflação, criar instituições, valorizar a democracia? Porque tinha uma equipe.
Eu não sou nem economista, sou sociólogo, mas tinha uma equipe, a capacidade de juntar um time. Não se governa sozinho. Só se governa se tiver a capacidade de convencer outros, que também se alinhem em uma certa direção, e quando se tem um mapa que nos ajude a caminhar. Esse mapa não se faz só com ideias, não se faz só com programas, se faz com história. Se faz também com percurso.
Então, a confiança é fundamental para a retomada de qualquer processo de crescimento no Brasil. Depende que exista esse sentimento de confiança e confiança não é em uma pessoa. Confiança em uma equipe, em uma história, em um conjunto. É por isso que eu acho que temos que lutar bravamente, porque o Brasil está precisando de gente que tenha convicção, competência e que tenha experiência para poder governar.
Tenho certeza de que o Aécio simboliza isso. E repito, simboliza, não é ele como pessoa, é o conjunto de pessoas, de forças políticas, forças sociais que estão aqui sustentando essa candidatura. Já assistimos em vários momentos, agora mesmo, quando você pensa que vai acontecer o inevitável, surge o inesperado. Política é assim. E temos que construir as situações de tal maneira que possamos assegurar a vitória. É o que estamos aqui mais uma vez reafirmando com muita disposição.