PSDB – PA

Serra diz que governo é fonte do pessimismo econômico

jose-serraSÃO PAULO – O ex-governador de São Paulo, José Serra (PSDB), disse ontem que, além de fatores externos, o próprio governo federal tem se aplicado em gerar pessimismo e afugenta…

anderson passos

SÃO PAULO

O ex-governador de São Paulo, José Serra (PSDB), disse ontem que, além de fatores externos, o próprio governo federal tem se aplicado em gerar pessimismo e afugentar investimentos no País.

“Outra questão que eu acho que acaba pesando [para o pessimismo em voga no País] é a insegurança permanente provocada pelo baixo controle, pela falta de oportunidade, pela insegurança e pelo desconhecimento da presidente da República com relação à economia. Fala, gera crise e instabilidade”, criticou Serra.

O tucano lembrou que quando senador, o ex-presidente Fernando Henrique comparou que quando o ex-presidente José Sarney viajava ao exterior, a crise viajava com ele mas que, no caso de Dilma, dada a cobertura maciça do noticiário, a crise acaba se tornando permanente pois “o perigo não termina quando viaja”.

A manifestação ocorreu durante teleconferência promovida pela Go Associados na qual o ex-governador refletiu sobre o atual momento da economia.Outra fonte de pessimismo, na visão do tucano é o enfraquecimento da Petrobras pelo governo federal, a quem acusou de alterar o sistema de partilha e de permitir que a estatal se tornasse deficitário na produção.

“O caso da [refinaria] Abreu de Lima é antológico pela demora, pela elevação de custos e pela forma cucaracha que foi planejada. É uma refinaria cucaracha que foi feita pelo [Hugo] Chávez. Conseguiram formar um modelo desse jeito. Nem preciso dizer que a refinaria não está pronta, os custos vão para a estratosfera e há outras pelo Brasil afora.”

Outro ponto sugerido por Serra para o baixo astral em torno da economia do Brasil é a falta de investimentos em infraestrutura.

“O principal problema é a falta de perspectiva de crescimento. E aí nós temos como fonte principal o atraso e a incapacidade do governo, do atual e do anterior, para impulsionar os investimentos em infraestrutura e energia. O investimento em infraestrutura tem uma dupla face: ele puxa a demanda e, de outro lado, ainda aumenta a produtividade”, sugeriu o tucano.

Desindustrialização

O ex-governador de São Paulo também manifestou preocupação com a crescente desaceleração da indústria do País.

“A economia brasileira voltou a um nível relativo industrial do pós-guerra. Nós retrocedemos a 1946, 1947, com a indústria participando com 12%, 13% do PIB. Isso se traduz em déficit comercial nesse ano que passou e não há perspectiva que em 2014 isso seja revertido. Não fosse o agronegócio, o Brasil já teria caído e pedido moratória”, atestou.

O ex-ministro do Planejamento do governo Fernando Henrique Cardoso condenou ainda o Mercosul que, segundo ele, é uma tentativa de imitar a União Europeia e que tirou do País a primazia de fechar acordos bilaterais.

“Em quatro anos, o Brasil fechou três acordos bilaterais contra outros 400 fechados no mundo. O Paraguai pode mudar uma tarifa no Brasil”, compara.

Fontes não confiáveis

José Serra atribui ainda o pessimismo em relação à economia do País às agências internacionais de risco que, nas palavras dele, “são tradicionalmente enviesadas e incompetentes”.

Sobre o tema, ele lembrou que quando era ministro do Planejamento era obrigado a receber os emissários das agências de risco, mas que depois de eleito senador deixou de recebê-los. A seguir, frisou que era possível “fazer um seminário com os dez grandes fracassos das agências internacionais de risco. O que não previram ou previram errado. Curiosamente, essas agências têm influências junto aos investidores”.

O tucano também enumerou como fontes pouco confiáveis os jornais The Economist e Financial Times. Comentou que quando o País vira capa do The Economist, o governo brasileiro se apressa em responder e que isso “é fato inédito no mundo” em se tratando de uma fonte pouco confiável.

Sobre o Financial Times, comentou que o diário produziu uma matéria “absolutamente alarmista” sobre oito países emergentes, elencando ao lado do Brasil um país como a Argentina, que vive um contexto econômico muito mais complexo.

“Misturar Brasil e Argentina. Evidentemente que a Argentina não é um país com pressão normal para se tratar conjuntamente. O contexto da Argentina é de outra natureza, não tem a ver com Brasil, Chile”, comparou.

O tucano reconheceu ainda que a situação do Brasil, no ponto de vista da economia, não é calamitosa e que não há risco de calote, o que faria do País um alvo de ataques especulativos.

“Eu não vejo um quadro econômico tão calamitoso, apesar de tudo. Se o PIB crescer 2,5% esse ano, o PIB per capita vai ser da ordem de 1,2%. Não é um desempenho negativo, não chega a ser uma tragédia”.

Serra também comentou os riscos da política de juros.

“Os juros elevados, embora agradem os investidores, também preocupam porque o mais leigo deles sabe que o juro sideral puxa a atividade econômica para baixo e piora as contas públicas. Isso já está acontecendo e a tendência em 2014 é de um ano de juros bastante elevados”, finalizou.

A notícia é do DCI SP

Ver mais