Ao lado da família do ex-governador Eduardo Campos, morto em agosto, e integrantes do PSB de Pernambuco, o candidato à Presidência da República pela Coligação Muda Brasil, Aécio Neves, afirmou neste sábado (11/10), no Recife (PE), que sua candidatura representa o desejo daqueles que querem a retomada da ética na política. Emocionado, Aécio disse se inspirar em Eduardo Campos.
Três dos cinco filhos de Eduardo Campos, João, Pedro e Eduarda, estavam presentes no encontro com representantes de movimentos sociais. “Eu me sinto, a partir deste instante, responsável dentre tantas expectativas que a mudança gera na sociedade brasileira, para levar a cada canto deste país, no limite das minhas forças, o legado e os sonhos de Eduardo Campos, governador dos pernambucanos e símbolo da boa política”, afirmou Aécio.
Aécio afirmou que um “programa de governo é uma obra em eterna construção”. “A partir desse instante estamos construindo um projeto comum”, disse. “Não é mais a candidatura do PSDB e seus aliados, mas é a candidatura daqueles que não aceitam mais as sucessivas denúncias que afetam o campo ético.”
O candidato apresentou o documento de compromissos “Juntos pela Democracia, pela Inclusão Social e pelo Desenvolvimento Sustentável”. Nele, Aécio ressalta o comprometimento com metas da Coligação Muda Brasil, do PSB, da Rede, do PPS, PSC e PV.
Eixos
Ao detalhar o documento, Aécio reiterou que seus compromissos se sustentam em três eixos: o cuidado com a natureza, a atenção às pessoas e a adoção de políticas macroeconômicas que possibilitem uma “sociedade mais justa” para todos. Ele lembrou as ações implementadas durante o governo do ex-presidente Fernando Henrique, que ampliou os benefícios para os idosos e pessoas com deficiência, executou políticas de reforma agrária e programas sociais.
Ao mencionar alguns dos compromissos, o candidato citou exemplos de políticas públicas a serem adotadas, como a determinação de aperfeiçoar o programa Bolsa Família, além de medidas para incentivar o crescimento do país, preservando e protegendo o meio ambiente.
Aécio criticou a negligência do governo atual em relação à demarcação de terras indígenas e aos produtores rurais. Segundo ele, é fundamental trabalhar para “revigorar a nação, fortalecendo as nossas bases”. O candidato afirmou ainda estar determinado a colocar a questão das mudanças climáticas em destaque nas discussões.
Sonho
Aécio reiterou que é essencial trabalhar em conjunto para que a democracia seja vivida de forma plena no Brasil. “A democracia, tal como a concebemos, não se faz destruindo os órgãos de Estado ao sabor de interesses partidários privados”, ressaltou ele, lembrando o desmonte das agências reguladoras e de algumas empresas estatais. Como fez em ocasiões anteriores, ele reiterou que pretende acabar com a reeleição para cargos do Executivo.
Aécio agradeceu o apoio da família de Campos e dos vários políticos presentes, como Beto Albuquerque, vice na chapa de Marina Silva, o governador eleito de Pernambuco, Paulo Câmara, o prefeito do Recife, Geraldo Júlio, o ex-ministro Fernando Bezerra, todos do PSB, e o senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), entre outros.
“Estamos hoje resgatando compromissos e fazendo um governo para aqueles que mais precisam”, afirmou Aécio. “É preciso devolver o Estado à sociedade brasileira”, acrescentou ele, reiterando sua determinação em discutir e levar adiante a proposta de reforma política. “[Vamos trabalhar por uma] sociedade mais justa, decente e sustentável.”
Entrevista do candidato à Presidência da República pela Coligação Muda Brasil, Aécio Neves
Recife (PE)
Assuntos: eleições 2014; compromissos segundo turno; PSB Pernambuco.
(Seguem trechos)
Fala inicial.
No outro ato, onde tornei público o documento de compromissos com o Brasil, com as mudanças, com os avanços sociais, na busca de uma convergência grande com o pensamento das forças políticas que já se manifestaram a nosso favor, e eventualmente outras que possam vir. Quero agradecer muito essa forma extremamente calorosa, e a meu ver patriótica, com que sou recebido hoje no Recife, uma visita que ficará marcada definitivamente na minha memória e só faz engrandecer os compromissos que tenho com o Brasil, com essa região e, obviamente, com o Estado de Pernambuco. Saúdo o governador João Lyra de forma especial, esse grande amigo, o governador eleito Paulo Câmara, o governador mais bem votado do Brasil, em uma demonstração clara da maturidade política dos pernambucanos. Esteja certo, governador, que estabeleceremos uma extraordinária parceria, se for a vontade da maioria dos brasileiros me levar à Presidência da República.
São tantas lideranças aqui, me permitam cumprimentar a todas ainda na figura do prefeito Geraldo Júlio, essa grande liderança política não apenas mais de Pernambuco, mas do Brasil, e, ao seu lado, o senador eleito Fernando Bezerra, meu amigo e colega de Câmara dos Deputados por muitos anos. Quero saudar de forma muito especial a presença entre nós também de um extraordinário brasileiro, Beto Albuquerque, companheiro de Eduardo e de Marina nessa caminhada e para muita honra minha meu companheiro também a partir de agora, na construção das mudanças que todos teremos. Quero cumprimentar e saudar o governador Renato Casagrande, do Espírito Santo, que aqui vem trazer também a manifestação do seu apoio, muito obrigado, governador, amigo, prefeito de Vitória, Luciano. E a cada um dos companheiros e companheiras parlamentares eleitos, reeleitos. E de forma muito especial, claro, uma presença que hoje, para mim, expressa de forma definitiva os compromissos que temos com aqueles que mais precisam. Quero saudar a figura de Madalena Arraes, que o Brasil inteiro admira, respeita e que aqui, hoje, dá uma dimensão ainda maior a esse evento. Quero saudar o meu amigo Antônio Campos, irmão do meu também amigo Eduardo.
Amigos e amigas.
Eu hoje, em Recife, não por acaso, apresento ao Brasil um documento de convergências. Um documento que começa convocando os brasileiros para juntos estarmos ao lado da democracia, da inclusão social e do desenvolvimento sustentável. Tive oportunidade de destacar alguns pontos nesse documento, que aprofunda os compromissos que já tínhamos e agrega outros, de forma ainda mais clara. A partir desse instante, não sou mais o candidato de um partido ou de uma coligação. Sou candidato das forças democráticas, das forças mudancistas, que querem um Brasil decente, eficiente e, sobretudo, mais generoso com aqueles que mais precisam. Quero de forma simbólica deixar algumas cópias desse documento na íntegra, porque compreendo que esse é um momento realmente histórico e aguardado por parcela importante da sociedade brasileira.
Em primeiro lugar, ao governador do Estado de Pernambuco, João Lyra, ao governador eleito Paulo Câmara, aqui estão nossos compromissos com a região, mas, sobretudo, com os brasileiros. Ao senador Fernando Bezerra, uma cópia deste documento. Ao companheiro Beto Albuquerque, e peço Beto, que fique com esse [documento] azul e leve esse amarelo à companheira Marina Silva. E ao companheiro prefeito Geraldo Júlio, representando, obviamente, a minha vontade de distribuí-lo a todo o Recife.
Hoje é um dia extremamente marcante da nossa caminhada. As nossas forças convergem para aquilo que o Brasil espera. Mudança de valores, de postura, de compreensão do papel do Estado, de eficiência na vida pública. E, repito, para encerrar essa minha introdução, que serei, se eleito, o presidente da República dos mais pobres, daqueles que mais precisam da mão do Estado. Serei o presidente que vai permitir que o Nordeste avance e avance de forma consistente. Serei o presidente que vai manter e ampliar os programas sociais, porque eles não pertencem a um partido político e muito menos a um governo. Eles são um direito dos cidadãos brasileiros. Abro essa coletiva para algumas perguntas dizendo que estou extremamente honrado pelas manifestações de apoio que recebo aqui hoje e certamente os meus compromissos, todos eles, como fiz ao longo da minha vida pública, serão cumpridos.
Sobre a aliança.
Todas as alianças são estratégicas, mas essa, devo ousar dizer, é a mais estratégica de todas, porque ela traz consigo não apenas o componente eleitoral extremamente importante para quem quer vencer as eleições, mas traz consigo o símbolo daquilo que queremos, aquilo que construímos. Vejo aqui a possibilidade do reencontro de sonhos. Por que não termos a capacidade de sonhar com um Brasil mais justo, um Brasil mais solidário. Eu vejo aqui todos ganhando musculatura, para transformar também o sonho de Eduardo Campos em realidade.
Sobre denúncias envolvendo a Petrobras.
Vou me permitir ficar mais no tema do nosso entendimento, dos nossos compromissos. Mas apenas para não fugir a sua pergunta, reitero: isso tem que ser investigado. Estamos vendo uma ação sistêmica dentro da maior empresa brasileira em benefício de um projeto de poder. É contra tudo isso que estamos aqui reunidos. Queremos encerrar esse ciclo de governo que aqui está pelo conjunto da obra, do ponto de vista da economia que fracassou, da gestão do Estado, da melhoria dos nossos indicadores sociais e, ao final, emoldurar tudo isso também do comportamento ético. Mas queremos, e volto ao tema fundamental, construir uma aliança não apenas para encerrar – encerrar esse ciclo é uma etapa -, mas para iniciarmos um outro [ciclo], virtuoso, onde ninguém seja dono absoluto da verdade, onde todas as contribuições que melhorem a vida das pessoas sejam aceitas e incorporadas sem qualquer tipo de preconceito. A partir de hoje, o documento que conduz a nossa campanha não é apenas o programa apresentado pelo PSDB, claro que ele é a espinha dorsal dessa construção política, mas, hoje, o que nos conduz é um conjunto de sugestões e contribuições que vêm dos nossos aliados do segundo turno.
Sobre apoios no segundo turno.
O que é o segundo turno? É onde forças que tiveram posicionamentos distintos no primeiro turno se unem em torno de um projeto maior. Qual o objetivo maior? Encerrar este ciclo e encontrar condições de vencer as eleições, mas também de governabilidade. Esse documento acena também para a governabilidade. E nenhum desses temas é estranho a nós. Eu fiz questão de enfatizar alguns deles, mas defender a democracia, defender a inclusão social e defender o desenvolvimento sustentável é algo que qualquer governo moderno e progressista tem que ter como bússola. É isto que vai melhorar a qualidade de vida de todos os brasileiros. Esse documento me deixa extremamente confortável. E cabe a mim respeitar as posições de todos os outros atores desse processo político. Cada um a seu tempo fará sua analise e tomará sua decisão. Eu já estou hoje extremamente honrado com os apoios que eu recebi ate aqui.
Tenho um projeto de governo para o país. A convergência e a união se dão em torno das questões macro, das questões centrais. Eu me lembrava ontem de um momento que vivi, única e exclusivamente sem mérito algum por uma questão hereditária, fui um espectador privilegiado da grande aliança democrática que levou o Brasil à retomada da democracia. Tínhamos em um mesmo palanque, aqui mesmo, no Recife (PE), no comício da praia da Boa Viagem, por um lugar ao sol, os comunistas do PCB, do PCdoB e representantes do pensamento liberal. Por quê? Porque todos estavam ali construindo uma saída para o regime autoritário. E chegamos lá. Hoje estamos convergindo em torno de um projeto que permitirá ao Brasil voltar a crescer e melhorar os seus indicadores sociais. O que estou reafirmando aqui são os meus compromissos com aqueles que menos têm, com os brasileiros que precisam mais da ação do Estado. E eles todos estão presentes nesta carta compromisso.
Sobre ataques durante a campanha.
Vou fazer a campanha propondo um Brasil diferente. O que vejo é uma campanha desesperada dos nossos adversários, que já atacaram lá atrás Eduardo, atacaram a Marina e vão me atacar. O que posso dizer é que tudo aquilo que for crime será tratado como crime. As calúnias, as infâmias, serão tratadas dessa forma. Mas estou percebendo, cada vez mais, por onde ando, que os brasileiros querem saber como a sua vida vai melhorar, como a saúde pública vai chegar mais próxima deles, como vamos enfrentar o aumento da criminalidade, como vamos voltar a ter uma educação de qualidade no Brasil. A cada ataque, a cada ofensa, a cada calúnia, vou responder com uma proposta para o Brasil melhorar.
Sobre a relação com Eduardo Campos.
Eu e Eduardo sempre praticamos a boa política e acreditamos desde muito cedo – até por uma questão também hereditária, de formação familiar – que a política exercida com dignidade é a mais importante das atividades que alguém pode exercer no seio de uma sociedade. Eduardo e eu sempre acreditamos – como muitos de nós que estamos aqui, e saúdo o governador Jarbas Vasconcelos na política como instrumento de transformação para melhorar a vida das pessoas. Eu sempre soube, sempre achei que em um determinado momento da vida nacional, qualquer que fosse o resultado das eleições, favoráveis a ele ou a mim, estaríamos juntos. Te confesso, sempre compreendi dessa forma. Sempre achei que, independente de ser ele ou eu o vitorioso, estaríamos juntos num projeto de Brasil. Porque as nossas convergências eram imensamente maiores do que eventuais divergências de ponto de vista. E eram muito poucas.
De alguma forma, hoje se constrói algo nessa direção. Os aliados de Eduardo, que continuam construindo o seu legado, quero agradecer imensamente a presença entre nós dos familiares, em especial dos filhos de Eduardo, já saudei aqui a sua avó, mas hoje me sinto muito em casa. Porque eu me sinto, de alguma forma, tendo o privilegio e a oportunidade de transformar os sonhos de Eduardo e de tantos pernambucanos e de tantos brasileiros numa realidade presente na vida cotidiana dos brasileiros. Com mais saúde, mais inclusão social e mais educação e, principalmente, mais esperança. Muito obrigado.